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A matéria abaixo me proporcionou uma viagem mágica pela minha infância:
ESPECIAL: 30 anos da Manchete - parte 1 de 3
05/06/2013
Por Matheus Mossmann
Dia 5 de junho de 1983 entrava no ar a Rede Manchete, emissora carioca que propunha apresentar uma programação de qualidade aos seus telespectadores, saindo do lugar comum. Se você viveu os anos 1980, juntamente com o SBT, deve-se lembrar das pencas de programas infantis que a emissora exibiu, tornando-se quase que um reduto dos super-heróis, tanto americanos, quanto europeus, e principalmente dos japoneses. A sede da emissora no RJ virou uma segunda Tóquio - o alvo principal dos vilões de todas as partes do universo.
Como uma emissora que vira a casa de tantos super-heróis pode ser esquecida justamente por um dos veículos pioneiros na divulgação dos protetores do universo, como foi a Herói? Impossível. Por isso, em comemoração aos 30 anos da Manchete, vamos fazer um overview de todas as coisas bacanas que a emissora passou e, querendo ou não, ajudou a formar o caráter de muita gente que mandava ver num nescauzão assistindo o programa da Angélica pra ver pilhas de heróis explodindo os piores seres.
1983 – 1987
Na fase inicial da Manchete, tínhamos o programa da Xuxa (Clube da Criança), o circo do palhaço Carequinha, o programa da Lucinha Lins com o marido Claudio Tovar (Lupu Lupim Clapa Topo), bizarrices nessa linha. O que interessava mesmo era o que passava dentro desses programas: DESENHOS. E desenhos MUITO BONS, diga-se de passagem. Nessa primeira leva, além dos já clássicos Hanna-Barbera, que passeavam por várias emissoras, tivemos Patrulha Estelar, Pirata do Espaço, Don Drácula e Dartacão. Relembre um pouco assistindo os vídeos abaixo:
1988 – 1990
Digamos que este foi o período mais frutífero da emissora, tanto na parte dos super-heróis quanto de suas produções próprias, como famigeradas novelas que chegaram a encher o saco da Rede Globo, como Kananga do Japão, Pantanal e Ana Raio e Zé Trovão. Em fevereiro de 1988, dentro do Clube da Criança da ninfeta de 14 anos Angélica, uma verdadeira tempestade estava por se desencadear.
A estréia de Jaspion e Changeman começou um fenômeno de consumo sem precedentes. Os heróis já haviam sido lançados em vídeo no final de 1986, finalmente chegaram à TV, e como muita gente na época não tinha vídeo cassete, nem sabia da existência dos mesmos. Foi sucesso imediato, levando a Rede Manchete aos primeiros lugares em audiência e fazendo com que a encomenda de novas séries já fosse agilizada.
Já no início de 1989, ocorre a próxima estréia: Flashman, que tem seus 10 primeiros episódios repetidos à exaustão. O episódio 11 fora exibido apenas no segundo semestre de 1989, pois segundo reportagem do Jornal do Brasil, os outros 40 episódios estavam presos na alfândega.
As manhãs da Rede eram dominadas pelas 3 séries, juntamente dos clássicos desenhos da Hanna Barbera, compondo o Clubinho Manchete, e batiam cartão à tarde, no programa da loura com a barata na coxa. O sucesso foi intenso, com a chegada de muitos produtos às lojas, incluindo kit de máscaras, LP's e K7's, bonecos, veículos de combate, etc. Nesta fase, o sorteio de cartas do Clube da Criança, que outrora era apresentado por Angélica, passa a ser apresentado pelo vilão Buba, dos Changeman. Obviamente, o ator que o interpretava no Circo Show, e não o original japa. Mas quem se importava?
A partir de 2 de outubro de 1989 estreava um novo programa infantil da emissora. O Cometa Alegria, apresentado por Cíntia Rachel e Patrick Oliveira, trazia uma leva de desenhos animados da Hanna Barbera, entre eles a Foquinha Fofa, Fantasminha Legal, O Coisa, além das aulas de artes marciais com o Mestre Kim, experiências do dia, entre outros atrativos educativos bem característicos dos programas infantis da época. Também estreou o seriado do Benji, lembra?
