Fiat Argo – Impressões ao dirigir
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O Fiat Argo foi apresentado com várias versões para o mercado brasileiro, que começam a partir de R$ 46.800. O hatch compacto teve seu test drive para a imprensa especializada do Brasil e América do Sul nesta quarta (31). Com exceção do Drive 1.0, que terá um evento separado, as demais versões foram disponibilizadas para percursos rápidos.
Com 4,00 m de comprimento, 1,75 m de largura, 1,50 m de altura e 2,52 m de entre eixos, o Fiat Argo chega com 300 litros no porta-malas e uma plataforma que emprega 75% de aços de alta resistência. O novo conjunto foi desenvolvido para ser mais rígido e seguro, utilizando mais materiais isoladores e oferecendo três opções de motor e três de transmissão, indo desde 72 cv com gasolina no 1.0 Firefly até 139 cv no etanol, quando com o motor 1.8 E.torQ Evo.
Para a Fiat, a meta de vendas proposta é de 6 mil unidades por mês e seu alvo é ter de volta a liderança nas vendas, mas somando os emplacamentos de Mobi, Uno e Argo. Realmente, a estimativa de vendas apenas para o novo carro, mostra que a marca tem pretensões mais modestas em relação ao líder Onix, que vende em torno de 12 mil por mês.
Apostando em uma mudança na imagem, a Fiat promove não só o lançamento do Argo em si, mas a ampliação da oferta de acessórios da Mopar, assim como planos de assistências pós-venda relacionados com a divisão de equipamentos da FCA. Menor que o Punto, porém, mais pesado, o compacto feito em Betim tem sua gama feita para atender não só os clientes deste último, mas também do Palio, tendo assim que trabalhar em uma faixa de preço e proposta ampliada, indo de R$ 46 mil até R$ 81,2 mil.
Note que até o espaço (em preço), que foi do Bravo, acabou sendo ocupado. Ou seja, a missão do Argo também é ser o topo de linha dos carros de passeio nacionais da Fiat até a chegada do sedã, que será feito na Argentina. Apesar da boa oferta de equipamentos, a novidade traz muitos opcionais, o que encarece o preço final de algumas versões, especialmente aquelas que terão grande saída, como a Drive.
A expectativa em torno do Fiat Argo é grande por parte do mercado e não sem razão, pois trata-se da mair investida da ex-líder de mercado em muito tempo por aqui. Também marca a redução de sua enorme gama de modelos, que agora passa a ser mais racional, evitando uma diluição das vendas e concentrando nos carros que realmente poderão corresponder em vendas e lucros.
Então, andar no Argo seria averiguar se a mudança na Fiat foi além do esperado ou se não passava de mais um produto com proposta bem local, como os mais recentes Uno e Mobi. Afinal, quem quer virar a página, começa com uma percepção de produto diferenciada, embora sem deixar que sua identidade seja comprometida por algo que seria muito distinto aos olhos dos clientes fiéis da marca. A picape Toro é um bom exemplo, já que parece mais um Jeep que um Fiat, embora sua origem (e a dos irmãos “americanos”) seja de fato a marca italiana.
O test drive do Fiat Argo revelou em parte que essa mudança chegou ao fabricante italiano, tendo algumas características anteriores bem claras e outras realmente novas, com boas impressões. Comparado com outros rivais, o modelo em estilo é contemporâneo, seguindo a linha do que se espera de um compacto de 4 m sem pretensões ao luxo ou à performance esportiva.
A cor azul Portofino é realmente chamativa, reforçada com seus detalhes em vermelho, que faz o olhar alheio desviar da condução por alguns instantes no intenso trânsito. Mais discreto, que um HGT azulão, o Precision em tons de prata ou branco até passa despercebido da maioria, mas hoje em dia, com a ampla cobertura nas redes sociais, até mesmo quem não tem pretensões de ter um carro, sabe do que se trata o compacto de linhas joviais recheadas de toques esportivos.
Fiat Argo – Impressões ao dirigir
Rodando inicialmente na versão HGT 1.8 manual, percebe-se que o Fiat Argo não é realmente um esportivo, como seu visual aponta, mas um carro bem mais equilibrado. A posição de dirigir em um pouco mais elevada, mas nada que prejudique um motorista de estatura alta. O banco em tecido mais áspero segura o corpo razoavelmente bem e todos os comandos estão onde deveriam estar, sem necessidade de malabarismos em algumas funcionalidades.
O volante tem uma boa pegada e ajustes completos. Interessante é que o ajuste de altura do assento tem sua alavanca alterada de lado dependendo da versão. A visibilidade geral é boa e não percebemos pontos cegos críticos. O Fiat Argo veste bem inicialmente, mas uma característica chama atenção e, por conta do teste curto, ainda não sabemos se será positiva ou não mais adiante. O pedal do acelerador é inclinado para a direita.
Durante a condução não forçou ou cansou o pé, que fica ligeiramente torto em relação aos demais pedais, ocultando parte do calçado atrás do revestimento do console inferior. O câmbio tem muito de outros modelos da Fiat, mas não é impreciso. Tem curso longo e é macio demais. Fora isso, não comprometeu o emprego correto das marchas. O pedal de embreagem é macio também e tem a função secundária de acionar o Start&Stop, que funciona sem trancos.
