Será uma nova temporada, continuando de onde parou.
Sakura CardCaptors foi um desses animes que marcou a infância de muita gente, especialmente as garotas dos anos 2000 (mas rapazes, vamos admitir: vocês também gostavam, vai!). A história que acompanha a vida de uma garota de dez anos,
Sakura Kinomoto, começa quando acidentalmente a protagonista libera um conjunto de cartas mágicas que espalha pela cidade alguns (muitos) eventos catastróficos que se espalham por toda Tomoeda. A partir daí, cenas em conflito que vão se mesclando com os relacionamentos da vida de Sakura vão desenvolvendo uma história que conquistou muitas pessoas. Com
3 temporadas (totalizando 70 episódios),
2 filmes,
3 especiais e
12 volumes publicados em mangá, temos
20 anos da história que conquistou muuuitos fãs. Eis que esse ano a
CLAMP resolveu que ia comemorar os 20 anos com um lançamento novo do mangá e nova temporada do anime.
A abertura do arco se dá com cartas espalhadas e no centro é possível identificar de cara uma carta Sakura. Dito isso porque é uma parte extremamente importante, a tradução do que está escrito ali é algo semelhante a “
Quando todas as cartas estiverem reunidas este não será o começo. Será o começo do fim“. O que significa que por si só, o mangá já se iniciou com aquele quê de mistério. A conexão disso para com a primeira página de CCS já nos dá uma prévia de que certamente não vem coisa boa pela frente. Para quem não lembra, “
Quando o seu selo for desfeito, acontecerá uma desgraça neste mundo” é a frase que abre o primeiro volume do arco inicial, e se as cartas Clow já foram capturadas e convertidas em Cartas Sakura, sabe-se lá o que nos reserva a partir de agora. É ruim por um lado porque parece que vai ser o desfecho final de tudo aquilo que conhecemos: é fácil interpretar isso como um final que a CLAMP vai produzir (e chorarei horrores com isso). E com esse prólogo aí, é até difícil não acreditar ser algo que colocará um ponto final na história de Sakura Kinomoto – pelo menos no que consiste o universo das cartas. Difícil crer que fariam isso apenas para “expandir” a história, mas não impossível.
Francamente a nostalgia bateu muito forte a partir do momento que eu comecei a ler. Uma das coisas que mais me chamou atenção e que um amigo comentou comigo também foi a fidelidade aos traços que eles mantiveram: comparando os traços dos primeiros mangás com este, a diferença é sutil demais. Embora estejam presentes, eles estão diferentes e ao mesmo tempo semelhantes. Além disso, é como se a história tivesse tido uma quebra extremamente pequena; Sakura deve estar com uns 15 anos, o que mostra que a continuação se passa não muito a frente dos acontecimentos de
A Carta Selada. Como um primeiro capítulo, já temos a maioria dos personagens já sendo inseridos: desde a família de Sakura (
Fujitaka, o pai e
Toya, o irmão) até os amigos.
Tomoyo Daidouji continua a mesma garota que está sempre com uma câmera nas mãos, brotando do nada e assustando os outros e acompanhando Sakura em tudo. Temos a presença de
Eriol com quem Sakura mantém algum contato mesmo que ele tenha ido morar na Inglaterra, um parecer breve de quais amigos estarão estudando com eles, uma menção
muito rápida pro meu gosto do
Yukito e, propositalmente sendo deixado para o fim,
Syaoran Li.
Um parágrafo só para ele porque é merecido. O retorno de Syaoran para Tomoeda definitivamente – como ele mesmo pontua – é algo que marca especificamente a possível relação entre o casal mais queridinho da CLAMP e de todo o fandom de CCS. Desde sempre o rapaz é uma figura que é representada através da seriedade, frieza e vergonha principalmente quando perto da Sakura. E o tempo passa, mas certas coisas são imutáveis. Os sentimentos deles representam algo que quem acompanha desde o anime e/ou mangá consegue perceber que é extremamente forte. O problema foi:
Me matando desde o primeiro capítulo, sim.
NÃO OLHA PRA ELA DESSE JEITO, PELO AMOR DO DEUS. Pode soar bem paranoico, só que esse é o olhar de quem
sabe que tem algo errado acontecendo. Alguém que sabe mais do que aparenta, e não seria surpresa nenhuma que ele tivesse algumas informações a serem compartilhadas com ela porque durante o diálogo entre ambos e ela dizendo que quer contar coisas com ele e a resposta é bem clara: “
Eu também tenho coisas que quero que saiba. Coisas que eu quero te contar“. O fato dele ter segredos e descobertas feitas em Hong Kong soa bem plausível. Durante o decorrer do mangá, desde a aparição dele, temos o foco nos ursinhos de pelúcia, aqueles que foram trocados durante a despedida no mangá. O modo como o diálogo entre eles acontece, onde questiona se não seria melhor o ursinho ficar com quem fez e tudo o mais. Suspeito demais para ser ignorado. Seu retorno basicamente se dá no que é anunciado como um cataclismo mágico, antes mesmo de Sakura ter o sonho, mas todos nós sabemos que nos fins das contas, o caos mágico que está prestes a possivelmente acontecer pode ter sido a razão dele retornar para Hong Kong.
