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União Europeia pode suspender importações de carne do Brasil

Albertty

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Isso c***lho, vai se fuder e vai ser lindo, a propósito vai rolar churras de papelão lá em casa huehuehue.
 

Beren_

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Numa boa? A suspensão tem mais é que acontecer, como uma forma de punir financeiramente as empresas que permitiram esse descalabro com a saúde da população aqui no Brasil.


P.S.: Ironicamente, reparei uma propaganda marota aqui no fórum, justo quando respondia esse tópico...

6307345900049758044

O governo vai dar um jeito de socorrer os amiguinhos. Vão arrumar funcionarios e pessoas de baixo escalão do governo como bode expiatório. E toca-se o bonde.

Eh uma vergonha nosso sistema. E ainda querem mais governo, pq ai resolve tudo.
 

ffaabbiio

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Vão fazer de tudo pra mandar a melhor carne pra fora e o lixo pra nós, rsrs.
 

Damyen

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Pra piorar a situação, Temer leva os embaixadores pra comer churrasco, numa churrascaria que só serve carne importada.

Quero ver quando souberem que foram feitos de trouxas, o que não irá levar muito tempo.

Enviado de meu SM-G930F usando Tapatalk

É sério isso? Eu não duvido, mas acho bem difícil. Qual era a churrascaria?

Digo isso porque quando fui à Argentina, o dono do restaurante falou que as melhores carnes que servem são as brasileiras.

Dito e feito, União Européia suspende as importações de carne brasileira.


Sei que isso vai foder conosco, mas só assim para brasileiro burro aprender.
 

Damyen

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Vão fazer de tudo pra mandar a melhor carne pra fora e o lixo pra nós, rsrs.
Agora é que vai lascar de vez aqui dentro.

A Europa tava tão "so tolerant" que o pessoal já tava começando a achar que lá virou Brasil.
 

Burnerman_X

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Sgt. Kowalski

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Pra piorar a situação, Temer leva os embaixadores pra comer churrasco, numa churrascaria que só serve carne importada.

Ouça: “A gente não trabalha com carne brasileira”, diz gerente de churrascaria de Temer

Naira Trindade e Andreza Matais

19 Março 2017 | 21h56



Rodrigo Carvalho, um dos gerentes da churrascaria Steak Bull, afirmou que o restaurante não serve carne bovina brasileira, “só trabalha com corte europeu, australiano e uruguaio”. Disse ele: “A gente trabalha com transparência, quando a senhora vir aqui, pode me procurar que eu mostro a nossa câmara fria, mostro nosso açougue”.

O presidente Michel Temer levou neste domingo uma comitiva para a Steak Bull com o objetivo de referendar a qualidade da carne nacional, após a Operação Carne Fraca, da Polícia Federal, revelar irregularidades envolvendo frigoríficos.

Leia a íntegra:

Boa noite, gostaria de saber da procedência da carne servida na churrascaria…

As nossas carnes são red angus, picanha australiana, picanha uruguaia… A gente não trabalha com carne brasileira, só européia, australiana e uruguaia.

Há uma preocupação…

É eu sei, eu vou facilitar para a senhora. Eu trabalhei dez anos no Porcão, dois anos no Fogo de Chão. A gente não trabalha com marcas nacionais, mesmo porque a qualidade delas caiu há três anos, é só marketing mesmo.

Entendi…

A gente trabalha com transparência. Pode me procurar que eu mostro a nossa câmara fria, mostro nosso açougue.

Nem a costela é brasileira?

A costela nossa é uruguaia. A gente estava trabalhando com uma costela (marca nacional), mas de boi europeu. Fique à vontade para conhecer nossos açougues, nossas carnes. Você chega aqui e a gente mostra com transparência.

COM A PALAVRA O PALÁCIO DO PLANALTO:

Após a Coluna do Estadão publicar a informação de que a Steak Bull não trabalha carne bovina nacional, a assessoria do presidente Temer divulgou a seguinte nota:

Nota à Imprensa

Todas carnes servidas, neste domingo, ao presidente Michel Temer e aos embaixadores convidados para jantar na churrascaria Steak Bull foram de origem brasileira. A gerência do estabelecimento inclusive apresentou os produtos servidos a órgãos sérios da imprensa que questionaram a origem do produto.

Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República

COM A PALAVRA A STEAK BULL

Após o Palácio do Planalto divulgar nota e a repercussão da informação, outro gerente da churrascaria Paulo Godoi procurou o jornal para dizer que a picanha vendida no restaurante é australiana, mas hoje, excepcionalmente, para o presidente Temer foi oferecida corte de marca brasileira.
 

Oh Dae-su

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Tem que rir.....
Serio, a gente vive num circo que se chama brasil
 

Pirlo

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Por hora essa suspensão é uma faca de dois gumes. A carne vai ficar barateada pra gente e muita gente vai perder o emprego.

Sobre o papelão do Temer, lamentável, merecia um impeachment.
 

Damyen

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Provavelmente foi na Fogo de Chão. Para mim isso é pura invenção da churrascaria para atrair clientes.

Já comi lá e nunca vi nada de mais nas carnes, tampouco mebcionavam que era carne importada.

Devem ter comido carne podre do mesmo jeito, mas a churrascaria não perderia a oportunidade de dizer que lá só tem "carne importada".

Se até os argentinos compram carne brasileira, até parece que brasileiro vai importar carne argentina.
 

pescadorparrudo

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É sério isso? Eu não duvido, mas acho bem difícil. Qual era a churrascaria?

Digo isso porque quando fui à Argentina, o dono do restaurante falou que as melhores carnes que servem são as brasileiras.



Sei que isso vai foder conosco, mas só assim para brasileiro burro aprender.