Mas não seriam os desenhos o carro-chefe da atração e sim os seriados japas. A mística dos ninjas e samurais japoneses chegava à TV Brasileira com Lion Man e Jiraiya. As duas séries, devido ao sucesso, logo foram apresentadas também no Clube da Criança, que ganhou novo cenário e a estréia do game Caçadores da Fortuna, um dos marcos do programa.
O ano de 1989 termina com a Manchete estreando também Pumuckl, seriado alemão de um pequeno duende peralta, que chegou até mesmo a ter seus primeiros episódios lançados em VHS no Brasil.
Em Janeiro de 1990, a Manchete cumpre a promessa que começara a veicular no final de 1989: uma nova estréia. A partir de 22 de janeiro, vai ao ar Jiban, a série que mais chegou rápido ao Brasil em toda história, tendo estreado aqui enquanto no Japão estava sendo exibido o episódio 50.
Devido à dublagem inicial de 12 episódios (que também foram exibidos à exaustão), acredita-se que o seriado foi comprado pela Top Tape logo quando o mesmo foi lançado no Japão, e o encaminharam para dublagem no meio de 1989. A estréia de Jiban aconteceu no Clube da Criança, mas a série passara simultaneamente no Cometa Alegria.
Com seis séries de grande sucesso no ar, a Manchete estava bem munida, que rendiam muito à emissora, graças aos patrocínios e audiência nas alturas. Segundo o Jornal do Brasil, Jaspion chegou a dar 15 pontos no IBOPE no seu ápice.
Na metade de 1990, finalmente são exibidos os episódios finais de Jaspion, Changeman, Flashman, Jiraiya e Lion Man. Apenas para dar uma idéia da quantidade de reprises, Jaspion levou dois anos e meio para ser concluído, o mesmo acontecendo com Changeman. Levando-se em conta que as séries tem 46 e 55 episódios respectivamente, e como sua exibição era diária (descontando finais de semana), foram apresentados então no mínimo 660 episódios de cada série até a exibição do derradeiro. Isso que é guardar produto hein?
Foi uma fase de ouro para os fãs, que ainda seriam brindados com a estréia de uma das melhores séries que já passaram por aqui: Cybercop. A estréia dos policiais do futuro ocorreu na reformulação do Clube da Criança, que foi exatamente no dia das crianças (12/10/90), em que haviam novos quadros e novos cenários.
Juntamente de Cybercop, estréia a série inglesa Crossbow – As aventuras de Guilherme Tell. Foi o marco máximo da Manchete para os fãs, já que a emissora passava Tokusatsu de manhã e de tarde, além das manhãs de sábado e domingo, com o Cometa Alegria Especial, que continuava a passar também os desenhos Hanna Barbera. Para ninguém botar defeito e ficar na frente da tv o dia inteiro.
Não vamos nos esquecer também de seriados de CHIPS, Jornada nas Estrelas e Incrível Hulk, que também batiam cartão na emissora carioca. Além destas clássicas séries americanas, uma cacetada de animes pintou na Manchete nesta época. Oriundos da Brazil Home Video (posteriormente Sato Company), especiais lançados diretamente para vídeo eram quebrados em pequenos pedaços para parecerem “séries”, e eram exibidos diariamente dentro do Cometa Alegria. Pérolas como Capitão Harlock e a Nave Arcádia, Voltes V, Doze Meses, Dos Apeninos Até os Andes, Fábulas de Esopo e Baldios foram exibidos desta maneira – muito peculiar, mas bacana para quem não tinha vídeo cassete.
Com tanta coisa acontecendo, o que 1991 reservaria para os fãs? Amanhã você confere na segunda parte do especial 30 ANOS REDE MANCHETE.
Link com vídeos da parte 1: http://heroi.gameworld.com.br/especiais/especial-30-anos-da-manchete-parte-1-de-3#.UbU68-fFX-o
ESPECIAL: 30 anos da Manchete - parte 2 de 3
06/06/2013
Por Matheus Mossmann
Ontem você conferiu a primeira parte do nosso especial de 30 anos da Rede Manchete. Na segunda parte, você vai relembrar o período de 1991 a 1994 da emissora. Embarque na nossa máquina do tempo e se segure na poltrona.
