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Críticas à "Peppa" começaram com vídeo de ativista em abril de 2016. Autora Silvana Rando já recebeu prêmio Jabuti de ilustração por um dos seus livros.
A autora Silvana Rando decidiu neste mês tirar de circulação seu livro "Peppa", lançado em 2009 pela Brinque-Book. A decisão foi tomada após a obra ser acusada de ter elementos racistas. No livro, Silvana conta a história de uma menina de cabelos crespos que decide fazer um alisamento e depois desiste da mudança ao se ver impedida de brincar para conseguir manter o visual.
Silvana é autora de mais de 10 livros e já ilustrou mais de 40 obras. Em 2011 foi vencedora do Prêmio Jabuti com "Gildo", na categoria ilustração de livro infantil. Já a obra Peppa foi eleita um dos 30 livros do ano pela Revista Crescer em 2010.
Peppa virou alvo de contestação sobretudo a partir de abril do ano passado, quando a youtuber, empresária de moda e ativista Ana Paula Xongani fez um vídeo no qual apresentava uma resenha com muitas críticas ao livro. "Quando vi o livro fiquei horrorizada", disse Ana Paula. "Todas as páginas deste livro têm um problema. É um livro extremamente racista", acusa Ana Paula.
Nos vídeos, Ana Paula Xongani diz que a obra é adotada pela rede municipal de ensino de São Paulo e que entrou em contato para cobrar que ele fosse tirada de circulação. Procurada pelo G1, a assessoria de comunicação da Secretaria Municipal de Educação (SME) informou que nunca comprou o livro para o acervo das escolas da rede.
Os ativistas apontam, entre outros, trechos com elementos questionáveis:
- Peppa 'arrasta' geladeira e outros itens com seu cabelo, "resistente como fios de aço".
- A mãe de Peppa usa um alicate para cortar os fios.
- A cabeleireira quebra pentes e usa uma furadeira com serra no cabelo de Peppa após 16 horas e quarenta e oito minutos no trabalho de alisamento.
- A frase final é criticada por, na visão dos críticos, trazer a oposição entre se encaixar no padrão e encontrar a felicidade: "Lá se foi o cabelão liso e sedoso de Peppa...".
"Que informação a gente está passando para essas crianças? Que seus cabelos são ruins e complicados de tratar? Já Peppa tem que escolher, ter os cabelos lisos e sedosos ou ela vai brincar. Isso é um absurdo, a gente está cerceando a liberdade de brincar com a sua beleza natural", afirma a ativista.
Liberdade de ser criança
Antes de decidir tirar o livro de circulação, Silvana argumentou que sua intenção era justamente questionar o custo de seguir padrões. E que se inspirou em uma amiga de origem asiática que tinha os cabelos crespos.
"O livro em questão fala da vaidade exagerada na infância, de trocar a liberdade de ser criança pelos padrões de beleza (...) O preço que pagamos por tentarmos entrar num molde que não nos pertence. Gostar de como somos é tão maravilhoso que quis deixar isso num livro para as crianças", argumentou Silvana.
Ainda após o post com explicações, Silvana ainda continuou recebendo críticas e acabou reavaliando a decisão de manter a publicação.
"Depois de ler e reler a opinião de todos a respeito do meu livro Peppa, gostaria de afirmar que se existe a chance de uma única criança se ofender com seu conteúdo, prefiro que o livro deixe de existir, pois só assim meu trabalho fará sentido." - Silvana Rando
Mais em:
https://g1.globo.com/educacao/notic...-autora-tirar-livro-peppa-de-circulacao.ghtml
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A autora disse que a inspiração foi um amiga de origem asiática que tinha os cabelos crespos, e de fato a gravura no livro mostra uma menina de pele clara com cabelos crespos e bem longos, a meu ver simbolizado positivamente como atributo de força e personalidade, estimulando ou aludindo justamente à fuga de padrões de beleza. O cabelo da menina seria um "super-cabelo resistente a tudo" e com pouquíssimo esforço os mesmos ativistas que interpretaram a ideia de forma negativa podem interpretar a mesma ideia de forma positiva.
Basta notar como num determinado contexto chamar uma mulher de put* ou vagabunda ou fazer mau juízo da sua conduta moral ou sexual para eles é algo ULTRAJANTE e MACHISTA [e é, sim], mas em outros contextos propagandeados por figuras como VALESKA POPOZUDA e PRETA GIL a mesma ação consistente no ato de a mulher se ver e agir como put*, promíscua ou ser chamada de vagabunda se torna uma "coisa" chamada EMPODERAMENTO, valorização e... "liberdade".