O pior de tudo é que não vejo um efeito "didático" disso, e sim uma reação imediata de retração do mercado e corte de custos, ou seja, mais gente na rua.

Será que os empresários e fiscais corruptos envolvidos nas fraudes vão por a mão na cabeça e refletir sobre como perderam lucro em âmbitos maiores (mercado internacional), devido a uma ganância local?

Em resumo, do jeito que eu vejo a situação, é só fodelança:

1)nos fodemos nós, por consumir porcaria
2)se fode nosso mercado de exportação
3)se fode a economia local

Que raiva, pqp.
 

Damyen

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Ouça: “A gente não trabalha com carne brasileira”, diz gerente de churrascaria de Temer

Naira Trindade e Andreza Matais

19 Março 2017 | 21h56



Rodrigo Carvalho, um dos gerentes da churrascaria Steak Bull, afirmou que o restaurante não serve carne bovina brasileira, “só trabalha com corte europeu, australiano e uruguaio”. Disse ele: “A gente trabalha com transparência, quando a senhora vir aqui, pode me procurar que eu mostro a nossa câmara fria, mostro nosso açougue”.

O presidente Michel Temer levou neste domingo uma comitiva para a Steak Bull com o objetivo de referendar a qualidade da carne nacional, após a Operação Carne Fraca, da Polícia Federal, revelar irregularidades envolvendo frigoríficos.

Leia a íntegra:

Boa noite, gostaria de saber da procedência da carne servida na churrascaria…

As nossas carnes são red angus, picanha australiana, picanha uruguaia… A gente não trabalha com carne brasileira, só européia, australiana e uruguaia.

Há uma preocupação…

É eu sei, eu vou facilitar para a senhora. Eu trabalhei dez anos no Porcão, dois anos no Fogo de Chão. A gente não trabalha com marcas nacionais, mesmo porque a qualidade delas caiu há três anos, é só marketing mesmo.

Entendi…

A gente trabalha com transparência. Pode me procurar que eu mostro a nossa câmara fria, mostro nosso açougue.

Nem a costela é brasileira?

A costela nossa é uruguaia. A gente estava trabalhando com uma costela (marca nacional), mas de boi europeu. Fique à vontade para conhecer nossos açougues, nossas carnes. Você chega aqui e a gente mostra com transparência.

COM A PALAVRA O PALÁCIO DO PLANALTO:

Após a Coluna do Estadão publicar a informação de que a Steak Bull não trabalha carne bovina nacional, a assessoria do presidente Temer divulgou a seguinte nota:

Nota à Imprensa

Todas carnes servidas, neste domingo, ao presidente Michel Temer e aos embaixadores convidados para jantar na churrascaria Steak Bull foram de origem brasileira. A gerência do estabelecimento inclusive apresentou os produtos servidos a órgãos sérios da imprensa que questionaram a origem do produto.

Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República

COM A PALAVRA A STEAK BULL

Após o Palácio do Planalto divulgar nota e a repercussão da informação, outro gerente da churrascaria Paulo Godoi procurou o jornal para dizer que a picanha vendida no restaurante é australiana, mas hoje, excepcionalmente, para o presidente Temer foi oferecida corte de marca brasileira.
É, não foi na Fogo de Chão mesmo hahaha!

Vou lá nesse fds comer para ver de qual é.
 

Damyen

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O pior de tudo é que não vejo um efeito "didático" disso, e sim uma reação imediata de retração do mercado e corte de custos, ou seja, mais gente na rua.

Será que os empresários e fiscais corruptos envolvidos nas fraudes vão por a mão na cabeça e refletir sobre como perderam lucro em âmbitos maiores (mercado internacional), devido a uma ganância local?

Em resumo, do jeito que eu vejo a situação, é só fodelança:

1)nos fodemos nós, por consumir porcaria
2)se fode nosso mercado de exportação
3)se fode a economia local

Que raiva, pqp.

O brasileiro já está se cansando de tanto tomar porrada. Uma hora aquele pessoal que ainda acredita em certos políticos também vai aprender.
 

M3troid

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Não suspenderam ainda. E quando o fizerem, será apenas a carne das empresas envolvidas na fraude.
 

Mynduim

Bam-bam-bam
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China suspende importações de carne brasileira, diz agência

A China suspendeu temporariamente as importações de carne brasileira desde domingo (19), de acordo com a agência Reuters, citando uma fonte com conhecimento do assunto.

A medida ocorre após a deflagração da Operação Carne Fraca, da Polícia Federal, que investiga um esquema de corrupção na fiscalização de frigoríficos.

Segundo a Reuters, a fonte, que pediu para não ser identificada por causa da sensibilidade da informação, disse que que a suspensão das compras de carne brasileira é uma medida de "precaução".

A decisão ocorre após a Coreia do Sul intensificar as fiscalizações de carne de frango importada do Brasil e banir temporariamente as vendas de produtos de frango da BRF, maior produtora de carne de frango do mundo.

Além disso, a Comissão Europeia disse nesta segunda-feira (20) que está monitorando as importações de carne do Brasil e que todas as empresas envolvidas na Operação Carne Fraca podem ter acesso negado ao mercado da União Europeia.
http://www1.folha.uol.com.br/mercad...rtacoes-de-carne-brasileira-diz-agencia.shtml

Nosso maior cliente
:kcopa
 

Damyen

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Tá engraçado ver a tchurminha dizer que essa operação da PF foi pirotecnia.

Tô falando, brasileiro tem mais é que se fuder MES-MO.
 

Bat Esponja

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E as ações da jbs subindo

Tem gente que gosta de viver perigosamente
 

yage

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Como que é? Produtor de carne, o pecuarista tem que tomar no cu pois ele engordou o boi e vendeu pro frigorífico? Vcs só podem estar brincando. Devem ter escrito errado.
Não cara só os picaretas tipo a BRF. Sim ela tem muitos rebanhos.
 

