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[Catálogo] Histórias da África

Goris

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Bom, gosto um bocado de história e acho que a História da África é muito pouco comentada em nossas escolas, mesmo com metade de nossa população, assim como eu, ter sangue africano em suas veias.

Ainda pretendo fazer um tópicos separados sobre os países socialistas da África, mas queria um tópico especial só pra histórias da África e africanos. Poderia ser um tópico apenas sobre história?
Claro que sim.
Mas ao contrário do Japão, Europa e Américas, raramente temos tópicos sobre a África e os africanos e, ao invés de vários tópicos separados, resolvi fazer um único tópico e ir colocando matérias aleatórias aqui.

Quando o texto for meu, tentarei colocar fontes (se for possível) e se for de outros, colocarei links para a matéria original. Espero que gostem.
 

Goris

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Bom, nisso, uma matéria de O Globo sobre Yuzuke, o famoso Samurai Negro, misturada com o texto de Um Toque de História:

Yazuke, o samurai negro

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O Japão não é um lugar que seria normalmente associado a presença de escravos oriundos da África. No entanto, no final do século 16, Oda Nobunaga, o mais poderoso senhor da guerra do Japão, tinha um escravo africano que não era apenas uma curiosidade cultural, mas também seu guarda-costas e que alcançou bastante prestígio entre os japoneses daquele tempo.


Em meados do século XVI, a costa do Japão começou a ser frequentada por navios espanhóis e portugueses, que na época já navegaram pelo Oceano Pacífico. Além das sedas e especiarias, esses comerciantes levavam como parte da tripulação missionários católicos, principalmente jesuítas, ansiosos para reunir almas frescas ao Senhor por aquelas terras pagãs.

Havia poucos nobres japoneses que via com curiosidade, até mesmo com bons olhos, esta nova religião e os estrangeiros barbudos. Um desses entusiastas era Oda Nobunaga, o primeiro dos três grandes unificadores do império insular, que em 1580 tinha conseguido colocar metade do país sob o seu controle e mantinha a outra metade em uma rédea curta. Sem exagero ele podia ser considerado o rei do Japão.

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Exército de Nonunaga

Homem de inteligência inquieta e visão avançada, Nobunaga recebeu de forma digna os jesuítas e, embora se converter ao cristianismo não estava nos seus planos, gostava de receber os religiosos em audiência para saber como era o mundo quinhentista além dos limites do arquipélago japonês.

Mas as crônicas contam que um dia a paz que Nobunaga tanto se esforçou trazer para a capital japonesa foi subitamente interrompido pela chegada de um pitoresco convidado.

Em 23 de março de 1581 desembarcou o italiano Alessando Valignano, padre visitador (inspetor) dos jesuítas. Este trazia em sua comitiva um mauro vassalo, tão negro como os etíopes da Guiné. Alguém cujo nome verdadeiro é até hoje desconhecido, mas a quem os japoneses logo batizaram como Yasuke (弥 助). De acordo com a Histoire ecclésiastique Et Des Isles Du Japon royaumes, escrita pelo jesuíta François Solier em 1627, Yasuke era nativo de Moçambique, mas outros relatos afirmam que ele veio do Congo.

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Visitantes portugueses no Japão

As origens desta jovem impressionante ainda estão não totalmente conhecidas. Historiadores japoneses contemporâneos acreditavam que ele tinha sido vendido a Valignano em algum lugar no Congo, no entanto, estudos recentes mostram que ele pode ter sido um membro da etnia Makua de Moçambique, e que seu nome original era Yasufe. Moçambicano ou Congolês não se sabe, bem como se Yasufe , ou Yasuke, foi a primeira pessoa negra a pisar no Japão, uma vez que não era raro encontrar escravos africanos em galeões e caravelas da época. Mas, ao que parece, ele deve ter sido o primeiro negro visto na capital japonesa, Quioto, a então capital do Japão Imperial, sendo substituída por Tóquio em 1868.



