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[Marxismo de direita] Esqueça a direita do Konami Code (a direita tradicional e também a alt-right)

Beren_

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Eu tinha lido o primeiro post, e alguns post soltos.
Tem algumas coisas no meio, que até são interessantes, mas de forma geral a leitura é dificil e só vai entender quem tá acostumado a esse tipo de leitura ou quem realmente se der ao trabalho de ler com atenção e dar uma pesquisada no que nao conhece.
Tem muito texto citando autores e filosofos dizendo que isso ou aquilo mas sem justificar PORQUE. Eu consegui escavar umas coisas mais objetivas no meio que vou deixar como pergunta pro OP conforme consigo ler.

@Pingu77
Como falei acima. A complexidade de trechos do proprio texto me força a ler devagar para absorver e pensar sobre o que estou lendo, e tem pedaços que, de boa, simplesmente enchem linguiça. Falando da historia e pequenos "retalhos" de pensamentos aqui e ali. Assim, sem problemas apenas faz gastar tempo sem muito proveito real. Mesmo assim li tudo. ^^
Conforme eu vou lendo e refletindo sobre o que foi dito, eu posso colocar algumas "duvidas" ou questionamentos aqui para voce passar sua visao e quem sabe conseguimos debater isso.

Peço desculpas por demorar mas nem sempre eu estou "in a mood" para ler , assimilar rapido e tentar argumentar em cima, ainda mais que como leio no trampo sempre sou interrompido. ^^

Algumas questões:


Yet it was in France in the late 1960s that accelerationist ideas were first developed in a sustained way. Shaken by the failure of the leftwing revolt of 1968, and by the seemingly unending postwar economic boom in the west, some French Marxists decided that a new response to capitalism was needed. In 1972, the philosopher Gilles Deleuze and the psychoanalyst Félix Guattari published Anti-Oedipus. It was a restless, sprawling, appealingly ambiguous book, which suggested that, rather than simply oppose capitalism, the left should acknowledge its ability to liberate as well as oppress people, and should seek to strengthen these anarchic tendencies, “to go still further … in the movement of the market … to ‘accelerate the process’”.


O aceleracionismo, seria anarquico? No estillo classico do anarquismo "socialista" sem propriedade ou mais proximo do anarco-capitalismo? Já que este filosofo no caso reconhece que "the left should acknowledge its ability to liberate as well as oppress people, and should seek to strengthen these anarchic tendencies,.." dizendo ainda que se deve ir alémm seguindo o movimento do mercado para acelerar o processo.
E este processo seria a "revolucao socialista" ou "o mercado anarquico/capitalista"?

Considerando ainda que no proximo paragrafo, Jean-François Lyotard diz:
that even the oppressive aspects of capitalism were “enjoyed” by those whose lives the system reordered and accelerated. And besides, there was no alternative: “The system of capital is, when all’s said and done, natural.”

É portando considerado realmente que o capitalismo seria natural?

Algumas perguntas podem ter resposta mais a frente no topico mas como vou precisar ler partes por vez, vou postar conforme leio, se algo esta respondido a frente, só me diga onde quando chegar la presto atencao em dobro. ^^

By the early 90s Land had distilled his reading, which included Deleuze and Guattari and Lyotard, into a set of ideas and a writing style that, to his students at least, were visionary and thrillingly dangerous. Land wrote in 1992 that capitalism had never been properly unleashed, but instead had always been held back by politics, “the last great sentimental indulgence of mankind”. He dismissed Europe as a sclerotic, increasingly marginal place, “the racial trash-can of Asia”. And he saw civilisation everywhere accelerating towards an apocalypse: “Disorder must increase... Any [human] organisation is ... a mere ... detour in the inexorable death-flow.”

Bem,isso aqui a escola austriaca e até escola de chicago já fala a tempos. Nosso "capitalismo planejado" e como ele dá errado foi tema de diversas discussões. Motivo pelo qual chegou-se a conclusão de que somente pelo anarco-capitalismo seria possivel um sistema libertário ético com o mercado realmente livre. O aceleracionismo visa ou crê que o mercado deva ser livre de influencias e planejamento central?

After his breakdown, Land left Britain. He moved to Taiwan “early in the new millennium”, he told me, then to Shanghai “a couple of years later”. He still lives there now. “Life as an outsider was a relief.” China was also thrilling. In a 2004 article for the Shanghai Star, an English-language paper, he described the modern Chinese fusion of Marxism and capitalism as “the greatest political engine of social and economic development the world has ever known”. At Warwick, he and the CCRU had often written excitedly, but with little actual detail, about what they called “neo-China”. Once he lived there, Land told me, he realised that “to a massive degree” China was already an accelerationist society: fixated by the future and changing at speed. Presented with the sweeping projects of the Chinese state, his previous, libertarian contempt for the capabilities of governments fell away.

Aqui acho que comecei a entender melhor alguns pontos. Vou ver até onde isso vai. Pelo jeito Land apenas viu o começo da "melhoria" da China e não viu a situação dela hoje e o rumo em que se encontra. Repetindo os mesmos erros que geraram a crise de 2008 citada anteriormente e outros. Isso sem falar da falta de liberdade individual.

Bem. Comecei a entender um pouco mais. Assim que eu juntar mais paciencia leio outro post. ^^

O que eu gostaria de perguntar

No final das contas, marxismo de direita sugere ou não existencia de governo?
Qual a base ética?

Depois vejo mais. abracos.
 

Pingu77

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O aceleracionismo é comentado aqui por diversas vezes:

Deleuze, Guattari and Market Anarchism

Edmund Berger | @EBBerger | January 23rd, 2017

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I. Deleuze, Guattari, Accelerationism

There’s been a lot of talk about Deleuze and Guattari around both academic and activist scenes for quite some time. Sometimes they are objects of unfounded derision (decried as “holy fools” by traditionalist socialists like Richard Barbrook), and other times they are the beneficiaries of overtly non-critical praise (see the endless application of their theories to every topic under the sun). They’ve been labeled as secret agents for neoliberal capitalism (as charged by Slavoj Zizek) and as tacticians for revolution in the era of globalization (according to the transnational alter-globalization movement that arose in the 1990s). They’ve been invoked as joyful, hippie celebrants of cosmic emergence (certain points in the recent “new materialism” canon), as forerunners to chaos and complexity theory (Manuel DeLanda), and, perhaps most delightfully, as scribes of a “mad, black communism” that feasts on conspiracy and negativity (Andrew Culp). Before his turn towards neoreaction, Nick Land described Anti-Oedipus, the first volume of their two-part collaboration titled Capitalism and Schizophrenia, as “less a philosophy book than an engineering manual; a package of software implements for hacking into the machinic unconscious, opening invasion channels.”i

With so many different interpretations, which run the gamut from spot-on to the exceedingly problematic, it might seem like an inescapable cul-de-sac to look to their works for elucidating power dynamics in the world today. Their capture by the academy, that assembly-line of homogeneous thought, only compounds this weariness. It is my contention, nonetheless, that Deleuze and Guattari (henceforth D & G) has much to offer us today, and constitute a radical break (or, in their lingo, a schiz) is the annals of leftist theory that points the way towards a vision of the future that is similar to what Benjamin Tucker described as “anarchistic socialist” – or, in the parlance of today, left-wing market anarchism.

The suggestion that D & G’s political praxis overlaps with that of market anarchism, even one that is vehemently anti-capitalist, is bound to rankle many, and will undoubtedly court charges of “accelerationism”. The consummate political heresy of the last decade, accelerationism – a vague term that been applied in numerous, frequently conflict ways – emerges from a pivotal passage in Anti-Oedipus. In the wake of the failures of the left to overcome capitalism during the revolts of the 1960s, and the turn by the ‘Third Worldists’ towards nationalist capitalism, D & G suggest that the proper “revolutionary path” may indeed be one in which we need “[t]o go further still, that is, in the movement of the market… Not to withdraw from the process, but to go further, to ‘accelerate the process’, as Nietzsche put it: in this matter, the truth is that we haven’t seen anything yet.”ii

The charge of accelerationism is one that should not be warded off, but embraced, but only with a delicate unpacking. Light readings, lacking in nuance, have attached D & G’s reflections as one-off musing at best, and at worst, an uncritical acceptance of the then-emergent neoliberal capitalism, with its rhetoric of global markets, deregulation, and openness. The identification of accelerationism with the latter should be avoided (as well as the more recent association of accelerationism with state-centric technological development); instead, lets look to the possibility of an accelerationism that is ‘anarchistic-socialistic’ in nature, utilizes markets, and operates in unbridled antagonism to the conditions of the present. To do so, tracing out the positioning of markets against capitalism in D & G’s work should be carried out. What follows a cursory exploration of this, though it is by no means an exhaustive treatment. But first, we must look to D & G’s own stance towards the political itself, as individuals and together.

II. Marxists, Anarchists, Both, or Neither?

Providing a precise set of political coordinates for D & G’s theories, other than a very far-left orientation, is itself a rather difficult task. Like Foucault, Baudrillard, and others lumped together under the problematic sign of ‘post-structuralism’, D & G are often invoked by anarchists, particularly those in insurrectionist, communization, and and post-left currents, but debate over their status as anarchists has persisted over the years.

With ties to the borderline anarchists Autonomia movement in 1970s Italy, Guattari described his project as “autonomous-communist-anarchist”, though neither himself nor Deleuze had much to say on the history of anarchist thought at all. Deleuze’s lecturers made passing reference to Proudhon, though it was undoubtedly the strawman Proudhon of Marx’s The Poverty of Philosophy (this is unfortunate, as Proudhon’s own ontology of flux and becoming, as detailed in The Philosophy of Progress, clearly foreshadows Deleuze own). Meanwhile, in The Logic of Sense, Deleuze makes passing reference to Max Stirner; while it is hard to say if he was directly influenced by the egoist, Saul Newman has detailed numerous points of overlap between each of their philosophies.iii

It is not, of course, relation to the history of ideas or the name-drops one makes that dictates proximity to anarchism. Aside from tangential relationships with anarchist and quasi-anarchist groups (Guattari through the Autonomists, Deleuze through the Prisoner Information Group, an anti-prison activist network set up by Foucault), it is clear that the philosophy suggested by D & G is teeming with positions and propositions well familiar to anarchists. Among other things the two reject the state, capitalism, the USSR, fascism, the police, democracy, racism, colonialism, taxes, and even nostalgia, managerialism, and fixed identities.

To what extent can D & G be considered Marxists? It is undeniable that Marx holds an important position in their work – particularly in Anti-Oedipus, which sets its revolutionary praxis up as a combination of Nietzsche and Marx. Two decades prior to his collaboration with Deleuze, Guattari could be found in the thick of the two major intellectual tendencies of post-war France: existentialism and Marxist communism. In the late 1940s he was a prominent figure in the French section of the Fourth International of the International Communist Party, itself a band of militant Trotskyites; throughout the 1950s, he would drift towards a more libertarian communist position, working with other radicals and writing detailed critiques of the Soviet Union’s state structure and organizing against the Stalinists in the mainstream of French communist politics. In 1964, when this left opposition began to identify as Maoist, Guattari broke with them and began to move in the direction of the anarchic sectors of the students movement.

Deleuze, on the other hard, had avoided these sorts of politics. While having been an enthusiastic reader of Sartre, existentialism didn’t appeal much to him, nor did the orthodox forms of Marxism. Towards the end of his life he did describe himself as a Marxist (“Felix Guattari and I have remained Marxists, in our two different ways, perhaps”),iv and at the time of his death was preparing to write a monograph on Marx. His late texts such as 1992’s “Postscript on the Societies of Control” were self-described as being Marxist, though it is a very funny kind of Marxism: when notions of resistance briefly raises its head, it isn’t the proletariat seizing factories, but “piracy and the introduction of viruses” into computer networks.v And while one would expect a self-described Marxist writing a Marxist text to use something akin to a Marxist theory of history, Deleuze’s vision of development doesn’t focus on class struggle, but on technological development. Instead of Marx, his point of reference is Foucault – a figure whose on relationship to Marxism is contested and complicated.vi

‘A very funny kind of Marxism’ is probably the best way to describe Anti-Oedipus, as the very subtitle of Capitalism and Schizophrenia signals. The book, as Jean-Francois Lyotard would later argue, might try to remain ostensibly Marxist, but it is an undeniably variant – or more properly, mutant – form. For Lyotard, “the book’s silence on class struggle, the saga of the worker and the function of his party” helps craft a post-Marxism (or anti-?) that is scrubbed of the “[ b]ad conscience in Marx himself, and worse and worse in the Marxists.”viiWhat might be the nature of this bad conscience? It is, Lyotard suggests, a feeling of guilt or repulsion for being entranced for elements within the dynamics of market processes – namely, the ability to shake the foundations of the entrenched: “[ i]n the figure of Kapital that Deleuze and Guattari propose, we easily recognize what fascinates Marx: the capitalist perversion, the subversion of codes, religions, decency, trades, educations, cuisine, speech…”

III. Behind the Veil of Capital

As far back as the Communist Manifesto, Marx draws our attention, usually through the use of ecstatic and poet imagery, to the positive aspects of capitalism in that it both destabilizes old formers of power while simultaneously carrying out processes of ‘modernization’. “All fixed, fast-frozen relations”, as the famous passage goes, “with their train of ancient and venerable prejudices and opinions, are swept away, all newly-formed ones become antiquated before they ossify. All that is solid melts into air, all that is holy is profaned, and man is at last compelled to face with sober senses his real conditions of his life, and his relations with his kind.” It is for this reason that D & G use terms like line of flight, deterritorialization, and decoding to describe capitalist relations: “lines of flight” because it follows a snaking trajectory of desire towards the new; “deterritorialization” because it uproots things from where they are stuck and allows them to circulate; and “decoding” because it breaks down codes, that is, the strictures of tradition, identity, culture, and other imposed value systems.

Does this not, however, fall rather short from the reality of capitalism? Marx was able to somewhat chart a course between being enthralled by the intertwining of economic circulation and exploitation, on one side of things, and the exploitation and violence on the other – though he still fell victim to series of critical inconsistencies that ultimately helped in undermining much of his project, be it confusion between the state and the market (as drawn out by Kevin Carson in Studies in Mutualist Political Economy),viii his repugnant and Eurocentric support for British imperialism in India, or the ambiguous relationship between capitalist development and liberation in the core of his philosophy of history – discussions surround which helped shape the paths taken following the Bolshevik revolution.ix

D & G offer an escape from these inconsistencies and ambiguities, but it is an escape route that changes the very nature of the Marxist analysis of capitalism, and with it, the revolutionary goals that this analysis is intended to point towards. What is essential to note is that the elements that are identified as being ‘positive’ in capitalism – lines of flight, deterritorialization, decoding – are also the very things that become associated with liberatory politics. To wage a non-fascist revolt against the world – which is indeed the very goal of a book like Anti-Oedipus – is to revolt against the old in order to break open the possibility for new forms to arise. For Deleuze and Guattari it is desire itself that motors this process, just as it is desire that motivates all attempts at to move along a line of flight, to deterritorialize, and decode. Similarly, forces like deterritorialization and decoding put into play new desires that were not previously there. Deleuze and Guattari’s conception of desire is productive and tends towards excess and circulation, as opposed to the notions of desire rooted lack (as offered in earlier psychoanalytic discourses of Sigmund Freud and Jacques Lacan).

Does this mean that capitalism can be identified as the expression of desire itself, a suggestion that sounds remarkably close to the rambling utterances of the vulgar libertarians and “anarcho”-capitalists? Not exactly. D & G argue for an understanding of capitalism not simply as a system, but as a constantly unfolding process. This process is not merely a reflection of desire filtered through the exchange patterns of the market, but a host of social relations tangled up in immanent relations of power and domination. No matter how flexible power relations may become, they always require some sort of rigid and fixed foundation at their base, some territory in which their codes operate. It would seem then that the elements of explosive creativity exhibited capitalist entrepreneurship and circulation – the market processes themselves, in other words – would stand opposed to this power, yet it does not. This is because, D & G argue, deterritorialization and decoding are only half of the capitalist process, and are conjoined with the reciprocal processes of reterritorialization and recoding. What’s more is that reterritorialization and recoding are presented as ‘stabilization mechanisms’ of sorts for the system itself, without which capitalism itself would cease to be. To quote them at length,

…capitalism constantly counteracts, constantly inhibits this tendency [towards dissolution] while at the same time allowing it it free rein; it continually seeks to avoid reaching its limit while simultaneously tending towards that limit. Capitalism institutes or restores all sorts of residual and artificial, individual, imaginary, or symbolic territorialities, thereby attempting, as best it can, to recode, to rechannel persons who have been defined in terms of abstract quantities. Everything returns or recurs: States, nations, families. This what makes the ideology of capitalism “a motley painting of everything that has ever been believed”… The more the capitalist machine deterritorializes, decoding and axiomatizing flows in order to extract surplus value from them, the more the ancillary apparatuses, such as government bureaucracies and the forces of law and order, do their utmost to reterritorialize, absorbing in the process a larger and larger share of surplus value.x

That capitalism requires a state to maintain itself is no new revelation (nor is anything in the paragraph above). The best of Marx’s writings laid out, in incredible detail, the way the evolution of the modern state played a fundamental role in the birth of capitalism, while Benjamin Tucker’s excellent analysis showed how state action built up capitalism, as opposed to deterring it. The post-Marxist Regulation of School, which includes figures like Michel Aglietta and Bob Jessop, has conducted numerous studies of the way regulatory systems allow capitalism to ‘reproduce’ its relations. What D & G are describing here dovetails with these various analyses, but they are concerned with a very specific function: the way the state ‘seizes’ or ‘captures’ increasingly larger and larger elements in the forces that are being unleashed as a means of maintaining the entities that profit from this unleashing. While this might sound somewhat esoteric (and counterintuitive, especially in the face of traditional economic discourses), this process is more or less a depiction of networks of power relations being ‘reproduced’ by the constant co-production of capitalism and the state.

D & G take this notion from two primary sources. The first is the study of money that was carried out by Foucault and presented as part of his series of 1970-1971 lectures at the College de France on “the will to know”. In these lectures, Foucault illustrates how ‘fixed money’ – money that imposed by the state, as opposed to the ‘spontaneous currency’ that appears to occur naturally – in ancient Greece operated as a regulatory mechanism for the whole of society. Money in Greek society “prevents excess, pleonexia, having too much… But it also prevents excessive poverty…”xi Taxation, for Foucault, is an essential aspect of the function of fixed money, and not some aberration to its evolution or something applied later by unscrupulous bureaucrats. Instead, it was created with taxation in mind, as something that could create a taxonomy of classes, help keep class structures stay relatively rigid in their make-up (primarily through debt accrued by the lower classes and the upward flow of tax money to the upper classes), and to facilitate public work projects necessary for the expansive of economic interests beyond their natural scope. Looking the modern era, D & G write that “the Greeks discovered in their own way what the Americans discovered after the New Deal: that heavy taxes are good for business… In a word, money – the circulation of money – is the means of rendering the debt infinite.”xii

The second source is the position of the neo-Marxist Monthly Review school put, as put forward by Paul Baran and Paul Sweezy in their book Monopoly Capital. Controversial in the annals of Marxism for their transgression of many of the central tenets of Marxist orthodoxy (such as the tendency for the rate of profit to fall), Baran and Sweezy were primarily concerned with the increasingly ‘organized capitalism’ that had grown in period running from the 1880s through the 1960s. This stage of capitalist development was marked by high levels of centralization of economic power in small handfuls of firms, the market activity between which could only be best described as monopolistic competition. Such a system becomes intractably top-heavy, Baran and Sweezy argue, making the economy tend towards stagnation by running up too much excess production and by slowing money’s circulation through the economy. Thus the state comes to pick up the slack, absorbing excess production and capital to ‘pump energy’ back into the economy, be it through welfare programs, infrastructure renewal, military spending, or any other ‘productive’ form of taxpayer-funded government enterprise. Sounding a bit like Foucault in his study of money, Baran and Sweezy suggest that

…since large-scale government spending enables the economy to operate much closer to capacity, the net effect on the magnitude of private surplus is both positive and large… To [the ‘big businessman’], government spending means more effective demand, and he senses that he can shift most of the associated taxes onto consumers or backwards onto workers. In addition… the intricacies of the tax system, specially tailored to fit the needs of all sorts of special interests, open up endless opportunities for speculative and windfall gains. All in all, the decisive sector of the American ruling class is well on the way to becoming a convinced believer in the beneficent nature of government spending.xiii

D & G expand these insights into a more generalized phenomenon, which they dub “capitalist” or “social axiomatics”. A mechanic process essential to the functioning of capitalism, these axiomatics are the means through which anything deterritorialized or decoded is rerouted back into the state-capitalism assemblage. It applies not only to the capture of monetary flows by the state via taxation, or the much earlier capture of exchange and circulation itself by the overcoding of spontaneous currencies with fixed money, but to things like the recuperation and co-optation of oppositional forms into the logic of power, so on and so forth. “There is a tendency within capitalism”, say D &G in A Thousand Plateaus, “to continually more axioms. After the end of World War I, the joint influence of the world depression and the Russian revolution forced capitalism to multiply its axioms, to invent new ones dealing with the working class, unemployment, union organizations, social institutions, the role of the State, the foreign and domestic markets, Keynesian economics, and the New Deal were axiom laboratories. Examples of the creations of new axioms after the Second World War: the Marshall Plan, forms of assistance and lending, transformation in the monetary system.”xiv

As is plain to see, sitting at the center of these interrelated concepts and models – reterritorialization, recoding, the addition/subtraction of axioms – is the state itself. D & G’s conception of capitalism is like a hydraulic system, where everything, be it capital, goods, people, and even desire, moves in flows that are constantly productive. Yet at the center of this system is the regulator that makes it work: “The state, its police, and its army form a gigantic enterprise of antiproduction, but at the heart of production itself, and conditioning this production.”xv

IV. Against the State

In A Thousand Plateaus, these dynamics get recast as a struggle between state apparatuses and war machines. In Anti-Oedipus, divergent, deterritorialized and decoded flows and forces are treated as having “nomadic” qualities; the “war machine” is the next stage of this analysis, focusing on the more intransigent and conflict-driven aspects of their functions. War machines, in other words, make exactly what their name implies, and the target of this war is the state itself (D & G here were drawing on the anthropological work of Pierre Clastres, which analyzed the way certain indigenous societies made the repelling of the state the very rationale of their social quasi-orders). War machines come in many different forms: your affinity group is a war machine, the agorist is a war machine, street gangs and pirates, even certain kinds of commercial organizations. Not all war machines are positive: they’re capable of being darkly violent, tribalistic, even fascistic. While much could be said about this, it is the specific confluence of the war machine with particular economic functions that concerns us here.

Against the war machine, D & G suggest, is the “apparatus of capture”, which is a function of the state that seizes or appropriates the divergent movement and makes it a part of itself. Such a force fits quickly comfortably along the treatment of reterritorialization, recoding, and axiomatics; indeed, D & G identify the apparatus of capture with the “megamachine”, which was Lewis Mumford’s term for large, state-organized ‘socio-technical’ system that regiment and discipline the people bound up within it.xvi Importantly, they draw a further correlation between the megamachine and certain economic and political phenomena and mechanisms: the apparatus of capture “functions in three modes…: rent, profit, and taxation.” This schema, D & G tell us, is a recasting of Marx’s famous “trinity formula”, which he used to the describe the way the relations of capital become social relations. What makes D & G’s treatment different from Marx’s is twofold: first, because it positions the state, not the pure economic logic of capitalism, at the center of things; and second, because it is no longer a question of how capitalism becomes a social relation, but how things outside of the purview of the state become enmeshed in these various power relations. “It is not the State that presupposes a mode of production”, they write, “quite the opposite, it is the State that makes production a ‘mode.’”xvii

Of taxation we’ve already said quite a bit, so it is rent and profit that must be addressed. While taxation is obviously correlated to state function, for many the suggestion that rent and profit – two fundamental aspects of the capitalist market economy – arise from the functions of the state might appear as absolutely erroneous. But consider the little-acknowledged understanding, even in conventional economic discourses, that the more open the systems of exchange and circulation are, the more the capacity to maintain rates of profit accumulation in the long-term falls. With the capacity to enter freely, or to subtract entire sets of relations, from market systems, the ability for certain actors to assume an inordinate share of the market becomes untenable – which is precisely why reliance on state-granted and enforced monopolies becomes necessary for entrenched power structures to shore themselves up against this deterritorializing tide.