1991 – 1994
A chegada de 1991 iria reservar boas surpresas para os fãs de super-heróis. Durante um intervalo comercial do Clube da Criança, em janeiro de 1991, ocorre o anúncio da estréia da Sessão Super Heróis para abril, com 3 séries novas e os episódios inéditos de Cybercop. Os seriados desta nova leva foram Maskman (último super sentai a chegar ao Brasil), Black Kamen Rider (anunciado como Black Man, com uma propaganda sinistra que levava a crer que a série seria de terror) e Jaspion 2 (Spielvan, o herói que aparecia na capa do segundo LP de Jaspion, tendo algumas músicas lançadas em Português).
Cybercop teve finalmente seus episódios inéditos exibidos, chegando até o 30. Ao mostrar o preview para o célebre episódio O Roubo do Cyber Thunder Arm (que até hoje tem fã que jura que assistiu na época), ficaram restando apenas 4 episódios para a Manchete exibir, coisa que nunca ocorreu.
Spielvan, da mesma forma que Flashman em 1989, tinha apenas 10 episódios exibidos, coisa que, além de frustrar muitos fãs (pois de Jaspion 2 ele não tinha nada...), não fez com que a série engrenasse. Depois de muitíssimo tempo, o episódio 11 foi ao ar. Maskman era um dos poucos seriados que não tinha reprises e era exibido fielmente. Black Kamen Rider (que não era chamado de Blackman como anunciavam) foi um marco, pois era uma série diferente das que passaram aqui, com um clima sombrio e misterioso. Foi a série que atingiu maior sucesso das três, considerado até hoje um clássico, tanto no Japão como no Brasil.
É indubitavelmente o ápice da Rede Manchete no quesito super-heróis, com 10 séries passando ao mesmo tempo, o que, infelizmente, saturaria o gênero e o tiraria do ar no ano seguinte. A Manchete resolve ressuscitar inúmeros desenhos Hanna Barbera nesta época também, incluindo Space Ghost, Impossíveis, Frankstein Jr, Rabugento, Mozzarellas, Dino Boy, etc, que estavam em outras emissoras.
Em março de 1992, o que parecia impossível, acontece: desgastada pela associação de sua imagem aos enlatados japas, Angélica pede que em seu novo Clube da Criança (agora matutino), sejam exibidos apenas desenhos. Como o gênero estava saturado e obviamente os ganhos não eram como no início, Jaspion e cia. tem seus contratos encerrados, restando apenas Maskman e Spielvan (este não teve seus episódios finais exibidos, parando no episódio 40 de 44).
Em junho de 1992, o Grupo IBF assume a Rede Manchete no lugar da família Bloch, e os tokusatsu dão adeus à programação em agosto. Foi uma época de seca para os fãs, que só voltariam a ver seus seriados favoritos na rede com a volta dos Bloch ao comando da emissora, em março de 1993. Ainda em 1992, a maldição de Angélica com os japas continuou quando teve que engolir goela abaixo o gatão azul Doraemon na programação, inclusive fazendo ponte para o desenho, sendo apresentado com a infame música SUPER CAT.
Com a saída de Angélica da emissora para apresentar um novo programa no SBT (vale lembrar que Angélica saiu na época da IBF no comando), Milla Christie assume seu lugar no Clube da Criança (que já retornara ao período vespertino no final de 1992) e, com isso, retornam à rede os Cybercops.
Nas manhãs, Duda Little (a pequena que participava dos Trapalhões antes da Tininha – lembra?) assume o comando do Cometa Alegria, que se transforma em Dudalegria, e exibe desenhos Hanna Barbera em sua programação.
Em dezembro de 1993, uma excelente notícia para os fãs de tokusatsu: a volta de Black Kamen Rider às telas, voltando em um horário noturno (19h30), antes da sitcom nacional Família Brasil, baseada na obra de Luís Fernando Veríssimo. Com o retorno da série do Homem Mutante, com a Manchete obtendo novamente o segundo lugar no IBOPE no horário (coisa que acontecia apenas na época de Jaspion e Changeman). Deve ter dado muita intriga em casa de família para ver que ia rolar de assistir Issamu Minami ou a novelinha global Olho no Olho.
Seguindo nessa tocada até julho de 1994, Cybercop e Black Kamen Rider imperavam absolutos como os programas infantis de maior sucesso da emissora, além dos desenhos exibidos por Duda. Sai do ar Milla Christie e entra em seu lugar Patrícia, conhecida como Pat Beijo. Velhos conhecidos Hanna-Barbera retornam à programação da Manchete, como Dinamite O Bionicão, Hong Kong Fu, Apuros de Penélope, Tutubarão, Corrida Maluca, Bacamarte & Chumbinho, Mosquete Mosquito e Moscardo, e Coelho Ricochete, no pacotão de férias da Manchete. Mas não era só isso, não.