O que se sabe, graças a testemunhos dos jesuítas e a documentos japoneses da época, é que Yasuke, ou Iusufe, chegou ao Japão em 1579, ao serviço do missionário napolitano Alessandro Valignano, nomeado Visitante das missões jesuíticas nas Índias, o que, na época, incluía também a costa oriental de África. O Visitante, uma espécie de inspetor, respondia diretamente ao superior geral da Companhia de Jesus.


A presença de Yasuke, um homem negro, com 1,88 metro, um gigante para a época, em particular para os padrões japoneses, atraía imensa gente, por onde quer que a comitiva de Valignano passasse, causando tumultos. Oda Nobunaga, rico e poderoso senhor feudal, ouviu falar dele e quis vê-lo. Não acreditando que um homem pudesse ter cor tão escura, ordenou que lhe dessem banho. Naturalmente, Yasuke saiu do banho ainda mais negro e reluzente do que quando entrara. Nobunaga ficou também muito impressionado com a força de Yasuke, com a sua inteligência e refinamento, convidando-o a viver no seu castelo, em Azuchi. Sabendo-se que Valignano sempre defendeu o estudo do japonês e a adaptação dos missionários e dos funcionários ao seu serviço aos usos e costumes locais, supõe-se que Yasuke falaria japonês com fluência.


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Yasuke ascendeu rapidamente na corte de Nobunaga, tornando-se o primeiro samurai estrangeiro da história do Japão. Combateu ao lado das forças do seu senhor, até estas serem derrotadas pelo exército do general rebelde Akechi Mitsuhide, em 1582. Nobunaga cometeu seppuku, o cruel suicídio por esventramento dos samurais, e Yasuke juntou-se ao filho de Nobunaga, Odu Nobutada. Distinguiu-se em combate, mas foi finalmente capturado. Akechi Mitsuhide, numa decisão que tanto pode ter tido motivações políticas quanto humanitárias, poupou-lhe a vida e entregou-o aos jesuítas.


A história de Yasuke talvez nos pareça hoje ainda mais extraordinária do que aos olhos de quem a testemunhou. Naquela época, no Japão, os africanos eram vistos com curiosidade; contudo, não há sinais de que houvesse preconceito racial. Yasuke foi admirado enquanto um ser exótico, é verdade, mas o reconhecimento que se seguiu resultou das qualidades humanas e de grande guerreiro que logo demonstrou.



Originais: OGlobo
Toque de História
Obs: Mesclei as duas fontes num único texto, se tiver ficado ruim de ler, dêem um toque.
 

Goris

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Vamos à uma das mais antigas nações do mundo, isso mesmo, a Etiópia já era rica e poderosa quando Moisés recebia os Mandamentos e os gregos fugiam de ciclopes e deuses raivosos.

República Democrática Federal da Etiópia
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Provável lar ancestral de nós, homo sapiens (e mulheres sapiens) modernos, a Etiópia começa sua história em 800 aC, com o surgimento do reino D'mt, reino que daria origem a Etiópia. Na época de gregos e hebreus, a Etiópia já era uma nação poderosa, de onde veio a famosa rainha de Sabá.

Lendas?
Se formos levar a Biblia em conta, a Rainha de Sabá (ou Shva ou Mkeda) ao saber da sabedoria do Rei Salomão, teria visitado o Reino de Israel levando enorme quantidade de ouro como presente, discutido assuntos de Estado e, depois de algum tempo, retornado a seu país.
Porém, todavia, entretanto, ela teria sido seduzida (ou seduzido, há controvérsias) Salomão e, dele, teria surgido a dinastia que séculos depois ainda controlaria o país, de acordo com a versão etíope.


História real.
Após o século IV aC, o reino se divide em vários reinos menores, até o século I AC, quando um desses reinos menores, Axum, se torna um império e domina os outros reinos, estabelecendo uma longa e duradoura cultura e expandindo seus domínios para o sul do chifre da África (curiosamente, mesma região da vizinha Somália, que eu falarei mais pra frenteno tópico) nos séculos seguintes.