The same could be said for rent, which is contingent, in the capitalist system at least, on private property rights backed by the state and rendered in the form of standardized titles. Perhaps the relationship between rent and the state is even more obvious than that of the state and property, given the undeniable role of the state in partitioning older property systems, and setting them into a circulation beneficial to economic, social, and political elites. The assault on rent that would occur in the void of the state was summed up best by Robert Anton Wilson: “Of course, since Austrian ideas exist as factors in human behavior, I will admit that people, hoodwinked by these ideas, will continue to pay rent even in freedom, for a while at least. But I think that, after a time, observing that their Tuckerite neighbors are not submitting to this imposture, they would come to their senses and cease paying tribute to the self-elected ‘owners’… I myself would not pay rent one day beyond the point at which the police… are at hand to collect it via ‘argument per blunt instrument’.”xviii

So who or what are the war machines that are captured in these three mechanisms of capture, tax, rent, and profit? D & G spend a significant amount of time discussing figures that would be dismissed in the annals of Marxism as ‘petty-bourgeois’: artisans, craftsmen, stone masons, metallurgists, merchants, etc. The existence of these figure does not, of course, remove from the picture of the exploitation of the peasant – and later proletarian – classes, but for D & G it is their nomadic and autonomous nature, “since their existence did not entirely depend on a surplus accumulated by a local State apparatus”, that makes them attractive for prefiguring new political ways of thinking and acting that escape from and attack the state. Referencing the historical development of metallurgy, D & G emphasize the way that the state’s drive to monopolize economies and maintain the status quo of power linked the capture of these actors to the exploitation of the lower classes: “State overcoding keeps the metallurgists, both craft and mercantile, within strict bounds, under powerful bureaucratic control, with monopolistic foreign trade in the service of the ruling class, so that the peasants themselves benefit little from the State innovations.”xix

A more contemporary example of these dynamics in action would be the way 1) tinkerers and hackers produced paradigm-shifting innovations in information-communication technology; 2) the subsequent capture of these innovations under the state’s enforcement of IP laws and their service to large, top-heavy multinational corporations; and 3) the way further innovations from these developments are obstructed. Thus we can suggest a direct continuity between the reflections on artisans, craftsmen and metallurgists in A Thousand Plateaus to the musings on piracy and hacking in “Postscript on the Societies of Control” alluded to earlier.

So what we ultimately have, stepping back looking over these various tracings, is a contested space, a space of conflict, on one side of which is the state, capitalism, and the multi-scaled ecology of power that runs through these formations. On the other: autonomous movement, dynamic exchange and circulation, creative ecologies driven by desire. The former makes the latter the raw materials for itself, makes desire, creativity, the impulse to flee and transgress traditional territories, borders, and limits (is to destabilize not the most fundamental desire there is?), something that upholds more imperceptible forms of domination by way its various mechanisms and apparatuses. The most egregious of these is the way in which these ecologies force so many would-be breaks to simply fold inwards, and return to supporting the systems they supposedly contest. Liberation from capitalism is often synonymous with the retreat to social democratic variants of the same, which is no break from capitalism, but the strengthening of it by calling on the full forces of the state to flex its power. When we leave the question of blood-and-soil identity and aesthetic accouterments to the side, how different can we honestly saw these basic mechanics of the social democratic state are from the fascist state? With this in mind, let us return to the notorious accelerationist passage in Anti-Oedipus, which hopefully by this point take on a new appearance:

[W]hich is the revolutionary path? Is there one? – to withdraw from the world market, as Samir Amin advises Third World countries to do, in a curious revival of the fascist “economic solution”? Or might it be to go in the opposite direction? To go further still, that is, in the movement of the market, of decoding and deterritorialization? For perhaps the flows are not yet deterritorialized enough, not decoded enough, from the viewpoint of a theory and a practice of a highly schizophrenic character. Not to withdraw from the process, but to go further, to “accelerate the process”, as Nietzsche put it: in this matter, the truth is that we haven’t seen anything yet.

Is this not a vision of militant, leftist (or even post-leftist) articulation of how systems of exchange and circulation, operating on a global level, can undermine dominant ecologies of power, and that crude brutalism they inexorably tend towards – fascism? It is not a secret ode to neoliberal globalization, or the breakthrough of the capitalist world market; following their vision of the state and capitalism as forces bound up together as a common, modular, and reactive assemblage, ‘neoliberalization’ and all that comes with it (the slippering sloganeering of ‘privatization’, ‘deregulation’, ‘austerity’, ‘structural adjustment’, etc.) is nothing more than the next unfolding of the processes of adding and subtracting axioms. A positive left-wing anarchist accelerationism would have to position the horizon of their political activity beyond axiomatics, in a future space that breaks apart these ecologies. This is a future where desire operates at the “molecular” level, not at the level of some abstract collectivity.

It would be utterly incorrect to say that the entirety of D & G’s praxis is about some ‘free-market communism’, as it has been described by Eugene Holland.xx It would be equally incorrect , however, to pretend that the relationship between markets and liberation does not matter in the great scheme of their work (as so many leftist commentators, be they academic or not, have done). Any market anarchist elements that are gleamed must be married to their wider gamut of concerns – futurity, globality, the unleashing of desires to their fullest extent, the dissolution of all externals and internal dynamics of power, on and on. As the late Mark Fisher described, the accelerationism of D & G was “about accelerating certain tendencies which capitalism itself has to keep at bay… when those tendencies are accelerated, we go beyond those standard forms of subjectivities, life, and work that capitalism depends upon.”xxi


iNick Land “Machinic Desire”. Nick Land, Robin Mackay, and Ray Brassier Fanged Noumena: Collected Writings, 1987-2007 Urbanomic, 2012, in pg. 326

iiGilles Deleuze and Felix Guattari Anti-Oedipus: Capitalism and Schizophrenia Penguin Classics, 2009, pgs. 239-240. The Nietzschean dimensions of this fragment, which is essential to truly grasping the implications of D & G’s discourse, is more than can be tackled in these pages. I refer the interested reader to Obsolete Capitalism Acceleration, Revolution, and Money in Deleuze and Guattari’s Anti-Oedipus Rizosfera, 2016 https://www.academia.edu/29794467/A...d_Money_in_Deleuze_and_Guattaris_Anti-OEdipus

iiiSaul Newman “War on the State: Stirner and Deleuze’s Anarchism” Anarchist Studies Issue 9, 2001https://theanarchistlibrary.org/library/saul-newman-war-on-the-state-stirner-and-deleuze-s-anarchism

ivGilles Deleuze and Antonio Negri “Control and Becoming: Gilles Deleuze and Antonio Negri” Futur Anterieur Issue 1, Spring, 1990 http://www.uib.no/sites/w3.uib.no/files/attachments/6._deleuze-control_and_becoming.pdf

vGilles Deleuze “Postscript on the Societies of Control” October, Issue 59, 1992 https://cidadeinseguranca.files.wordpress.com/2012/02/deleuze_control.pdf

viFoucault’s mode of analysis and understanding of power is quite different from that of Marx, and in the end would lead away from anything resembling orthodox Marxism. This isn’t to say that Foucault didn’t take bits and pieces from Marx. In his famed study of the rise and diffusion of the “disciplinary society”, Foucault references Marx from time to time and suggests that the rise of capitalism, as diagnosed by Marx, was contingent on the ise of forms of regulating and regimenting people’s bodies in order to make them productive. “In fact, the two processes – the accumulation of men and the accumulation of capital – cannot be separated; it would not have been possible to solve the problem of accumulation of men without the growth of an apparatus of production capable of both sustaining them them and using them; conversely, the techniques that made the cumulative multiplicity of men useful accelerated the accumulation of capital.” Discipline and Punish: The Birth of the Prison Vintage Books, 1995, pg. 221

viiJean-Francois Lyotard “Energumen Capitalism”, in Robin Mackay and Armen Avanessian #Accelerate: The Accelerationist Reader Urbanomic, 2014, pg. 183, 182

viiiKevin Carson Studies in Mutualist Political Economy 2004, pgs. 119 – 128

ixSee the correspondence between Marx and Vera Zasuluchi that occurred in 1881: https://www.marxists.org/archive/marx/works/1881/zasulich/index.htm. A concern of this correspondence was the conversations between revolutionary Marxists in Russia about whether or not capitalism – and the sorts of large-scale modernizing processes that industrial capitalism brought with it – was necessary for the establishing communism.

xDeleuze and Guattarri Anti-Oedipus, pgs. 34-35

xiMichel Foucault Lectures on the Will to Know: Lectures at the College de France, 1970-1971, and Oedipdal KnowledgePicador, 2014, pg. 142

xiiDeleuze and Guattari Anti-Oedipus, pg. 197. D & G’s treatment of debt itself is fairly complicated, and beyond the scope of this article here. It’s worth saying, however, that as opposed to something arising from exchange and circulation, debt is characterized as an “inscription” made upon the individual by the dominant structures of power as a means of foreclosing the future. For a brief introduction to their theory of debt, see the two-part article at S.C. Hickman’s Social Ecologies blog: “Deleuze and Guattari: Theory of Debt” (https://socialecologies.wordpress.com/2015/06/15/deleuze-guattari-theory-of-debt/) and “Deleuze and Guattari: Further Notes on Debt” (https://socialecologies.wordpress.com/2015/06/16/deleuze-guattari-further-notes-on-debt/)

xiiiPaul Baran and Paul Sweezy Monopoly Capital: An Essay on the American Economic and Social Order Monthly Review Press, 1966, pgs. 150-152

xivDeleuze and Guattari A Thousand Plateaus, pg. 462

xvDeleuze and Guattari Anti-Oedipus, pg. 235

xviFor a full overview, see Lewis Mumford The Myth of the Machine Vol. 1: Technics and Human Development Harcout 1967; and The Pentagon of Power: The Myth of the Machine Vol. 2 Harcout, 1974. My essay “Orders of Technics: Considerations on Lewis Mumford” at my Deterritorial Investigations blog also summarizes Mumford’s theories, their connection to left-libertarian and market anarchist positions like that of Ralph Borsodi and Kevin Carson, and provides a mild critique: https://deterritorialinvestigations...-of-technics-considerations-on-lewis-mumford/

xviiDeleuze and Guattari A Thousand Plateaus, pg; 429

xviiiEric Geislinger, Jane Talisman, and Robert Anton Wilson “Illuminating Discord: An Interview with Robert Anton Wilson” New Libertarian Notes September 5th, 1976https://theanarchistlibrary.org/lib...discord-an-interview-with-robert-anton-wilson

xixDeleuze and Guattari A Thousand Plateaus, pg. 450

xxSee Eugene W. Holland Nomad Citizenship: Free Market Communism and the Slow-Motion General Strike University of Minnesota Press, 2011. Under the influence of Deleuze and Guattari and second-order systems theory (to which their theories can be heavily correlated), Holland describes how “combining the terms free market and communism in this way is to deploy selected features of the concept of communism to transform capitalist markets to render them truly free and, at the same time, to deploy select features of the concept of communism to transform communism and free it from a fatal entanglement with the State.” (pg. xvi)

xxiMark Fisher “Touchscreen Capture: How Capitalist Cyberspace Inhibits Accelerationism” International Conference on Radical Futures and Accelerationism, 2016 https://voicerepublic.com/talks/01-...w-capitalist-cyberspace-inhibits-acceleration

Fonte: https://c4ss.org/content/47692

Baita artigo.
 

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O aceleracionismo é comentado aqui por diversas vezes:

Deleuze, Guattari and Market Anarchism

Edmund Berger | @EBBerger | January 23rd, 2017

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I. Deleuze, Guattari, Accelerationism

There’s been a lot of talk about Deleuze and Guattari around both academic and activist scenes for quite some time. Sometimes they are objects of unfounded derision (decried as “holy fools” by traditionalist socialists like Richard Barbrook), and other times they are the beneficiaries of overtly non-critical praise (see the endless application of their theories to every topic under the sun). They’ve been labeled as secret agents for neoliberal capitalism (as charged by Slavoj Zizek) and as tacticians for revolution in the era of globalization (according to the transnational alter-globalization movement that arose in the 1990s). They’ve been invoked as joyful, hippie celebrants of cosmic emergence (certain points in the recent “new materialism” canon), as forerunners to chaos and complexity theory (Manuel DeLanda), and, perhaps most delightfully, as scribes of a “mad, black communism” that feasts on conspiracy and negativity (Andrew Culp). Before his turn towards neoreaction, Nick Land described Anti-Oedipus, the first volume of their two-part collaboration titled Capitalism and Schizophrenia, as “less a philosophy book than an engineering manual; a package of software implements for hacking into the machinic unconscious, opening invasion channels.”i

With so many different interpretations, which run the gamut from spot-on to the exceedingly problematic, it might seem like an inescapable cul-de-sac to look to their works for elucidating power dynamics in the world today. Their capture by the academy, that assembly-line of homogeneous thought, only compounds this weariness. It is my contention, nonetheless, that Deleuze and Guattari (henceforth D & G) has much to offer us today, and constitute a radical break (or, in their lingo, a schiz) is the annals of leftist theory that points the way towards a vision of the future that is similar to what Benjamin Tucker described as “anarchistic socialist” – or, in the parlance of today, left-wing market anarchism.

The suggestion that D & G’s political praxis overlaps with that of market anarchism, even one that is vehemently anti-capitalist, is bound to rankle many, and will undoubtedly court charges of “accelerationism”. The consummate political heresy of the last decade, accelerationism – a vague term that been applied in numerous, frequently conflict ways – emerges from a pivotal passage in Anti-Oedipus. In the wake of the failures of the left to overcome capitalism during the revolts of the 1960s, and the turn by the ‘Third Worldists’ towards nationalist capitalism, D & G suggest that the proper “revolutionary path” may indeed be one in which we need “[t]o go further still, that is, in the movement of the market… Not to withdraw from the process, but to go further, to ‘accelerate the process’, as Nietzsche put it: in this matter, the truth is that we haven’t seen anything yet.”ii

The charge of accelerationism is one that should not be warded off, but embraced, but only with a delicate unpacking. Light readings, lacking in nuance, have attached D & G’s reflections as one-off musing at best, and at worst, an uncritical acceptance of the then-emergent neoliberal capitalism, with its rhetoric of global markets, deregulation, and openness. The identification of accelerationism with the latter should be avoided (as well as the more recent association of accelerationism with state-centric technological development); instead, lets look to the possibility of an accelerationism that is ‘anarchistic-socialistic’ in nature, utilizes markets, and operates in unbridled antagonism to the conditions of the present. To do so, tracing out the positioning of markets against capitalism in D & G’s work should be carried out. What follows a cursory exploration of this, though it is by no means an exhaustive treatment. But first, we must look to D & G’s own stance towards the political itself, as individuals and together.

II. Marxists, Anarchists, Both, or Neither?

Providing a precise set of political coordinates for D & G’s theories, other than a very far-left orientation, is itself a rather difficult task. Like Foucault, Baudrillard, and others lumped together under the problematic sign of ‘post-structuralism’, D & G are often invoked by anarchists, particularly those in insurrectionist, communization, and and post-left currents, but debate over their status as anarchists has persisted over the years.

With ties to the borderline anarchists Autonomia movement in 1970s Italy, Guattari described his project as “autonomous-communist-anarchist”, though neither himself nor Deleuze had much to say on the history of anarchist thought at all. Deleuze’s lecturers made passing reference to Proudhon, though it was undoubtedly the strawman Proudhon of Marx’s The Poverty of Philosophy (this is unfortunate, as Proudhon’s own ontology of flux and becoming, as detailed in The Philosophy of Progress, clearly foreshadows Deleuze own). Meanwhile, in The Logic of Sense, Deleuze makes passing reference to Max Stirner; while it is hard to say if he was directly influenced by the egoist, Saul Newman has detailed numerous points of overlap between each of their philosophies.iii

It is not, of course, relation to the history of ideas or the name-drops one makes that dictates proximity to anarchism. Aside from tangential relationships with anarchist and quasi-anarchist groups (Guattari through the Autonomists, Deleuze through the Prisoner Information Group, an anti-prison activist network set up by Foucault), it is clear that the philosophy suggested by D & G is teeming with positions and propositions well familiar to anarchists. Among other things the two reject the state, capitalism, the USSR, fascism, the police, democracy, racism, colonialism, taxes, and even nostalgia, managerialism, and fixed identities.

To what extent can D & G be considered Marxists? It is undeniable that Marx holds an important position in their work – particularly in Anti-Oedipus, which sets its revolutionary praxis up as a combination of Nietzsche and Marx. Two decades prior to his collaboration with Deleuze, Guattari could be found in the thick of the two major intellectual tendencies of post-war France: existentialism and Marxist communism. In the late 1940s he was a prominent figure in the French section of the Fourth International of the International Communist Party, itself a band of militant Trotskyites; throughout the 1950s, he would drift towards a more libertarian communist position, working with other radicals and writing detailed critiques of the Soviet Union’s state structure and organizing against the Stalinists in the mainstream of French communist politics. In 1964, when this left opposition began to identify as Maoist, Guattari broke with them and began to move in the direction of the anarchic sectors of the students movement.

Deleuze, on the other hard, had avoided these sorts of politics. While having been an enthusiastic reader of Sartre, existentialism didn’t appeal much to him, nor did the orthodox forms of Marxism. Towards the end of his life he did describe himself as a Marxist (“Felix Guattari and I have remained Marxists, in our two different ways, perhaps”),iv and at the time of his death was preparing to write a monograph on Marx. His late texts such as 1992’s “Postscript on the Societies of Control” were self-described as being Marxist, though it is a very funny kind of Marxism: when notions of resistance briefly raises its head, it isn’t the proletariat seizing factories, but “piracy and the introduction of viruses” into computer networks.v And while one would expect a self-described Marxist writing a Marxist text to use something akin to a Marxist theory of history, Deleuze’s vision of development doesn’t focus on class struggle, but on technological development. Instead of Marx, his point of reference is Foucault – a figure whose on relationship to Marxism is contested and complicated.vi

‘A very funny kind of Marxism’ is probably the best way to describe Anti-Oedipus, as the very subtitle of Capitalism and Schizophrenia signals. The book, as Jean-Francois Lyotard would later argue, might try to remain ostensibly Marxist, but it is an undeniably variant – or more properly, mutant – form. For Lyotard, “the book’s silence on class struggle, the saga of the worker and the function of his party” helps craft a post-Marxism (or anti-?) that is scrubbed of the “[ b]ad conscience in Marx himself, and worse and worse in the Marxists.”viiWhat might be the nature of this bad conscience? It is, Lyotard suggests, a feeling of guilt or repulsion for being entranced for elements within the dynamics of market processes – namely, the ability to shake the foundations of the entrenched: “[ i]n the figure of Kapital that Deleuze and Guattari propose, we easily recognize what fascinates Marx: the capitalist perversion, the subversion of codes, religions, decency, trades, educations, cuisine, speech…”

III. Behind the Veil of Capital

As far back as the Communist Manifesto, Marx draws our attention, usually through the use of ecstatic and poet imagery, to the positive aspects of capitalism in that it both destabilizes old formers of power while simultaneously carrying out processes of ‘modernization’. “All fixed, fast-frozen relations”, as the famous passage goes, “with their train of ancient and venerable prejudices and opinions, are swept away, all newly-formed ones become antiquated before they ossify. All that is solid melts into air, all that is holy is profaned, and man is at last compelled to face with sober senses his real conditions of his life, and his relations with his kind.” It is for this reason that D & G use terms like line of flight, deterritorialization, and decoding to describe capitalist relations: “lines of flight” because it follows a snaking trajectory of desire towards the new; “deterritorialization” because it uproots things from where they are stuck and allows them to circulate; and “decoding” because it breaks down codes, that is, the strictures of tradition, identity, culture, and other imposed value systems.

Does this not, however, fall rather short from the reality of capitalism? Marx was able to somewhat chart a course between being enthralled by the intertwining of economic circulation and exploitation, on one side of things, and the exploitation and violence on the other – though he still fell victim to series of critical inconsistencies that ultimately helped in undermining much of his project, be it confusion between the state and the market (as drawn out by Kevin Carson in Studies in Mutualist Political Economy),viii his repugnant and Eurocentric support for British imperialism in India, or the ambiguous relationship between capitalist development and liberation in the core of his philosophy of history – discussions surround which helped shape the paths taken following the Bolshevik revolution.ix

D & G offer an escape from these inconsistencies and ambiguities, but it is an escape route that changes the very nature of the Marxist analysis of capitalism, and with it, the revolutionary goals that this analysis is intended to point towards. What is essential to note is that the elements that are identified as being ‘positive’ in capitalism – lines of flight, deterritorialization, decoding – are also the very things that become associated with liberatory politics. To wage a non-fascist revolt against the world – which is indeed the very goal of a book like Anti-Oedipus – is to revolt against the old in order to break open the possibility for new forms to arise. For Deleuze and Guattari it is desire itself that motors this process, just as it is desire that motivates all attempts at to move along a line of flight, to deterritorialize, and decode. Similarly, forces like deterritorialization and decoding put into play new desires that were not previously there. Deleuze and Guattari’s conception of desire is productive and tends towards excess and circulation, as opposed to the notions of desire rooted lack (as offered in earlier psychoanalytic discourses of Sigmund Freud and Jacques Lacan).

Does this mean that capitalism can be identified as the expression of desire itself, a suggestion that sounds remarkably close to the rambling utterances of the vulgar libertarians and “anarcho”-capitalists? Not exactly. D & G argue for an understanding of capitalism not simply as a system, but as a constantly unfolding process. This process is not merely a reflection of desire filtered through the exchange patterns of the market, but a host of social relations tangled up in immanent relations of power and domination. No matter how flexible power relations may become, they always require some sort of rigid and fixed foundation at their base, some territory in which their codes operate. It would seem then that the elements of explosive creativity exhibited capitalist entrepreneurship and circulation – the market processes themselves, in other words – would stand opposed to this power, yet it does not. This is because, D & G argue, deterritorialization and decoding are only half of the capitalist process, and are conjoined with the reciprocal processes of reterritorialization and recoding. What’s more is that reterritorialization and recoding are presented as ‘stabilization mechanisms’ of sorts for the system itself, without which capitalism itself would cease to be. To quote them at length,

…capitalism constantly counteracts, constantly inhibits this tendency [towards dissolution] while at the same time allowing it it free rein; it continually seeks to avoid reaching its limit while simultaneously tending towards that limit. Capitalism institutes or restores all sorts of residual and artificial, individual, imaginary, or symbolic territorialities, thereby attempting, as best it can, to recode, to rechannel persons who have been defined in terms of abstract quantities. Everything returns or recurs: States, nations, families. This what makes the ideology of capitalism “a motley painting of everything that has ever been believed”… The more the capitalist machine deterritorializes, decoding and axiomatizing flows in order to extract surplus value from them, the more the ancillary apparatuses, such as government bureaucracies and the forces of law and order, do their utmost to reterritorialize, absorbing in the process a larger and larger share of surplus value.x

That capitalism requires a state to maintain itself is no new revelation (nor is anything in the paragraph above). The best of Marx’s writings laid out, in incredible detail, the way the evolution of the modern state played a fundamental role in the birth of capitalism, while Benjamin Tucker’s excellent analysis showed how state action built up capitalism, as opposed to deterring it. The post-Marxist Regulation of School, which includes figures like Michel Aglietta and Bob Jessop, has conducted numerous studies of the way regulatory systems allow capitalism to ‘reproduce’ its relations. What D & G are describing here dovetails with these various analyses, but they are concerned with a very specific function: the way the state ‘seizes’ or ‘captures’ increasingly larger and larger elements in the forces that are being unleashed as a means of maintaining the entities that profit from this unleashing. While this might sound somewhat esoteric (and counterintuitive, especially in the face of traditional economic discourses), this process is more or less a depiction of networks of power relations being ‘reproduced’ by the constant co-production of capitalism and the state.