Aparentemente, é como se ele temesse contar as coisas e a deixar preocupada. Não seria a primeira vez que há tentativa da parte de Syaoran de tentar proteger e até mesmo poupar a Sakura de alguma informação que possa machucá-la, preocupá-la ou até mesmo entristecê-la. Aconteceu durante a partida para Hong Kong, por sinal. O que nos leva ao ponto de que é claro que o sentimento que ele nutre por ela é grande a ponto de manter uma vigilância sobre ela – acompanhando-a até em casa, ficando por perto. A apreensão na cena em que ele a observa é um daqueles momentos em que o leitor consegue identificar de longe que a avalanche que vem por aí em nada vai ser fácil de ser enfrentada. Em contrapartida, não consigo simplesmente apostar as fichas de que a CLAMP faria algo brutal contra o casal que todos gostam e ainda por cima de tanto sucesso.
Páginas 33 / 34.
O pingente que a Sakura ganha do Yukito é uma asa que na ponta contém uma estrela e várias outras estrelas menores. É a representação perfeita dela e da sua magia, que é justamente extraída das estrelas, embora seja na verdade uma junção de magia do sol e lua. E se esse pingente se transformará em algo ou é apenas um acessório, o mistério fica no ar. A linha cronológica do mangá segue justamente o ponto em que o último arco se finalizou e esse início de agora: onde ela capturou e converteu as cartas Clow para Cartas Sakura. Se em
A Carta Selada assistimos a batalha ferrenha dela lutando para manter tudo nos eixos, o novo mangá proporciona uma Sakura madura, que já sacrificou seu próprio amor em prol do “bem maior” – mesmo que ela tenha o recuperado, no fim das contas. O fato dela não ter usado seus poderes e habilidades “já faz um tempo” é algo que deve ser preocupante? Ela parece não sentir tanto remorso por não mais precisar salvar Tomoeda do ataque de cartas, e nem mesmo há espaço para preocupações, porque enfim, tudo parece estar “bem” e normal.
O pesadelo. Cartas transparentes que flutuam na penumbra, junto com a própria Sakura. Não é segredo nenhum que ela possui esses sonhos proféticos – como o sonho d’O Julgamento Final e também sonhos do passado (como quando Clow morreu) – mas se isso é fruto das Cartas e sua conexão ou se simplesmente é algo de sua própria magia, é um segredo. Contudo, esse pesadelo mostra que o arco
poderá ser um pouco mais sério e até mesmo perigoso. Primeiro ponto é que essas cartas, quando a figura misteriosa surge, respondem. Elas praticamente começam a voar por todos os lados (se espalham, ou se desfragmentam?) como se o recém-chegado(a) fosse capaz de possuir tal força que é capaz de exercer sobre elas a ponto de fazê-las perder o controle.
Essa figura que nem parece ser humana é alguém capaz de despertar algo nela: como se ela soubesse quem é, como de fato reconhecesse. A questão é que o símbolo que vemos é uma
estrela de 6 pontas, muito comumente usado para magias poderosas – o que garante que quem quer que seja a figura misteriosa, poderosa ela é. Em
Tsubasa RESERvoir Chronicles, vimos a própria Sakura (ou a versão daquele universo dela) e sua mãe, a Rainha
Nadeshiko Kinomoto, usando o tal símbolo. Contudo, em uma imagem oficial da CLAMP de xxHOLiC, pode-se ver a diferença no traçado e até mesmo o modo como é desenhado – as pontas laterais em CCS e TRC são para cima/baixo, e não retas como na maioria dos casos.
Tsubasa Chronicles & Clear Card-Hen
Seja uma mera coincidência ou até mesmo proposital, a questão é que quando Sakura abre o livro o mistério fica preso no ar e ficamos sem saber o que exatamente ela irá encontrar. As teorias que se firmam a partir deste pontapé inicial é de que a figura que surgiu em seus sonhos seria ela mesma, pois já houve uma interação entre ela e sua versão de TRC. O que nem de longe pode ser uma boa opção: embora CLAMP cite que Sakura Kinomoto é “a menina dos olhos” e sua filha favorita, já é de conhecimento geral que eles gostam de interferir e mesclar uma história com a outra. Se esse será um bom caminho para o novo mangá de CCS, só o tempo irá dizer! Com o decorrer dos próximos meses, é certeza que o que não vai faltar é espaço para discussão e muitas teorias mirabolantes para serem debatidas.