Chimpanú

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Maravilha, será que vai ficar mais barato aqui? (R.: nada fica mais barato no Brasil)
 

Burnerman_X

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E as ações da jbs subindo

Tem gente que gosta de viver perigosamente
Por mais insano que pareça, vale a pena investir, principalmente depois daquela queda brusca. A empresa dificilmente vai fechar as portas e a recuperação dela será apenas uma questão de tempo.
Bota aí lucro de 10% fácil em questão de meses ou mesmo semanas.

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Damyen

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E as ações da jbs subindo

Tem gente que gosta de viver perigosamente

Quem foi esperto e comprou no momento de maior baixa vai se dar bem. Você realmente acha que essas empresas sairão prejudicadas dessa história?

No máximo fecharão alguns frigoríficos e manterão a prática no mercado interno, e exportarão a carne de boa qualidade.
 

rossetto

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Quem foi esperto e comprou no momento de maior baixa vai se dar bem. Você realmente acha que essas empresas sairão prejudicadas dessa história?

No máximo fecharão alguns frigoríficos e manterão a prática no mercado interno, e exportarão a carne de boa qualidade.

Justamente, já tinham comprado todos os frigoríficos locais com nossa grana, ou quebrado os mesmos por fazer concorrência desleal, agora vai fechar mais um pouco, ficar com menos plantas e pronto, estão pouco se f**end0.
 

edineilopes

Retrogamer
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Assessorias de imprensa devem estar trabalhando dobrado no damage control.

http://www.bbc.com/portuguese/brasil-39317738

Papelão e substância cancerígena ou exagero? O que se sabe - e o que é dúvida - na Operação Carne Fraca
Camilla Costa e Renata MendonçaDa BBC Brasil em São Paulo
  • 19 março 2017
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Direito de imagemREUTERS
Image caption"Eles usam ácidos, outros ingredientes químicos, em quantidades muito superiores à permitida por lei pra poder maquiar o aspecto físico do alimento estragado ou com mal-cheiro", disse o delegado da PF ao deflagrar a operação
Carne com papelão? Vitamina C cancerígena na salsicha? Desde que a Operação "Carne Fraca" da Polícia Federal foi deflagrada na última sexta-feira, as informações se espalharam pela internet e causaram pânico em muitos consumidores.

A BBC Brasil conversou com engenheiros de alimentos e especialistas em carnes para esclarecer o que pode e o que não pode ser adicionado no processamento de carnes e quais as preocupações que a investigação da PF deve despertar no consumidor.

Para alguns deles, a maneira como a operação foi divulgada acabou gerando uma desconfiança "exagerada" sobre a carne brasileira.

"A polícia agiu mal com a maneira como divulgaram tudo. Acho que houve um certo exagero, para precipitar a loucura que foi na imprensa ontem", disse à BBC Brasil o médico veterinário e especialista em carnes Pedro Eduardo de Felício, da Faculdade de Engenharia de Alimentos da Unicamp.

A engenheira de alimentos Carmen Castillo, da ESALQ - USP (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz), pontua que alguns ingredientes citados nas acusações, como o ácido ascórbico, são necessários para o processamento dos alimentos e é preciso tomar cuidado para não "demonizá-los".

"Não é problema usar esses ingredientes (em alimentos processados e embutidos), o problema é não respeitar os níveis permitidos na lei", disse à BBC Brasil.

De acordo com a Polícia Federal, esse seria um dos delitos cometidos pelas empresas, que utilizavam ingredientes no processamento de carnes em quantidades acima do que determina a regulamentação.

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Image captionCarnes usadas como matéria-prima na produção de embutidos e processados foram a principal fonte de irregularidades encontradas pela PF
"Eles usam ácidos, outros ingredientes químicos, em quantidades muito superiores à permitida por lei pra poder maquiar o aspecto físico do alimento estragado ou com mau cheiro", explicou o delegado da PF responsável pela investigação, Maurício Moscardi Grillo, em entrevista coletiva na sexta-feira.

A operação deflagrada pela PF foi a maior de sua história e revelou que empresas do setor, incluindo as as gigantes JBS e a BRF, adulteravam a carne que vendiam no mercado interno e externo.

A investigação também revelou um esquema de propinas e presentes dados pelos frigoríficos a fiscais do Ministério da Agricultura, que supostamente recebiam para afrouxar a fiscalização e liberar a comercialização de carne vencida e adulterada.

Sobre as acusações, a JBS se manifestou dizendo que "é a maior interessada no fortalecimento da inspeção sanitária no Brasil", ressaltando que "no despacho da Justiça Federal que deflagrou a operação, não há qualquer menção a irregularidades sanitárias ou à qualidade dos produtos da JBS e de suas marcas."

A BRF disse que "apóia a fiscalização do setor e o direito de informação da sociedade com base em fatos, sem generalizações que podem prejudicar a reputação de empresas idôneas e gerar alarme desnecessário na população."

Exagero?
O delegado Grillo explicou os problemas encontrados na carne das empresas investigadas pela operação - que iam desde mudar a data de vencimento e a embalagem de carnes estragadas, que eram usadas como matéria-prima para embutidos, até injetar água em frangos para alterar seu peso e mascarar a deterioração de carnes com o uso de ácido ascórbico.

"São dois anos de análise de fatos, desde utilização de papelão por essas empresas - até essas que já citei de grande porte (JBS e BRF) - para colocar esse tipo de situação em comidas, pra fazer enlatados, e outras coisas que podem prejudicar a saúde humana. (...) Tudo isso mostra que o que interessa para esse grupo é o capitalismo, é o mercado, independente da saúde pública", disse.

"Determinados produtos, cancerígenos até, em alguns casos, eram usados pra poder maquiar as características de um produto estragado ou com cheiro."