Então a personagem Peppa, dona de um "super-cabelo resistente a tudo", pode muito bem ser interpretada de forma positiva, não porque essa seria a única forma de interpretar, mas simplesmente porque oferece margem também a essa interpretação. O livro é uma fábula, CLARAMENTE lúdica e fantasiosa, tal como Pinóquio.
Narigudos também não se sentiriam ofendidos com Pinóquio sendo sempre associado a uma pessoa mentirosa? Que porra é essa? Pessoas de outras etnias que porventura nasçam com cabelos crespos não podem ser retratadas, fantasiadas? Serão acusadas de quê? Apropriação cultural?
A ativista problematiza: "Que informação a gente está passando para essas crianças? Que seus cabelos são ruins e complicados de tratar?
Uau... sobra esforço subjetivo para chegar a tal conclusão no caso em análise enquanto falta nessas mesmas pessoas esforço objetivo para ver o que é mais óbvio.
Será que a ideia de "Liberdade de ser criança" alcançada pela Autora compreende sem problemas o ato de ter crianças tocando e manipulando o corpo de um homem nu numa... "performance artística"? Não caberia nesse caso essa mesma indagação? [Que informação a gente está passando para essas crianças?] Não, não cabe. Nesse caso, essa pergunta sequer ganha forma na cabeça dessas pessoas.
Esse é o tipo de coerência esperado por esses ativistas. Só vejo autoritarismo e histeria ideológica, e me perdoem se atinjo inadvertidamente outras pessoas simpáticas à causa que não concordem. Isso não é uma generalização. Apenas constato a nitidez de um movimento que se preocupa em seguir alinhado a uma agenda ideológica específica e contraditória, à qual só interessa fazer uso ideológico e político de questões raciais, sexuais e sociais em nome da hegemonia e domínio da narrativa cultural e comportamental.
A capacidade que se arrogam de falarem e responderem por todos, como se soubessem exatamente o que cada indivíduo pensa ou sente, se colocando como pretensos fundadores de uma sociedade "evoluída" e melhores conhecedores de todos os problemas humanos não passa de um fetiche pessoal e egoísta.
A autora Silvana Rando decidiu neste mês tirar de circulação seu livro "Peppa", lançado em 2009 pela Brinque-Book. A decisão foi tomada após a obra ser acusada de ter elementos racistas. No livro, Silvana conta a história de uma menina de cabelos crespos que decide fazer um alisamento e depois desiste da mudança ao se ver impedida de brincar para conseguir manter o visual.
Silvana é autora de mais de 10 livros e já ilustrou mais de 40 obras. Em 2011 foi vencedora do Prêmio Jabuti com "Gildo", na categoria ilustração de livro infantil. Já a obra Peppa foi eleita um dos 30 livros do ano pela Revista Crescer em 2010.
Peppa virou alvo de contestação sobretudo a partir de abril do ano passado, quando a youtuber, empresária de moda e ativista Ana Paula Xongani fez um vídeo no qual apresentava uma resenha com muitas críticas ao livro. "Quando vi o livro fiquei horrorizada", disse Ana Paula. "Todas as páginas deste livro têm um problema. É um livro extremamente racista", acusa Ana Paula.
Nos vídeos, Ana Paula Xongani diz que a obra é adotada pela rede municipal de ensino de São Paulo e que entrou em contato para cobrar que ele fosse tirada de circulação. Procurada pelo G1, a assessoria de comunicação da Secretaria Municipal de Educação (SME) informou que nunca comprou o livro para o acervo das escolas da rede.
Os ativistas apontam, entre outros, trechos com elementos questionáveis:
- Peppa 'arrasta' geladeira e outros itens com seu cabelo, "resistente como fios de aço".
- A mãe de Peppa usa um alicate para cortar os fios.
- A cabeleireira quebra pentes e usa uma furadeira com serra no cabelo de Peppa após 16 horas e quarenta e oito minutos no trabalho de alisamento.
- A frase final é criticada por, na visão dos críticos, trazer a oposição entre se encaixar no padrão e encontrar a felicidade: "Lá se foi o cabelão liso e sedoso de Peppa...".