D & G take this notion from two primary sources. The first is the study of money that was carried out by Foucault and presented as part of his series of 1970-1971 lectures at the College de France on “the will to know”. In these lectures, Foucault illustrates how ‘fixed money’ – money that imposed by the state, as opposed to the ‘spontaneous currency’ that appears to occur naturally – in ancient Greece operated as a regulatory mechanism for the whole of society. Money in Greek society “prevents excess, pleonexia, having too much… But it also prevents excessive poverty…”xi Taxation, for Foucault, is an essential aspect of the function of fixed money, and not some aberration to its evolution or something applied later by unscrupulous bureaucrats. Instead, it was created with taxation in mind, as something that could create a taxonomy of classes, help keep class structures stay relatively rigid in their make-up (primarily through debt accrued by the lower classes and the upward flow of tax money to the upper classes), and to facilitate public work projects necessary for the expansive of economic interests beyond their natural scope. Looking the modern era, D & G write that “the Greeks discovered in their own way what the Americans discovered after the New Deal: that heavy taxes are good for business… In a word, money – the circulation of money – is the means of rendering the debt infinite.”xii

The second source is the position of the neo-Marxist Monthly Review school put, as put forward by Paul Baran and Paul Sweezy in their book Monopoly Capital. Controversial in the annals of Marxism for their transgression of many of the central tenets of Marxist orthodoxy (such as the tendency for the rate of profit to fall), Baran and Sweezy were primarily concerned with the increasingly ‘organized capitalism’ that had grown in period running from the 1880s through the 1960s. This stage of capitalist development was marked by high levels of centralization of economic power in small handfuls of firms, the market activity between which could only be best described as monopolistic competition. Such a system becomes intractably top-heavy, Baran and Sweezy argue, making the economy tend towards stagnation by running up too much excess production and by slowing money’s circulation through the economy. Thus the state comes to pick up the slack, absorbing excess production and capital to ‘pump energy’ back into the economy, be it through welfare programs, infrastructure renewal, military spending, or any other ‘productive’ form of taxpayer-funded government enterprise. Sounding a bit like Foucault in his study of money, Baran and Sweezy suggest that

…since large-scale government spending enables the economy to operate much closer to capacity, the net effect on the magnitude of private surplus is both positive and large… To [the ‘big businessman’], government spending means more effective demand, and he senses that he can shift most of the associated taxes onto consumers or backwards onto workers. In addition… the intricacies of the tax system, specially tailored to fit the needs of all sorts of special interests, open up endless opportunities for speculative and windfall gains. All in all, the decisive sector of the American ruling class is well on the way to becoming a convinced believer in the beneficent nature of government spending.xiii

D & G expand these insights into a more generalized phenomenon, which they dub “capitalist” or “social axiomatics”. A mechanic process essential to the functioning of capitalism, these axiomatics are the means through which anything deterritorialized or decoded is rerouted back into the state-capitalism assemblage. It applies not only to the capture of monetary flows by the state via taxation, or the much earlier capture of exchange and circulation itself by the overcoding of spontaneous currencies with fixed money, but to things like the recuperation and co-optation of oppositional forms into the logic of power, so on and so forth. “There is a tendency within capitalism”, say D &G in A Thousand Plateaus, “to continually more axioms. After the end of World War I, the joint influence of the world depression and the Russian revolution forced capitalism to multiply its axioms, to invent new ones dealing with the working class, unemployment, union organizations, social institutions, the role of the State, the foreign and domestic markets, Keynesian economics, and the New Deal were axiom laboratories. Examples of the creations of new axioms after the Second World War: the Marshall Plan, forms of assistance and lending, transformation in the monetary system.”xiv

As is plain to see, sitting at the center of these interrelated concepts and models – reterritorialization, recoding, the addition/subtraction of axioms – is the state itself. D & G’s conception of capitalism is like a hydraulic system, where everything, be it capital, goods, people, and even desire, moves in flows that are constantly productive. Yet at the center of this system is the regulator that makes it work: “The state, its police, and its army form a gigantic enterprise of antiproduction, but at the heart of production itself, and conditioning this production.”xv

IV. Against the State

In A Thousand Plateaus, these dynamics get recast as a struggle between state apparatuses and war machines. In Anti-Oedipus, divergent, deterritorialized and decoded flows and forces are treated as having “nomadic” qualities; the “war machine” is the next stage of this analysis, focusing on the more intransigent and conflict-driven aspects of their functions. War machines, in other words, make exactly what their name implies, and the target of this war is the state itself (D & G here were drawing on the anthropological work of Pierre Clastres, which analyzed the way certain indigenous societies made the repelling of the state the very rationale of their social quasi-orders). War machines come in many different forms: your affinity group is a war machine, the agorist is a war machine, street gangs and pirates, even certain kinds of commercial organizations. Not all war machines are positive: they’re capable of being darkly violent, tribalistic, even fascistic. While much could be said about this, it is the specific confluence of the war machine with particular economic functions that concerns us here.

Against the war machine, D & G suggest, is the “apparatus of capture”, which is a function of the state that seizes or appropriates the divergent movement and makes it a part of itself. Such a force fits quickly comfortably along the treatment of reterritorialization, recoding, and axiomatics; indeed, D & G identify the apparatus of capture with the “megamachine”, which was Lewis Mumford’s term for large, state-organized ‘socio-technical’ system that regiment and discipline the people bound up within it.xvi Importantly, they draw a further correlation between the megamachine and certain economic and political phenomena and mechanisms: the apparatus of capture “functions in three modes…: rent, profit, and taxation.” This schema, D & G tell us, is a recasting of Marx’s famous “trinity formula”, which he used to the describe the way the relations of capital become social relations. What makes D & G’s treatment different from Marx’s is twofold: first, because it positions the state, not the pure economic logic of capitalism, at the center of things; and second, because it is no longer a question of how capitalism becomes a social relation, but how things outside of the purview of the state become enmeshed in these various power relations. “It is not the State that presupposes a mode of production”, they write, “quite the opposite, it is the State that makes production a ‘mode.’”xvii

Of taxation we’ve already said quite a bit, so it is rent and profit that must be addressed. While taxation is obviously correlated to state function, for many the suggestion that rent and profit – two fundamental aspects of the capitalist market economy – arise from the functions of the state might appear as absolutely erroneous. But consider the little-acknowledged understanding, even in conventional economic discourses, that the more open the systems of exchange and circulation are, the more the capacity to maintain rates of profit accumulation in the long-term falls. With the capacity to enter freely, or to subtract entire sets of relations, from market systems, the ability for certain actors to assume an inordinate share of the market becomes untenable – which is precisely why reliance on state-granted and enforced monopolies becomes necessary for entrenched power structures to shore themselves up against this deterritorializing tide.

The same could be said for rent, which is contingent, in the capitalist system at least, on private property rights backed by the state and rendered in the form of standardized titles. Perhaps the relationship between rent and the state is even more obvious than that of the state and property, given the undeniable role of the state in partitioning older property systems, and setting them into a circulation beneficial to economic, social, and political elites. The assault on rent that would occur in the void of the state was summed up best by Robert Anton Wilson: “Of course, since Austrian ideas exist as factors in human behavior, I will admit that people, hoodwinked by these ideas, will continue to pay rent even in freedom, for a while at least. But I think that, after a time, observing that their Tuckerite neighbors are not submitting to this imposture, they would come to their senses and cease paying tribute to the self-elected ‘owners’… I myself would not pay rent one day beyond the point at which the police… are at hand to collect it via ‘argument per blunt instrument’.”xviii

So who or what are the war machines that are captured in these three mechanisms of capture, tax, rent, and profit? D & G spend a significant amount of time discussing figures that would be dismissed in the annals of Marxism as ‘petty-bourgeois’: artisans, craftsmen, stone masons, metallurgists, merchants, etc. The existence of these figure does not, of course, remove from the picture of the exploitation of the peasant – and later proletarian – classes, but for D & G it is their nomadic and autonomous nature, “since their existence did not entirely depend on a surplus accumulated by a local State apparatus”, that makes them attractive for prefiguring new political ways of thinking and acting that escape from and attack the state. Referencing the historical development of metallurgy, D & G emphasize the way that the state’s drive to monopolize economies and maintain the status quo of power linked the capture of these actors to the exploitation of the lower classes: “State overcoding keeps the metallurgists, both craft and mercantile, within strict bounds, under powerful bureaucratic control, with monopolistic foreign trade in the service of the ruling class, so that the peasants themselves benefit little from the State innovations.”xix

A more contemporary example of these dynamics in action would be the way 1) tinkerers and hackers produced paradigm-shifting innovations in information-communication technology; 2) the subsequent capture of these innovations under the state’s enforcement of IP laws and their service to large, top-heavy multinational corporations; and 3) the way further innovations from these developments are obstructed. Thus we can suggest a direct continuity between the reflections on artisans, craftsmen and metallurgists in A Thousand Plateaus to the musings on piracy and hacking in “Postscript on the Societies of Control” alluded to earlier.

So what we ultimately have, stepping back looking over these various tracings, is a contested space, a space of conflict, on one side of which is the state, capitalism, and the multi-scaled ecology of power that runs through these formations. On the other: autonomous movement, dynamic exchange and circulation, creative ecologies driven by desire. The former makes the latter the raw materials for itself, makes desire, creativity, the impulse to flee and transgress traditional territories, borders, and limits (is to destabilize not the most fundamental desire there is?), something that upholds more imperceptible forms of domination by way its various mechanisms and apparatuses. The most egregious of these is the way in which these ecologies force so many would-be breaks to simply fold inwards, and return to supporting the systems they supposedly contest. Liberation from capitalism is often synonymous with the retreat to social democratic variants of the same, which is no break from capitalism, but the strengthening of it by calling on the full forces of the state to flex its power. When we leave the question of blood-and-soil identity and aesthetic accouterments to the side, how different can we honestly saw these basic mechanics of the social democratic state are from the fascist state? With this in mind, let us return to the notorious accelerationist passage in Anti-Oedipus, which hopefully by this point take on a new appearance:

[W]hich is the revolutionary path? Is there one? – to withdraw from the world market, as Samir Amin advises Third World countries to do, in a curious revival of the fascist “economic solution”? Or might it be to go in the opposite direction? To go further still, that is, in the movement of the market, of decoding and deterritorialization? For perhaps the flows are not yet deterritorialized enough, not decoded enough, from the viewpoint of a theory and a practice of a highly schizophrenic character. Not to withdraw from the process, but to go further, to “accelerate the process”, as Nietzsche put it: in this matter, the truth is that we haven’t seen anything yet.

Is this not a vision of militant, leftist (or even post-leftist) articulation of how systems of exchange and circulation, operating on a global level, can undermine dominant ecologies of power, and that crude brutalism they inexorably tend towards – fascism? It is not a secret ode to neoliberal globalization, or the breakthrough of the capitalist world market; following their vision of the state and capitalism as forces bound up together as a common, modular, and reactive assemblage, ‘neoliberalization’ and all that comes with it (the slippering sloganeering of ‘privatization’, ‘deregulation’, ‘austerity’, ‘structural adjustment’, etc.) is nothing more than the next unfolding of the processes of adding and subtracting axioms. A positive left-wing anarchist accelerationism would have to position the horizon of their political activity beyond axiomatics, in a future space that breaks apart these ecologies. This is a future where desire operates at the “molecular” level, not at the level of some abstract collectivity.

It would be utterly incorrect to say that the entirety of D & G’s praxis is about some ‘free-market communism’, as it has been described by Eugene Holland.xx It would be equally incorrect , however, to pretend that the relationship between markets and liberation does not matter in the great scheme of their work (as so many leftist commentators, be they academic or not, have done). Any market anarchist elements that are gleamed must be married to their wider gamut of concerns – futurity, globality, the unleashing of desires to their fullest extent, the dissolution of all externals and internal dynamics of power, on and on. As the late Mark Fisher described, the accelerationism of D & G was “about accelerating certain tendencies which capitalism itself has to keep at bay… when those tendencies are accelerated, we go beyond those standard forms of subjectivities, life, and work that capitalism depends upon.”xxi


iNick Land “Machinic Desire”. Nick Land, Robin Mackay, and Ray Brassier Fanged Noumena: Collected Writings, 1987-2007 Urbanomic, 2012, in pg. 326

iiGilles Deleuze and Felix Guattari Anti-Oedipus: Capitalism and Schizophrenia Penguin Classics, 2009, pgs. 239-240. The Nietzschean dimensions of this fragment, which is essential to truly grasping the implications of D & G’s discourse, is more than can be tackled in these pages. I refer the interested reader to Obsolete Capitalism Acceleration, Revolution, and Money in Deleuze and Guattari’s Anti-Oedipus Rizosfera, 2016 https://www.academia.edu/29794467/A...d_Money_in_Deleuze_and_Guattaris_Anti-OEdipus

iiiSaul Newman “War on the State: Stirner and Deleuze’s Anarchism” Anarchist Studies Issue 9, 2001https://theanarchistlibrary.org/library/saul-newman-war-on-the-state-stirner-and-deleuze-s-anarchism

ivGilles Deleuze and Antonio Negri “Control and Becoming: Gilles Deleuze and Antonio Negri” Futur Anterieur Issue 1, Spring, 1990 http://www.uib.no/sites/w3.uib.no/files/attachments/6._deleuze-control_and_becoming.pdf

vGilles Deleuze “Postscript on the Societies of Control” October, Issue 59, 1992 https://cidadeinseguranca.files.wordpress.com/2012/02/deleuze_control.pdf

viFoucault’s mode of analysis and understanding of power is quite different from that of Marx, and in the end would lead away from anything resembling orthodox Marxism. This isn’t to say that Foucault didn’t take bits and pieces from Marx. In his famed study of the rise and diffusion of the “disciplinary society”, Foucault references Marx from time to time and suggests that the rise of capitalism, as diagnosed by Marx, was contingent on the ise of forms of regulating and regimenting people’s bodies in order to make them productive. “In fact, the two processes – the accumulation of men and the accumulation of capital – cannot be separated; it would not have been possible to solve the problem of accumulation of men without the growth of an apparatus of production capable of both sustaining them them and using them; conversely, the techniques that made the cumulative multiplicity of men useful accelerated the accumulation of capital.” Discipline and Punish: The Birth of the Prison Vintage Books, 1995, pg. 221

viiJean-Francois Lyotard “Energumen Capitalism”, in Robin Mackay and Armen Avanessian #Accelerate: The Accelerationist Reader Urbanomic, 2014, pg. 183, 182

viiiKevin Carson Studies in Mutualist Political Economy 2004, pgs. 119 – 128

ixSee the correspondence between Marx and Vera Zasuluchi that occurred in 1881: https://www.marxists.org/archive/marx/works/1881/zasulich/index.htm. A concern of this correspondence was the conversations between revolutionary Marxists in Russia about whether or not capitalism – and the sorts of large-scale modernizing processes that industrial capitalism brought with it – was necessary for the establishing communism.

xDeleuze and Guattarri Anti-Oedipus, pgs. 34-35

xiMichel Foucault Lectures on the Will to Know: Lectures at the College de France, 1970-1971, and Oedipdal KnowledgePicador, 2014, pg. 142

xiiDeleuze and Guattari Anti-Oedipus, pg. 197. D & G’s treatment of debt itself is fairly complicated, and beyond the scope of this article here. It’s worth saying, however, that as opposed to something arising from exchange and circulation, debt is characterized as an “inscription” made upon the individual by the dominant structures of power as a means of foreclosing the future. For a brief introduction to their theory of debt, see the two-part article at S.C. Hickman’s Social Ecologies blog: “Deleuze and Guattari: Theory of Debt” (https://socialecologies.wordpress.com/2015/06/15/deleuze-guattari-theory-of-debt/) and “Deleuze and Guattari: Further Notes on Debt” (https://socialecologies.wordpress.com/2015/06/16/deleuze-guattari-further-notes-on-debt/)

xiiiPaul Baran and Paul Sweezy Monopoly Capital: An Essay on the American Economic and Social Order Monthly Review Press, 1966, pgs. 150-152

xivDeleuze and Guattari A Thousand Plateaus, pg. 462

xvDeleuze and Guattari Anti-Oedipus, pg. 235

xviFor a full overview, see Lewis Mumford The Myth of the Machine Vol. 1: Technics and Human Development Harcout 1967; and The Pentagon of Power: The Myth of the Machine Vol. 2 Harcout, 1974. My essay “Orders of Technics: Considerations on Lewis Mumford” at my Deterritorial Investigations blog also summarizes Mumford’s theories, their connection to left-libertarian and market anarchist positions like that of Ralph Borsodi and Kevin Carson, and provides a mild critique: https://deterritorialinvestigations...-of-technics-considerations-on-lewis-mumford/

xviiDeleuze and Guattari A Thousand Plateaus, pg; 429

xviiiEric Geislinger, Jane Talisman, and Robert Anton Wilson “Illuminating Discord: An Interview with Robert Anton Wilson” New Libertarian Notes September 5th, 1976https://theanarchistlibrary.org/lib...discord-an-interview-with-robert-anton-wilson

xixDeleuze and Guattari A Thousand Plateaus, pg. 450

xxSee Eugene W. Holland Nomad Citizenship: Free Market Communism and the Slow-Motion General Strike University of Minnesota Press, 2011. Under the influence of Deleuze and Guattari and second-order systems theory (to which their theories can be heavily correlated), Holland describes how “combining the terms free market and communism in this way is to deploy selected features of the concept of communism to transform capitalist markets to render them truly free and, at the same time, to deploy select features of the concept of communism to transform communism and free it from a fatal entanglement with the State.” (pg. xvi)

xxiMark Fisher “Touchscreen Capture: How Capitalist Cyberspace Inhibits Accelerationism” International Conference on Radical Futures and Accelerationism, 2016 https://voicerepublic.com/talks/01-...w-capitalist-cyberspace-inhibits-acceleration

Fonte: https://c4ss.org/content/47692

Baita artigo.

To lendo mas pqp voce postou como resposta para mim um texto maior do que o original? huahuahu
 

Berofh Erutron

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@Pingu77 como você vê a incursão de inteligências artificiais cognitivas nesse processo?

O desenvolvimento tecnológico caminha para proporcionar um momento onde as maquinas terão papel fundamental no modelo de mercado, não só no sentido de produção, mas sim para total consolidação do poder econômico em empresas que detêm o controle dessas inteligências ou, numa possível decisão destas inteligências para com o modelo de mercado atual.

Explico:

Existem algumas projeções interessantes sobre substituição de meios de trabalhos humanos por máquinas em todas as áreas, do individuo na cadeira giratória que coloca dados em uma planilha até os processos administrativos de analise e projeções para engenharia de produção, isso na verdade já é bem real hoje; temos ainda a automação dos meios de produção agrícola sua estocagem e distribuição sendo totalmente comandada por inteligências artificiais a ponto de estas poderem decidir a sua distribuição por uma cognição de necessidade antes centralização de poder econômico devido a possibilidade dessas inteligências arrazoar os valores em jogo, enfim dentre tantas outras formas de trabalho que virão a ser automatizadas pela tecnologia, por fim a cognição na inteligência artificial poderia dar um passo de transformação na sociedade quando não tiver alguém para dar o shutdown.

A ideia central disso corre em uma descentralização econômica para uma centralização de inteligências artificiais.

Claro que estou abordando superficialmente, o assunto é complexo e engloba muita coisa, mas resumindo.
Como você vê o marxismo de direita se alinhar com o processo de automação da economia por inteligências artificiais cognitivas?

A proposito não consegui ler o tópico ainda. Se estiver por fora peço paciência.
 
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@Pingu77


A ideia central disso corre em uma descentralização econômica para uma centralização de inteligências artificiais.

Essa eh uma pergunta interessante. AIs seriam capazes de "prever" desejos humanos a fim de a demanda ser cumprida corretamente, ou no fim o fato de AIs "decidirem" isso acabaria gerando uma "ditadura" de oferta que não é realmente correspondente a demanda das pessoas?
Essa centralização na figura humana já mostra muitas distorções, o "dinheiro" ajuda a resolver esse problema na definição de Hayek de que o dinheiro "leva informação" no mercado ajudando produtores a decidir. Na forma de uma economia de mercado controlada por AIs como isso seria.

ps: ainda nao li tudo tambem, o que entendi ate agora seria um mercado "socialista" anarquico, e posso ter entendido errado por nao ter lido tudo ainda nem pego todas as referencias.

@Pingu77 se tu puder, vou te pedir um favor, quando eu fizer uma pergunta direta, ponha o SEU entendimento sem muito rodeio. Eu não sou "acadêmico" nem "filosofo" minha formação é tecnológica. Então to tentando entender a proposta e a premissa, mas quando o texto volta para muitas referencias de filosofos tipo Nietze, Focault que geralmente eu vou conhecer apenas pequenos pedaços da obra, perco muito tempo precisando pesquisar eles para depois voltar ao tema. Ou cite a parte relevante. Objetiva.
Maioria do forum não ta levando a sério. Eu posso ate achar maluquice no final mas quero entender. hehe
 

Pingu77

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Eu tinha lido o primeiro post, e alguns post soltos.
Tem algumas coisas no meio, que até são interessantes, mas de forma geral a leitura é dificil e só vai entender quem tá acostumado a esse tipo de leitura ou quem realmente se der ao trabalho de ler com atenção e dar uma pesquisada no que nao conhece.
Tem muito texto citando autores e filosofos dizendo que isso ou aquilo mas sem justificar PORQUE. Eu consegui escavar umas coisas mais objetivas no meio que vou deixar como pergunta pro OP conforme consigo ler.

@Pingu77
Como falei acima. A complexidade de trechos do proprio texto me força a ler devagar para absorver e pensar sobre o que estou lendo, e tem pedaços que, de boa, simplesmente enchem linguiça. Falando da historia e pequenos "retalhos" de pensamentos aqui e ali. Assim, sem problemas apenas faz gastar tempo sem muito proveito real. Mesmo assim li tudo. ^^
Conforme eu vou lendo e refletindo sobre o que foi dito, eu posso colocar algumas "duvidas" ou questionamentos aqui para voce passar sua visao e quem sabe conseguimos debater isso.

Peço desculpas por demorar mas nem sempre eu estou "in a mood" para ler , assimilar rapido e tentar argumentar em cima, ainda mais que como leio no trampo sempre sou interrompido. ^^

Algumas questões:


Yet it was in France in the late 1960s that accelerationist ideas were first developed in a sustained way. Shaken by the failure of the leftwing revolt of 1968, and by the seemingly unending postwar economic boom in the west, some French Marxists decided that a new response to capitalism was needed. In 1972, the philosopher Gilles Deleuze and the psychoanalyst Félix Guattari published Anti-Oedipus. It was a restless, sprawling, appealingly ambiguous book, which suggested that, rather than simply oppose capitalism, the left should acknowledge its ability to liberate as well as oppress people, and should seek to strengthen these anarchic tendencies, “to go still further … in the movement of the market … to ‘accelerate the process’”.