Mas alguns especialistas ouvidos pela BBC Brasil avaliam o modo como as informações foram divulgadas como "sensacionalista".

"A divulgação da operação foi muito sensacionalista. Essa é uma questão pontual. Estou nesse mercado, estudando e trabalhando, há 30 anos. Uma das empresas que dirijo importava carne do Uruguai e da Argentinos até 2012. Hoje, 100% da carne que usamos é produzida no Brasil porque melhorou muito a qualidade", afirma Sylvio Lazzarini, dono do restaurante Varanda Grill, em São Paulo.

Já Felício ressaltou a importância da investigação e disse que a operação revela um problema no setor, que "precisa de uma renovação no sistema de fiscalização". Ele destaca, porém, que é preciso esclarecer melhor as informações divulgadas sobre ingredientes comuns na indústria de carnes, como o ácido ascórbico, "que é utilizado no mundo todo".

Tanto Felício quanto Lazzarini apontaram o fato de que, ao anunciar a operação, a PF não explicitou quais infrações foram cometidas por quais empresas, o que facilitaria uma "generalização" do problema.

A BBC Brasil procurou a Polícia Federal, mas não obteve resposta até o fechamento dessa reportagem.

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Direito de imagemREUTERS
Image captionSistema de fiscalização precisa de renovação, mas carne brasileira é de alta qualidade, segundo Pedro Felício
Papelão
Ao anunciar a operação, a PF mencionou que empresas envolvidas no esquema de corrupção "usavam papelão para fazer enlatados (embutidos)".

Em uma das ligações telefônicas citadas no relatório da Polícia, funcionários da BRF falam sobre o uso de papelão na área onde produzem CMS (carne mecanicamente separada, comumente usada na produção de salsichas).

No áudio, é possível ouvir:

Funcionário: o problema é colocar papelão lá dentro do cms também né. Tem mais essa ainda. Eu vou ver se eu consigo colocar em papelão. Agora se eu não consegui em papelão, daí infelizmente eu vou ter que condenar.

Luiz Fossati (gerente de produção da BRF): ai tu pesa tudo que nós vamos dar perda. Não vamos pagar rendimentos isso.

Pedro Felício acredita que a referência ao papelão não foi feita como ingrediente para o processamento da carne. "Acho muito difícil isso ter acontecido. O que acontece é que tem áreas dentro das indústrias que são chamadas de áreas limpas, onde não podem entrar embalagens secundárias, como caixas de papelão", diz.

"Na gravação que ouvi, duas pessoas falavam em entrar com uma embalagem de papelão na área limpa. Evitar papelão nessas áreas faz parte das boas práticas de manufatura, mas não fazer isso não é o mesmo que usar papelão dentro da salsicha."

Em nota, a empresa BRF afirmou que "houve um grande mal entendido na interpretação do áudio capturado pela Polícia Federal".

A empresa afirma que um de seus funcionários falava que tentaria embalar a carne em papelão. O produto é embalado normalmente em plásticos.

"Na frase seguinte, ele deixa claro que, caso não obtenha a aprovação para a mudança de embalagem, terá de condenar o produto, ou seja, descartá-lo", afirma a empresa.

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Direito de imagemAFP
Image captionBRF diz que Polícia Federal interpretou de maneira incorreta conversa entre funcionários sobre papelão em carne processada
Ácido ascórbico
O ácido ascórbico - a popular vitamina C - também foi citado pelo delegado da PF como algo utilizado para "maquiar" o aspecto da carne.

"Eles usam ácido ascórbico e outras substâncias na carne pra maquiar essa imagem ruim que ficaria se ela fosse expostas dessa forma. Inclusive cancerígenas. Então se usa esses produtos multiplicados cinco, seis vezes pela quantia permitida pela lei para que não dê cheiro, e o aspecto de cor fique bom também", disse Grillo.

A partir daí, muitas pessoas entenderam que o ácido ascórbico é uma substância potencialmente cancerígena.

De acordo com a OMS, ela pode contribuir com distúrbios gastrointestinais, cálculos renais e outros problemas de saúde se for consumida em excesso e por longos períodos de tempo, mas não há evidências de relação direta com o câncer.

Falta saber que substâncias cancerígenas estariam sendo usadas e por quais empresas, de acordo com a investigação da Polícia Federal.

Os especialistas alertam que o uso de ácido ascórbico na carne não é problema.

"O uso dele tem benefícios e não é para mascarar carne adulterada. Ele tem uma função nas carnes processadas como antioxidante, ajuda a melhorar a estabilidade do sabor e reduzir o teor de nitrito residual. O nitrito é um aditivo para realizar a cura, que é uma etapa importante no processamento da maior parte dos produtos processados. Todo ingrediente não cárneo tem função a cumprir no processamento de alimentos", afirmou Carmen Castillo.

Pedro Eduardo de Felício pontua que o ácido ascórbico "evita que a carne fique com uma coloração marrom" e que "isso é feito no mundo todo".

A substância, segundo Felício, conseguiria mascarar a deterioração da carne no princípio, quando ela só tem algumas manchas, mas não quando o estado é mais avançado.

De qualquer forma, ela só deve ser usada somente em produtos embutidos como parte de seu processamento, e não nas carnes que são vendidas como matéria-prima para estes produtos - nem nas carnes compradas no supermercado.

"A carne usada como matéria-prima não deve ter qualquer aditivo, nem o ácido ascórbico. Se a Polícia achou isso, não deveria acontecer", diz.

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Direito de imagemGETTY IMAGES
Image captionBrasil exporta carne para mais de 150 países em todo o mundo, em mercado que movimenta milhões de dólares
Salsicha de peru sem peru
A descoberta de que, no Paraná, alunos da rede pública estadual consumiram salsicha de peru sem carne de peru - preenchida com proteína de soja, fécula de mandioca e carne de frango - deu início à investigação de dois anos.