"Que informação a gente está passando para essas crianças? Que seus cabelos são ruins e complicados de tratar? Já Peppa tem que escolher, ter os cabelos lisos e sedosos ou ela vai brincar. Isso é um absurdo, a gente está cerceando a liberdade de brincar com a sua beleza natural", afirma a ativista.
Liberdade de ser criança
Antes de decidir tirar o livro de circulação, Silvana argumentou que sua intenção era justamente questionar o custo de seguir padrões. E que se inspirou em uma amiga de origem asiática que tinha os cabelos crespos.
"O livro em questão fala da vaidade exagerada na infância, de trocar a liberdade de ser criança pelos padrões de beleza (...) O preço que pagamos por tentarmos entrar num molde que não nos pertence. Gostar de como somos é tão maravilhoso que quis deixar isso num livro para as crianças", argumentou Silvana.
Ainda após o post com explicações, Silvana ainda continuou recebendo críticas e acabou reavaliando a decisão de manter a publicação.
"Depois de ler e reler a opinião de todos a respeito do meu livro Peppa, gostaria de afirmar que se existe a chance de uma única criança se ofender com seu conteúdo, prefiro que o livro deixe de existir, pois só assim meu trabalho fará sentido." - Silvana Rando
Mais em:
https://g1.globo.com/educacao/notic...-autora-tirar-livro-peppa-de-circulacao.ghtml
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A autora disse que a inspiração foi um amiga de origem asiática que tinha os cabelos crespos, e de fato a gravura no livro mostra uma menina de pele clara com cabelos crespos e bem longos, a meu ver simbolizado positivamente como atributo de força e personalidade, estimulando ou aludindo justamente à fuga de padrões de beleza. O cabelo da menina seria um "super-cabelo resistente a tudo" e com pouquíssimo esforço os mesmos ativistas que interpretaram a ideia de forma negativa podem interpretar a mesma ideia de forma positiva.
Basta notar como num determinado contexto chamar uma mulher de put* ou vagabunda ou fazer mau juízo da sua conduta moral ou sexual para eles é algo ULTRAJANTE e MACHISTA [e é, sim], mas em outros contextos propagandeados por figuras como VALESKA POPOZUDA e PRETA GIL a mesma ação consistente no ato de a mulher se ver e agir como put*, promíscua ou ser chamada de vagabunda se torna uma "coisa" chamada EMPODERAMENTO, valorização e... "liberdade".
Então a personagem Peppa, dona de um "super-cabelo resistente a tudo", pode muito bem ser interpretada de forma positiva, não porque essa seria a única forma de interpretar, mas simplesmente porque oferece margem também a essa interpretação. O livro é uma fábula, CLARAMENTE lúdica e fantasiosa, tal como Pinóquio.
Narigudos também não se sentiriam ofendidos com Pinóquio sendo sempre associado a uma pessoa mentirosa? Que porra é essa? Pessoas de outras etnias que porventura nasçam com cabelos crespos não podem ser retratadas, fantasiadas? Serão acusadas de quê? Apropriação cultural?
A ativista problematiza: "Que informação a gente está passando para essas crianças? Que seus cabelos são ruins e complicados de tratar?
Uau... sobra esforço subjetivo para chegar a tal conclusão no caso em análise enquanto falta nessas mesmas pessoas esforço objetivo para ver o que é mais óbvio.
Será que a ideia de "Liberdade de ser criança" alcançada pela Autora compreende sem problemas o ato de ter crianças tocando e manipulando o corpo de um homem nu numa... "performance artística"? Não caberia nesse caso essa mesma indagação? [Que informação a gente está passando para essas crianças?] Não, não cabe. Nesse caso, essa pergunta sequer ganha forma na cabeça dessas pessoas.
Esse é o tipo de coerência esperado por esses ativistas. Só vejo autoritarismo e histeria ideológica, e me perdoem se atinjo inadvertidamente outras pessoas simpáticas à causa que não concordem. Isso não é uma generalização. Apenas constato a nitidez de um movimento que se preocupa em seguir alinhado a uma agenda ideológica específica e contraditória, à qual só interessa fazer uso ideológico e político de questões raciais, sexuais e sociais em nome da hegemonia e domínio da narrativa cultural e comportamental.
A capacidade que se arrogam de falarem e responderem por todos, como se soubessem exatamente o que cada indivíduo pensa ou sente, se colocando como pretensos fundadores de uma sociedade "evoluída" e melhores conhecedores de todos os problemas humanos não passa de um fetiche pessoal e egoísta.
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