Logan | Com ares de Stranger Things e tom de tragédia, filme arranca aplausos e lágrimas no Festival de Berlim
Produção foi recebida como um encerramento informal do evento
16/02/2017 - 23:29 - RODRIGO FONSECA
Ao fim da primeira projeção pública de
Logan, no
67º Festival de Berlim, em sessão
hors-concours fechada para a imprensa (e restrita por embargos), uma repórter russa desabafou em alto e bom som, em meio a uma fervorosa salva de aplausos: “
Este é o melhor filme de super-herói já feito”, tendo sua afirmação confirmada com convictos acenos de cabeça por seus colegas de sessão. Tinha gente – e muita – chorando de emoção pelo tom de tragédia que embala a terceira aventura solo do carcaju mais amado nos gibis. Com estreia mundial no dia 1º de março, ela marca a despedida do ator australiano
Hugh Jackman do papel, depois de 17 anos. O astro vem para a capital alemã nesta sexta falar sobre o que aprendeu nesta jornada e o que fez com escolhesse a série de HQs
Old Man Logan como matéria-prima para o réquiem da franquia
Wolverine, que termina com dois pés fincados no realismo, com um ritmo de ação febril, mas nos moldes da estética seca do cinema autoral americano dos anos 1970, sobretudo a do diretor
Sam Peckinpah em
Os Implacáveis(1972).
Tem também um quêzinho de
Stranger Things na fuga de Logan para proteger a menina Laura (
Dafne Keen) da tropa dos Carniceiros chefiados por Donald Pierce (
Boyd Holbrook, de
Narcos). Mas só será dado sinal verde para explicar o que se vê na tela neste filmaço (ops!) sem cena pós créditos (ops de novo!) após sua gala no
Berlinale Palast. Daí é possível falar mais sobre a metalinguagem usada pelo diretor
James Mangold (do cult
CopLand) ao mostrar gibis na tela várias vezes. E será possível avaliar a evolução (espantosa) de Jackmanna pele de um envelhecido Wolverine. Até lá, o trailer é o único aperitivo para este potencial
blockbuster, com ingredientes para ser chamado de o melhor episódio da linhagem dos
X-Men nos cinemas.
Nesta sexta (17) serão projetados os dois últimos candidatos ao
Urso de Ouro do evento: o desenho animado chinês
Have a Nice Day, de
Hao Ji Le, e o drama romeno
Ana, Mon Amour, de
Cãlin Peter Netzer, laureado aqui em 2013 por
Instinto Materno, com o troféu principal. Sábado o
Festival de Berlim chega ao fim, com a cerimônia de premiação, tendo - até agora - a comédia
The Other Side of Hope, do diretor finlandês
Aki Kaurismäki, como favorita ao Urso dourado, seguida de perto por
Colo, de Portugal, e por
Una Mujer Fantástica, do Chile, que deve render o prêmio de melhor interpretação feminina para uma atriz trans:
Daniela Vega. O concorrente brasileiro
Joaquim – cujas sessões foram marcadas por protestos dos cineastas e produtores nacionais contra a quebra do processo democrático no país, com direito a cartazes de
“Fora Temer!” em alemão – tem tudo para dar o prêmio de melhor ator a
Julio Machado, pelo papel de Tiradentes.
https://omelete.uol.com.br/filmes/a...ca-aplausos-e-lagrimas-no-festival-de-berlim/