A propósito, o jogo está em promoção no Steam (50% de desconto, R$ 31,99). E o anime é bom. Abaixo a review que escrevi dele anos atrás:
Um grupo de amigos consegue descobrir um modo para enviar mensagens de texto para o passado com o uso de seu micro-ondas. A morte de uma garota leva um homem a viajar no tempo inúmeras vezes para mudar o cruel destino. Mas a cada viagem, eventos inesperados acontecem, alguns dos quais envolvem a morte irrevogável. Ao mesmo tempo, uma organização chamada SERN, tenta alcançar sucesso com o mesmo fenômeno.
Assista ao primeiro episódio e é isso que notará: um protagonista com a barba por fazer e que dá ênfase a um intelectualismo surreal no seu modo de falar. O constante tom paranoico onde ele cita sobre uma misteriosa "Organização" inexistente, e o fato de arrastar ao redor uma garota moe e um otaku, talvez faça o ímpeto de desistir de assistir o anime chegar a níveis ímpares. Mas caso o espectador suporte o arrebatamento induzido pelo início, será brindado por um thriller psicológico verdadeiramente cativante.
Trabalhando com a premissa de viagem no tempo, Steins;Gate vem com a inevitável parcela de conversa pseudocientífica para justificar a viabilidade de seus mecanismos temporais. Se o espectador parar para pensar, poderá perceber eventualmente lógicas falhas ou simplificações para levar o enredo adiante, todavia... o verniz aplicado à superfície é de boa qualidade e a faz reluzir de forma satisfatória.
Existem algumas sutilezas não tão sutis como a borboleta voando no episódio 10 após uma determinada conversa, que assim implica no efeito borboleta acarretado por ela. Ou no titulo dos episódios, como o 12 chamado "Dogma na Ergosfera" onde pode implicar curiosas consequências ocorridas no final do episódio em questão. Pois o conceito das ergosferas as faz máquinas onde, em qualquer caso, não se pode viajar mais além do momento em que se formou o buraco negro a elas atribuídas. "Apoptose Programado" de outro episódio também se atém de forma sub-reptícia ao que ocorre no episódio pois em seu conceito original trata-se de "morte celular programada".
Sobre os personagens, no fundo a viagem no tempo é mero catalisador para conduzi-los, mas eles são ao mesmo tempo a parte mais sublime e ordinária do anime. De forma individual eles são pungentes em suas idiossincrasias. Poderia se dizer que a série é sobre um grupo de amigos, alienados da sociedade em geral, que fazem uma máquina do tempo e como isso afeta suas vidas e relacionamentos.
Vale a pena assistir 24 episódios por isso? Possivelmente sim. O Okabe e a Makise, em particular, são personagens individualmente inexpressivos. Mas em conjunto estes dois personagens têm uma química real. Suas brigas são genuinamente divertidas e seus momentos íntimos são genuinamente comoventes. É nestas coisas que cada personagem se torna digno de nota.
Em alguns animes, uma amiga de infância pode ser tão clichê como uma tsundere mas através das interações entre a Mayuri e o Okabe, o que eles falam e até mesmo a forma como eles se olham, o fato de serem amigos de infância significa realmente alguma coisa.
Todavia, tudo isso não vem sem um preço. O suave acúmulo de caracterização é eficaz, mas é algo lento. O espectador terá que ter paciência até a metade do anime antes que seu ritmo se acelere e afaste o eventual sono que venha a lhe assombrar até então.
Steins;Gate tem boa coesão entre enredo e personagens, o que faz dele um anime com qualidade acima da média.