Mais novidade no ar: começam as chamadas de duas novas séries tokusatsu - fato este que não ocorria desde 1991 com a estréia da Sessão Super Heróis. Estréiam no Dudalegria as séries Patrine e Winspector. Patrine foi uma série atípica no Brasil, de heroína, fato até então inédito aqui e que causou certa estranheza. Winspector, com seu visual de Jiban melhorado, foi um sucesso avassalador, com uma quantidade enorme de produtos licenciados e a coleção completa lançada em VHS pela Intermovies, com 25 volumes. Vale lembrar que foi uma das poucas lançadas completas em VHS.
Em setembro de 1994, estreia o maior fenômeno televisivo dos anos 90: Os Cavaleiros do Zodíaco. O sucesso foi absurdo, enchendo o saco da Globo em audiência e tirando a Manchete de uma grave crise financeira que vinha atravessando desde sua venda para o grupo IBF em 1992 . Com duas exibições diárias, logo Cavaleiros do Zodíaco se tornou um marco na Manchete e na história da TV Brasileira, tamanha a sinergia entre ambos. Se hoje você está aqui lendo esse site, deve agradecer também a Seiya e sua equipe, uma das grandes válvulas motoras da Herói.
Black Kamen Rider se despede da TV em outubro para nunca mais voltar (será?), e Cybercop em novembro de 1994. A Manchete aposta todas suas fichas em Seiya e sua turma, inclusive botando-os em horário nobre aos domingos. Winspector e Patrine seguiam firmes na programação, com exibições no Dudalegria e durante a tarde.
Parece que a programação estava novamente recheada de heróis. Qual seria o futuro deles? Você confere amanhã, na terceira e última parte do especial 30 ANOS DE MANCHETE.
Link da parte II com vídeos e abertura: http://heroi.gameworld.com.br/especiais/especial-30-anos-da-manchete-parte-2-de-3#.UbU71ufFX-o
ESPECIAL: 30 anos da Manchete - parte 1 de 3
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05/06/2013
Por Matheus Mossmann
Dia 5 de junho de 1983 entrava no ar a Rede Manchete, emissora carioca que propunha apresentar uma programação de qualidade aos seus telespectadores, saindo do lugar comum. Se você viveu os anos 1980, juntamente com o SBT, deve-se lembrar das pencas de programas infantis que a emissora exibiu, tornando-se quase que um reduto dos super-heróis, tanto americanos, quanto europeus, e principalmente dos japoneses. A sede da emissora no RJ virou uma segunda Tóquio - o alvo principal dos vilões de todas as partes do universo.
Como uma emissora que vira a casa de tantos super-heróis pode ser esquecida justamente por um dos veículos pioneiros na divulgação dos protetores do universo, como foi a Herói? Impossível. Por isso, em comemoração aos 30 anos da Manchete, vamos fazer um overview de todas as coisas bacanas que a emissora passou e, querendo ou não, ajudou a formar o caráter de muita gente que mandava ver num nescauzão assistindo o programa da Angélica pra ver pilhas de heróis explodindo os piores seres.
1983 – 1987
Na fase inicial da Manchete, tínhamos o programa da Xuxa (Clube da Criança), o circo do palhaço Carequinha, o programa da Lucinha Lins com o marido Claudio Tovar (Lupu Lupim Clapa Topo), bizarrices nessa linha. O que interessava mesmo era o que passava dentro desses programas: DESENHOS. E desenhos MUITO BONS, diga-se de passagem. Nessa primeira leva, além dos já clássicos Hanna-Barbera, que passeavam por várias emissoras, tivemos Patrulha Estelar, Pirata do Espaço, Don Drácula e Dartacão. Relembre um pouco assistindo os vídeos abaixo:
1988 – 1990
Digamos que este foi o período mais frutífero da emissora, tanto na parte dos super-heróis quanto de suas produções próprias, como famigeradas novelas que chegaram a encher o saco da Rede Globo, como Kananga do Japão, Pantanal e Ana Raio e Zé Trovão. Em fevereiro de 1988, dentro do Clube da Criança da ninfeta de 14 anos Angélica, uma verdadeira tempestade estava por se desencadear.