Axum, junto com China, Pérsia e Roma foram listadas pelo sábio persa Maniqueu como as maiores potências do mundo a sua época (o que contrasta bastante com a lenda que aprendemos nas escolas que a Africa era um continente atrasado e pobre desde sempre).

No século XV, a Etiópia voltou a encontrar com seus irmãos cristãos da europa, em busca de aliados, contatando os reis de Inglaterra e Portugal e obtendo ajuda contra invasores islâmicos. Se, a princípio, o reencontro com irmãos cristãos foi enxergado como algo bom, com o tempo missionários jesuítas passaram a converter etíopes para o catolicismo e a criar atritos com a Igreja Ortodoxa Etíope, gerando uma época de sérios conflitos, que terminou com a expulsão dos jesuítas do país e da confirmação da Igreja Ortodoxa Etíope como a oficial do país em cerca de 1630.

Seguiu-se uma longa idade de isolacioninsmo, com o poder imperial diminuindo e se fragmentando nos 2 seculos seguintes.

Teodoros II e a reunificação imperial.

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Teodoro II capturando Henry Stern, 1863

O Imperador Tewodros (Teodoro) II surgiu em 1855, usurpando o trono e unindo todo o reino novamente. Ele enfrentou diversas revoltas internas, principalmente por não ter sangue real, e buscou ajuda inglesa. Inicialmente para modernizar e unificar a Etiópia (então com o nome de Abissínia). Mas com o tempo, os ingleses pararam de ajudar ao monarca. Insatisfeito com a recusa inglesa em maior ajuda, Tewodros sequestrou missionários, comerciantes e representantes ingleses com o objetivo de forçar a Inglaterra a negociar. Não foi a melhor idéia que ele teve. Se ele tivesse se feito de vítima, esperado 3 séculos, talvez pudesse ter mais sucesso, mas naquele momento, a Inglaterra enviou uma enorme força-tarefa contra o país e, numa batalha em 1868, venceu as tropas de Tewodros, que se suicidou para evitar ser capturado.

Apesar da vitória, a Inglaterra não buscou conquistar a Etiópia, deixando o caminho livre para a Itália.

Menelik II e a guerra contra a Itália.

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Menelik II

A história de Menelik II já daria, por si só, um tópico inteiro, mas resumidamente, Teodoro II, quando usurpou o trono, prendeu todos os legítimos herdeiros em uma cidade, onde poderia mantê-los como reféns em caso de necessidade. Teodoro não era um rei muito querido e, após os festejos por sua morte, Menelik foi um dos que buscaram provar seu direito ao trono. Foi um período de ainda mais guerras civis entre ele e seus rivais. Menelik, ao saber dos italianos, faz um acordo com eles em troca de ajuda.

O acordo foi manipulado (neste caso, sim, foi manipulado) de forma a haver um documento dando várias regalias e direitos à Itália em troca de auxílio político, militar e econômico da mesma. Mas a versão levada dalí para a Europa era bem outra. Nela, a Etiópia reconhecia que somente poderia se relacionar ao mundo externo por intermédio dos italianos. Que, claro, sempre deturpariam seus pedidos e anseios como melhor lhes conviesse.

Quando Menelik percebeu o logro, buscou modernizar seu exército, com armas e treinamento de origem européia. Quando os italianos tomaram parte do reino, a colônia da Eritréia, Menelik e sua esposa lançaram sua força de 110 mil guerreiros, incluindo soldados armados com rifles e cerca de 28 canhões. O resultado foi a primeira grande vitória de uma nação africana contra um colonizador europeu, em 1896. Vale lembrar, a Wikipedia em portuguêsnem sempre é uma boa fonte, já que alguém por lá acha que africanos eram selvagens armados com lanças e flechas.

A vitória trouxe, além da retomada do reino e do respeito das nações européias, que consideraram a Etiópia como uma nação poderosa, um longo período de paz e acordos comerciais e diplomáticos vantajosos. Menelik morreu em 1913.

Rei Rasta!