"Muitas vezes verificou-se a falta de proteína, por exemplo, numa merenda escolar, trocada por fécula de mandioca ou então a proteína da soja, que é muito mais barata do que a carne, então substituía. Muitas vezes até tinha a quantidade de proteína suficiente, mas não era a proteína da carne, era proteína de outro alimento, que não traz as mesmas substâncias pro corpo humano como a carne", afirmou o delegado.

O uso de soja e de fécula de mandioca são comuns na produção de embutidos em todo o mundo, segundo os especialistas, porém é preciso respeitar as quantidades determinadas pela lei.

"É preciso observar as quantidades usadas, porque elas só podem ser usadas dentro dos limites da lei. Senão, você tem um produto de carne que tem predominância de matérias-primas não cárneas", diz Felício.

Injeção de água no frango
Segundo a PF, fiscais teriam descoberto que frangos da empresa BRF, a maior exportadora de frango do mundo, teriam "absorção de água superior ao índice permitido".

"Injetar água no frango é um problemão com o qual o Brasil vive e luta contra há muito tempo. Há oito anos que o Ministério da Agricultura é cobrado pelo Ministério Público que o frango não pode ter mais de 8% de água", afirma Felício.

"É uma luta difícil. Eu não duvido que isso aconteça muito por aí, mas existe um esforço para combater."

A prática não chega a ser prejudicial à saúde, mas altera o peso da carne. "É uma fraude econômica", diz o engenheiro.

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Direito de imagemREUTERS
Image captionMais de 20 empresas estão sendo investigadas pela PF, incluindo as gigantes do setor, JBS e BRF, que negam irregularidades
Cabeça de porco
O uso da carne de cabeça de porco ou de boi em linguiças é discutido em uma das ligações interceptadas entre os sócios do frigorífico Peccin.

A utilização de cabeça de porco é admitida em outros países, segundo Felício. "Não será a melhor linguiça do mundo, mas não é prejudicial à saúde. Será um produto comestível, mas de categoria inferior."

"No Brasil, essa carne é considerada como matéria-prima nas formulações de embutidos cozidos, como mortadela."

O consumidor deve se preocupar?
Segundo Sylvio Lazzarini, as irregularidades encontradas pela Polícia Federal devem ser punidas, mas não representam a totalidade dos produtos feitos no Brasil e vendidos em supermercados e restaurantes.

"A carne brasileira evoluiu muito nos últimos anos e é muito segura. Senão o Brasil não exportaria para os países asiáticos, e muito menos para os EUA, que tem um dos maiores controles fitossanitários do planeta", diz Lazzarini.

Para o empresário, "irregularidades desse nível existem em todo o mundo porque bandidos existem em todo lugar".

O Ministério da Agricultura divulgou nota também para acalmar os ânimos dos consumidores.

"O Serviço de Inspeção Federal é considerado um dos mais eficientes e rigorosos do mundo. Tem um quadro de 2.300 servidores e inspeciona 4.837 unidades produtoras habilitadas para exportação para 160 países. Foi com este Serviço que construímos uma reputação de excelência na agropecuária e conseguimos atender às exigências rigorosas de diferentes nações", afirma a pasta.

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Image captionSegundo delegado da PF, consumidores podem ter comprado produtos de qualidade inferior ao que deveria ser fornecido.
O delegado da PF chegou a ser questionado na coletiva de imprensa se seria correto afirmar que "quase nenhum produto no mercado hoje está 100% livre dessas possíveis fraudes". Ele respondeu com cautela, mas não escondeu sua preocupação.

"É possível que a gente tenha consumido alimentos de baixa qualidade, no mínimo, com qualidade inferior do que deveria ser fornecido."

"Hoje é realmente complicado. Tenho ido ao mercado e passeio um bom tempo até escolher um produto, mudou esse aspecto na minha vida. É difícil porque a confiança que a gente tem nas empresas, pelo menos da minha parte, mudou muito. São empresas que a gente considerava corretas, então assusta. Obviamente deve ter empresas sérias, corretas, mas na investigação foi assim, foi aparecendo uma, depois outra. Acho que a gente pode dizer que todas as empresas que a gente teve o azar ou a sorte de investigar tiveram problemas sérios. Foram quase 40."

Para evitar problemas, Pedro Eduardo de Felício afirma que os consumidores devem conferir se os estabelecimentos de onde compram carne vendem produtos com certificação de origem e de inspeção, mesmo após as acusações de corrupção de inspetores federais.

"Este escândalo é de desvio de conduta de 33 funcionários, que foram afastados, entre mais de quatro mil inspetores. E o Ministério da Agricultura estar tomando atitudes para corrigir o problema. A partir de agora, todo mundo vai ficar alerta."

"Os erros que foram cometidos devem ser comprovados e punidos, com certeza. Mas eu não acredito que essas acusações possam ser generalizadas, acho que esse foi problema localizado e o governo terá que resolver", diz.
 

Lord_Revan

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Na moral, to torcendo pra isso acontecer

Esses produtores de carne tem que tomar no cu mesmo

AHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA
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Guri de cidade falando o que não sabe é engraçado :klol
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Filhão, o produtor que foi la, engordou o boizinho, com pastagem verde de qualidade, vacinado, pagou todas as taxas de transporte e vendeu para a Friboi ou outro frigorífico não tem culpa nenhuma. Ou tu acha que o boizinho saiu da fazenda com pedaços de papelão no corpo e todo podre.
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Vamos se informar direitinho para não falar bobagem.
 

Beren_

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O pior de tudo é que não vejo um efeito "didático" disso, e sim uma reação imediata de retração do mercado e corte de custos, ou seja, mais gente na rua.