A estréia de Jaspion e Changeman começou um fenômeno de consumo sem precedentes. Os heróis já haviam sido lançados em vídeo no final de 1986, finalmente chegaram à TV, e como muita gente na época não tinha vídeo cassete, nem sabia da existência dos mesmos. Foi sucesso imediato, levando a Rede Manchete aos primeiros lugares em audiência e fazendo com que a encomenda de novas séries já fosse agilizada.
Já no início de 1989, ocorre a próxima estréia: Flashman, que tem seus 10 primeiros episódios repetidos à exaustão. O episódio 11 fora exibido apenas no segundo semestre de 1989, pois segundo reportagem do Jornal do Brasil, os outros 40 episódios estavam presos na alfândega.
As manhãs da Rede eram dominadas pelas 3 séries, juntamente dos clássicos desenhos da Hanna Barbera, compondo o Clubinho Manchete, e batiam cartão à tarde, no programa da loura com a barata na coxa. O sucesso foi intenso, com a chegada de muitos produtos às lojas, incluindo kit de máscaras, LP's e K7's, bonecos, veículos de combate, etc. Nesta fase, o sorteio de cartas do Clube da Criança, que outrora era apresentado por Angélica, passa a ser apresentado pelo vilão Buba, dos Changeman. Obviamente, o ator que o interpretava no Circo Show, e não o original japa. Mas quem se importava?
A partir de 2 de outubro de 1989 estreava um novo programa infantil da emissora. O Cometa Alegria, apresentado por Cíntia Rachel e Patrick Oliveira, trazia uma leva de desenhos animados da Hanna Barbera, entre eles a Foquinha Fofa, Fantasminha Legal, O Coisa, além das aulas de artes marciais com o Mestre Kim, experiências do dia, entre outros atrativos educativos bem característicos dos programas infantis da época. Também estreou o seriado do Benji, lembra?
Mas não seriam os desenhos o carro-chefe da atração e sim os seriados japas. A mística dos ninjas e samurais japoneses chegava à TV Brasileira com Lion Man e Jiraiya. As duas séries, devido ao sucesso, logo foram apresentadas também no Clube da Criança, que ganhou novo cenário e a estréia do game Caçadores da Fortuna, um dos marcos do programa.
O ano de 1989 termina com a Manchete estreando também Pumuckl, seriado alemão de um pequeno duende peralta, que chegou até mesmo a ter seus primeiros episódios lançados em VHS no Brasil.
Em Janeiro de 1990, a Manchete cumpre a promessa que começara a veicular no final de 1989: uma nova estréia. A partir de 22 de janeiro, vai ao ar Jiban, a série que mais chegou rápido ao Brasil em toda história, tendo estreado aqui enquanto no Japão estava sendo exibido o episódio 50.
Devido à dublagem inicial de 12 episódios (que também foram exibidos à exaustão), acredita-se que o seriado foi comprado pela Top Tape logo quando o mesmo foi lançado no Japão, e o encaminharam para dublagem no meio de 1989. A estréia de Jiban aconteceu no Clube da Criança, mas a série passara simultaneamente no Cometa Alegria.
Com seis séries de grande sucesso no ar, a Manchete estava bem munida, que rendiam muito à emissora, graças aos patrocínios e audiência nas alturas. Segundo o Jornal do Brasil, Jaspion chegou a dar 15 pontos no IBOPE no seu ápice.
Na metade de 1990, finalmente são exibidos os episódios finais de Jaspion, Changeman, Flashman, Jiraiya e Lion Man. Apenas para dar uma idéia da quantidade de reprises, Jaspion levou dois anos e meio para ser concluído, o mesmo acontecendo com Changeman. Levando-se em conta que as séries tem 46 e 55 episódios respectivamente, e como sua exibição era diária (descontando finais de semana), foram apresentados então no mínimo 660 episódios de cada série até a exibição do derradeiro. Isso que é guardar produto hein?
Foi uma fase de ouro para os fãs, que ainda seriam brindados com a estréia de uma das melhores séries que já passaram por aqui: Cybercop. A estréia dos policiais do futuro ocorreu na reformulação do Clube da Criança, que foi exatamente no dia das crianças (12/10/90), em que haviam novos quadros e novos cenários.