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Haile Selassie - Imperador, humanista, pacifista e messias nas horas vagas!​

Haile Selassie então subiu ao trono. Inteligente, conseguiu acabar com as lutas internas da Etiópia, unindo os diversos clãs e levou adiante a modernização da Eitópia. Mais que apenas um rei Etíope, buscou unir as nações africanas e mesmo as européias numa tentativa de impedir massacres e guerras desnecessárias.

Selassia era um humanista. Um que não deixava os sonhos o impedirem de ver e reagir à realidade, mas que se adaptava aos fatos mantendo seus objetivos sempre como destino final. Foi um dos grandes incentivadores da Liga das Nações e das Nações Unidas, sendo considerados por muitos, um dos maiores oradores do Século XX. Honestamente, não sabia muito sobre Selassie (exceto que tinha relação com os rastafari) e quanto mais lia sobre ele, mais interessante ele me parecia, como figura histórica e humana.

Foi ele quem aboliu a Escravidão na África - sim, o Brasil tá longe de ter sido o último país do mundo a abolir a escravidão - e buscou seguir os planos de modernização de seu país, tanto trazendo a tecnologia a seu país quanto tentando enquadrar seu país na comunidade internacional. Objetivos que ele conseguiu com certo sucesso, visto que quase toda a comunidade internacional foi contra a invasão italiana da Etiópia, ainda que nenhuma nação tenha se arriscado a entrar numa guerra por conta deles.

Em 1935, depois de sete meses e o uso de aviões e até armas químicas, a Itália conquista a Etiópia, forçando Selassia a se exilar na Inglaterra e, de lá, dirigir as tentativas de resistência ao inimigo.

Vale comentar que durante seu exílio da Etiópia e luta contra os invasores italianos, surgiu uma religião que considerava Selassie o messias (lembra que eu disse que a Rainha de Sabá teve um filho com o Rei Salomão? Se Jesus não era o Messias, por linha de sangue Selassie seria o Messias esperado!) na Jamaica. A religião tinha o nome pré-coroação de Selassie, Ras Tafari. Isso, essa mesa. Durante uma visita ao país, o imperador destronado recebeu o apoio de pessoas que o consideravam um deus. Enquanto muitos líderes, de Stálin a Lula, adorariam isso, Selassie tentou explicar aos jamaicanos que era apenas um homem e que essa religião com foco nele era errada.

Em 1941, seis anos depois, a itália é expulsa do país e Haile Selassie retorna, com planos de modernizar ainda mais o país, levando todos os avanços e melhorias que desfrutou na Inglaterra para seu povo. O exílio o fez querer que o povo da Etiópia tivesse a mesma qualidade de vida que o povo inglês. Ele procurou muitas idéias que poderiam ser aplicadas e seu povo e criou um plano de reformas lentas, que não destruíssem a coesão milenar de seu povo, mas que assim mesmo o levasse a adquirir os hábitos que, ele acreditava, tornariam seu país uma WakandaInglaterra africana.


Impostos progressivos, com os mais ricos pagando mais, voto universal, uma constituição igualitária. Selassie era um governante progressista, mas de um tipo de progressismo que não interessava a todos os grupos no país. Certos grupos, indivíduos bons, iluminados, dispostos a levar a igualdade ao povo seguindo os ensinamentos de um profeta maluco chamado Carlos Marques estavam insatisfeitos com as melhorias insucifientes de Selassie, afinal, segundo eles, bastava seguir os ensinamentos de Carlos Marques e a Etiópia se tornaria um paraíso na Terra, não em décadas, mas rapidamente.

Agora sim, com Carlos Marques a Etiópia vai avançar!

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Raul Castro, Fidel Castro e Mengistu, igualdade para todos! Ou quase todos!

