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Bloodborne é a continuação espiritual de Demon’s Souls e Dark Souls, desenvolvido pela From Software em parceria com a Sony Japan Studios. O clima medieval dos jogos anteriores foi substituído por um inspirado na era vitoriana do Reino Unido, na arquitetura gótica, nos trabalhos de Lovecraft e em histórias de lobisomens.
No jogo você controla um viajante que vai até a cidade de Yharnam, que é conhecida por ter uma milagrosa cura. Mas lá você encontra uma cidade que está sofrendo com uma doença que transforma sua população em bestas assassinas, enquanto os poucos moradores sãos estão trancados em suas casas com medo de sair a noite. Em seu caminho você irá assassinar uma série de criaturas e desvendar os mistérios que assolam a milagrosa cura e a doença que está destruindo a cidade.
Apesar de ter tido pouca experiência com a série Souls (joguei os três, mas quase nada), resolvi arriscar a compra e fiz um ótimo negócio. Bloodborne é um Action RPG, mas não basta passar de level para prosseguir no jogo, como acontece em outros jogos do gênero, pois sua habilidade como jogador conta muito, mesmo o mais fraco dos inimigos pode te matar se você der bobeira.
Para enfrentar as criaturas no seu caminho, você conta com um arsenal de armas brancas e de fogo. A variedade de armas brancas é inferior a encontrada nos jogos anteriores, mas cada uma delas é única e todas podem ser usadas até o fim do jogo graças as melhorias que você pode fazer nelas. Temos espadas de diferentes tamanhos, machados, marretas, foices, serras, adagas curtas, uma maça elétrica, uma espada samurai, uma lança, dentre outras. Cada uma com um estilo de jogo diferente, para diferentes jogadores. Todas elas possuem diferentes movesets e a maioria delas possui um “modo secundário” acessado ao pressionar o botão L1. O Kirkhammer, por exemplo, é uma espada longa no modo normal, mas uma enorme marreta em seu modo secundário, cada modo com seu moveset único.
As armas de fogo são fracas, lentas e antiquadas. Elas não servem para matar os inimigos, mas sim para realizar contra ataques. Tiros disparados instantes antes do inimigo te acertar o deixam incapacitado, e um golpe neste estado será crítico (golpe chamado de Visceral Attack). Também é possível incapacitar um inimigo se você usar um golpe carregado (R2 na maioria das armas) nas costas dele. Até existe um escudo no jogo, mas ele só é útil para se defender de tiros.
O combate em Bloodborne é rápido e visceral, neste jogo atacar é a melhor defesa, e ficar esperando o inimigo te atacar pode ser mortal. Você pode desviar dos golpes dos inimigos através do botão círculo, mas a maioria dos inimigos não consegue te atacar se você já estiver atacando ele. E quando você toma dano, é possível recuperar a vida perdida atacando o inimigo até um segundo após tomar a pancada.
Artisticamente, Bloodborne é maestral. Você irá caminhar por uma cidade em ruínas, uma floresta repleta de cobras, um castelo esquecido e um pesadelo tirado da mente de Lovecraft, irá enfrentar dezenas de diferentes criaturas e chefes, tudo com visual único e espetacular. A trilha sonora é outro espetáculo, as músicas tocam apenas nas lutas contra chefes e em outros momentos específicos, mas são todas maravilhosas.
O level design é outro ponto fantástico, cada área do jogo é brilhantemente interligada as outras, formando um mundo contínuo e coeso, e cada área, apesar de terem pouquíssimos check-points, sempre possuem atalhos, que são mais prazerosos de encontrar que qualquer check-point em qualquer outro jogo.
A dificuldade do jogo merece ser citada, o jogo é difícil, mas raramente injusto, basta prestar atenção ao seu redor e tentar encontrar a melhor forma de sobressair a cada desafio:
- Tem um grupo de inimigos te dando trabalho? Que tal atrair um a um com pedras?