Juntamente de Cybercop, estréia a série inglesa Crossbow – As aventuras de Guilherme Tell. Foi o marco máximo da Manchete para os fãs, já que a emissora passava Tokusatsu de manhã e de tarde, além das manhãs de sábado e domingo, com o Cometa Alegria Especial, que continuava a passar também os desenhos Hanna Barbera. Para ninguém botar defeito e ficar na frente da tv o dia inteiro.
Não vamos nos esquecer também de seriados de CHIPS, Jornada nas Estrelas e Incrível Hulk, que também batiam cartão na emissora carioca. Além destas clássicas séries americanas, uma cacetada de animes pintou na Manchete nesta época. Oriundos da Brazil Home Video (posteriormente Sato Company), especiais lançados diretamente para vídeo eram quebrados em pequenos pedaços para parecerem “séries”, e eram exibidos diariamente dentro do Cometa Alegria. Pérolas como Capitão Harlock e a Nave Arcádia, Voltes V, Doze Meses, Dos Apeninos Até os Andes, Fábulas de Esopo e Baldios foram exibidos desta maneira – muito peculiar, mas bacana para quem não tinha vídeo cassete.
Com tanta coisa acontecendo, o que 1991 reservaria para os fãs? Amanhã você confere na segunda parte do especial 30 ANOS REDE MANCHETE.
Link com vídeos da parte 1: http://heroi.gameworld.com.br/especiais/especial-30-anos-da-manchete-parte-1-de-3#.UbU68-fFX-o
ESPECIAL: 30 anos da Manchete - parte 2 de 3
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06/06/2013
Por Matheus Mossmann
Ontem você conferiu a primeira parte do nosso especial de 30 anos da Rede Manchete. Na segunda parte, você vai relembrar o período de 1991 a 1994 da emissora. Embarque na nossa máquina do tempo e se segure na poltrona.
1991 – 1994
A chegada de 1991 iria reservar boas surpresas para os fãs de super-heróis. Durante um intervalo comercial do Clube da Criança, em janeiro de 1991, ocorre o anúncio da estréia da Sessão Super Heróis para abril, com 3 séries novas e os episódios inéditos de Cybercop. Os seriados desta nova leva foram Maskman (último super sentai a chegar ao Brasil), Black Kamen Rider (anunciado como Black Man, com uma propaganda sinistra que levava a crer que a série seria de terror) e Jaspion 2 (Spielvan, o herói que aparecia na capa do segundo LP de Jaspion, tendo algumas músicas lançadas em Português).
Cybercop teve finalmente seus episódios inéditos exibidos, chegando até o 30. Ao mostrar o preview para o célebre episódio O Roubo do Cyber Thunder Arm (que até hoje tem fã que jura que assistiu na época), ficaram restando apenas 4 episódios para a Manchete exibir, coisa que nunca ocorreu.
Spielvan, da mesma forma que Flashman em 1989, tinha apenas 10 episódios exibidos, coisa que, além de frustrar muitos fãs (pois de Jaspion 2 ele não tinha nada...), não fez com que a série engrenasse. Depois de muitíssimo tempo, o episódio 11 foi ao ar. Maskman era um dos poucos seriados que não tinha reprises e era exibido fielmente. Black Kamen Rider (que não era chamado de Blackman como anunciavam) foi um marco, pois era uma série diferente das que passaram aqui, com um clima sombrio e misterioso. Foi a série que atingiu maior sucesso das três, considerado até hoje um clássico, tanto no Japão como no Brasil.
É indubitavelmente o ápice da Rede Manchete no quesito super-heróis, com 10 séries passando ao mesmo tempo, o que, infelizmente, saturaria o gênero e o tiraria do ar no ano seguinte. A Manchete resolve ressuscitar inúmeros desenhos Hanna Barbera nesta época também, incluindo Space Ghost, Impossíveis, Frankstein Jr, Rabugento, Mozzarellas, Dino Boy, etc, que estavam em outras emissoras.
Em março de 1992, o que parecia impossível, acontece: desgastada pela associação de sua imagem aos enlatados japas, Angélica pede que em seu novo Clube da Criança (agora matutino), sejam exibidos apenas desenhos. Como o gênero estava saturado e obviamente os ganhos não eram como no início, Jaspion e cia. tem seus contratos encerrados, restando apenas Maskman e Spielvan (este não teve seus episódios finais exibidos, parando no episódio 40 de 44).