Mengistu Haile Mariam foi o líder do golpe militargrupo marxista-leninista que tomou o poder do país em 1974, aprisionando Selassie (e, segundo boatos, o assassinando) lançando o país, que crescera sob o governo Selassie, numa loooooooooooonga sequencia de mortes, falta de liberdade e fome, numa clara deturpação dos ideais de Carlos Marques. O governo Mengistu instituiu o terror vermelho como reação a um suposto terror branco (pessoas que realizavam matanças e massacres contra o pobre povo etíope), levando milhões de pessoas a passarem fome e, pelo menos 1 milhão de mortos. Não podemos colocar toda a culpa no arauto do socialismo, como sempre acontece, uma seca terrível causou a falta de comida, não o socialismo. Ah, os socialistas descobriram que podiam usar a fome como arma de guerra contra regiões insurgentes, causando ainda mais mortes.

Em 1977, a também socialista Somália invade a Etiópia e foi só graças à ajuda de URSS, Cuba, China e Alemanha Oriental, o país consegue se manter livre. Soldados cubanos e russos dão apoio logístico ao exército etíope, outrora orgulhoso de resistir aos ataques de potências européias muito superiores, agora perseguiam e caçavam seus próprios concidadãos.

Os anos 80 foram um festival de secas, guerras civis e algo inédito e impensável, numa nação que seguia os ensinamentos de Carlos Marques, com o governo se desintegrando em meio à guerra civil e o país entrando em caos. Nesse meio tempo, no resto do mundo, os países comunistas do Leste Europeu caem um a um, se tornando democracias no rastro da derrubada do Muro de Berlim. A própria União Soviética resiste mais um ano e também se desintegra (anotem essa palavra para o próximo país), deixando de enviar dinheiro para auxiliar os comunistas etíopes. Sem dinheiro para manter o pouco de exército e população fiel, lembrando a famosa frase "o socialismo dura até acabar o dinheiro dos outros", em 1991 o governo cai e Mengistu é condenado por genocídio, mas consegue escapar para Zimbábue (nossa próxima parada em tópicos sobre países que deturparam Carlos Marques).


Atualidade. Ou quase.

Meles Zenawi era um estudante de medicina que, durante o golpe marxista, acabou deixando a faculdade para participar de guerrilhas contra os golpistas. Vale comentar que Zenawi era, ele mesmo, socialista mas contrário aos métodos e objetivos do governo marxista-leninista de Mengistu. Ele logo se tornou um dos lideres da guerrilha anti-governo e, quando o país se desintegrou após o fim da ajuda soviética, acabou se tornando o líder do governo de transição.

Zenawi reestabeleceu o multi-partidarismo e a liberdade religiosa, assim como institui eleiçoes democráticas livres e privatizou diversos setores da economia. Outra ação dele, já como presidente eleito, foi dividir o país em áreas de acordo com a etnia da população, evitando novos conflitos e guerras civis. Também neste período, após uma eleição, a Eritréia ganhou sua independência do país.

Apesar dos avanços, mais de 30 anos de fome, guerra civil e socialismomortes trouxe seu preço, com o país precisando reconstruir sua infraestrutura e tudo o que foi destruído em todos esses anos.

Hoje, a Etiópia tem IDH de 0,44, o tornando o 174 (de 188 países) IDH do mundo.

Nada mal para uma nação com milhares de anos de existência, que resistiu aos ataques de uma nação européia muito mais poderosa. Culpa, claro, do capitalismo opressor.

Fonte: Wikipédia
 

Diógenes Laércio

Bam-bam-bam
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Bom, nisso, uma matéria de O Globo sobre Yuzuke, o famoso Samurai Negro, misturada com o texto de Um Toque de História:

Yazuke, o samurai negro

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O Japão não é um lugar que seria normalmente associado a presença de escravos oriundos da África. No entanto, no final do século 16, Oda Nobunaga, o mais poderoso senhor da guerra do Japão, tinha um escravo africano que não era apenas uma curiosidade cultural, mas também seu guarda-costas e que alcançou bastante prestígio entre os japoneses daquele tempo.


Em meados do século XVI, a costa do Japão começou a ser frequentada por navios espanhóis e portugueses, que na época já navegaram pelo Oceano Pacífico. Além das sedas e especiarias, esses comerciantes levavam como parte da tripulação missionários católicos, principalmente jesuítas, ansiosos para reunir almas frescas ao Senhor por aquelas terras pagãs.