Para os pouco mais de 1,2 mil kg do Fiat Argo, o motor E.torQ 1.8 Evo com até 139 cv é suficiente para uma proposta equilibrada. O propulsor apresenta melhor saída que em modelos anteriores da marca, tendo uma resposta melhor em baixa. Mas, o compromisso do conjunto motor/câmbio é mais para o conforto e economia. As respostas ao pedal em retomadas e acelerações fortes inicialmente é mais lenta que o esperado, mas nada que prejudique a performance de modo geral. Apenas não é o esportivo que se espera do HGT.
Rodando a 110 km/h, o ponteiro marca 2.700 rpm. Nesse caso, o nível de ruído a bordo é bom. Da mesma forma, de olho no conforto, o conjunto de freios não tem uma pegada mais forte, enquanto a suspensão tem uma boa calibragem, mesclando bem maciez e melhores respostas aos pisos ruins com um equilíbrio bom em curvas e mudanças rápidas de direção. Falando nesta, finalmente a Fiat abandonou a ideia de uma função City e deu ao Argo um sistema mais bem progressivo e eficiente. É bem leve e gostosa de manusear.
Precision 1.8 AT6
No Argo Precision 1.8 AT6, a coisa muda de figura em termos de condução. O conjunto apresenta um comportamento melhor com trocas de marchas suaves e precisas, bem como reduções pontuais. Focada também no conforto e economia, a caixa automática retém um pouco a força do E.torQ 1.8, mas responde de forma adequada nas retomadas e saídas mais rápidas.
As mudanças manuais na alavanca e no volante extraem um pouco mais do propulsor, mas com liberdade limitada nas trocas. O Start&Stop nesse caso atua de forma mais áspera que no manual, mas nada que prejudique o conforto no anda e para do trânsito. Sem dúvida, a opção automática se mostrou bem adequada para o que se espera do Fiat Argo.
No caso do Fiat Argo Drive 1.3 GSR, terceira opção de câmbio do novo compacto, tivemos uma impressão bem diferente daquela vista no Uno Dualogic 2017. Como já comentado na ocasião do lançamento do Mobi Drive GSR, o automatizado da Fiat mudou de nome e a empresa disse que se tratava do mesmo conjunto do Uno atualizado, testado em Belo Horizonte. Lá, não houve percepção das novidades introduzidas, onde o desempenho melhor é naturalmente atribuído ao motor Firefly 1.3. O mesmo se deu na Avaliação NA.
Drive 1.3 GSR
De volta ao Fiat Argo, a versão Drive 1.3 GSR mostrou aptidão semelhante ao do Mobi Drive GSR. O automatizado mais recente da Fiat apresentou respostas melhores nas trocas de marchas, bem como nas reduções e percepção das intenções do condutor, segurando a marcha para uma retomada, por exemplo.
Aqui, vale lembrar que a condução só fica interessante se o motorista aliar ligeiramente o pé nas trocas de marchas, dando tempo ao sistema para o acionamento da embreagem e resposta seguinte do motor. Neste último, o Firefly 1.3 mais uma vez respondeu bem ao que se esperava, mesmo em um carro bem maior que Uno e Mobi.
No trânsito urbano, com bom tempo em vias de trânsito rápido, ele mostrou agilidade e deu ao Argo GSR mais ânimo que no Uno. Esse automatizado também tem paddle shifts e vem com a função Sport, que aumenta o ruído e não deu tanto a resposta que esperávamos. Por conta do tempo e da quantidade de jornalistas no evento, não foi possível andar no Argo Drive 1.3 manual, o que fica para próxima oportunidade.
Ainda falando do Drive GSR, notamos que o Argo nessa versão apresenta mais conforto em ruas de pisos ruins, dado ao material rodante de menor tamanho e com pneus de série 60. Freios e direção tiveram a mesma resposta das versões com motor 1.8. No acabamento, mescla visual de Precision com HGT, herdando o cinza no painel do primeiro com as portas em preto do segundo.
Comandos manuais do ar-condicionado e um cluster analógico com computador de bordo simples são facilmente notados. O console dos botões do GSR tem elemento vazado, diferente do automático de seis marchas. O acabamento de modo geral é adequado e o pacote de segurança é bom. Essa versão custa R$ 58.900, mas completo como na versão testada, alcança exatos R$ 62.000.
Nestas primeiras impressões ao dirigir, o Fiat Argo se saiu bem. Não surpreendeu em performance, embora a dirigibilidade seja boa. O conforto a bordo é bom também, assim como o espaço para quem vai atrás e seu porta-malas. As opções testadas deram resultados bem distintos entre si, o que mostra que pelo menos não haverá sobreposição de propostas. Das três opções, o conjunto mais interessante se deu na Precision 1.8 AT6. Mais adiante, teremos mais tempo com o Argo e em breve iremos experimentar o Drive 1.0, que terá evento separado.