Em junho de 1992, o Grupo IBF assume a Rede Manchete no lugar da família Bloch, e os tokusatsu dão adeus à programação em agosto. Foi uma época de seca para os fãs, que só voltariam a ver seus seriados favoritos na rede com a volta dos Bloch ao comando da emissora, em março de 1993. Ainda em 1992, a maldição de Angélica com os japas continuou quando teve que engolir goela abaixo o gatão azul Doraemon na programação, inclusive fazendo ponte para o desenho, sendo apresentado com a infame música SUPER CAT.
Com a saída de Angélica da emissora para apresentar um novo programa no SBT (vale lembrar que Angélica saiu na época da IBF no comando), Milla Christie assume seu lugar no Clube da Criança (que já retornara ao período vespertino no final de 1992) e, com isso, retornam à rede os Cybercops.
Nas manhãs, Duda Little (a pequena que participava dos Trapalhões antes da Tininha – lembra?) assume o comando do Cometa Alegria, que se transforma em Dudalegria, e exibe desenhos Hanna Barbera em sua programação.
Em dezembro de 1993, uma excelente notícia para os fãs de tokusatsu: a volta de Black Kamen Rider às telas, voltando em um horário noturno (19h30), antes da sitcom nacional Família Brasil, baseada na obra de Luís Fernando Veríssimo. Com o retorno da série do Homem Mutante, com a Manchete obtendo novamente o segundo lugar no IBOPE no horário (coisa que acontecia apenas na época de Jaspion e Changeman). Deve ter dado muita intriga em casa de família para ver que ia rolar de assistir Issamu Minami ou a novelinha global Olho no Olho.
Seguindo nessa tocada até julho de 1994, Cybercop e Black Kamen Rider imperavam absolutos como os programas infantis de maior sucesso da emissora, além dos desenhos exibidos por Duda. Sai do ar Milla Christie e entra em seu lugar Patrícia, conhecida como Pat Beijo. Velhos conhecidos Hanna-Barbera retornam à programação da Manchete, como Dinamite O Bionicão, Hong Kong Fu, Apuros de Penélope, Tutubarão, Corrida Maluca, Bacamarte & Chumbinho, Mosquete Mosquito e Moscardo, e Coelho Ricochete, no pacotão de férias da Manchete. Mas não era só isso, não.
Mais novidade no ar: começam as chamadas de duas novas séries tokusatsu - fato este que não ocorria desde 1991 com a estréia da Sessão Super Heróis. Estréiam no Dudalegria as séries Patrine e Winspector. Patrine foi uma série atípica no Brasil, de heroína, fato até então inédito aqui e que causou certa estranheza. Winspector, com seu visual de Jiban melhorado, foi um sucesso avassalador, com uma quantidade enorme de produtos licenciados e a coleção completa lançada em VHS pela Intermovies, com 25 volumes. Vale lembrar que foi uma das poucas lançadas completas em VHS.
Em setembro de 1994, estreia o maior fenômeno televisivo dos anos 90: Os Cavaleiros do Zodíaco. O sucesso foi absurdo, enchendo o saco da Globo em audiência e tirando a Manchete de uma grave crise financeira que vinha atravessando desde sua venda para o grupo IBF em 1992 . Com duas exibições diárias, logo Cavaleiros do Zodíaco se tornou um marco na Manchete e na história da TV Brasileira, tamanha a sinergia entre ambos. Se hoje você está aqui lendo esse site, deve agradecer também a Seiya e sua equipe, uma das grandes válvulas motoras da Herói.
Black Kamen Rider se despede da TV em outubro para nunca mais voltar (será?), e Cybercop em novembro de 1994. A Manchete aposta todas suas fichas em Seiya e sua turma, inclusive botando-os em horário nobre aos domingos. Winspector e Patrine seguiam firmes na programação, com exibições no Dudalegria e durante a tarde.
Parece que a programação estava novamente recheada de heróis. Qual seria o futuro deles? Você confere amanhã, na terceira e última parte do especial 30 ANOS DE MANCHETE.
Link da parte II com vídeos e abertura: http://heroi.gameworld.com.br/especiais/especial-30-anos-da-manchete-parte-2-de-3#.UbU71ufFX-o