Havia poucos nobres japoneses que via com curiosidade, até mesmo com bons olhos, esta nova religião e os estrangeiros barbudos. Um desses entusiastas era Oda Nobunaga, o primeiro dos três grandes unificadores do império insular, que em 1580 tinha conseguido colocar metade do país sob o seu controle e mantinha a outra metade em uma rédea curta. Sem exagero ele podia ser considerado o rei do Japão.

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Exército de Nonunaga

Homem de inteligência inquieta e visão avançada, Nobunaga recebeu de forma digna os jesuítas e, embora se converter ao cristianismo não estava nos seus planos, gostava de receber os religiosos em audiência para saber como era o mundo quinhentista além dos limites do arquipélago japonês.

Mas as crônicas contam que um dia a paz que Nobunaga tanto se esforçou trazer para a capital japonesa foi subitamente interrompido pela chegada de um pitoresco convidado.

Em 23 de março de 1581 desembarcou o italiano Alessando Valignano, padre visitador (inspetor) dos jesuítas. Este trazia em sua comitiva um mauro vassalo, tão negro como os etíopes da Guiné. Alguém cujo nome verdadeiro é até hoje desconhecido, mas a quem os japoneses logo batizaram como Yasuke (弥 助). De acordo com a Histoire ecclésiastique Et Des Isles Du Japon royaumes, escrita pelo jesuíta François Solier em 1627, Yasuke era nativo de Moçambique, mas outros relatos afirmam que ele veio do Congo.

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Visitantes portugueses no Japão

As origens desta jovem impressionante ainda estão não totalmente conhecidas. Historiadores japoneses contemporâneos acreditavam que ele tinha sido vendido a Valignano em algum lugar no Congo, no entanto, estudos recentes mostram que ele pode ter sido um membro da etnia Makua de Moçambique, e que seu nome original era Yasufe. Moçambicano ou Congolês não se sabe, bem como se Yasufe , ou Yasuke, foi a primeira pessoa negra a pisar no Japão, uma vez que não era raro encontrar escravos africanos em galeões e caravelas da época. Mas, ao que parece, ele deve ter sido o primeiro negro visto na capital japonesa, Quioto, a então capital do Japão Imperial, sendo substituída por Tóquio em 1868.



O que se sabe, graças a testemunhos dos jesuítas e a documentos japoneses da época, é que Yasuke, ou Iusufe, chegou ao Japão em 1579, ao serviço do missionário napolitano Alessandro Valignano, nomeado Visitante das missões jesuíticas nas Índias, o que, na época, incluía também a costa oriental de África. O Visitante, uma espécie de inspetor, respondia diretamente ao superior geral da Companhia de Jesus.


A presença de Yasuke, um homem negro, com 1,88 metro, um gigante para a época, em particular para os padrões japoneses, atraía imensa gente, por onde quer que a comitiva de Valignano passasse, causando tumultos. Oda Nobunaga, rico e poderoso senhor feudal, ouviu falar dele e quis vê-lo. Não acreditando que um homem pudesse ter cor tão escura, ordenou que lhe dessem banho. Naturalmente, Yasuke saiu do banho ainda mais negro e reluzente do que quando entrara. Nobunaga ficou também muito impressionado com a força de Yasuke, com a sua inteligência e refinamento, convidando-o a viver no seu castelo, em Azuchi. Sabendo-se que Valignano sempre defendeu o estudo do japonês e a adaptação dos missionários e dos funcionários ao seu serviço aos usos e costumes locais, supõe-se que Yasuke falaria japonês com fluência.