Será que os empresários e fiscais corruptos envolvidos nas fraudes vão por a mão na cabeça e refletir sobre como perderam lucro em âmbitos maiores (mercado internacional), devido a uma ganância local?

Em resumo, do jeito que eu vejo a situação, é só fodelança:

1)nos fodemos nós, por consumir porcaria
2)se fode nosso mercado de exportação
3)se fode a economia local

Que raiva, pqp.

O efeito didático, deveria ser para nós.
 

Beren_

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Assessorias de imprensa devem estar trabalhando dobrado no damage control.

http://www.bbc.com/portuguese/brasil-39317738

Papelão e substância cancerígena ou exagero? O que se sabe - e o que é dúvida - na Operação Carne Fraca
Camilla Costa e Renata MendonçaDa BBC Brasil em São Paulo
  • 19 março 2017
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Direito de imagemREUTERS
Image caption"Eles usam ácidos, outros ingredientes químicos, em quantidades muito superiores à permitida por lei pra poder maquiar o aspecto físico do alimento estragado ou com mal-cheiro", disse o delegado da PF ao deflagrar a operação
Carne com papelão? Vitamina C cancerígena na salsicha? Desde que a Operação "Carne Fraca" da Polícia Federal foi deflagrada na última sexta-feira, as informações se espalharam pela internet e causaram pânico em muitos consumidores.

A BBC Brasil conversou com engenheiros de alimentos e especialistas em carnes para esclarecer o que pode e o que não pode ser adicionado no processamento de carnes e quais as preocupações que a investigação da PF deve despertar no consumidor.

Para alguns deles, a maneira como a operação foi divulgada acabou gerando uma desconfiança "exagerada" sobre a carne brasileira.

"A polícia agiu mal com a maneira como divulgaram tudo. Acho que houve um certo exagero, para precipitar a loucura que foi na imprensa ontem", disse à BBC Brasil o médico veterinário e especialista em carnes Pedro Eduardo de Felício, da Faculdade de Engenharia de Alimentos da Unicamp.

A engenheira de alimentos Carmen Castillo, da ESALQ - USP (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz), pontua que alguns ingredientes citados nas acusações, como o ácido ascórbico, são necessários para o processamento dos alimentos e é preciso tomar cuidado para não "demonizá-los".

"Não é problema usar esses ingredientes (em alimentos processados e embutidos), o problema é não respeitar os níveis permitidos na lei", disse à BBC Brasil.

De acordo com a Polícia Federal, esse seria um dos delitos cometidos pelas empresas, que utilizavam ingredientes no processamento de carnes em quantidades acima do que determina a regulamentação.

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Image captionCarnes usadas como matéria-prima na produção de embutidos e processados foram a principal fonte de irregularidades encontradas pela PF
"Eles usam ácidos, outros ingredientes químicos, em quantidades muito superiores à permitida por lei pra poder maquiar o aspecto físico do alimento estragado ou com mau cheiro", explicou o delegado da PF responsável pela investigação, Maurício Moscardi Grillo, em entrevista coletiva na sexta-feira.

A operação deflagrada pela PF foi a maior de sua história e revelou que empresas do setor, incluindo as as gigantes JBS e a BRF, adulteravam a carne que vendiam no mercado interno e externo.

A investigação também revelou um esquema de propinas e presentes dados pelos frigoríficos a fiscais do Ministério da Agricultura, que supostamente recebiam para afrouxar a fiscalização e liberar a comercialização de carne vencida e adulterada.

Sobre as acusações, a JBS se manifestou dizendo que "é a maior interessada no fortalecimento da inspeção sanitária no Brasil", ressaltando que "no despacho da Justiça Federal que deflagrou a operação, não há qualquer menção a irregularidades sanitárias ou à qualidade dos produtos da JBS e de suas marcas."

A BRF disse que "apóia a fiscalização do setor e o direito de informação da sociedade com base em fatos, sem generalizações que podem prejudicar a reputação de empresas idôneas e gerar alarme desnecessário na população."

Exagero?
O delegado Grillo explicou os problemas encontrados na carne das empresas investigadas pela operação - que iam desde mudar a data de vencimento e a embalagem de carnes estragadas, que eram usadas como matéria-prima para embutidos, até injetar água em frangos para alterar seu peso e mascarar a deterioração de carnes com o uso de ácido ascórbico.

"São dois anos de análise de fatos, desde utilização de papelão por essas empresas - até essas que já citei de grande porte (JBS e BRF) - para colocar esse tipo de situação em comidas, pra fazer enlatados, e outras coisas que podem prejudicar a saúde humana. (...) Tudo isso mostra que o que interessa para esse grupo é o capitalismo, é o mercado, independente da saúde pública", disse.

"Determinados produtos, cancerígenos até, em alguns casos, eram usados pra poder maquiar as características de um produto estragado ou com cheiro."

Mas alguns especialistas ouvidos pela BBC Brasil avaliam o modo como as informações foram divulgadas como "sensacionalista".

"A divulgação da operação foi muito sensacionalista. Essa é uma questão pontual. Estou nesse mercado, estudando e trabalhando, há 30 anos. Uma das empresas que dirijo importava carne do Uruguai e da Argentinos até 2012. Hoje, 100% da carne que usamos é produzida no Brasil porque melhorou muito a qualidade", afirma Sylvio Lazzarini, dono do restaurante Varanda Grill, em São Paulo.

Já Felício ressaltou a importância da investigação e disse que a operação revela um problema no setor, que "precisa de uma renovação no sistema de fiscalização". Ele destaca, porém, que é preciso esclarecer melhor as informações divulgadas sobre ingredientes comuns na indústria de carnes, como o ácido ascórbico, "que é utilizado no mundo todo".