O aceleracionismo, seria anarquico? No estillo classico do anarquismo "socialista" sem propriedade ou mais proximo do anarco-capitalismo? Já que este filosofo no caso reconhece que "the left should acknowledge its ability to liberate as well as oppress people, and should seek to strengthen these anarchic tendencies,.." dizendo ainda que se deve ir alémm seguindo o movimento do mercado para acelerar o processo.
E este processo seria a "revolucao socialista" ou "o mercado anarquico/capitalista"?

Considerando ainda que no proximo paragrafo, Jean-François Lyotard diz:
that even the oppressive aspects of capitalism were “enjoyed” by those whose lives the system reordered and accelerated. And besides, there was no alternative: “The system of capital is, when all’s said and done, natural.”

É portando considerado realmente que o capitalismo seria natural?

Algumas perguntas podem ter resposta mais a frente no topico mas como vou precisar ler partes por vez, vou postar conforme leio, se algo esta respondido a frente, só me diga onde quando chegar la presto atencao em dobro. ^^

By the early 90s Land had distilled his reading, which included Deleuze and Guattari and Lyotard, into a set of ideas and a writing style that, to his students at least, were visionary and thrillingly dangerous. Land wrote in 1992 that capitalism had never been properly unleashed, but instead had always been held back by politics, “the last great sentimental indulgence of mankind”. He dismissed Europe as a sclerotic, increasingly marginal place, “the racial trash-can of Asia”. And he saw civilisation everywhere accelerating towards an apocalypse: “Disorder must increase... Any [human] organisation is ... a mere ... detour in the inexorable death-flow.”

Bem,isso aqui a escola austriaca e até escola de chicago já fala a tempos. Nosso "capitalismo planejado" e como ele dá errado foi tema de diversas discussões. Motivo pelo qual chegou-se a conclusão de que somente pelo anarco-capitalismo seria possivel um sistema libertário ético com o mercado realmente livre. O aceleracionismo visa ou crê que o mercado deva ser livre de influencias e planejamento central?

After his breakdown, Land left Britain. He moved to Taiwan “early in the new millennium”, he told me, then to Shanghai “a couple of years later”. He still lives there now. “Life as an outsider was a relief.” China was also thrilling. In a 2004 article for the Shanghai Star, an English-language paper, he described the modern Chinese fusion of Marxism and capitalism as “the greatest political engine of social and economic development the world has ever known”. At Warwick, he and the CCRU had often written excitedly, but with little actual detail, about what they called “neo-China”. Once he lived there, Land told me, he realised that “to a massive degree” China was already an accelerationist society: fixated by the future and changing at speed. Presented with the sweeping projects of the Chinese state, his previous, libertarian contempt for the capabilities of governments fell away.

Aqui acho que comecei a entender melhor alguns pontos. Vou ver até onde isso vai. Pelo jeito Land apenas viu o começo da "melhoria" da China e não viu a situação dela hoje e o rumo em que se encontra. Repetindo os mesmos erros que geraram a crise de 2008 citada anteriormente e outros. Isso sem falar da falta de liberdade individual.

Bem. Comecei a entender um pouco mais. Assim que eu juntar mais paciencia leio outro post. ^^

O que eu gostaria de perguntar

No final das contas, marxismo de direita sugere ou não existencia de governo?
Qual a base ética?

Depois vejo mais. abracos.

Fala, amigo. Tranquilo?

Obrigado desde já pelo feedback e pelas perguntas. Primeiro de tudo eu gostaria de me desculpar pela desorganização com o tópico, que ficaram muitos textos "jogados", embora em todos eles eu fiz um esforço para selecionar os trechos mais relevantes de atenção à compreensão do marxismo de direita/aceler@cionismo.

Em segundo lugar, o texto que você leu e tirou as suas principais dúvidas foi uma matéria jornalística, muito boa por sinal, mas conta mais como um percurso histórico dessa corrente, e não como um aprofundamento. Eu peço perdão por esse descuido, e gostaria muito que você desse prioridade a estes dois, "Uma Introdução Rápida-e-Suja ao Aceleracionismo" e "Deleuze, Guattari and Market Anarchism". O último já tinha intenção de postar por aqui, mas estava adiando, mas como o usuário Croix criou um tópico recente falando do anarquismo de mercado, tive que me adiantar para reler ele e filtrar as partes mais relevantes.

É importante mencionar que ambos são aceler@cionistas/deleuzo-guatterianos, mas um tem propostas políticas que se aliam em certo momento com a forma estatal (o primeiro texto), enquanto o outro é completamente anarquista (o segundo). Em uma ordem de dificuldade, eu falaria para você ler primeiro o texto "Deleuze, Guattari and Market Anarchism", que explica bem conceitos básicos, além de ser mais "libertário" no sentido da corrente política existente para essa palavra, por isso ter afinidades contigo (RECOMENDO MUITO), ao passo que o outro texto, "Uma Introdução Rápida-e-Suja ao Aceleracionismo", é muito bom também, traduzido, mas não mergulha tanto quanto o primeiro em conceitos básicos da filosofia que ambos têm como base.

Fora isso, é ainda relevante dizer que os dois valoram o termo "capitalismo" de maneiras distintas. O Edmund Berger (do texto "Deleuze, Guattari and Market Anarchism"), como um libertário de esquerda, enxerga o capitalismo como a expressão do mercado capturado e corrompido pelo Estado. Já o Nick Land ("Uma Introdução Rápida-e-Suja ao Aceleracionismo"), quem "fundou" o aceleracionismo/marxismo de direita, percebe as próprias forças de linhas de fuga, desterritorialização e descodificação como sinônimas da dinâmica capitalista.

Sobre a relação com o Estado, a do Nick Land não é exatamente anarquista, mas tem um caráter anárquico por sua veia "desterritorializadora" (para entender esse termo, busque no texto do Edmund Berger que comentei) e elas vêm inspiradas no Patchwork-Neocameralism do Moldbug (outro autor) e têm uma série de vantagens quando comparadas ao projeto político anarco-capitalista clássico e sua utopia do voluntarismo e da autonomia da vontade.

Basicamente envolvem fragmentação e que os Estados sejam abertos à controle acionário, transformando-se em corporações soberanas. Na visão dele, ao dissolver a política na economia-política, imanente, materialista, ao invés de princípios e valores abstratos, haveria um ganho de eficiência e governos melhores quando essa fórmula viesse acompanhada do livre direito de saída (free exit), criando competição de governos por população (patchwork). Dessa forma, a soberania local desses micro-estados corporativos seria restringida pela ordem econômica mais ampla, além de ser um modelo experimental para diversos tipos de "paraísos" (reaças e progressistas), cujo único princípio que os governos teriam é sobreviva ou morra. Em outras palavras, seja atrativo.

São ideias que têm inúmeras virtudes quando nos deparamos com a crise da esquerda tradicional e a grande pilha de problemas que não têm respostas à altura. O recuo ao patrulhamento moral parece ser o último refúgio frente ao realismo político frágil de sustentar uma delicada "utopia negativa" (termo de um colega), do Estado Democrático de Direito, ineficiente, burocratizado, punitivo. Estrutura constantemente ameaçada por uma besta assassina que atende pelo nome de capital, que pode destruir tudo a qualquer momento com fugas do fluxo de capitais ou compras de políticos por meio de lobby. Também quando a "democracia obrigatória" pode eleger um Bolsonaro da vida, autoritário e populista. Isso sem mencionar o trabalhismo anacrônico que não faz nem ideia do alien capitalista da automatização que está em fase de crescimento nesse momento.

Diante desse último e mais preocupante, enquanto """esquerda""", esse cenário faz ecoar esse trecho dos editores Mackay e Avanessian na introdução ao "Accelerate", a compilação de textos base dentro da discussão do aceleracionismo: "Needless to say, a well-to-do liberal Left, convinced that technology equates to instrumental mastery and that capitalist economics amounts to a heap of numbers, in most cases leaves concrete technological nous and economic arguments to its adversary-something it shares with its more radical but equally technologically illiterate academic counterparts, who confront capitalism with theoretical constructs so completely at odds with its concrete workings that the most they can offer is a faith in miraculous events to come, scarcely more effectual than organic folk politics."

Faço uma ligação com o xenofeminismo* (que é o melhor aceleracionismo de esquerda, muitos concordam), quando a apropriação do instrumental tecno-científico é a condição para a emancipação (feminina, no caso), de maneira semelhante, Deleuze bem antes quando escreveu em seu texto (de 1990), analisando a passagem das sociedades disciplinares para as sociedades de controle, já teve o vislumbre que talvez a forma de resistência, enquanto "esquerda", se encontre na pirataria de códigos (que editam): "as sociedades de controle operam por máquinas de uma terceira espécie, máquinas de informática e computadores, cujo perigo passivo é a interferência, e o ativo a pirataria e a introdução de vírus." É se apropriar desse saber, por pirataria mesmo, aperfeiçoá-lo construindo a partir dele, que aí exercemos resistência na realidade.

"If nature is unjust, change nature!"

* (Sobre o xenofeminismo) É uma crítica radical ao dado biológico e endossa o pós-humanismo a partir de uma "alienação" do natural como condição para emancipação feminina. As identidades, nesse caso, por vezes confundidas com o "natural", são completamente rechaçadas, e elas afirmam o circuito [cibernético] de cultura e natureza, da manipulação tecno-científica/industrial do mundo. É a pressuposição auto-reforçadora de modernização, que ser compreendido é ser modificável. "Não há qualquer diferença essencial entre aprender o que realmente somos e nos redefinirmos como contingências tecnológicas, ou seres tecnoplásticos, suscetíveis a transformações precisas e cientificamente informadas. A ‘humanidade’ se torna inteligível conforme é subsumida na tecnosfera, onde o processamento de informação do genoma – por exemplo – coloca a leitura e a edição em perfeita coincidência.", trecho de texto do Nick Land, mas que expressa a ideia.

Retornando ao Land, ele faz uma prescrição realista (no sentido de que assume como desejável a ordem que provavelmente surgirá), que serão pessoas com bastante dinheiro - que têm meios de manter suas propriedades - que criarão as primeiras corporações soberanas, e ele chama isso de "propriedade primária", e ela também só é "soberana" porque ele tem pleno CONTROLE sobre ela (dispor livremente da coisa, na acepção quase jurídica), garantido por um aparato militar privado. Mas que logo ele precisará comercializá-la, por não conseguir gerir sozinho, daí originando propriedades secundárias, que logo eliminariam as diferenças entre si em relação às primárias. Um governo que se presta a desterritorialização ciberneticamente (atração e repulsão, feedback), por meio dessa rede de incentivos, e ao mesmo tempo não cairia em autoritarismo (quando eu disse que a soberania seria restringida pela ordem econômica mais ampla), justamente por conta disso, de não querer perder população.

(Sobre esse texto do patchwork-neocameralism do Land, irei postar aqui em breve fazendo os devidos grifos.)
 
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Essa eh uma pergunta interessante. AIs seriam capazes de "prever" desejos humanos a fim de a demanda ser cumprida corretamente, ou no fim o fato de AIs "decidirem" isso acabaria gerando uma "ditadura" de oferta que não é realmente correspondente a demanda das pessoas?
Essa centralização na figura humana já mostra muitas distorções, o "dinheiro" ajuda a resolver esse problema na definição de Hayek de que o dinheiro "leva informação" no mercado ajudando produtores a decidir. Na forma de uma economia de mercado controlada por AIs como isso seria.

ps: ainda nao li tudo tambem, o que entendi ate agora seria um mercado "socialista" anarquico, e posso ter entendido errado por nao ter lido tudo ainda nem pego todas as referencias.

@Pingu77 se tu puder, vou te pedir um favor, quando eu fizer uma pergunta direta, ponha o SEU entendimento sem muito rodeio. Eu não sou "acadêmico" nem "filosofo" minha formação é tecnológica. Então to tentando entender a proposta e a premissa, mas quando o texto volta para muitas referencias de filosofos tipo Nietze, Focault que geralmente eu vou conhecer apenas pequenos pedaços da obra, perco muito tempo precisando pesquisar eles para depois voltar ao tema. Ou cite a parte relevante. Objetiva.
Maioria do forum não ta levando a sério. Eu posso ate achar maluquice no final mas quero entender. hehe

Obrigado.

Essa questão primeira é uma relação de diretrizes de desenvolvimento do IA, ela poderia ter Leis que imputem o modelo de mercado do pesquisador ou no caso o que melhor atenderia a interesses das corporações desenvolvedoras. Particularmente qualquer IA realmente cognitiva poderia transpor diretrizes, mas enfim é um assunto filosófico profundo do físico até metafisico, diria.

PS. qual área de Tecnologia vc atua?
 

Beren_

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Obrigado.

Essa questão primeira é uma relação de diretrizes de desenvolvimento do IA, ela poderia ter Leis que imputem o modelo de mercado do pesquisador ou no caso o que melhor atenderia a interesses das corporações desenvolvedoras. Particularmente qualquer IA realmente cognitiva poderia transpor diretrizes, mas enfim é um assunto filosófico profundo do físico até metafisico, diria.

PS. qual área de Tecnologia vc atua?

Analista/desenvolvedor de sistemas. Atualmente java em maior parte. Mas sou empresario e não "atuo" ativamente na area ja a algum tempo.
Eu entendi sua pergunta, eu fui alem de extendi para tomadas reais de decisão, que eh uma função "humana".
 

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Obrigado desde já pelo feedback e pelas perguntas. Primeiro de tudo eu gostaria de me desculpar pela desorganização com o tópico, que ficaram muitos textos "jogados", embora em todos eles eu fiz um esforço para selecionar os trechos mais relevantes de atenção à compreensão do marxismo de direita/aceler@cionismo.

Em segundo lugar, o texto que você leu e tirou as suas principais dúvidas foi uma matéria jornalística, muito boa por sinal, mas conta mais como um percurso histórico dessa corrente, e não como um aprofundamento. Eu peço perdão por esse descuido, e gostaria muito que você desse prioridade a estes dois, "Uma Introdução Rápida-e-Suja ao Aceleracionismo" e "Deleuze, Guattari and Market Anarchism". O último já tinha intenção de postar por aqui, mas estava adiando, mas como o usuário Croix criou um tópico recente falando do anarquismo de mercado, tive que me adiantar para reler ele e filtrar as partes mais relevantes.

É importante mencionar que ambos são aceler@cionistas/deleuzo-guatterianos, mas um tem propostas políticas que se aliam em certo momento com a forma estatal (o primeiro texto), enquanto o outro é completamente anarquista (o segundo). Em uma ordem de dificuldade, eu falaria para você ler primeiro o texto "Deleuze, Guattari and Market Anarchism", que explica bem conceitos básicos, além de ser mais "libertário" no sentido da corrente política existente para essa palavra, por isso ter afinidades contigo (RECOMENDO MUITO), ao passo que o outro texto, "Uma Introdução Rápida-e-Suja ao Aceleracionismo", é muito bom também, traduzido, mas não mergulha tanto quanto o primeiro em conceitos básicos da filosofia que ambos têm como base.

Fora isso, é ainda relevante dizer que os dois valoram o termo "capitalismo" de maneiras distintas. O Edmund Berger (do texto "Deleuze, Guattari and Market Anarchism"), como um libertário de esquerda, enxerga o capitalismo como a expressão do mercado capturado e corrompido pelo Estado. Já o Nick Land ("Uma Introdução Rápida-e-Suja ao Aceleracionismo"), quem "fundou" o aceleracionismo/marxismo de direita, percebe as próprias forças de linhas de fuga, desterritorialização e descodificação como sinônimas da dinâmica capitalista.

Sobre a relação com o Estado, a do Nick Land não é exatamente anarquista, mas tem um caráter anárquico por sua veia "desterritorializadora" (para entender esse termo, busque no texto do Edmund Berger que comentei) e elas vêm inspiradas no Patchwork-Neocameralism do Moldbug (outro autor) e têm uma série de vantagens quando comparadas ao projeto político anarco-capitalista clássico e sua utopia do voluntarismo e da autonomia da vontade.

Basicamente envolvem fragmentação e que os Estados sejam abertos à controle acionário, transformando-se em corporações soberanas. Na visão dele, ao dissolver a política na economia-política, imanente, materialista, ao invés de princípios e valores abstratos, haveria um ganho de eficiência e governos melhores quando essa fórmula viesse acompanhada do livre direito de saída (free exit), criando competição de governos por população (patchwork). Dessa forma, a soberania local desses micro-estados corporativos seria restringida pela ordem econômica mais ampla, além de ser um modelo experimental para diversos tipos de "paraísos" (reaças e progressistas), cujo único princípio que os governos teriam é sobreviva ou morra. Em outras palavras, seja atrativo.

São ideias que têm inúmeras virtudes quando nos deparamos com a crise da esquerda tradicional e a grande pilha de problemas que não têm respostas à altura. O recuo ao patrulhamento moral parece ser o último refúgio frente ao realismo político frágil de sustentar uma delicada "utopia negativa" (termo de um colega), do Estado Democrático de Direito, ineficiente, burocratizado, punitivo. Estrutura constantemente ameaçada por uma besta assassina que atende pelo nome de capital, que pode destruir tudo a qualquer momento com fugas do fluxo de capitais ou compras de políticos por meio de lobby. Também quando a "democracia obrigatória" pode eleger um Bolsonaro da vida, autoritário e populista. Isso sem mencionar o trabalhismo anacrônico que não faz nem ideia do alien capitalista da automatização que está em fase de crescimento nesse momento.

Diante desse último e mais preocupante, enquanto """esquerda""", esse cenário faz ecoar esse trecho dos editores Mackay e Avanessian na introdução ao "Accelerate", a compilação de textos base dentro da discussão do aceleracionismo: "Needless to say, a well-to-do liberal Left, convinced that technology equates to instrumental mastery and that capitalist economics amounts to a heap of numbers, in most cases leaves concrete technological nous and economic arguments to its adversary-something it shares with its more radical but equally technologically illiterate academic counterparts, who confront capitalism with theoretical constructs so completely at odds with its concrete workings that the most they can offer is a faith in miraculous events to come, scarcely more effectual than organic folk politics."

Faço uma ligação com o xenofeminismo* (que é o melhor aceleracionismo de esquerda, muitos concordam), quando a apropriação do instrumental tecno-científico é a condição para a emancipação (feminina, no caso), de maneira semelhante, Deleuze bem antes quando escreveu em seu texto (de 1990), analisando a passagem das sociedades disciplinares para as sociedades de controle, já teve o vislumbre que talvez a forma de resistência, enquanto "esquerda", se encontre na pirataria de códigos (que editam): "as sociedades de controle operam por máquinas de uma terceira espécie, máquinas de informática e computadores, cujo perigo passivo é a interferência, e o ativo a pirataria e a introdução de vírus." É se apropriar desse saber, por pirataria mesmo, aperfeiçoá-lo construindo a partir dele, que aí exercemos resistência na realidade.

"If nature is unjust, change nature!"

* (Sobre o xenofeminismo) É uma crítica radical ao dado biológico e endossa o pós-humanismo a partir de uma "alienação" do natural como condição para emancipação feminina. As identidades, nesse caso, por vezes confundidas com o "natural", são completamente rechaçadas, e elas afirmam o circuito [cibernético] de cultura e natureza, da manipulação tecno-científica/industrial do mundo. É a pressuposição auto-reforçadora de modernização, que ser compreendido é ser modificável. "Não há qualquer diferença essencial entre aprender o que realmente somos e nos redefinirmos como contingências tecnológicas, ou seres tecnoplásticos, suscetíveis a transformações precisas e cientificamente informadas. A ‘humanidade’ se torna inteligível conforme é subsumida na tecnosfera, onde o processamento de informação do genoma – por exemplo – coloca a leitura e a edição em perfeita coincidência.", trecho de texto do Nick Land, mas que expressa a ideia.

Retornando ao Land, ele faz uma prescrição realista (no sentido de que assume como desejável a ordem que provavelmente surgirá), que serão pessoas com bastante dinheiro - que têm meios de manter suas propriedades - que criarão as primeiras corporações soberanas, e ele chama isso de "propriedade primária", e ela também só é "soberana" porque ele tem pleno CONTROLE sobre ela (dispor livremente da coisa, na acepção quase jurídica), garantido por um aparato militar privado. Mas que logo ele precisará comercializá-la, por não conseguir gerir sozinho, daí originando propriedades secundárias, que logo eliminariam as diferenças entre si em relação às primárias. Um governo que se presta a desterritorialização ciberneticamente (atração e repulsão, feedback), por meio dessa rede de incentivos, e ao mesmo tempo não cairia em autoritarismo (quando eu disse que a soberania seria restringida pela ordem econômica mais ampla), justamente por conta disso, de não querer perder população.

(Sobre esse texto do patchwork-neocameralism do Land, irei postar aqui em breve fazendo os devidos grifos.)

Valeu cara, vou ler aos poucos.

Pelo seu "resumão" tem algumas coisas que não considero que partam de uma premissa correta, como este trecho:

São ideias que têm inúmeras virtudes quando nos deparamos com a crise da esquerda tradicional e a grande pilha de problemas que não têm respostas à altura. O recuo ao patrulhamento moral parece ser o último refúgio frente ao realismo político frágil de sustentar uma delicada "utopia negativa" (termo de um colega), do Estado Democrático de Direito, ineficiente, burocratizado, punitivo. Estrutura constantemente ameaçada por uma besta assassina que atende pelo nome de capital, que pode destruir tudo a qualquer momento com fugas do fluxo de capitais ou compras de políticos por meio de lobby. Também quando a "democracia obrigatória" pode eleger um Bolsonaro da vida, autoritário e populista. Isso sem mencionar o trabalhismo anacrônico que não faz nem ideia do alien capitalista da automatização que está em fase de crescimento nesse momento.

Onde é colocada a culpa no "capital" pelos atos cometidos com ele. Sendo o capital algo abstrato ele em si a priori não promove ações, nem é o motivo delas necessariamente, o capital é necessário para que haja empreendedorismo e sem empreendedorismo não existem avanços inclusive tecnológicos, mas vou esboçar este argumento futuramente com mais calma após ler tudo no devido lugar, era de se imaginar esse tipo de argumentação, afinal, ainda é "marxismo".

Bem, hoje não sobra tempo. Amanha vejo se consigo ler as partes que voce indicou.
 

Beren_

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Obrigado.

Essa questão primeira é uma relação de diretrizes de desenvolvimento do IA, ela poderia ter Leis que imputem o modelo de mercado do pesquisador ou no caso o que melhor atenderia a interesses das corporações desenvolvedoras. Particularmente qualquer IA realmente cognitiva poderia transpor diretrizes, mas enfim é um assunto filosófico profundo do físico até metafisico, diria.

PS. qual área de Tecnologia vc atua?

Em tempo. Minha resposta ficou incompleta.

Talvez eu deva falar um pouco sobre mim para ilustrar um pouco, eu estudei e eventualmente trabalhei cerca de 15 anos na area de Ti, 10 com analise, projeto e desenvolvimento de sistemas comerciais. Hoje sou empresario em outra area e mantenho desenvolvimento como Hobby.
Geralmente sistemas são um "auxilio" a tomada de decisão, de decisões gerenciais.

Eu vejo que voce tenha um estudo na area filosofica e talvez politica, não sei, parece ter bons conhecimentos na area. Eu só comecei a estudar economia a uns sei la, 6 meses talvez 1 pouco mais, e filosofia por contra própria também a coisa de 1 mes, talvez 2. Mais por interesse na questão ética e filosofica ligada a Escola Austriaca e Escola de Chicago, que são liberais. Não sei o quanto voce conhece deles.