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Yasuke ascendeu rapidamente na corte de Nobunaga, tornando-se o primeiro samurai estrangeiro da história do Japão. Combateu ao lado das forças do seu senhor, até estas serem derrotadas pelo exército do general rebelde Akechi Mitsuhide, em 1582. Nobunaga cometeu seppuku, o cruel suicídio por esventramento dos samurais, e Yasuke juntou-se ao filho de Nobunaga, Odu Nobutada. Distinguiu-se em combate, mas foi finalmente capturado. Akechi Mitsuhide, numa decisão que tanto pode ter tido motivações políticas quanto humanitárias, poupou-lhe a vida e entregou-o aos jesuítas.


A história de Yasuke talvez nos pareça hoje ainda mais extraordinária do que aos olhos de quem a testemunhou. Naquela época, no Japão, os africanos eram vistos com curiosidade; contudo, não há sinais de que houvesse preconceito racial. Yasuke foi admirado enquanto um ser exótico, é verdade, mas o reconhecimento que se seguiu resultou das qualidades humanas e de grande guerreiro que logo demonstrou.



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Bacana.

Será que o desenho foi inspirado nele?
 

Jonjon's Kimyo na Boken

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Yazuke, o samurai negro

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O Japão não é um lugar que seria normalmente associado a presença de escravos oriundos da África. No entanto, no final do século 16, Oda Nobunaga, o mais poderoso senhor da guerra do Japão, tinha um escravo africano que não era apenas uma curiosidade cultural, mas também seu guarda-costas e que alcançou bastante prestígio entre os japoneses daquele tempo.


Em meados do século XVI, a costa do Japão começou a ser frequentada por navios espanhóis e portugueses, que na época já navegaram pelo Oceano Pacífico. Além das sedas e especiarias, esses comerciantes levavam como parte da tripulação missionários católicos, principalmente jesuítas, ansiosos para reunir almas frescas ao Senhor por aquelas terras pagãs.

Havia poucos nobres japoneses que via com curiosidade, até mesmo com bons olhos, esta nova religião e os estrangeiros barbudos. Um desses entusiastas era Oda Nobunaga, o primeiro dos três grandes unificadores do império insular, que em 1580 tinha conseguido colocar metade do país sob o seu controle e mantinha a outra metade em uma rédea curta. Sem exagero ele podia ser considerado o rei do Japão.

nobunaga.jpg

Exército de Nonunaga

Homem de inteligência inquieta e visão avançada, Nobunaga recebeu de forma digna os jesuítas e, embora se converter ao cristianismo não estava nos seus planos, gostava de receber os religiosos em audiência para saber como era o mundo quinhentista além dos limites do arquipélago japonês.

Mas as crônicas contam que um dia a paz que Nobunaga tanto se esforçou trazer para a capital japonesa foi subitamente interrompido pela chegada de um pitoresco convidado.

Em 23 de março de 1581 desembarcou o italiano Alessando Valignano, padre visitador (inspetor) dos jesuítas. Este trazia em sua comitiva um mauro vassalo, tão negro como os etíopes da Guiné. Alguém cujo nome verdadeiro é até hoje desconhecido, mas a quem os japoneses logo batizaram como Yasuke (弥 助). De acordo com a Histoire ecclésiastique Et Des Isles Du Japon royaumes, escrita pelo jesuíta François Solier em 1627, Yasuke era nativo de Moçambique, mas outros relatos afirmam que ele veio do Congo.

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Visitantes portugueses no Japão

As origens desta jovem impressionante ainda estão não totalmente conhecidas. Historiadores japoneses contemporâneos acreditavam que ele tinha sido vendido a Valignano em algum lugar no Congo, no entanto, estudos recentes mostram que ele pode ter sido um membro da etnia Makua de Moçambique, e que seu nome original era Yasufe. Moçambicano ou Congolês não se sabe, bem como se Yasufe , ou Yasuke, foi a primeira pessoa negra a pisar no Japão, uma vez que não era raro encontrar escravos africanos em galeões e caravelas da época. Mas, ao que parece, ele deve ter sido o primeiro negro visto na capital japonesa, Quioto, a então capital do Japão Imperial, sendo substituída por Tóquio em 1868.