Tanto Felício quanto Lazzarini apontaram o fato de que, ao anunciar a operação, a PF não explicitou quais infrações foram cometidas por quais empresas, o que facilitaria uma "generalização" do problema.

A BBC Brasil procurou a Polícia Federal, mas não obteve resposta até o fechamento dessa reportagem.

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Direito de imagemREUTERS
Image captionSistema de fiscalização precisa de renovação, mas carne brasileira é de alta qualidade, segundo Pedro Felício
Papelão
Ao anunciar a operação, a PF mencionou que empresas envolvidas no esquema de corrupção "usavam papelão para fazer enlatados (embutidos)".

Em uma das ligações telefônicas citadas no relatório da Polícia, funcionários da BRF falam sobre o uso de papelão na área onde produzem CMS (carne mecanicamente separada, comumente usada na produção de salsichas).

No áudio, é possível ouvir:

Funcionário: o problema é colocar papelão lá dentro do cms também né. Tem mais essa ainda. Eu vou ver se eu consigo colocar em papelão. Agora se eu não consegui em papelão, daí infelizmente eu vou ter que condenar.

Luiz Fossati (gerente de produção da BRF): ai tu pesa tudo que nós vamos dar perda. Não vamos pagar rendimentos isso.

Pedro Felício acredita que a referência ao papelão não foi feita como ingrediente para o processamento da carne. "Acho muito difícil isso ter acontecido. O que acontece é que tem áreas dentro das indústrias que são chamadas de áreas limpas, onde não podem entrar embalagens secundárias, como caixas de papelão", diz.

"Na gravação que ouvi, duas pessoas falavam em entrar com uma embalagem de papelão na área limpa. Evitar papelão nessas áreas faz parte das boas práticas de manufatura, mas não fazer isso não é o mesmo que usar papelão dentro da salsicha."

Em nota, a empresa BRF afirmou que "houve um grande mal entendido na interpretação do áudio capturado pela Polícia Federal".

A empresa afirma que um de seus funcionários falava que tentaria embalar a carne em papelão. O produto é embalado normalmente em plásticos.

"Na frase seguinte, ele deixa claro que, caso não obtenha a aprovação para a mudança de embalagem, terá de condenar o produto, ou seja, descartá-lo", afirma a empresa.

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Direito de imagemAFP
Image captionBRF diz que Polícia Federal interpretou de maneira incorreta conversa entre funcionários sobre papelão em carne processada
Ácido ascórbico
O ácido ascórbico - a popular vitamina C - também foi citado pelo delegado da PF como algo utilizado para "maquiar" o aspecto da carne.

"Eles usam ácido ascórbico e outras substâncias na carne pra maquiar essa imagem ruim que ficaria se ela fosse expostas dessa forma. Inclusive cancerígenas. Então se usa esses produtos multiplicados cinco, seis vezes pela quantia permitida pela lei para que não dê cheiro, e o aspecto de cor fique bom também", disse Grillo.

A partir daí, muitas pessoas entenderam que o ácido ascórbico é uma substância potencialmente cancerígena.

De acordo com a OMS, ela pode contribuir com distúrbios gastrointestinais, cálculos renais e outros problemas de saúde se for consumida em excesso e por longos períodos de tempo, mas não há evidências de relação direta com o câncer.

Falta saber que substâncias cancerígenas estariam sendo usadas e por quais empresas, de acordo com a investigação da Polícia Federal.

Os especialistas alertam que o uso de ácido ascórbico na carne não é problema.

"O uso dele tem benefícios e não é para mascarar carne adulterada. Ele tem uma função nas carnes processadas como antioxidante, ajuda a melhorar a estabilidade do sabor e reduzir o teor de nitrito residual. O nitrito é um aditivo para realizar a cura, que é uma etapa importante no processamento da maior parte dos produtos processados. Todo ingrediente não cárneo tem função a cumprir no processamento de alimentos", afirmou Carmen Castillo.

Pedro Eduardo de Felício pontua que o ácido ascórbico "evita que a carne fique com uma coloração marrom" e que "isso é feito no mundo todo".

A substância, segundo Felício, conseguiria mascarar a deterioração da carne no princípio, quando ela só tem algumas manchas, mas não quando o estado é mais avançado.

De qualquer forma, ela só deve ser usada somente em produtos embutidos como parte de seu processamento, e não nas carnes que são vendidas como matéria-prima para estes produtos - nem nas carnes compradas no supermercado.

"A carne usada como matéria-prima não deve ter qualquer aditivo, nem o ácido ascórbico. Se a Polícia achou isso, não deveria acontecer", diz.

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Direito de imagemGETTY IMAGES
Image captionBrasil exporta carne para mais de 150 países em todo o mundo, em mercado que movimenta milhões de dólares
Salsicha de peru sem peru
A descoberta de que, no Paraná, alunos da rede pública estadual consumiram salsicha de peru sem carne de peru - preenchida com proteína de soja, fécula de mandioca e carne de frango - deu início à investigação de dois anos.

"Muitas vezes verificou-se a falta de proteína, por exemplo, numa merenda escolar, trocada por fécula de mandioca ou então a proteína da soja, que é muito mais barata do que a carne, então substituía. Muitas vezes até tinha a quantidade de proteína suficiente, mas não era a proteína da carne, era proteína de outro alimento, que não traz as mesmas substâncias pro corpo humano como a carne", afirmou o delegado.

O uso de soja e de fécula de mandioca são comuns na produção de embutidos em todo o mundo, segundo os especialistas, porém é preciso respeitar as quantidades determinadas pela lei.

"É preciso observar as quantidades usadas, porque elas só podem ser usadas dentro dos limites da lei. Senão, você tem um produto de carne que tem predominância de matérias-primas não cárneas", diz Felício.