Pensamentos de economistas e filosofos, como F.A. Hayek, demonstram que no mercado, decisões descentralizadas são tomadas a todo tempo, por indviduos, e isso funciona, ao decidir com o que voce quer gastar seu dinheiro, voce envia sem saber uma informação a produtores, lojistas, etc, do que deseja consumir, os PREÇOS são um fator determinante, se eu fosse colocar isso em termos politicos, eu diria que voce VOTA com seu dineheiro. Esse material rendeu ao Hayek um Nobel de economia em 1974 e influencia muitos até hoje. Pois é impossível, de forma centralizada, um governo dizer o que vai produzir para quem onde, e ainda conseguir que estas pessoas sejam, digamos, devidamente atendidas, este é um motivo pelo qual no socialismo ocorre a escassez, o governo quer "planejar" algo impossivel de planejar, por isso por exemplo existem coisas como Bolsa Familia. Ao inves do governo dar comida pro povo, ele dá o dinheiro e ele gasta onde precisa. Podemos dizer que o Bolsa familia é um voucher de comida.
Baseado na sua pergunta e no pensamento de Hayek, será que AIs poderiam tomar essa decisao pelos consumidores? Ou precisaria manter o sistema de preços e a as AIs então tomariam a decisão humana baseada no sistema de preços com isso definindo o que produzir. Afinal, mesmo AIs precisam de entradas de dados para poderem tomar decisões.

Dá para entender onde quero chegar?
 

Pingu77

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Valeu cara, vou ler aos poucos.

Pelo seu "resumão" tem algumas coisas que não considero que partam de uma premissa correta, como este trecho:

São ideias que têm inúmeras virtudes quando nos deparamos com a crise da esquerda tradicional e a grande pilha de problemas que não têm respostas à altura. O recuo ao patrulhamento moral parece ser o último refúgio frente ao realismo político frágil de sustentar uma delicada "utopia negativa" (termo de um colega), do Estado Democrático de Direito, ineficiente, burocratizado, punitivo. Estrutura constantemente ameaçada por uma besta assassina que atende pelo nome de capital, que pode destruir tudo a qualquer momento com fugas do fluxo de capitais ou compras de políticos por meio de lobby. Também quando a "democracia obrigatória" pode eleger um Bolsonaro da vida, autoritário e populista. Isso sem mencionar o trabalhismo anacrônico que não faz nem ideia do alien capitalista da automatização que está em fase de crescimento nesse momento.

Onde é colocada a culpa no "capital" pelos atos cometidos com ele. Sendo o capital algo abstrato ele em si a priori não promove ações, nem é o motivo delas necessariamente, o capital é necessário para que haja empreendedorismo e sem empreendedorismo não existem avanços inclusive tecnológicos, mas vou esboçar este argumento futuramente com mais calma após ler tudo no devido lugar, era de se imaginar esse tipo de argumentação, afinal, ainda é "marxismo".

Bem, hoje não sobra tempo. Amanha vejo se consigo ler as partes que voce indicou.

Fala, cara. Eu fiquei de responder ao @Berofh Erutron ainda, mas para evitar um mal-entendido, vou ter que antecipar um comentário a você: eu não coloquei a "culpa" no capital. Aliás, a qualidade de "besta assassina" é até positiva sob essa ótica.

Sobre as suas considerações, todas elas são premissa do marxismo de direita. Não há qualquer teleologismo salvador aqui, nem consideração moralizadora sobre o capital. Não se preocupe, pode vir sem qualquer ideia pré-concebida/preconceito diante desse "marxismo".

"A assinatura de seus proponentes seria uma defesa da acumulação de capital enquanto um fim-em-si-mesmo, contra-subordinando a natureza e a sociedade como um meio."

https://xenosistemas.wordpress.com/2016/08/16/direto-no-dinheiro-2/

"(...) Para o aceleracionismo, a lição crucial foi esta: Um circuito de feedback negativo – tal como um “governador centrífugo” de uma máquina a vapor ou um termostato – funciona para manter algum estado de um sistema no mesmo lugar. Seu produto, na linguagem formulada pelos ciberneticistas filosóficos franceses Gilles Deleuze e Félix Guattari, é territorialização. O feedback negativo estabiliza um processo, ao corrigir a deriva e, assim, inibir o afastamento para além de um alcance limitado. A dinâmica é colocada a serviço da fixação – um estase de nível superior, ou estado. Todos os modelos de equilíbrio de sistemas e processos complexos são assim. Para capturar a tendência contrária, caracterizada por uma errância, fuga ou escapada auto-reforçadora, D&G cunharam o termo deselegante, mas influente, desterritorialização. A desterritorialização é a única coisa sobre a qual o aceleracionismo realmente sempre falou.

Em termos sócio-históricos, a linha de desterritorialização corresponde a um capitalismo não compensado. O esquema básico – e, claro, em algum grau elevado e altamente consequente, efetivamente instalado – é um circuito de feedback positivo, dentro do qual a comercialização e a industrialização mutuamente excitam uma à outra em um processo descontrolado, a partir do qual a modernidade extrai seu gradiente. Karl Marx e Friedrich Nietzsche estavam entre aqueles que capturaram aspectos importantes da tendência. Conforme o circuito é incrementalmente fechado, ou intensificado, ele exibe uma autonomia, ou automação, cada vez maior. Ele se torna mais firmemente auto-produtivo (o que é apenas o que ‘feedback positivo’ já diz). Uma vez que ele não apela a nada além de si mesmo, ele é inerentemente niilista. Ele não tem qualquer significado concebível além da auto-amplificação. Ele cresce a fim de crescer. A humanidade é seu hospedeiro temporário, não seu mestre. Seu único propósito é si mesmo.

“Acelerar o processo”, recomendaram Deleuze & Guattari em seu Anti-Édipo, de 1972, citando Nietzsche para reativar Marx. (...) O ponto de uma análise do capitalismo, ou do niilismo, é fazer mais disso. O processo não deve ser criticado. O processo é a crítica, retroalimentando a si mesmo, conforme se escala. O único caminho adiante é através, o que significa mais adentro. (...)

Nesta matriz aceleracionista germinal, não há distinção a ser feita entre a destruição do capitalismo e sua intensificação. A auto-destruição do capitalismo é o que o capitalismo é. “Destruição criativa” é o todo dele, apenas ao lado de seu retardamento, compensações parciais ou inibições. O capital se revoluciona mais completamente do que qualquer ‘revolução’ extrínseca possivelmente poderia. Se a história subsequente não justificou esse ponto para além de qualquer questão, ela pelo menos tem simulado tal justificação, em um grau enlouquecedor.

(...) O capital, em sua definição derradeira, não é nada além do fator social acelerativo abstrato. Seu esquema cibernético positivo o exaure. A fuga consome sua identidade. Qualquer outra determinação é removida como um acidente, em algum estágio de seu processo de intensificação. Uma vez que qualquer coisa capaz de alimentar a aceleração sócio-histórica necessariamente, ou por essência, será capital, o prospecto de qualquer ‘Aceleracionismo’ inequivocamente ‘de esquerda’ ganhar um ímpeto sério pode ser confiantemente descartado. O aceleracionismo é simplesmente a auto-consciência do capitalismo, que mal começou. (“Não vimos nada ainda.”, frase de Deleuze & Guattari)"

https://xenosistemas.wordpress.com/2017/05/26/uma-introducao-rapida-e-suja-ao-aceleracionismo/

Trechos importantes.
 
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Berofh Erutron

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Em tempo. Minha resposta ficou incompleta.

Talvez eu deva falar um pouco sobre mim para ilustrar um pouco, eu estudei e eventualmente trabalhei cerca de 15 anos na area de Ti, 10 com analise, projeto e desenvolvimento de sistemas comerciais. Hoje sou empresario em outra area e mantenho desenvolvimento como Hobby.
Geralmente sistemas são um "auxilio" a tomada de decisão, de decisões gerenciais.

Eu vejo que voce tenha um estudo na area filosofica e talvez politica, não sei, parece ter bons conhecimentos na area. Eu só comecei a estudar economia a uns sei la, 6 meses talvez 1 pouco mais, e filosofia por contra própria também a coisa de 1 mes, talvez 2. Mais por interesse na questão ética e filosofica ligada a Escola Austriaca e Escola de Chicago, que são liberais. Não sei o quanto voce conhece deles.

Pensamentos de economistas e filosofos, como F.A. Hayek, demonstram que no mercado, decisões descentralizadas são tomadas a todo tempo, por indviduos, e isso funciona, ao decidir com o que voce quer gastar seu dinheiro, voce envia sem saber uma informação a produtores, lojistas, etc, do que deseja consumir, os PREÇOS são um fator determinante, se eu fosse colocar isso em termos politicos, eu diria que voce VOTA com seu dineheiro. Esse material rendeu ao Hayek um Nobel de economia em 1974 e influencia muitos até hoje. Pois é impossível, de forma centralizada, um governo dizer o que vai produzir para quem onde, e ainda conseguir que estas pessoas sejam, digamos, devidamente atendidas, este é um motivo pelo qual no socialismo ocorre a escassez, o governo quer "planejar" algo impossivel de planejar, por isso por exemplo existem coisas como Bolsa Familia. Ao inves do governo dar comida pro povo, ele dá o dinheiro e ele gasta onde precisa. Podemos dizer que o Bolsa familia é um voucher de comida.
Baseado na sua pergunta e no pensamento de Hayek, será que AIs poderiam tomar essa decisao pelos consumidores? Ou precisaria manter o sistema de preços e a as AIs então tomariam a decisão humana baseada no sistema de preços com isso definindo o que produzir. Afinal, mesmo AIs precisam de entradas de dados para poderem tomar decisões.

Dá para entender onde quero chegar?

Penso que entendi.
Mas um só pensador não poderia definir essas prerrogativas, estamos falando da transposição do conhecimento humano para a inteligência artificial e que principalmente cognição é conhecimento e não aglomerado de informação.

Preço tem muitas variáveis, vou reler esses trabalhos para interpretar melhor.
Mas a questão agora se desloca a premissa que tem como base a necessidade existencial versos a cultural, logo se existe uma necessidade existencial que norteia a produção e existe uma necessidade cultural que norteia a produção, o preço deve primeiro ter suas diretrizes de valoração com base no mundo natural e suas disponibilidades e não na oferta e procura, o que geralmente acontece com a necessidade cultural.

Mas isso se estende.

Fala, cara. Eu fiquei de responder ao @Berofh Erutron ainda, mas para evitar um mal-entendido, vou ter que antecipar um comentário a você: eu não coloquei a "culpa" no capital. Aliás, a qualidade de "besta assassina" é até positiva sob essa ótica.

Sobre as suas considerações, todas elas são premissa do marxismo de direita. Não há qualquer teleologismo salvador aqui, nem consideração moralizadora sobre o capital. Não se preocupe, pode vir sem qualquer ideia pré-concebida/preconceito diante desse "marxismo".

"A assinatura de seus proponentes seria uma defesa da acumulação de capital enquanto um fim-em-si-mesmo, contra-subordinando a natureza e a sociedade como um meio."

https://xenosistemas.wordpress.com/2016/08/16/direto-no-dinheiro-2/

"(...) Para o aceleracionismo, a lição crucial foi esta: Um circuito de feedback negativo – tal como um “governador centrífugo” de uma máquina a vapor ou um termostato – funciona para manter algum estado de um sistema no mesmo lugar. Seu produto, na linguagem formulada pelos ciberneticistas filosóficos franceses Gilles Deleuze e Félix Guattari, é territorialização. O feedback negativo estabiliza um processo, ao corrigir a deriva e, assim, inibir o afastamento para além de um alcance limitado. A dinâmica é colocada a serviço da fixação – um estase de nível superior, ou estado. Todos os modelos de equilíbrio de sistemas e processos complexos são assim. Para capturar a tendência contrária, caracterizada por uma errância, fuga ou escapada auto-reforçadora, D&G cunharam o termo deselegante, mas influente, desterritorialização. A desterritorialização é a única coisa sobre a qual o aceleracionismo realmente sempre falou.

Em termos sócio-históricos, a linha de desterritorialização corresponde a um capitalismo não compensado. O esquema básico – e, claro, em algum grau elevado e altamente consequente, efetivamente instalado – é um circuito de feedback positivo, dentro do qual a comercialização e a industrialização mutuamente excitam uma à outra em um processo descontrolado, a partir do qual a modernidade extrai seu gradiente. Karl Marx e Friedrich Nietzsche estavam entre aqueles que capturaram aspectos importantes da tendência. Conforme o circuito é incrementalmente fechado, ou intensificado, ele exibe uma autonomia, ou automação, cada vez maior. Ele se torna mais firmemente auto-produtivo (o que é apenas o que ‘feedback positivo’ já diz). Uma vez que ele não apela a nada além de si mesmo, ele é inerentemente niilista. Ele não tem qualquer significado concebível além da auto-amplificação. Ele cresce a fim de crescer. A humanidade é seu hospedeiro temporário, não seu mestre. Seu único propósito é si mesmo.

“Acelerar o processo”, recomendaram Deleuze & Guattari em seu Anti-Édipo, de 1972, citando Nietzsche para reativar Marx. (...) O ponto de uma análise do capitalismo, ou do niilismo, é fazer mais disso. O processo não deve ser criticado. O processo é a crítica, retroalimentando a si mesmo, conforme se escala. O único caminho adiante é através, o que significa mais adentro. (...)

Nesta matriz aceleracionista germinal, não há distinção a ser feita entre a destruição do capitalismo e sua intensificação. A auto-destruição do capitalismo é o que o capitalismo é. “Destruição criativa” é o todo dele, apenas ao lado de seu retardamento, compensações parciais ou inibições. O capital se revoluciona mais completamente do que qualquer ‘revolução’ extrínseca possivelmente poderia. Se a história subsequente não justificou esse ponto para além de qualquer questão, ela pelo menos tem simulado tal justificação, em um grau enlouquecedor.

(...) O capital, em sua definição derradeira, não é nada além do fator social acelerativo abstrato. Seu esquema cibernético positivo o exaure. A fuga consome sua identidade. Qualquer outra determinação é removida como um acidente, em algum estágio de seu processo de intensificação. Uma vez que qualquer coisa capaz de alimentar a aceleração sócio-histórica necessariamente, ou por essência, será capital, o prospecto de qualquer ‘Aceleracionismo’ inequivocamente ‘de esquerda’ ganhar um ímpeto sério pode ser confiantemente descartado. O aceleracionismo é simplesmente a auto-consciência do capitalismo, que mal começou. (“Não vimos nada ainda.”, frase de Deleuze & Guattari)"

https://xenosistemas.wordpress.com/2017/05/26/uma-introducao-rapida-e-suja-ao-aceleracionismo/

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No aguardo.
 

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Penso que entendi.
Mas um só pensador não poderia definir essas prerrogativas, estamos falando da transposição do conhecimento humano para a inteligência artificial e que principalmente cognição é conhecimento e não aglomerado de informação.

Preço tem muitas variáveis, vou reler esses trabalhos para interpretar melhor.
Mas a questão agora se desloca a premissa que tem como base a necessidade existencial versos a cultural, logo se existe uma necessidade existencial que norteia a produção e existe uma necessidade cultural que norteia a produção, o preço deve primeiro ter suas diretrizes de valoração com base no mundo natural e suas disponibilidades e não na oferta e procura, o que geralmente acontece com a necessidade cultural.

Mas isso se estende.

No aguardo.

Isso aqui deve ajudar a entender a teoria do conhecimento disperso. Amanha eu posto minha visao sobre a inteligencia artificial. Acho que expliquei mal.

Isso aqui deve ajudar a entender a teoria do conhecimento disperso de Hayek rapidamente. Pq to de saida nao da pra procurar fonte melhor. Tem 2 livros bons no final do texto em pdf caso tenha interesse.
Fonte.

Hayek: Economia e Conhecimento

Frederich August von Hayek [1899-1992]

Todo processo de criação de valor depende de fontes, que vão desde a materialidade do minério de ferro para a produção de utensílios domésticos, meios menos materiais como a irradiação térmica proveniente do Sol para “gerar” energia elétrica até outros realmente subjetivos, como a criatividade de um escultor para transformar barro em uma escultura que será admirada por séculos. Dentre todas as fontes possíveis – dado que até mesmo o Sol irá apagar – somente uma é seguramente inesgotável e amplamente disponível, e é a imaginação humana.

O conhecimento é, por sua vez, a capacidade que as pessoas possuem de transformar o que elas (ou terceiros) imaginaram em ações que de fato criarão valor no mundo real. Mas como o conhecimento está distribuído, e como se apresenta? Até que ponto é possível manuseá-lo? Ou sequer conhecemos seus limites?

Valendo-se do material intelectual iniciado por Menger e aperfeiçoado por Mises, Hayek encorpou ideias cujo conteúdo tem tamanha importância que, compiladas, formam a teoria do conhecimento. Seus principais artigos sobre o tema foram Economics and Knowledge (1937) e The Use of Knowledge in Society (1945). [links para download no final desse post]

O conhecimento não é um bem material cuja posse pode ser reivindicada ou abdicada conforme a vontade daquele que o detém (ou assim pretende), tampouco pode ser transferido integralmente sem alterações. Um mesmo livro lido por duas pessoas diferentes gera conhecimentos distintos nos respectivos leitores, pois o estoque de conhecimento prévio de cada um altera a forma com que o novo conhecimento é adquirido e armazenado. Ainda, experiências futuras continuamente alterarão o novo estoque, em um processo único para cada portador do determinado saber. Dessa forma a teoria do conhecimento conforme a Escola Austríaca entende que o conhecimento é individual e obviamente limitado, dado que os seres humanos possuem limitações cognitivas intrínsecas à existência humana (ou seja, a memória tem limite).

Como o conhecimento não é um bem material, mas se encontra armazenado nos indivíduos que por sua vez estão dispersos fisicamente, o conhecimento está disperso. Cada ser humano detém uma pequena porção do conjunto completo do conhecimento existente na humanidade, conjunto tal que muda a todo instante pois a contínua ação humana dos indivíduos gera alterações nos estoques individuais, que somadas alteram o estoque total. Como o conhecimento é alterado dinamicamente não é possível formalizá-lo na mesma velocidade com que ele é modificado, por isso a maior parte do estoque de conhecimento é tácito (está na mente das pessoas e não escrito), e como nem tudo pode ser empiricamente atestado ele também é majoritariamente subjetivo e de ordem prática.

Além de disperso, o conhecimento está oculto, seja nas mentes que o armazenam ou nas aplicações práticas cuja existência dele dependem. Oculto nos indivíduos, pois só pode ser apresentado caso seu portador queira (e consiga) expô-lo a um receptor minimamente capacitado a entendê-lo. Oculto em aplicações, pois me beneficio do conhecimento de terceiros sem conhecê-lo ou compreendê-lo; por exemplo, todos os motoristas sabem que pisando no acelerador o carro de fato acelera (know how), no entanto poucos são os que sabem explicar porque isso acontece (know why).

Importante destacar que existe um subconjunto do conhecimento formalizado, o conhecimento científico. Existe também um subconjunto explícito (portanto não tácito), registrados de forma que não dependam mais do indivíduo portador, como materiais presente em livros e demais recursos de multimídia (som, imagem, vídeo). Esses atributos facilitam a transmissão, porém não retiram o caráter oculto do conhecimento, uma vez que por mais acessíveis que estejam ainda assim necessitam de um receptor apto a assimilá-lo. Eu poderia disponibilizar vídeo-aulas de cálculo diferencial a todos os habitantes de uma cidade, poucos teriam o interesse em assimilá-lo, e pouquíssimos teriam em seus estoques matemática suficiente para poder utilizá-lo.

Individualizado, disperso, oculto e em constante mutação, é certo que o conhecimento encontra-se desarticulado na sociedade.

Observando vontades reais ou potenciais, a imaginação humana cria ideias de como gerar valor às pessoas. Para viabilizar essas ideias é preciso empregar um conjunto de conhecimentos que, articulados, transformarão ideias e outras matérias-primas em produtos (materiais ou não) que de fato poderão ser consumidos. No entanto, dado que o conhecimento está desarticulado na sociedade, comumente é necessário que exista pelo menos um agente articulador que o organize de forma a viabilizar o meio de produção, criar um produto. Esse agente é o Empreendedor, e a articulação intencional e deliberada do conhecimento é o cerne da Função Empresarial. Assim funciona a economia.

Adendo 1: O desenvolvimento do conhecimento não depende necessariamente da atividade deliberada de um ou mais agentes articuladores.
Principalmente em ambientes onde impera o positivismo¹, como sociedades que simpatizam com o socialismo ou sistemas mistos, crê-se na falácia de que, sem um agente central revestido de virtuosidade e onisciência, imperará a desordem generalizada. Essa afirmação resiste à observação da história? Não.
Um dos bens mais valiosos das sociedades humanas é a linguagem. Através dela é possível transmitir o conhecimento, criar cooperação eficiente e viabilizar a vida em sociedade. Quem inventou o latim? Quem inventou o alemão? Ninguém. A linguagem é um exemplo perfeito do que Hayek descreveria como ordem espontânea. A ordem espontânea diz respeito à organização que surge sem o articulador central, mas articula-se naturalmente através do comum interesse de todos os envolvidos. No caso do exemplo acima, o interesse comum é fazer-se entender.
O Waze é outro exemplo de ordem espontânea. Sem coordenação alguma, os usuários voluntariamente atualizam e corrigem o mapa em suas respectivas localidades, além de reportarem em tempo real buracos na pista, acidentes, bafômetros e outras ocorrências de interesse dos motoristas. Como o software disponibiliza todas essas atualizações em tempo real, os usuários se beneficiam da informação ao vivo, conhecimento tal que antes lhes era totalmente oculto pois estava inacessível e disperso. Quem já usou sabe como funciona bem.

Adendo 2: A descoberta de preços orienta o processo de articulação de conhecimento.
A articulação do conhecimento ocorre em busca de fins específicos predeterminados pelo empreendedor. Quais conhecimentos articular, e para que? Os preços direcionam as respostas, transmitindo a informação de onde há menor articulação.
Altos preços comparativos podem, por exemplo, denotar baixa eficiência em um determinado setor. Articular o conhecimento de forma a criar processos mais produtivos viabilizará uma produção mais barata, e o empreendedor poderá vender tal solução com bons lucros. Ele poderia descobrir isso através de um extenso processo investigativo, assumindo altos riscos, porém pode fazê-lo com mais assertividade graças à observação dos preços. Portanto quanto melhor e mais transparente for o processo de descoberta de preços, mais eficiente é a articulação do conhecimento e, consequentemente, mais valor é gerado.

Adendo 3: A articulação do conhecimento, que outrora se apresentava desarticulado e oculto, não depende necessariamente da disponibilidade de capital próprio ou de terceiros.
A articulação inteligente do conhecimento cria valor, e o processo de criação de valor não necessariamente necessita de capital prévio.
Por exemplo, suponhamos que Luiz queira vender seu sítio, e Zé comprar um. Luiz quer vendê-lo por R$ 900 mil, Zé está disposto a pagar R$ 950 mil à vista, porém ambos não se conhecem, e eu conheço os dois. O conhecimento encontra-se desarticulado.
Então me aproximo de Luiz e compro seu sítio, entrego-o para o Zé e pego seus R$ 950 mil, então retorno e pago a Luiz os R$ 900 mil da compra. A diferença de R$ 50 mil é meu lucro, que embolsei sem gastar nada. No final Luiz está feliz porque vendeu seu sítio pela quantidade de dinheiro que pretendia, Zé feliz com seu novo ambiente de lazer sem gastar nada mais do que estava disposto, e eu com R$ 50 mil no bolso. Quem perdeu? Ninguém.

¹ Positivismo: De forma simplista, o positivismo defende a ideia de que existe um caminho ótimo para atingir o resultado ótimo, e tal caminho será tido como científico enquanto os demais serão inválidos. Segundo seus defensores, o progresso da humanidade depende exclusivamente de tais “avanços”. Por exemplo, ensinar crianças a dirigir com cautela e segurança não é uma medida positivista, no entanto multar que não usa cinto de segurança é. No positivismo eu não permito que um indivíduo escolha o que é melhor para si, ensinando-o, mas sim o proíbo de discordar do que eu entendo ser o melhor para ele. A Lei não apenas cria limites de conduta, mas também ordenanças de como os indivíduos submetidos a ela devem agir.


http://mercadordeideias.com.br/hayek-economia-conhecimento/
 

Beren_

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1.053
Penso que entendi.
Mas um só pensador não poderia definir essas prerrogativas, estamos falando da transposição do conhecimento humano para a inteligência artificial e que principalmente cognição é conhecimento e não aglomerado de informação.