- Um boss parece impossível de ser derrotado? Que tal mudar de tática, ou usar outra arma, usar o cenário a seu favor, discutir estratégias com amigos, ou até mesmo usar o coop presente no jogo e pedir ajuda a alguém?
- Você tem de atravessar um pântano venenoso? Que tal trazer antídotos, equipar aquela runa de resistência a veneno e por roupas com boas resistências?
Assim funciona a dificuldade do jogo. Você morre muito, mas a cada morte você se torna melhor no jogo, ao invés de apenas repetir trechos do jogo até passar, como acontece em muitos jogos recentes. O que pode assustar a alguns jogadores, é que ao morrer você perde todos os Blood Echoes que estava carregando (espécie de dinheiro que é encontrado ao matar inimigos e é usado para comprar itens, equipamentos, armas e até passar de nível), e que todos os inimigos que você matou vão estar lá de volta (exceto alguns raros, como outros caçadores e os chefes). Você até tem uma chance de recuperar o dinheiro, se conseguir chegar até o ponto que você morreu, mas se morrer no caminho para lá… aí já era.
Além disso, ao morrer seus itens usados não voltam, e você será obrigado a “farmar” itens de cura e Blood Echoes caso gaste todos os seus itens ao enfrentar um chefe. Para alguns isso pode ser um ponto muito negativo, mas eu aproveitava essas horas para testar armas diferentes em áreas onde eu já estava acostumado a jogar, ou revisitar os NPC’s e ver o que acontecia à eles conforme avançava pela história.
Outro fator importante, Bloodborne não irá te puxar pela mão. O jogo não tem mapa, não tem tela de objetivos, não te avisa se os NPCs que você encontra são importantes ou não. Você tem de descobrir tudo sozinho. O que pode te ajudar, é que se você escolher por jogar online, poderá encontrar mensagens de outros jogadores com dicas (e até deixar as suas dicas), bem como poças de sangue que mostram como outros jogadores morreram na área. Por outro lado, em duas áreas você poderá ser invadido por outros jogadores para cruéis combates PvP. Você também pode ser invadido se optar por pedir ajuda a outros jogadores, então tome cuidado.
Bloodborne é um jogo maravilhoso, desafiador e muito divertido. Poucos jogos passam uma sensação tão boa ao conseguir passar por uma parte em que você estava preso. É o melhor exclusivo do PS4, e um dos melhores jogos desta nova geração. Mas não é para todos, o nível de dificuldade e o tempo de dedicação requerido (o jogo nem sequer pode ser pausado) para avançar na história pode assustar alguns, bem como o fato da história não ser contada através de diálogos ou cutscenes, mas sim a partir de sua interpretação do mundo e da leitura de cartas espalhadas pelo jogo e da descrição dos itens encontrados em seu caminho.
Mas se esse for o seu tipo de jogo, então saiba que ele tem alguns problemas: o framerate cai com frequência; os loadings são muito demorados (prometeram melhorar isso em um patch); a câmera é confusa e ruim e vai te matar algumas vezes quando estiver enfrentando chefes enormes; a AI dos inimigos é fraca; o jogo possui um número muito inferior de “builds” (estilos de jogar), se comparado aos antecessores; é possível estragar o jogo matando NPC’s importantes e; os três finais do jogo são todos meh. Mas nada disso deveria te impedir de jogar esta pérola.
Em termos de replay, ao terminar o jogo você será atirado em um New Game +, onde poderá rejogar tudo, mas num nível de dificuldade maior. E existem ainda as Chalice Dungeons, que são calabouços gerados aleatoriamente, recheados de inimigos, armadilhas e até mesmo bosses únicos. Esses calabouços podem aumentar muito a duração do jogo e estão recheados de itens únicos e raros para serem descobertos, mas sua natureza aleatória faz com que pequem no level design, que é tão cativante nas áreas principais do jogo.
Fotos que tirei durante o jogo:
Vídeos que gravei:
https://www.youtube.com/playlist?list=PLHQfA_XRniJm_FGvMIzD3giDkGMHzczKZ