Injeção de água no frango
Segundo a PF, fiscais teriam descoberto que frangos da empresa BRF, a maior exportadora de frango do mundo, teriam "absorção de água superior ao índice permitido".

"Injetar água no frango é um problemão com o qual o Brasil vive e luta contra há muito tempo. Há oito anos que o Ministério da Agricultura é cobrado pelo Ministério Público que o frango não pode ter mais de 8% de água", afirma Felício.

"É uma luta difícil. Eu não duvido que isso aconteça muito por aí, mas existe um esforço para combater."

A prática não chega a ser prejudicial à saúde, mas altera o peso da carne. "É uma fraude econômica", diz o engenheiro.

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Direito de imagemREUTERS
Image captionMais de 20 empresas estão sendo investigadas pela PF, incluindo as gigantes do setor, JBS e BRF, que negam irregularidades
Cabeça de porco
O uso da carne de cabeça de porco ou de boi em linguiças é discutido em uma das ligações interceptadas entre os sócios do frigorífico Peccin.

A utilização de cabeça de porco é admitida em outros países, segundo Felício. "Não será a melhor linguiça do mundo, mas não é prejudicial à saúde. Será um produto comestível, mas de categoria inferior."

"No Brasil, essa carne é considerada como matéria-prima nas formulações de embutidos cozidos, como mortadela."

O consumidor deve se preocupar?
Segundo Sylvio Lazzarini, as irregularidades encontradas pela Polícia Federal devem ser punidas, mas não representam a totalidade dos produtos feitos no Brasil e vendidos em supermercados e restaurantes.

"A carne brasileira evoluiu muito nos últimos anos e é muito segura. Senão o Brasil não exportaria para os países asiáticos, e muito menos para os EUA, que tem um dos maiores controles fitossanitários do planeta", diz Lazzarini.

Para o empresário, "irregularidades desse nível existem em todo o mundo porque bandidos existem em todo lugar".

O Ministério da Agricultura divulgou nota também para acalmar os ânimos dos consumidores.

"O Serviço de Inspeção Federal é considerado um dos mais eficientes e rigorosos do mundo. Tem um quadro de 2.300 servidores e inspeciona 4.837 unidades produtoras habilitadas para exportação para 160 países. Foi com este Serviço que construímos uma reputação de excelência na agropecuária e conseguimos atender às exigências rigorosas de diferentes nações", afirma a pasta.

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Direito de imagemREUTERS
Image captionSegundo delegado da PF, consumidores podem ter comprado produtos de qualidade inferior ao que deveria ser fornecido.
O delegado da PF chegou a ser questionado na coletiva de imprensa se seria correto afirmar que "quase nenhum produto no mercado hoje está 100% livre dessas possíveis fraudes". Ele respondeu com cautela, mas não escondeu sua preocupação.

"É possível que a gente tenha consumido alimentos de baixa qualidade, no mínimo, com qualidade inferior do que deveria ser fornecido."

"Hoje é realmente complicado. Tenho ido ao mercado e passeio um bom tempo até escolher um produto, mudou esse aspecto na minha vida. É difícil porque a confiança que a gente tem nas empresas, pelo menos da minha parte, mudou muito. São empresas que a gente considerava corretas, então assusta. Obviamente deve ter empresas sérias, corretas, mas na investigação foi assim, foi aparecendo uma, depois outra. Acho que a gente pode dizer que todas as empresas que a gente teve o azar ou a sorte de investigar tiveram problemas sérios. Foram quase 40."

Para evitar problemas, Pedro Eduardo de Felício afirma que os consumidores devem conferir se os estabelecimentos de onde compram carne vendem produtos com certificação de origem e de inspeção, mesmo após as acusações de corrupção de inspetores federais.

"Este escândalo é de desvio de conduta de 33 funcionários, que foram afastados, entre mais de quatro mil inspetores. E o Ministério da Agricultura estar tomando atitudes para corrigir o problema. A partir de agora, todo mundo vai ficar alerta."

"Os erros que foram cometidos devem ser comprovados e punidos, com certeza. Mas eu não acredito que essas acusações possam ser generalizadas, acho que esse foi problema localizado e o governo terá que resolver", diz.

Legal como no meio do artigo conseguem culpar o "capitalismo, o mercado". Quando é a falta de livre mercado a maior facilitadora dos esquemas.
 

Grave Uypo

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Na moral, to torcendo pra isso acontecer

Esses produtores de carne tem que tomar no cu mesmo
Oq o produtor tem a ver? Vsf. Essa b*sta de JBS que tá fazendo m****.

Esse país merece falir mesmo. Quando todos estiverem morrendo de fome caçando ratos para comer eu vou rir de lá dá Austrália.

PS: lindo banner dá JBS ali em cima.
 
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Mynduim

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"Eles não sabem o que ainda temos"
Brasil 20.03.17 15:29
Um integrante da Operação Carne Fraca disse a O Antagonista que o governo "está se aventurando" ao criticar a Polícia Federal, o Ministério Público e a Justiça.

"Eles não sabem o que ainda temos. Logo o negócio vai crescer muito."

Os investigadores já têm indícios de que frigoríficos pagavam propina mensalmente a fiscais do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
http://www.oantagonista.com/posts/eles-nao-sabem-o-que-ainda-temos

Táporra
 

geist

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Pra quem já tá cagado... tomara que descubram tudo que tem que descobri de escândalo em adulteração de alimentos, propinas, superfaturamentos e o c***lho a quatro. Tomara também que o brasileiro deixe de ser trouxa, mas acho que aí é pedir demais.
 

Bat Esponja

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Um integrante da Operação Carne Fraca disse a O Antagonista que o governo "está se aventurando" ao criticar a Polícia Federal, o Ministério Público e a Justiça.

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