Continuando.
Softwares "aprendem" o que voce como programador ensina. Eu estudei um pouco de AI na faculdade, mas Desenvolvimento de jogos eh que foca bastante na area, entõo, manjo pouco. Mas, coisas como softwares que "aprendem" sozinho já são realidade.

Eu já fiz sistema que englobava "compras". Basicamente enviávamos uma planilha excel (podia ser arquivo texto, binario, ou um formulario para ser preenchido via web) com dados do pedido como codigo do pedido, preco, prazos, etc e o sistema lia o arquivo que o vendedor retornava, e baseado nos dados o sistema sugeria as melhores condições pro comprador avaliar. Ele não tomava a decisao mas caso o comprador escolhesse um pedido com condições piores, tipo preço mais alto, ,o gerente era notificado (na tela gerencial os pedidos apareciam com uma tag vermelha) para re-avaliar, assim ajudando a evitar comprador que recebe vantagem). E o comprador podia justificar e o gerente liberava. Ou seja, a analise era feita pelo software mas a tomada de decisão era humana, as vezes preferiam comprar mais caro mas de marca melhor e fornecedor mais seguro. Motivos comerciais baseado em valor social na hora da compra. Esse valor social não dá para avaliar direito no software.

A pergunta, que é não uma pergunta a ser respondida mas um pensamento sobre a ideia de computação super acançada num futuro, é se, sendo o conhecimento informação disperso como é, seria possivel uma AI toma decisões e não somente "tratar dados" de forma fria.
Por exemplo, de posse das decisoes individuais de diversas pessoas na hora de consumir, poder decidir se um produtor de laranjas, maças, uvas e peras , que precisa escolher o que plantar, DEVA plantar/produzir X de uvas, Y de maças , Z de peras e nada de laranjas e fornecer essa quantidade para os locais exatos onde existe essa demanda. Ou seja, usando os dados econômicos de preços, estimar corretamente o que produzir.

É meio viagem eu sei. ^^
 

Munn Rá

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Acho que duas causas são que os esquerdistas estão limitados ao que é politicamente correto aceitável, o que tira grande parte do impacto da meme; e o fato de esquerdistas viverem em bolhas intelectuais que têm um dialeto próprio, com termos que não significam nada fora da bolha, ou então que tem significados distorcidos e que se perdem ao saírem das bolhas, o que atrofia o alcance e potencial de repercussão.

Fora as memes forçadas. Por exemplo, olha esse artigo do Pragmatismo Político:

https://www.pragmatismopolitico.com.br/2016/12/os-memes-mais-marcantes-e-engracados-de-2016.html

Nessa bolha esquerdista, entre as memes mais populares do ano passado estão a reforma trabalhista:

meme7.jpg


Renan Calheiros:

meme6.jpg


E a prisão do japonês da federal, coincidentemente, com essa imagem:

meme17.jpg


Dá pra ter uma idéia.

Falando nisso pelo visto a tal Máquina de Difamação Petista em pleno vapor contra o Bolsonaro

Basta comentar algo que signifique apoio que vem MAVs aos montes com os mesmo " papinhos "
 

o espicialista

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we can get rid of ‘left’ and ‘right’, if we just get technology right

Eu acho que no fundo no fundo a maioria pensa assim, especialmente em relação ao capitalismo (porque é o sistema mais relevante a muito tempo)
 

pavomba

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Eu acho que o tópico não deslanchou porque primeiro, "Konami Code" não é exatamente um termo que você associe facilmente à idéia de que a definição de esquerda e direita meio que se perdeu e hoje ela foi simplificada a ponto de que muita gente considere o PSDB como um partido de direita. Quando nem as pessoas que conheçam o termo Konami Code conseguem fazer a ligação entre uma coisa e outra, significa que a analogia não funcionou.

Segundo que tem uma verdadeira dissertação de mestrado no tópico, com paredes de texto truncadas em inglês e outros textos complexos, e o termo continua impossível de sintetizar de uma forma clara e acessível. Com um detalhe: num fórum de joguinho.

Minha opinião: masturbação de ego.

Resumo da Opera

O livre mercado como comunismo pleno já que indivduos poderiam testar as idéias sem estado do comunismo sem o estado em si meter o bedelho.

Acelerionismo/anarco transhumanismo como fase final, nesse ponto tu chuva uma arvore e cai um robô, basicamente o pessoal faria o que bem entendesse e poderia se modificar de diversas maneiras, ao ponto de chegar a singularidade.

A singularidade seria uma era aonde a evolução iria acontecer a velocidades absurdas graças a inteligência artificial, imagine que se acontecesse algo do tipo agora, daqui 5 anos estaríamos nível Mass Effect. O contraponto disso? Talvez a graça de evoluir naturalmente para alguns, e o fato de poder dar m**** como foi com a Skynet e o Ultron, ambas IAs que aprenderam em segundos e decidiram que a humanidade é uma ameaça a tudo.

Olha que nem li o tópico, mas dado meu chute, o @Pingu77 está dizendo que o conceito de evolução de socialismo a comunismo de Marx é ultrapassado, Bakunin mesmo já havia refutado isso ao falar que dar todo poder ao estado que seria formado de poucas pessoas é pedir para que fosse pior que o Czar, e sim que a fase final só seria atingida porque o capitalismo + tecnologia ajudou os indivíduos a terem melhores condições a ponto de se auto sustentarem.
 

Razzoriel

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TL;DR -> Esquerda perde os argumentos e tem que botar dinheiro em tudo quanto é tipo de argumentação furada pra encher linguiça e desandar os debates. Por isso que demorava mais de uma vida pra aprender toda a teoria marxista em Frankfurt; prende os caras no buraco negro e deixa eles no mundo fantástico de Bobby.
 

Berofh Erutron

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Isso aqui deve ajudar a entender a teoria do conhecimento disperso. Amanha eu posto minha visao sobre a inteligencia artificial. Acho que expliquei mal.

Isso aqui deve ajudar a entender a teoria do conhecimento disperso de Hayek rapidamente. Pq to de saida nao da pra procurar fonte melhor. Tem 2 livros bons no final do texto em pdf caso tenha interesse.
Fonte.

Hayek: Economia e Conhecimento

Frederich August von Hayek [1899-1992]

Todo processo de criação de valor depende de fontes, que vão desde a materialidade do minério de ferro para a produção de utensílios domésticos, meios menos materiais como a irradiação térmica proveniente do Sol para “gerar” energia elétrica até outros realmente subjetivos, como a criatividade de um escultor para transformar barro em uma escultura que será admirada por séculos. Dentre todas as fontes possíveis – dado que até mesmo o Sol irá apagar – somente uma é seguramente inesgotável e amplamente disponível, e é a imaginação humana.

O conhecimento é, por sua vez, a capacidade que as pessoas possuem de transformar o que elas (ou terceiros) imaginaram em ações que de fato criarão valor no mundo real. Mas como o conhecimento está distribuído, e como se apresenta? Até que ponto é possível manuseá-lo? Ou sequer conhecemos seus limites?

Valendo-se do material intelectual iniciado por Menger e aperfeiçoado por Mises, Hayek encorpou ideias cujo conteúdo tem tamanha importância que, compiladas, formam a teoria do conhecimento. Seus principais artigos sobre o tema foram Economics and Knowledge (1937) e The Use of Knowledge in Society (1945). [links para download no final desse post]

O conhecimento não é um bem material cuja posse pode ser reivindicada ou abdicada conforme a vontade daquele que o detém (ou assim pretende), tampouco pode ser transferido integralmente sem alterações. Um mesmo livro lido por duas pessoas diferentes gera conhecimentos distintos nos respectivos leitores, pois o estoque de conhecimento prévio de cada um altera a forma com que o novo conhecimento é adquirido e armazenado. Ainda, experiências futuras continuamente alterarão o novo estoque, em um processo único para cada portador do determinado saber. Dessa forma a teoria do conhecimento conforme a Escola Austríaca entende que o conhecimento é individual e obviamente limitado, dado que os seres humanos possuem limitações cognitivas intrínsecas à existência humana (ou seja, a memória tem limite).

Como o conhecimento não é um bem material, mas se encontra armazenado nos indivíduos que por sua vez estão dispersos fisicamente, o conhecimento está disperso. Cada ser humano detém uma pequena porção do conjunto completo do conhecimento existente na humanidade, conjunto tal que muda a todo instante pois a contínua ação humana dos indivíduos gera alterações nos estoques individuais, que somadas alteram o estoque total. Como o conhecimento é alterado dinamicamente não é possível formalizá-lo na mesma velocidade com que ele é modificado, por isso a maior parte do estoque de conhecimento é tácito (está na mente das pessoas e não escrito), e como nem tudo pode ser empiricamente atestado ele também é majoritariamente subjetivo e de ordem prática.

Além de disperso, o conhecimento está oculto, seja nas mentes que o armazenam ou nas aplicações práticas cuja existência dele dependem. Oculto nos indivíduos, pois só pode ser apresentado caso seu portador queira (e consiga) expô-lo a um receptor minimamente capacitado a entendê-lo. Oculto em aplicações, pois me beneficio do conhecimento de terceiros sem conhecê-lo ou compreendê-lo; por exemplo, todos os motoristas sabem que pisando no acelerador o carro de fato acelera (know how), no entanto poucos são os que sabem explicar porque isso acontece (know why).

Importante destacar que existe um subconjunto do conhecimento formalizado, o conhecimento científico. Existe também um subconjunto explícito (portanto não tácito), registrados de forma que não dependam mais do indivíduo portador, como materiais presente em livros e demais recursos de multimídia (som, imagem, vídeo). Esses atributos facilitam a transmissão, porém não retiram o caráter oculto do conhecimento, uma vez que por mais acessíveis que estejam ainda assim necessitam de um receptor apto a assimilá-lo. Eu poderia disponibilizar vídeo-aulas de cálculo diferencial a todos os habitantes de uma cidade, poucos teriam o interesse em assimilá-lo, e pouquíssimos teriam em seus estoques matemática suficiente para poder utilizá-lo.

Individualizado, disperso, oculto e em constante mutação, é certo que o conhecimento encontra-se desarticulado na sociedade.

Observando vontades reais ou potenciais, a imaginação humana cria ideias de como gerar valor às pessoas. Para viabilizar essas ideias é preciso empregar um conjunto de conhecimentos que, articulados, transformarão ideias e outras matérias-primas em produtos (materiais ou não) que de fato poderão ser consumidos. No entanto, dado que o conhecimento está desarticulado na sociedade, comumente é necessário que exista pelo menos um agente articulador que o organize de forma a viabilizar o meio de produção, criar um produto. Esse agente é o Empreendedor, e a articulação intencional e deliberada do conhecimento é o cerne da Função Empresarial. Assim funciona a economia.

Adendo 1: O desenvolvimento do conhecimento não depende necessariamente da atividade deliberada de um ou mais agentes articuladores.
Principalmente em ambientes onde impera o positivismo¹, como sociedades que simpatizam com o socialismo ou sistemas mistos, crê-se na falácia de que, sem um agente central revestido de virtuosidade e onisciência, imperará a desordem generalizada. Essa afirmação resiste à observação da história? Não.
Um dos bens mais valiosos das sociedades humanas é a linguagem. Através dela é possível transmitir o conhecimento, criar cooperação eficiente e viabilizar a vida em sociedade. Quem inventou o latim? Quem inventou o alemão? Ninguém. A linguagem é um exemplo perfeito do que Hayek descreveria como ordem espontânea. A ordem espontânea diz respeito à organização que surge sem o articulador central, mas articula-se naturalmente através do comum interesse de todos os envolvidos. No caso do exemplo acima, o interesse comum é fazer-se entender.
O Waze é outro exemplo de ordem espontânea. Sem coordenação alguma, os usuários voluntariamente atualizam e corrigem o mapa em suas respectivas localidades, além de reportarem em tempo real buracos na pista, acidentes, bafômetros e outras ocorrências de interesse dos motoristas. Como o software disponibiliza todas essas atualizações em tempo real, os usuários se beneficiam da informação ao vivo, conhecimento tal que antes lhes era totalmente oculto pois estava inacessível e disperso. Quem já usou sabe como funciona bem.

Adendo 2: A descoberta de preços orienta o processo de articulação de conhecimento.
A articulação do conhecimento ocorre em busca de fins específicos predeterminados pelo empreendedor. Quais conhecimentos articular, e para que? Os preços direcionam as respostas, transmitindo a informação de onde há menor articulação.
Altos preços comparativos podem, por exemplo, denotar baixa eficiência em um determinado setor. Articular o conhecimento de forma a criar processos mais produtivos viabilizará uma produção mais barata, e o empreendedor poderá vender tal solução com bons lucros. Ele poderia descobrir isso através de um extenso processo investigativo, assumindo altos riscos, porém pode fazê-lo com mais assertividade graças à observação dos preços. Portanto quanto melhor e mais transparente for o processo de descoberta de preços, mais eficiente é a articulação do conhecimento e, consequentemente, mais valor é gerado.

Adendo 3: A articulação do conhecimento, que outrora se apresentava desarticulado e oculto, não depende necessariamente da disponibilidade de capital próprio ou de terceiros.
A articulação inteligente do conhecimento cria valor, e o processo de criação de valor não necessariamente necessita de capital prévio.
Por exemplo, suponhamos que Luiz queira vender seu sítio, e Zé comprar um. Luiz quer vendê-lo por R$ 900 mil, Zé está disposto a pagar R$ 950 mil à vista, porém ambos não se conhecem, e eu conheço os dois. O conhecimento encontra-se desarticulado.
Então me aproximo de Luiz e compro seu sítio, entrego-o para o Zé e pego seus R$ 950 mil, então retorno e pago a Luiz os R$ 900 mil da compra. A diferença de R$ 50 mil é meu lucro, que embolsei sem gastar nada. No final Luiz está feliz porque vendeu seu sítio pela quantidade de dinheiro que pretendia, Zé feliz com seu novo ambiente de lazer sem gastar nada mais do que estava disposto, e eu com R$ 50 mil no bolso. Quem perdeu? Ninguém.

¹ Positivismo: De forma simplista, o positivismo defende a ideia de que existe um caminho ótimo para atingir o resultado ótimo, e tal caminho será tido como científico enquanto os demais serão inválidos. Segundo seus defensores, o progresso da humanidade depende exclusivamente de tais “avanços”. Por exemplo, ensinar crianças a dirigir com cautela e segurança não é uma medida positivista, no entanto multar que não usa cinto de segurança é. No positivismo eu não permito que um indivíduo escolha o que é melhor para si, ensinando-o, mas sim o proíbo de discordar do que eu entendo ser o melhor para ele. A Lei não apenas cria limites de conduta, mas também ordenanças de como os indivíduos submetidos a ela devem agir.


http://mercadordeideias.com.br/hayek-economia-conhecimento/


Que bom que esse tópico subiu, eu não tinha lido tudo.

Obrigado por compartilhar.

Eu entendi que há uma pequena confusão entre, informação, conhecimento e experiência, mas para desenvolver melhor preciso ler os trabalhos de Hayek para compreender se é uma intepretação de viés econômico ou filosófico.

Vou ler o outro post, agora.
 

Beren_

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Que bom que esse tópico subiu, eu não tinha lido tudo.

Obrigado por compartilhar.

Eu entendi que há uma pequena confusão entre, informação, conhecimento e experiência, mas para desenvolver melhor preciso ler os trabalhos de Hayek para compreender se é uma intepretação de viés econômico ou filosófico.

Vou ler o outro post, agora.
Eu tb tinha esquecido do topico kkk.

Voltarei.
 

sparcx86_GHOST

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Marxismo de direita é o nazismo.
Não sei se seu intuito era este mas para mim é o que mais se aproxima desta abordagem!!!
 

Flango Chines

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Eu acho que sou muito burro.
Sou um cara simples, gosto de discursos simples.
Essa mistureba textual não me apetece.

Marx tem um grande pensamento: os meios de produção se impõem socialmente como um imperativo efetivo.

Marx é um b*sta que nunca trabalhou na vida, nunca botou os pés em uma indústria e acha que tem moral pra falar alguma m****.
E "meios de produção" não se impõe.
Produção e consumo são interdependentes.
Um não existe sem o outro.

Como já vimos, a biologia e a economia (de forma mais geral) estão dispostas a concordar.

Explique-me como a biologia e a economia concordam com esse absurdo?
Concordam tanto que o homem já é capaz de ir ao espaço...

A digressão por si só é uma perversão da ordem natural e social.

Deveríamos ainda viver em cavernas, então?
Nosso cérebro tem capacidades extras que não deveriam ser usadas, é isso?
O homem utilizar sua inteligência não me parece ser algo "não-natural".

efensores do mercado – os austríacos mais proeminentemente – tomaram o lado da economia contra Marx

Não foram os defensores do mercado.
Foi o próprio mercado.
Basta ver o que aconteceu nos países que adotaram o marxismo.
Deu m****.
Muita m****.
Os austríacos apenas constataram as causas e alertaram sobre o resultado.


negando que a autonomização do capital seja um fenômeno a ser reconhecido.

Não existe capital despropositado no livre mercado.
Capital sem propósito gera apenas desperdício e tende a ser extinto.
É como queimar dinheiro.

Quando Marx descreve a burguesia como órgãos robóticos do capital auto-direcionador

O que diabos é capital auto-direcionador?

a velha resposta liberal tem sido defender a humanidade e a agência da classe economicamente executiva, como expressa na figura do empreendedor.

Defender a humanidade.
É uma expressão abaitolada para "natureza humana"?
Vou supor que "agência" seja manutenção.


O Marxismo de Direita

Baboseira das grandes.
Marxismo prega luta de classes.
Prega o fim de uma suposta opressão e a criação do novo homem, livre de seus "defeitos" naturais.
A direita (o capitalismo liberal) não acredita em luta de classes.
A direita não acredita em opressão e prega a aceitação da natureza humana.
Não faz o menor sentido a expressão Marxismo de Direita.
Os esquerdistas estão tão desesperados que estão tentando deturpar o sentido das coisas.
Em outro tópico já disseram que Mises era socialista.
O sujeito inclusive não provou nada, colocou o rabinho entre as pernas e ficou caladinho.
Em mais outro disseram que nazismo era de direita, capitalista!
Em outro disseram que no BR não existe partidos de esquerda!
Qual será a próxima mentira?

alinhado com a autonomização do capital (e completamente despojado da absurda TVT)

O que é TVT?

A assinatura de seus proponentes seria uma defesa da acumulação de capital enquanto um fim-em-si-mesmo, contra-subordinando a natureza e a sociedade como um meio.

A acumulação do capital sempre foi e sempre será o alicerce de tudo.
Todo mundo quer acumular riqueza.
O que os esquerdas não enxergam é que esse dinheiro acumulado não fica parado debaixo de um colchão.
Ele circula e ajuda a impulsionar a criação de mais e mais capital, para toda a população.
O ciclo é simples:
INVESTIMENTO - LUCRO - POUPANÇA.
Essa poupança será repassada para o resto da população mediante bancos.
É algo simples mas que eles fingem não existir.
Querem colocar na cabeça das pessoas que o sujeito vai botar tudo na torre do tio patinhas.

Quando a otimização de inteligência é auto-montada dentro da história, ela se manifesta enquanto digressão que escapa, ou acumulação de capital real (que é mistificada por sua representação financeira). Crudificada ao limite – mas não além – ela é robótica geral (produção indireta escalada). Talvez não devêssemos esperar que ela seja claramente anunciada, porque – estrategicamente – ela tem toda a razão para se camuflar."

Não entendi nada deste parágrafo.
Tem tradução simples?
E voltando ao "não-natural", é Marx que quer ir contra a naturalidade do ser humano.
Marx odeia tanto a natureza humana que ele quer criar o novo homem.
O homem remodelado, aperfeiçoado.
Se tem uma ideologia que quer ir contra a natureza, é a marxista.
 

fbr

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Entrei por causa do título que achei engraçado e zueiro, aí me deparo com milhares de wall of text, visando dar base para tal título aí vi que tecnicamente a intenção é séria, mas sinceramente, desconfio de toda e qualquer atuação complexa para servir de base para um argumento... Aposto que vai dar margem para interpretações contrárias assim como o próprio termo esquerda e direita nos moldes de hoje, por exemplo.

No mais, me resumo a apenas ler os comentários dos colegas, não vou ter nível técnico para ler esse monte de walls of text e argumentar ou contra argumentar o ponto de vista não, mas vou partir da suposição que é uma grande viagem este tópico, já que ele visa ser tão complexo.... hue
 

Pingu77

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Passagens relevantes de uma crítica bem foda e com tendências muito próximas ao marxismo de direita:

"O super-homem de Blade Runner não é o CEO de ponta nem o cientista iluminado, mas o fugitivo Roy Batty do filme original, ausente na continuação lançada neste ano. Roy não somente abandonou a ordem social estruturada brutalmente para uma vida de disciplina e obediência, como também, junto dos demais replicantes em fuga, fez do bando outro modo de existência. Os quatro replicantes formam em Blade Runner um grupo que se reterritorializa na própria linha de desterritorialização, sem recair em novos arcaísmos. Não estão simplesmente fugindo, eles fazem da fuga um novo agenciamento, compõem as zonas de trânsito, — entre humano e não-humano, lembranças reais e implantes, passado e futuro, — em poder da nuança para engendrar o próprio desejo noutros termos, por outros meios. De fato, eles não passam nos testes de empatia, o que, no entanto, não configura uma ausência. O não reconhecimento por eles dos constructos afetivos humanos — e, portanto, dos hábitos gregários e das instituições sociais, — não passa da face negativa daquilo que realmente faz a diferença: a positividade de desejo maquinada pela vida comum do quarteto rebelde. Não passar no teste de Voight-Kampf, para esses replicantes, implica um surplus de vitalidade e não uma falta condoída. Naquele filme, todos estão sozinhos, humanos ou não-humanas mas apenas a solidão compartilhada entre os quatro, em sua profunda indecidibilidade vivida (de onde viemos? quando morremos?), preenche o horizonte sem horizonte de uma carga esquizofrênica libertária. É na solidão guerreira que os replicantes montam uma máquina de guerra. Roy não é um sacerdote que trafica a justiça divina para verter uma nova esperança em bocas crédulas, mas um profeta que vira o rosto ao Criador. Pelo seu gesto de traição-criação, se aproxima mais do super-homem do que os gurus ambiciosos. Eis aí o tema de um messias profano que cumpre o comandamento divino melhor do que o próprio Deus traído. Mas os clarões de Roy não iluminam o mundo neonoir como os patriarcas gostariam de fazer, repondo um novo sol. São menos e mais do que isso, espasmos de loucura, uma dança diabólica na beira do caos, vidência em estado bruto. Esse ver implícito na ética da matilha, com o que Roy detecta e intercepta devires perigosos, nada que ver com a predição nunciativa de Freysa, que promete a volta de poderes de um passado inerte, ainda que projetado num futuro bem aventurado. Caso emblemático de como o maior grau de potência pode residir antes num frenesi abortivo, como dos ciborgues que se consomem na própria dança de morte, do que na pretensão gerativa de um coletivo político que fica na dependência de um messias em carne e osso.

(...)

