Com o rip do BD, assisti ontem o BR final cut seguido do BR 2049: mais de 4 horas na frente do PC.
Eu, particularmente, prefiro um equilíbrio entre "surpresa" e "desenvolvimento": surpresa sempre é bom (ainda mais quando é inteligente, faz ganchos sagazes), mas deixar o desenvolvimento "solto demais" não me agrada muito (pois em vários casos passa impressão de algo "jogado", já podendo entrar em algo "preguiçoso"). Pra mim, o ideal é ficar no meio disso, dosar ambos (e acho que o Villeneuve e o Nolan são os que mais "tentam" seguir isso hoje - nem sempre conseguem, mas se esforçam pra ao menos saírem do lugar). Ridley Scott? Pra mim, já teve a época dele e hoje só vacila (até Alien conseguiu cagar 2 vezes). Tornou-se irrelevante até.
Com relação ao
original de 82, é preciso fazer um monte de "poréns" antes pra não cometer "injustiças". Ambientação foda (cenografia e fotografia) e proposta original (conflito e plot) pra época. Nisso aqui, é incontestável. Sobre o enredo e desenrolar do filme em si, acho que ele peca (como vários filmes oitentistas) em não gastar alguns minutos dando o devida base visual pros envolvidos: o lance dos próprios replicantes, pra mim, nunca ficou minima e decentemente explicado no 1º filme. Como Alien 1 veio antes e apresentava "seres sintéticos" como o Ash, aqui a lógica de jogar um "andróide" 100% orgânico, programável e que nem sabe que é andróide - pra mim que vi Alien antes - já não começou muito bem... Ele se limita a dar a situação geral naquele texto introdutório mínimo e... já começa a história. Nesse sentido, acho que teria sido razoável gastar aí uns 10 minutos mostrando como são esses seres (e não se limitar apenas a fazer perguntas meio vazias como
"a coruja é artificial?" etc).
Sobre o desenvolvimento do filme, é bom, mas Deckard tem cenas de ação bem limitadas. O confronto final rola um terrorzinho, mas também não passou muito disso (óbvio que o filme não é de tiroteio, mas poderiam ter feito bem melhor aqui). O que sobressai mesmo é a parte "filosófica" da coisa, a reflexão por trás do embate. O filme não tem nada de complicado, é linear até e sem plot twist explícito, mas não é todo mundo que capta a mensagem final (meu irmão assistiu e achou "bobo"). Imagino quantos pensaram a mesma coisa...
No fundo, a reação dos fãs ao 1º filme me lembra muito a lógica "japonesa" de ver as coisas: os pioneiros, por mais problemas que tenham, são "reverenciados" não por serem os melhores nisso ou naquilo mas... por serem os primeiros. Historicamente BR1 realmente é importante, é chute inicial de subgênero e se arriscou comercialmente (o que é sempre bom, digno de aplausos até), no entanto acho que dava pra ter desenvolvido bem mais dentro daquela própria história (tanto trama quanto ação). Mas sabe como é... era o jeito dos anos 80 de narrar/fazer filmes.
Já o
2049, apesar de não ter o peso do status de cult do original, sinceramente... achei melhor de se assistir: fotografia e ambientação atualizadas e também fodas, tudo bem feito, som diferenciado e bem mixado. E a história acho que fluiu melhor, com menos chuva (lol), inclusão de cenas diurnas, locais fora de LA pra explorar e um (pouco) mais de ação que o anterior (e o lance de deixar explícito logo de cara que o K é replicante, e fazer o conflito pessoal em cima disso, foi acertado). Sobre o elenco, Gosling não é perfeito, mas tá bem acima da média, combinou com o personagem e atualmente é o melhor ator pra fazer
"caras levemente autistas/deslocados" pois já fez vários outros assim, como em Drive e Lars & the Real Girl, e na vida real o cara também
É assim...
...até nas premieres e nas entrevistas ele se mostra meio pancada.
Ford é ok, aparece só no terceiro ato, mas foi bom ter aparecido pra fazer a devida ligação, mas o filme é do Gosling mesmo. O personagem do Letto (ator que acho um pouco overrated e não sou fã) foi, pra mim, o mais fraco. E o trio das minas foi bom, se ligam bem com o protagonista.
...fuck Luv, marry a Cuban Cyber Waifu e kill a Mackenzie. A Sylvia Hoeks é tetéia, a mais elegante das 3 até, mas tá muito diferente no filme. Já o lance da Joy foi uma mensagem pros weeboos (2D is fake), mas a
Ana de Armas é - ironicamente - waifu total, PQP (petit, rosto angelical, voz de veludo e
power nipples). Agora vou assistir aquele filme
Knock Knock só pra ver ela dar pro Based Keanu.
E como antes, tem simbolismo pra c***lho no filme inteiro: caçar a própria raça, vir do ferro-velho (zé ninguém), tensão sexual com a psycho, beijar a psycho, afogar a psycho, deitar na escadaria com neve (ascensão pra pureza - K conseguiu virar "
REAL HUMAN 'BEANS'"
). Aliás, é incrível como o personagem e fotografia desse personagem lembra Drive, PQP. Praticamente um
"Gosling Cinematic Universe".
E outra... 9/10 homens irão se identificar com o K, enquanto 9/10 mulheres irão odiá-lo por um simples motivo: o cara passa mais tempo dando atenção pra digi-waifu do que pra elas mesmo. Mulheres são psicologicamente ciumentas com tudo que tenha mais atenção que elas: gato, cachorro, videogame, PC... Uma waifu então - é uma "afronta" pra elas (por isso elas não entendem).
Infelizmente, apesar do gancho pra rebelião, deu prejú, não vai ter continuação e o público hoje realmente não está a fim de assistir nada além de capeshit, SW, transformers e grandes blockbusters de ação - o que é péssimo: mostra que o mercado tá a fim de consumir somente um tipo de produto - e isso tá matando os filmes médios. Discordando ou não, gostando do filme ou não, uma coisa é inconteste: essa onda que o mercado/público tá seguindo é ruim pra c***lho - mostra que a alienação tá forte demais.
Blade Runner 2049 | Veja como foram feitas as miniaturas dos cenários para as gravações
Modelista wannabe aqui - chega a dar tristeza ver essa porrada de efeito prático num filme que, comercialmente, não vai nem se pagar. É parecido com o cara que faz uma put* obra de arte e, no final, nego acaba não dando o devido valor, acha "comum".
Feels bad, man.