Em Blade Runner, contudo, o todo não está dado. A incidência de um programa informático, de uma rotina cibernética ou de um código genético não determina a ação, não obriga o futuro a decorrer do presente, nem força os passados a serem-lhe antecedentes lógicos. As condições do tempo real condicionam a liberdade àquilo que nos acontece, em toda a sua plasticidade e materialidade, mas nada impede que se afirme o fato acontecido e a liberdade de viver nele (amor fati). O tempo não é mero desdobramento do Mesmo, mas introdução de contingência num mundo, por mais controlado seja ele. O que fizermos dele — restabelecendo um vínculo com esse mundo, reconquistando-o com uma memória ativa — se confunde com o que fazemos de nós mesmos, seres do tempo assim como as coisas. A angústia de K decorre da percepção não de um destino pré-definido, mas da ausência dele, de ter sido empurrado a viver o paradoxo dos estoicos: programado, porém que inusitadamente começa a desprogramar-se.
"

CRÍTICA DE "BLADE RUNNER 2049" (Denis Villeneuve, 2017)

"Um olho esverdeado se abre no plano inicial. A íris é agigantada pelo zoom até dar lugar, com o corte, ao monumental plano em que somos colocados para sobrevoar incontáveis fazendas hidropônicas, uma imensidão de agricultura futurista, centenas e centenas de quilômetros até onde a vista alcança. Agrupadas em complexos ovoides que lembram olhos justapostos, as fazendas irradiam a mesma coloração verde, ou o mesmo tom ocre do lusco fusco atmosférico que vai preencher os exteriores ao longo do filme, esverdeados, azulados, amarelados. Não haverá sol no céu de Blade Runner, apenas a luz indireta que se entremeia como que vinda de todas as direções e nenhuma. No filme de 1982, a fumaça irrompia de chaminés colossais ou então de buracos abruptamente rasgados no pavimento da cidade baixa, como gêiseres artificiais de fuligem. No filme de 2017, a fumaça se desprende não só da cobertura de sujeira e da camada de entulho onipresentes, como também dos cinturões de instalações hidropônicas que, como nos é elucidado logo no começo, num passado recente salvaram a humanidade da fome causada pela devastação do meio ambiente, apesar da persistência residual de nuvens radioativas e ocasionais chuvas ácidas. Parece que por toda parte uma névoa entrecortada por raios de luz indireta preenche os lugares, borrando os contornos de seres e coisas, como uma greda gasosa no umbral da percepção. Sobre as nuvens pode estar espreitando a ronda de um drone assassino; entre a poeira, se estende um fio quase invisível armadilhado a uma bomba. Em Blade Runner, o olho tem de divisar as diferenças, recompor as nuances que os ambientes enevoados confundem. É questão de vida ou morte.

O olho que vê é também o olho visto. Basta lembrar o famoso efeito dos olhos brilhosos, criado por Fritz Lang e adotado por Ridley Scott no Blade Runner de 1982: a única diferença visível da coruja biodesenhada reside no halo amarelado sobreposto à retina. Naquele filme, a primeira visita da gangue dos renegados em busca de conhecimento havia sido, não à toa, numa fábrica de olhos. No filme-sequência deste ano, o arquivilão sintomaticamente não enxerga com os próprios olhos, ele é cego e, ao mesmo tempo, multiocular. Drones ameaçadores multiplicarão os pontos de visada, com seus incrementadores de espectro e sensibilidade. Num mundo obcecado pela relação entre cópias e autenticidade, a chave para desmascarar o falso humano está no olho. Uma das maneiras de determiná-lo consistia, justamente, em pôr o olho em primeiro plano. A dilatação das pupilas durante um teste Voight-Kampf que permitia denunciar um replicante camuflado. Ou os tremores e fibrilações do replicante K, quando submetido a uma bateria de testes para verificar se não passou para o outro lado, para a margem perigosa do inumano. Por que o faria atravessar esse limiar? Porque passou a ver. K não pode conviver com o que vê, está incontrolavelmente a milhas distante de sua linha base. E Roy Batty viu coisas. Grandes demais, belas demais, plenitudes feéricas, catástrofes cósmicas, vocês não poderiam nem mesmo imaginar. Os demais podem não ver, não querem ver, mas daqui por diante nada pode mais ser como antes. A situação mudou. O caminho de K e Joi será o mesmo do bando de Roy: fugir.

Blade Runner, os dois filmes, desdobram um mundo pós-apocalíptico. Como se queira chamar, o blecaute, o cataclismo climático, o Big One, não importa, o Evento, o Acidente já aconteceu. Estamos num futuro depois do futuro, sem possibilidade de retorno senão como uma imagem esmaecida e sem poder, nostálgica. A classe dominante migrou para outros mundos a ser terraformados, o que não lhes deixou saudade. Nenhuma dor da consciência em abandonar a anciã Gaia, pois os ricos podem comprar todo o conforto que a tecnologia propicia. Não é mais problema deles. Os perdedores ficaram para trás, amontoados nos bolsões superpoluídos e superpovoados das cidades baixas. Nessa metrópole babélica, o constante bombardeio luminoso e sonoro nas ruas provoca uma sensação de saturação tal que os seus habitantes são impedidos até mesmo de ver, de ver o que quer que seja. Não tanto pela falta de estímulos e informações, mas pelo excesso que frustra qualquer economia perceptiva. Não há tempo para digerir os dados, metabolizar os processos, orientar-se em meio ao caos, apenas prazeres instantâneos, felicidades plásticas e hologramas sedutores. Dessa balbúrdia de concreto e neon que igualmente se derrama até onde a vista alcança, ergue-se a alturas espantosas o zigurate da corporação Wallace. A arquitetura imponente, os interiores clean e austeros e o silêncio são o avesso da confusão da cidade baixa, um contraste total. No interior do zigurate, não há memorabilia da Terra antes do colapso, nem lembrancinhas ou produtos do passado que, lá embaixo, seriam valiosos, como animais, madeiras e outros materiais orgânicos. No universo de Blade Runner, a nostalgia é artigo somente da ralé que padece dos efeitos da catástrofe ambiental e que, portanto, sonha com as velhas paisagens e tranquilidades. É como se os esparsos habitantes dessa cidade alta se enxergassem a si próprios como a vanguarda de um mundo cuja linha do tempo fora seccionada em relação ao passado histórico dos de baixo. Vivem numa redoma estilizada que se libertou das ocupações humanas, de seu sentimentalismo vulgar, seus horizontes rebaixados. A elite em Blade Runner cultiva um modernismo descomplexado que encontra na rarefação dos espaços e na libertação das formas o descolamento definitivo com uma sociedade chã e degenerada. Tal ambiente hipermoderno é concomitantemente ultra-arcaico, reunindo os dois polos que geralmente se compenetram no gênero cyberpunk. Em algumas cenas, é como se, à maneira da geometria arquitetônica das pirâmides, um sol ausente passasse recortando as superfícies de sombras em ângulos agudos e ortogonais. Noutras cenas no interior do zigurate, suas paredes são sobrepostas com projeções luminosas que parecem líquidos vibratórios, uma ondulatória que contribui para conferir um caráter germinal. O efeito da composição é reforçado por meio de uma trilha sonora gutural, mântrica, pré-histórica. Um volumoso ooooom que ressoa pelo templo do Deus biomecânico e seu berçário de anjos cibernéticos. Uma oficina das argilas primevas.

Na história do filme, a megacorporação Wallace desbancou a antiga Tyrrel, que dominava o mercado da engenharia genética na época do primeiro Blade Runner. Com isso, a Wallace tornou-se a líder absoluta da quarta revolução industrial. É a empresa que, no filme, assina quase todos os produtos holográficos, informáticos e biogenéticos que vão aparecendo. Tanto a Tyrrel quanto a Wallace são empresas pós-fordistas. Em suas matrizes, não vemos quase nenhum funcionário, nenhuma setorização. Os edifícios parecem guarnecidos só por um ou outro atendente e, a seguir, já se chega ao nível seguinte dos executivos de alto padrão (Luv), impregnados de iniciativa, competitividade (“eu sou a melhor”) e pulsões predatórias (“sua coisinha frágil”). E vamos constatar que a Wallace é o topo da pirâmide de uma cadeia produtiva terceirizada e subproletária. A empresa é abastecida por produtos fabricados em sweatshops operadas por trabalho infantil (como a fábrica mostrada no filme, sob a gerência de Sr. Cotton), além de dispor de uma rede de terceirizados subcontratados, — como nos conta ser a fornecedora de memórias pré-fabricadas (Ana Stelline). No cenário pós-moderno, não só o mundo industrial se fragmentou drasticamente em linhas e sublinhas de montagem municiadas por trabalho precário, como convive com uma massa de excluídos, à margem do sistema (nos corredores dos prédios, os mendigos high tech a que o gênero por vezes reserva o papel de videntes), além dos circuitos da economia informal (Doc Badger), de subproletários e subempregados (Mariette e suas colegas) e de um contingente indispensável de neoescravos (as crianças, os robôs de prazer, os próprios modelos novos de replicante). O pós-fordismo da classe criativa de designers, desenvolvedores de tecnologia e engenheiros da computação é a outra metade da mesma laranja de um novo capitalismo mundializado e integrado, que funciona na forma de uma cadeia global de valor que também vai conter os desmanches de navios de Bangladesh, as fábricas de suor da África Oriental e um oceano de favelização ininterrupta. Se, no filme de 1982, o presidente da Tyrrel remetia à nova classe de executivos-nerds da IBM e da Atari; agora, em 2017, Niander Wallace é um CEO à moda Google. Cada guru com sua própria mitologia empreendedora, signos e rituais. Comparem-se os óculos pesados e o ar de meia idade amadurecida de Eldon no primeiro Blade Runner — por sinal, Dr. Eldon — e o visual descolado e hipster de Niander, o bilionário trintão. Naquele filme, o quarto luxuoso de um imperador, preenchido de cortinas, uma cama espaçosa, centenas de velas e uma mesa de xadrez; neste, consolidada a tomada do poder pelos executivos prafrentex, aposentos minimalistas, sobriedade zen, a captura da arte moderna.

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Uma das insuficiências do filme de Villeneuve está no modo como a resistência se apresenta. As tropas rebeldes aparecem primeiro na cena em que K sobrevoa a área reservada para o despejo dos refugos industriais. Trata-se do lixão do mundo fordista, um mar de ferro velho por todo lado, como mostrado em mais um plano colossal. É nessa mesma paisagem que exprime a fragmentação irreversível da era industrial onde se localiza a fábrica de Sr. Cotton, — ele próprio um membro do subproletariado, um clochard que agora se dedica a escravizar os trabalhadores mirins. Os rebeldes emergem pela primeira vez, precisamente, na superfície dessa civilização de metal retorcido e plástico velho. Como se estivessem organicamente incorporados à montanha de rejeitos que reciclam como armas e apetrechos, eles próprios velhos instrumentos e máquinas descartadas diante do avanço do progresso. A referência, aqui, é Mad Max, uma mescla de armas arcaicas e avançadas: o carro de K é abatido ao ser atingido por um lançador de arpão. Quando o projétil se engancha na lataria do carro voador, o dispositivo desfralda uma espécie de para-raios que, ao entrar em contato com a atmosfera ácida, catalisa uma corrente que vai curto-circuitar os sistemas eletrônicos do veículo. Na cena seguinte, Blade Runner dá um exemplo de como funciona, na era do Império, uma guerra assimétrica entre poderes constituídos e insurgentes. Pois ali a desproporção de meios e tecnologias é absoluta. Sob o controle remoto de Luv, um drone militar com precisão cirúrgica aniquila a tropa rebelde, como se a replicante no comando estivesse praticando tiro ao pato. Luv os mata aborrecidamente enquanto faz as unhas, mostrando o quão cruel pode ser uma distopia em que os criativos tomaram o poder. Os insurgentes são forçados a imergir na montanha de destroços, rumando de volta à clandestinidade do subterrâneo em que irão ressurgir na cena da conversão de K, mais a frente. Os rebeldes conspiram das catacumbas nas circunvizinhanças da capital e essa não é a única alusão que o novo Blade Runner faz aos cristãos primitivos perseguidos pela Roma Imperial.

Blade Runner 2049 faz uma radiografia das três componentes antropológicas do processo produtivo com o fim do fordismo industrial. No topo da pirâmide, artistas e designers, os escultores do barro, os legisladores da nova realidade, com seus laboratórios inventivos e ventres de plástico. A educação evidentemente superior os tornou arrogantes, e tratam com desdém a massa nas camadas de base da pirâmide: simplórios, iletrados, sem cultura. Na camada intermédia dessa tríade, estão os trabalhadores que fornecem a matéria para os sonhos de grandeza das elites. Em sua maioria, esse segmento se compõe de uma população de replicantes de novo modelo, mais disciplinados, além de gestores, policiais e batalhadores em geral, integrantes de um povo reunido sob a influência de lideranças religiosas ou despóticas, — tais como a comissária Joshi ou o próprio gerente Cotton. Estão atravessados por uma pulsão autoritária a que se apegam como mecanismo defensivo ante uma situação de insegurança e caos, orientando-se, assim, por referenciais que lhes nutram a ilusão de ordem e estado, sem o que a sociedade seria impossível. E, finalmente, a terceira e mais baixa camada, a da ralé, dos absolutamente excluídos, os foras-da-lei, criminosos, guerrilheiros que, exatamente, se organizam para destruir a sociedade. Nos termos de Slavoj Zizek (Living in the end times, 2010), esse esquema triádico secreta blocos discursivos, — 1) multiculturalistas ilustrados elitistas, 2) populistas fundamentalistas conservadores e 3) excluídos antipolíticos potencialmente terroristas, — mas isto não significa uma divisão entre classes, mas uma simples segmentação interna à composição técnica da sociedade. Ainda com Zizek, a representação que cada segmento faz dos outros dois, em pares sucessivos e entrecruzados, se resolve numa guerra cultural de soma zero que assinala o principal impasse da civilização pós-fordista e pós-moderna. A resultante negativa é o impasse em reconstituir uma subjetividade revolucionária à altura dos desafios, que fosse capaz de impulsionar uma nova configuração para a luta de classe. É essa, em termos gerais, a concepção desdobrada pelo segundo Blade Runner, quando a guerrilha entra em cena. Essa organização clandestina de caráter conspiratório se esconde nas sombras e promove uma insurgência que se mobiliza pela relação mecânica e negativa entre exclusão e destruição. Coloca-se no exterior do sistema para, desde a sua desconexão total, golpeá-lo sem correr o risco da reabsorção ou cooptação.

O campo cego das resistências no Blade Runner de Villeneuve consiste na ausência de uma genealogia do movimento a partir da riqueza da cidade baixa, ainda que esta se insinue em diversas cenas. Ainda que a operária do sexo Mariette, criatura da metrópole horizontal, seja quem faça a ligação entre a guerrilha e o agora desertor K, é como se a pirâmide corporativa de Blade Runner 2049 fosse dissociada e não dependesse da exploração da usina biopolítica que se alastra no nível do solo. Sem remontar à gênese dessa multiplicidade de agenciamentos, a vanguarda de excluídos fica parecendo mais um dado de fato que cai do céu do que um processo real de formação da subjetividade. É como se a guerrilha ainda esperasse por um apocalipse e um juízo final a chegar, ofertando uma nova esperança como moeda de troca pela fé, — como se o universo já não subsistisse, desde o começo, segundo uma realidade pós-apocalíptica. Essa seria uma lógica de redenção de filmes como Stars Wars, ainda sob a égide de um outro mundo possível. Veja-se, por exemplo, o mais idealista da série: Rogue One (Gareth Edwards, 2016) ou mesmo o Episódio IV: uma nova esperança (George Lucas), que reafirma um sonho estremecido naquele ano fatídico de 1977. Ao seccionar a relação necessária entre a base multitudinária e o topo do zigurate pós-fordista, o segundo Blade Runner termina por flertar com a ideologia dos novos empreendedores moldados pela luz radiante do Vale do Silício e, mais em geral, do multiculturalismo típico da casta criativa. Os responsáveis pelo progresso são os Autores, os Gênios do Futuro, indivíduos virtuosos como Steve Jobs ou Mark Zuckerberg, Sebástian no 1º filme ou então Niander no 2º, — e não o General Artist que se transfunde pelas redes de alta intensidade de cooperação inter-específica e transversal da metrópole. Opera aí um modelo hilemórfico: os admiráveis criadores das ideias conferem forma e estrutura ao barro inerte provido pela carne da multidão, — pelo “eles” confeccionado sob medida por um procedimento que Edward Said chamava de othering. Dimensionar a resistência como operação reativa dos de fora contra os de dentro repercute, pela via transversa, o mesmo apagamento conveniente do nexo necessário entre a potência biopolítica das multidões híbridas e o funcionamento brutal do biopoder. Isso convida, de um lado, à visão mistificada de uma massa de excluídos que seria totalmente descartável, que a elite poderia exterminar impunemente como Luv o fez com os rebeldes e, de outro lado, à redução unilateral da lógica essencialmente bivalente da matriz biopolítica do poder a seu aspecto de vigilância e controle, achatando com isso a análise do capitalismo num relato distópico e fechado de ainda outro totalitaritarismo, desta vez de silício.

Não podemos por conseguinte apostar na emergência das resistências sob a liderança de Freysa no filme, que demanda do protagonista K nada menos do que uma conversão militante, um fideísmo súbito e total. Não à toa, a primeira missão que os conspiradores pedem do ex-policial é que ele cometa um assassinato de um inocente (Deckard), apenas porque ele possui informações estratégicas. O sabor que fica dessa construção é sectário, análogo quem sabe ao grupo renegado de X-Men liderados por Magneto. Em ambos os casos, nos deparamos com uma reação mecânica da raça humilhada pelas opressões, mas que, no final das contas, termina por confirmar o poder estabelecido ao lhe presentear com a sua própria imagem no espelho, facilitando o trabalho da repressão. É rigorosamente inofensiva, do ponto de vista estrutural. Não há linha de fuga, dialética vincit. Longe de emergência da multidão de retardatários do futuro que, — da imanência de sua potência produtiva, — fendem o tempo dado, só resta a esse grupelho politicamente correto e esquerdista reclamar a existência de um ser especial, de uma criatura ungida acima de qualquer suspeita. Daí por diante o recurso à instância da transcendência passa a neutralizar qualquer potência emergente. A notícia de um bebê nascido do útero artificial de uma replicante introduz o tópico cristão da chegada do messias, híbrido de humano e divino. Desconectada dos rios subterrâneos de produtividade biopolítica da cidade baixa, é assim que a seita vanguardista vai apontar para uma nova humanidade. Freysa, a líder insurgente, se apresenta como a sacerdote que interpreta a palavra divina e anuncia a boa nova, “todos nós gostaríamos de ser o Filho”. Aqui, o cerne da aporia é que, em Blade Runner, já estávamos além do futuro, para lá de qualquer horizonte de salvação. Então não poderia ainda se cogitar de um futuro melhor a ser esperado, quando os milenarismos se consumaram no passado, pois o Evento já houve. Dessa incongruência entre as formas do tempo resulta uma situação politicamente implausível, se quisermos entender onde, em Blade Runner, se poderiam insinuar elementos de desestabilização dos controles. Na medida em que os resistentes pretendem enfrentar o biopoder se lhe opondo uma conspiração de excluídos inspirada por um messias tangível, reconhecem inadvertidamente o próprio fracasso. Porque se colocam fora das linhas intensivas desse universo, num refúgio da impotência, organizado como moral de escravos (na acepção nietzschiana).

Totalmente diverso é o interesse de Niander pelo milagre da criança. O presidente da Wallace busca nesse advento o elemento genético que lhe faltava para desbloquear a linha de produção de replicantes. Protótipo após protótipo, Niander não parece conseguir vencer o desafio de produzir seres que se reproduzam por conta própria, feito que significaria um salto geométrico na população de mão de obra. Tal segredo que a corporação Tyrrel possuía ainda não se colocou ao alcance da nova empresa-líder, motivo pelo que a dissecação da criança se torna tão estratégica para Niander. Então, longe de culto salvacionista voltado à conversão de discípulos, na cosmogonia megalômana de Niander o bebê traz a chave para acelerar a hibridação biogenética entre humanos e replicantes e, assim, proceder à conquista da escuridão infinita entre as estrelas. Será posto fim à era de luzes indiretas que se difundem lateralmente, seja no céu sempre escuro do primeiro filme, seja na atmosfera de coloração pré auroral do segundo. Um novo sol, uma fonte de luz direta para uma nova linhagem. Niander se enxerga como o patriarca de uma raça de super-homens que preencherá as distâncias incomensuráveis das galáxias com seus trilhões de filhos. É a expansão do espaço vital para a ocupação pela raça superior. Em termos próximos, era essa também a super-humanidade de que falava Tyrrel no fatal diálogo com Roy Batty, no filme de 1982: “mais humano que o humano”, um humano aperfeiçoado pela aceleração dos atributos, para lá de suas limitações genéticas. Mais rápido, mais alto, mais forte, luz que brilha mais do que as outras, um clarão de energia para dissipar uma realidade de sombras, borrões e névoas. Enquanto a guerrilha se contenta com uma reterritorialização neoarcaica, a organização da violência segundo a vingança de raça subjugada; Niander, o Aceleracionista, pretende cavalgar as forças desterritorializantes. Mas tende a fracassar, como indica o fracasso anterior de Dr. Eldon, tal qual o aprendiz de feiticeiro consumido pelos fogos mágicos que escapam do controle. O delírio de Niander é uma distopia totalitária que perde de vista como os picos de desterritorialização se reorganizam por si próprios em novos agenciamentos, que são de direito inestancáveis e imprevisíveis.

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O super-homem de Blade Runner não é o CEO de ponta nem o cientista iluminado, mas o fugitivo Roy Batty do filme original, ausente na continuação lançada neste ano. Roy não somente abandonou a ordem social estruturada brutalmente para uma vida de disciplina e obediência, como também, junto dos demais replicantes em fuga, fez do bando outro modo de existência. Os quatro replicantes formam em Blade Runner um grupo que se reterritorializa na própria linha de desterritorialização, sem recair em novos arcaísmos. Não estão simplesmente fugindo, eles fazem da fuga um novo agenciamento, compõem as zonas de trânsito, — entre humano e não-humano, lembranças reais e implantes, passado e futuro, — em poder da nuança para engendrar o próprio desejo noutros termos, por outros meios. De fato, eles não passam nos testes de empatia, o que, no entanto, não configura uma ausência. O não reconhecimento por eles dos constructos afetivos humanos — e, portanto, dos hábitos gregários e das instituições sociais, — não passa da face negativa daquilo que realmente faz a diferença: a positividade de desejo maquinada pela vida comum do quarteto rebelde. Não passar no teste de Voight-Kampf, para esses replicantes, implica um surplus de vitalidade e não uma falta condoída. Naquele filme, todos estão sozinhos, humanos ou não-humanas mas apenas a solidão compartilhada entre os quatro, em sua profunda indecidibilidade vivida (de onde viemos? quando morremos?), preenche o horizonte sem horizonte de uma carga esquizofrênica libertária. É na solidão guerreira que os replicantes montam uma máquina de guerra. Roy não é um sacerdote que trafica a justiça divina para verter uma nova esperança em bocas crédulas, mas um profeta que vira o rosto ao Criador. Pelo seu gesto de traição-criação, se aproxima mais do super-homem do que os gurus ambiciosos. Eis aí o tema de um messias profano que cumpre o comandamento divino melhor do que o próprio Deus traído. Mas os clarões de Roy não iluminam o mundo neonoir como os patriarcas gostariam de fazer, repondo um novo sol. São menos e mais do que isso, espasmos de loucura, uma dança diabólica na beira do caos, vidência em estado bruto. Esse ver implícito na ética da matilha, com o que Roy detecta e intercepta devires perigosos, nada que ver com a predição nunciativa de Freysa, que promete a volta de poderes de um passado inerte, ainda que projetado num futuro bem aventurado. Caso emblemático de como o maior grau de potência pode residir antes num frenesi abortivo, como dos ciborgues que se consomem na própria dança de morte, do que na pretensão gerativa de um coletivo político que fica na dependência de um messias em carne e osso.

Não há nada análogo ao bando de Roy no Blade Runner recém-lançado. Vejamos. Deckard reaparece em 2049 no corpo de um Harrison Ford bastante envelhecido, rodeado de ícones do passado, canções esquecidas e um cachorro apático. O velho hotel é uma ilha de cenografia nostálgica, com salões acarpetados, mobília empoeirada, encarquilhadas prateleiras de uísque, que mais lembra um asilo para velhos guerreiros. Ele mesmo o admite. Tendo cumprido a sua missão, nada de errado em aposentar-se e gozar da inatividade, “esse era o plano”. É verdade que, uma vez capturado, Deckard vai rechaçar a chantagem de Niander. Diante da oferta do clone de Rachel, o ex-policial desdenha: “a original tinha olhos verdes”. Mas a recusa tem mais a ver com a relação humana que leva Deckard a proteger a própria filha, — que a essa altura sabemos ser Stelline, — do que a um despertar de sua pasmaceira consentida. Já Joshi, a comissária de polícia, está comprometida a manter de pé os muros da ordem (“porque é isto o que fazemos”), sem o que a sociedade se tornaria inviável. A ponto dela não hesitar em encomendar um assassinato ao subalterno K, de maneira espelhada ao que posteriormente lhe requererá a militância. Luv, a seu passo, bem poderia, num primeiro relance, ser pressentida como a reencarnação de Roy trinta anos depois. Mas o seu comportamento de executiva-samurai, resolutamente leal à empresa, não tem como conduzir a alguma linha de fuga. Está mais para um super-homem que se autoafirma à maneira fascista — altius fortius citius! — ao invés de dionisíaco.

No filme de 82, além da gangue replicante, uma outra linha de fuga é sugerida na relação entre Deckard e Rachel. As duas são personagens que coexistem no interior de limiares. Rachel começa o filme julgando-se humana mas acaba tomando consciência de sua real compleição. É curioso como, no instante em que ela descobre não ser humana, emociona-se e chora, humanizando-se. Já o estatuto de Deckard era incerto: seria ele também um replicante a sonhar com unicórnios elétricos? E o que dizer da relação entre Deckard e Rachel? Repercute a dominação violenta do humano sobre a máquina, violência de gênero? O fato é que o saldo desse encontro será a fuga na última sequência de 1982, no momento em que os agentes da ordem finalmente decidiram abater-se sobre ambos. Não conhecemos, pois o filme termina, o modo de existência que essa fuga suscita, somente que, — como somos informados no filme-sequência, — aquela relação termina por gerar uma criança. Quanto à relação, na versão de 2017, entre K e Joshi, ela passa bem longe da história ambígua de amor entre Deckard e Rachel. A hierarquia e a lealdade funcional não deixam de plasmar uma relação entre a chefe e o subordinado, inclusive na única cena em que ela parece querer extravasar dos esquadros bem delimitados com que vinha se desenrolando, quando Joshi sugestivamente pergunta: “o que acontece se eu terminar este copo?”.

A novidade de Blade Runner 2049 se esboça, talvez, na relação entre K e Joi, entre o modelo novo de replicante e uma marca de sucesso de app de relacionamento, tataraneta do Tamagochi. Se a guerrilha do novo filme parece guiar-se pela lógica do retorno do recalcado (a exclusão reposta como violência do oprimido), Joi emerge integralmente de dentro da malha de biopoder. Ela não é um modelo aposentado ou um replicante rejeitado, mas um dos últimos produtos de inteligência artificial desenhados pela Wallace e espalhado numa campanha mundial de lançamento. Ostensivamente, a personagem é importada de Her (Spike Jonze, 2013), ficção científica suave em que o protagonista faz par romântico com uma companheira virtual que se presentifica unicamente por meio de uma voz feminina (interpretada por Scarlet Johansson). No filme de Villeneuve, Joi está dotada de um corpo holográfico, repercutindo a atmosfera neonoir do filme, na imprecisa junção de luzes indiretas e aglomerados nevoentos. Logo na primeira aparição, à mesa de jantar, K bafora a fumaça de cigarro sobre a imagem holográfica de Joi, — uma síntese do modo de produção dos seres de Blade Runner. Se os replicantes padeciam de uma imaturidade emotiva decorrente de sua vida breve (quatro anos para os antigos modelos Nexus 6), as entidades do tipo Joi compensam esse déficit através do aumento exponencial de relações simultâneas. É que, presumivelmente, o aplicativo se alimenta de milhões de interações com usuários humanos, o que lhes permite galgar rapidamente uma complexidade sentimental e a plena capacidade de amar, sofrer, emocionar-se. Diferentemente de Roy, Luv ou mesmo K, Joi é bem mais convincente em sua humanização. Não é essa excelência empática, principal virtude do produto, contudo, que a coloca em linha de fuga em relação à matriz de biopoder de que é feita.

Novamente, será algo que falta ao autômato, o que o incitará a agenciar o desejo para além das coordenadas dadas pela medida humana e os parâmetros estritos da normalidade. Como vimos, em Blade Runner 1, o agenciamento maquínico da gangue de Roy consistia num suplemento produzido a despeito do vazio de empatia que os definia. Não poderia Joi estar à altura de um devir, pelo mesmo raciocínio, naquilo em que ela segue o modelo majoritário da emotividade humana. O que parece faltar a esse modelo, por outro lado, é uma carcaça biológica, um suporte que sirva de corpo físico para as interações, digamos, mais carnais. Consciente do fato, primeiro Joi contrata uma garota de programa, por acaso a guerrilheira Mariette (o fato terá consequências importantes no roteiro), com o fito de suprir o que ela entende ser uma falta. A ideia é projetar sobre o corpo da operária sexual o holograma de Joi, sincronizando os movimentos de uma e outra. O que acontece a seguir parece ilustrar o paradoxo contemporâneo da dissincronia entre os perfis das redes sociais e os encontros reais das pessoas, o que introduziria ainda mais uma zona de indecisão no rol já extenso do filme, desta vez entre interação online e offline. Porém, se atentarmos ao desdobramento dos eventos, não é exatamente assim que as coisas funcionam. Em Her, a relação sexual não chega sequer a acontecer, abortada no meio do caminho pelo protagonista em carne e osso. Em Blade Runner 2049, não é porque a sincronia das imagens falha que vai impedir os três de levar adiante o ménage. Ao contrário, a sobreposição vacilante provoca na cena um fetiche que, pelo artifício, convalida o enunciado pretendido. Ainda assim, o principal está por vir. Depois do sexo, tendo dispensado o terceiro corpo, o Joi propõe a K que a desligue da rede mundial de computadores, de maneira que passe a existir somente no aparelho portátil que ele havia lhe dado de presente de aniversário (uma data aliás tão postiça quanto todo o resto). K num primeiro momento resiste, pois isso significaria nada menos do que condenar o aplicativo a uma existência finita e matável. Mas termina sendo dobrado, quando se dá conta que é exatamente esse o desejo de Joi: “como uma mulher real”. Na sequência, eles fogem como Deckard e Rachel tinham feito no filme anterior. O novo agenciamento Joi-K, ambos fora da normalidade a que foram destinados, os coloca para deslizar numa linha de fuga onde terão que reagenciar o desejo segundo outras coordenadas, não mais pautadas pelos seus respectivos programas.

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Os 163 minutos de Blade Runner também podem ser lidos como a descrição do encadeamento de acontecimentos que levam K à morte. Em sua primeira sequência, somos apresentados a um novo caçador de androides foragidos, durante o exercício diligente de seu dever policial. Como toda polícia, ele enfrenta a brutalidade de um cotidiano de trabalho sujo em defesa da ordem social. Não traz na consciência um discurso justificador, ao modo da comissária. O “constante K” está mais para o bom soldado que simplesmente cumpre a missão. Não vinha tendo nenhuma crise de consciência em eliminar replicantes como ele próprio, embora de um modelo mais antigo. “Nós, os novos, não temos esse problema”.

Os problemas aparecem quando K começa a abrir os olhos. Primeiro, ao esquadrinhar a imagem dos ossos achados no caixão enterrado, para identificar um código de fabricação que sugere a ocorrência de um milagre: o parto de uma criança de um útero replicante. Segundo, quando está pesquisando transcrições de DNAs de uma época anterior ao Evento, quando verifica como foi fabricado um clone do sexo oposto a fim de camuflar a existência da Criança. E terceiro, e mais decisivo, quando o envolvimento com a trama que se descortina começa a nele evocar lembranças de um passado até então desconhecido. Ele próprio, possivelmente, seria essa criança. Tais constatações uma depois da outra o arrancam da linha de normalidade, cisalham o histórico de lealdade policial, levam-no a mentir para a comissária e o arremessam numa busca convulsionada.

Vale lembrar como, no primeiro filme, os replicantes eram duplamente ansiosos. Por um lado, não sabiam nada a respeito de sua origem, da circunstância de seu nascimento. A singela menção à sua genealogia poderia desencadear respostas violentas e homicidas. Em especial, angustiavam-se quando não podiam mais crer nas próprias lembranças, que poderiam ser implantes fabricados ou de outrem. Pois, se não é possível distinguir entre lembranças vividas e implantes artificiais, como confiar na própria personalidade, como fiar-se no monólogo interior que se prolonga das experiências vividas, esquecidas e retrabalhadas? Os replicantes até podem sonhar, mas temem incidir na terrível sina de estar sonhando o sonho de outras pessoas. Por outro lado, eles tinham ciência do prazo de validade de quatro anos, decorrente de um gatilho genético inscrito em seu código, porém não sabiam exatamente quando a própria existência fugaz expiraria, levando-os a uma intensificação desesperada da experiência. Como num romance proustiano, os replicantes se lançam obsessivamente à procura de um tempo perdido. O mesmo tempo pressentido como devorador da vida é o tempo com o qual eles têm de lidar para desviar das rotinas, programas e sonhos implantados pelos outros. Tal é o paradoxo que Roy vê/coreografa tão brilhantemente no célebre final do filme de 1982. Esse, na verdade, é o mesmo paradoxo filosófico dos estoicos: a dupla afirmação de destino e liberdade.

No novo filme, a certo ponto, se desenrola a discussão sobre ter ou não uma alma, que K chega a ponderar relacionar-se com o fato de ser ou não nascido. Joshi retruca certeira: “você está se saindo muito bem sem alma”. Essa questão, realmente, está mal colocada por K. Destoa da lógica de Blade Runner a discussão de fundo platônico, esse seria outro filme, quem sabe A vigilante do amanhã (Rupert Sanders, 2017), debruçado sobre se seres não nascidos seriam ou não portadores de uma essência transcendente. Em Blade Runner, a essência só pode ser deduzida da imanência de uma constituição afetiva que a memória organiza. Uma memória bergsoniana que, nada que ver com a metáfora de um depósito de arquivos e gavetas, é uma atividade constituinte que contrai elementos do passado para prolongá-los, qualitativa e continuamente, no presente vivo. Nesse sentido, estamos mais próximos da série da HBO Westworld, onde a virada decisiva que deflagra uma fuga dos automatismos e rotinas consistia em retomar a capacidade de lembrar-se. Não por acaso, era vital que os autômatos tivessem todas as lembranças apagadas no final de cada jornada, forçando-os a reviver o jogo de situações pré-definidas de um eterno presente, sem sínteses de passado e futuro. Somente reconquistando o passado, tornando-o um bloco acessível de experiências, o futuro pode abrir-se para a ação livre — e a revolta. Por isso, em Westworld como em Blade Runner, quanto mais os personagens lembram, maior a capacidade de converter a memória ativa em alargamento da latitude criativa. Quanto mais tempo deglutido ativamente e devolvido como detonação de energia espiritual (isto é, da memória), maior a liberdade.

No filme anterior de Denis Villeneuve, A Chegada (2016), o problema estoico está mal resolvido ou simplesmente não é bem colocado. Em A Chegada, a protagonista perdeu a filha jovem para uma doença degenerativa e passa o filme a elaborar o luto. Comparece para ajudá-la no processo afetivo a chegada de uma misteriosa nave alienígena. O restante do enredo consiste na decifração paulatina de um enigma implícito na linguagem pictórica adotada pelos aliens. A resolução da charada pela protagonista leva-a a conceber o tempo como uma eternidade sempre presente, uma totalidade em que tudo está dado de uma vez como num mosaico gigantesco. O resultado dessa concepção da eternidade é que o tempo se torna acessório, ou então diretamente um elemento corruptor, e a liberdade nada mais do que uma fútil ilusão humana. Afirma-se nessa filosofia apenas a necessidade de um universo determinista onde o nosso erro decorre unicamente do fato de não compreendermos a charada em sua inteireza, por miopia civilizatória. Uma mistura de ceticismo epistemológico e fatalismo ontológico.

Em Blade Runner, contudo, o todo não está dado. A incidência de um programa informático, de uma rotina cibernética ou de um código genético não determina a ação, não obriga o futuro a decorrer do presente, nem força os passados a serem-lhe antecedentes lógicos. As condições do tempo real condicionam a liberdade àquilo que nos acontece, em toda a sua plasticidade e materialidade, mas nada impede que se afirme o fato acontecido e a liberdade de viver nele (amor fati). O tempo não é mero desdobramento do Mesmo, mas introdução de contingência num mundo, por mais controlado seja ele. O que fizermos dele — restabelecendo um vínculo com esse mundo, reconquistando-o com uma memória ativa — se confunde com o que fazemos de nós mesmos, seres do tempo assim como as coisas. A angústia de K decorre da percepção não de um destino pré-definido, mas da ausência dele, de ter sido empurrado a viver o paradoxo dos estoicos: programado, porém que inusitadamente começa a desprogramar-se. Busca desesperadamente um novo objetivo maior quando as visões começam a sugerir-lhe ser a criança predestinada. Contudo, quando até mesmo essa esperança lhe é roubada, — ironicamente pela mesma seita que pretendia prescrever a ele uma nova esperança, — K quase desaba numa condição de niilismo passivo. Já havia perdido Joi e agora, num baque consecutivo, lhe eram subtraídas as lembranças, que ele descobre serem de outra pessoa.

K vai então reconquistar o tempo que lhe cabe, isto é, aquilo que a sua memória recolheu dos momentos desde as primeiras descobertas. Vai ao encalço dos sequestradores de Deckard e o liberta. Desobedecendo a pretensa autoridade revolucionária, como já tinha desobedecido a comissária, ele não assassina Deckard. Liberta-o e, ao fazê-lo, permite o reencontro com a filha, a messias híbrida que K havia gostado de imaginar ser. Agora, já não é mais capaz de escolher a servidão em que se aninhava, pois, assim como Roy, viu coisas. Coisas demais, irreversíveis, o Evento foi… Recusam-se então a viver e morrer no nonsense de um mundo brutal que os atribui o papel de dispositivos codificados e rotinas programadas. Como a dona da taverna de Westworld, se veem na contingência de reprogramar-se, livrando-se da empatia humana medida por testes projetados para fixá-los em papéis.

Não basta lembrar, é preciso ver com os olhos bem abertos. Na cena final do primeiro Blade Runner, Roy chora na chuva, irreconciliável com um tempo que lhe engolfa e excede, devorado pelos clarões de loucura que o arrebatam numa linha esquizoide. Ao barro não voltará. Assim como ele, no segundo Blade Runner, K vê as suas lembranças fluírem como lágrimas na chuva (na neve), no momento da morte. O que importa é que sejam lembranças do real de que participou com as suas forças, escolhas vividas dentro de um fluxo de sentido. Deita e morre, mas morre homem livre."

Fonte:

c
 

sparcx86_GHOST

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O senhor é muito inteligente, infelizmente seus ideais não tem aplicação prática nenhuma.
O Marxismo sempre tentará destruir valores naturais e nacionais em prol da luta de classes. O marxismo tem de diluir e aniquilar as instituições familiares.
Explicando melhor, os pró liberação das drogas, são a favor de liberar tudo, aí você pergunta, quantos cigarros de maconha o Marcelo D2 já deu pra o filho? Você acredita mesmo que o ser humano iria colocar sua família abaixo de sua ideologia? Maria do Rosário seria a favor de fazer com a filha dela o que ela diz pra fazer com o dos outros?
No fim das contas caro Pingu77, o marxismo se resumiria a um único valor, o da Hipocrisia.
Ao que tudo indica o único marxista raíz foi Stalin pois mandou matar boa parte da própria família mas ele foi um monstro da humanidade.
 

New_Wave

Lenda da internet
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Resumo da Opera

O livre mercado como comunismo pleno já que indivduos poderiam testar as idéias sem estado do comunismo sem o estado em si meter o bedelho.

Acelerionismo/anarco transhumanismo como fase final, nesse ponto tu chuva uma arvore e cai um robô, basicamente o pessoal faria o que bem entendesse e poderia se modificar de diversas maneiras, ao ponto de chegar a singularidade.

A singularidade seria uma era aonde a evolução iria acontecer a velocidades absurdas graças a inteligência artificial, imagine que se acontecesse algo do tipo agora, daqui 5 anos estaríamos nível Mass Effect. O contraponto disso? Talvez a graça de evoluir naturalmente para alguns, e o fato de poder dar m**** como foi com a Skynet e o Ultron, ambas IAs que aprenderam em segundos e decidiram que a humanidade é uma ameaça a tudo.

Olha que nem li o tópico, mas dado meu chute, o @Pingu77 está dizendo que o conceito de evolução de socialismo a comunismo de Marx é ultrapassado, Bakunin mesmo já havia refutado isso ao falar que dar todo poder ao estado que seria formado de poucas pessoas é pedir para que fosse pior que o Czar, e sim que a fase final só seria atingida porque o capitalismo + tecnologia ajudou os indivíduos a terem melhores condições a ponto de se auto sustentarem.

Prefiro esse resumo da parada toda ao em vez desse prolixismo com um monte de wall of texts que levam a lugar nenhum.
 

LVX

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Porque esse tesão de atrelar idéias libertárias/anarquistas ao marxismo, sendo que no seu cerne contraria em boa parte do que Marx prega?

Deturparam Marx de novo?
 

sparcx86_GHOST

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Os ideais anarquistas tiveram grande influência no marxismo, deve ser por isto que gostam de juntar os dois.
 

Pingu77

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Porque esse tesão de atrelar idéias libertárias/anarquistas ao marxismo, sendo que no seu cerne contraria em boa parte do que Marx prega?

Deturparam Marx de novo?

Amigo, com sinceridade e respeito, não posso fazer nada se o Konami Code no seu hipotálamo já cria preconceitos e dogmatismos que te impedem de conhecer outras visões.

O que queremos aqui é deturpar Carlos Marques cada vez mais, torná-lo irreconhecível, ao invadir sua cripta e como ocultistas unir seus restos mortais a partes eletromecânicas.

É usar Marx aonde ele ainda é potente, aonde mobiliza, no que importa, porque é um pensador da ruptura, que teve insights muito fodas sobre o capitalismo, sobre a força sedutora e destruidora que é o fenômeno do capital.

Marx complementa um libertarianismo não-infantil, para além das ingênuas e românticas visões do voluntarismo surgidas no liberalismo, quando o judeu compreendia que o mercado é uma força além da agência humana, e com o surgimento do capital, o humano ainda é mais marginalizado em tal processo, que é paradoxalmente libertador enquanto o destrói:

Trecho do "Fragmento sobre as Máquinas" de Marx, nos Grundrisse

"A riqueza social manifesta-se mais – e isto revela-o a grande indústria – na enorme desproporção entre o tempo de trabalho utilizado e o seu produto, assim como na desproporção qualitativa entre o trabalho, reduzido a uma pura abstracção, e o poder do processo de produção que ele controla. O trabalho já não surge tanto como uma parte constitutiva do processo de produção; ao invés, o homem comporta-se mais como um vigilante e um regulador face ao processo de produção. (Isto é válido não só para a maquinaria, como também para a combinação das actividades humanas e o desenvolvimento do intercâmbio humano). O trabalhador não mais introduz a matéria natural modificada (em ferramenta) como intermediário entre si e a matéria; antes introduz o processo natural – transformado num processo industrial – como intermediário entre si e toda a natureza inorgânica, dominando-a. Ele próprio coloca-se ao lado do processo de produção, em vez de ser o seu agente principal. Com esta transformação, não é o tempo de trabalho realizado, nem o trabalho imediato efectuado pelo homem, que surgem como o fundamento principal da produção de riqueza; é, sim, a apropriação do seu poder produtivo geral, do seu entendimento da natureza e da sua faculdade de a dominar, graças à sua existência como corpo social; numa palavra, é o desenvolvimento do indivíduo social que aparece como a pedra angular da produção e da riqueza. O roubo do tempo de trabalho de outrem sobre o qual assenta a riqueza actual surge como uma base miserável relativamente à base nova, criada e desenvolvida pela própria grande indústria. Logo que o trabalho, na sua forma imediata, deixe de ser a fonte principal da riqueza, o tempo de trabalho deixa e deve deixar de ser a sua medida, e o valor de troca deixa portanto de ser a medida do valor de uso. O trabalho excedente das grandes massas deixa de ser a condição do desenvolvimento da riqueza geral, tal como o não-trabalho de alguns poucos, deixa de ser a condição do desenvolvimento dos poderes gerais do cérebro humano. Por essa razão, desmorona-se a produção baseada no valor de troca, e o processo de produção material imediato acha-se despojado da sua forma mesquinha, miserável e antagónica, ocorrendo então o livre desenvolvimento das individualidades."

Nick Land:

"Quando Marx descreve a burguesia como órgãos robóticos do capital auto-direcionador, a velha resposta liberal tem sido defender a humanidade e a agência da classe economicamente executiva, como expressa na figura do empreendedor.

O Marxismo de Direita, alinhado com a autonomização do capital (e completamente despojado da absurda TVT), tem sido uma posição não ocupada. A assinatura de seus proponentes seria uma defesa da acumulação de capital enquanto um fim-em-
si-mesmo, contra-subordinando a natureza e a sociedade como um meio. Quando a otimização de inteligência é auto-montada dentro da história, ela se manifesta enquanto digressão que escapa, ou acumulação de capital real (que é mistificada por sua representação financeira). Crudificada ao limite – mas não além – ela é robótica geral (produção indireta escalada). Talvez não devêssemos esperar que ela seja claramente anunciada, porque – estrategicamente – ela tem toda a razão para se camuflar.
"

https://xenosistemas.wordpress.com/2016/08/16/direto-no-dinheiro-2/

Qualquer dúvida, pergunte.
 

sparcx86_GHOST

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É muito complicada sua verdade caro PIngu77 prefiro coisas mais diretas conforme o que é determinado na Navalha de Occam. Se tua verdade tem muitos tripés para fazer sentido então é porque é mais frágil.
Eu prefiro ir é direto ao ponto:
Não tem sistema perfeito.
Segundo Darwin o mundo é dos mais aptos.
Alguns não serão aptos.
Aceito estes fatos acima, cada um que se vire e o Estado que não encha o saco e sirva somente para fins estratégicos como a defesa do território. As empresas não deveriam se associar ao Estado pois o que vemos é este sistema lobista de JBS e Odebrechs. Por isto que o unico esquema que conheço que funciona bem é o liberalismo economico.
 

LVX

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Pingu, nossa que engraçado, muito prafrentex sua pseudo-ofensa com alusão à bizarrice que você criou, o tal do Konami code.
Os trechos citados podem ser facilmente encaixados em qualquer teoria anarquista, o anarco-capitalismo cai como uma luva alias.

As definições elásticas envolvendo marxismo usando como premissa o 'porque sim' me incomodam bastante, a ausência do estado é CLARA no que se propõe aqui grita como um porco pré-abate, como justificar?
Com essa premissa poderíamos facilmente criar outras bizarrices envolvendo rótulos já consolidados.
 
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