O que se sabe, graças a testemunhos dos jesuítas e a documentos japoneses da época, é que Yasuke, ou Iusufe, chegou ao Japão em 1579, ao serviço do missionário napolitano Alessandro Valignano, nomeado Visitante das missões jesuíticas nas Índias, o que, na época, incluía também a costa oriental de África. O Visitante, uma espécie de inspetor, respondia diretamente ao superior geral da Companhia de Jesus.


A presença de Yasuke, um homem negro, com 1,88 metro, um gigante para a época, em particular para os padrões japoneses, atraía imensa gente, por onde quer que a comitiva de Valignano passasse, causando tumultos. Oda Nobunaga, rico e poderoso senhor feudal, ouviu falar dele e quis vê-lo. Não acreditando que um homem pudesse ter cor tão escura, ordenou que lhe dessem banho. Naturalmente, Yasuke saiu do banho ainda mais negro e reluzente do que quando entrara. Nobunaga ficou também muito impressionado com a força de Yasuke, com a sua inteligência e refinamento, convidando-o a viver no seu castelo, em Azuchi. Sabendo-se que Valignano sempre defendeu o estudo do japonês e a adaptação dos missionários e dos funcionários ao seu serviço aos usos e costumes locais, supõe-se que Yasuke falaria japonês com fluência.


1-124.jpg

Yasuke ascendeu rapidamente na corte de Nobunaga, tornando-se o primeiro samurai estrangeiro da história do Japão. Combateu ao lado das forças do seu senhor, até estas serem derrotadas pelo exército do general rebelde Akechi Mitsuhide, em 1582. Nobunaga cometeu seppuku, o cruel suicídio por esventramento dos samurais, e Yasuke juntou-se ao filho de Nobunaga, Odu Nobutada. Distinguiu-se em combate, mas foi finalmente capturado. Akechi Mitsuhide, numa decisão que tanto pode ter tido motivações políticas quanto humanitárias, poupou-lhe a vida e entregou-o aos jesuítas.


A história de Yasuke talvez nos pareça hoje ainda mais extraordinária do que aos olhos de quem a testemunhou. Naquela época, no Japão, os africanos eram vistos com curiosidade; contudo, não há sinais de que houvesse preconceito racial. Yasuke foi admirado enquanto um ser exótico, é verdade, mas o reconhecimento que se seguiu resultou das qualidades humanas e de grande guerreiro que logo demonstrou.



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E isso é tudo.
 


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Provável lar ancestral de nós, homo sapiens (e mulheres sapiens) modernos, a Etiópia começa sua história em 800 aC, com o surgimento do reino D'mt, reino que daria origem a Etiópia. Na época de gregos e hebreus, a Etiópia já era uma nação poderosa, de onde veio a famosa rainha de Sabá.

Lendas?
Se formos levar a Biblia em conta, a Rainha de Sabá (ou Shva ou Mkeda) ao saber da sabedoria do Rei Salomão, teria visitado o Reino de Israel levando enorme quantidade de ouro como presente, discutido assuntos de Estado e, depois de algum tempo, retornado a seu país.
Porém, todavia, entretanto, ela teria sido seduzida (ou seduzido, há controvérsias) Salomão e, dele, teria surgido a dinastia que séculos depois ainda controlaria o país, de acordo com a versão etíope.


História real.
Após o século IV aC, o reino se divide em vários reinos menores, até o século I AC, quando um desses reinos menores, Axum, se torna um império e domina os outros reinos, estabelecendo uma longa e duradoura cultura e expandindo seus domínios para o sul do chifre da África (curiosamente, mesma região da vizinha Somália, que eu falarei mais pra frenteno tópico) nos séculos seguintes.

Axum, junto com China, Pérsia e Roma foram listadas pelo sábio persa Maniqueu como as maiores potências do mundo a sua época (o que contrasta bastante com a lenda que aprendemos nas escolas que a Africa era um continente atrasado e pobre desde sempre).

No século XV, a Etiópia voltou a encontrar com seus irmãos cristãos da europa, em busca de aliados, contatando os reis de Inglaterra e Portugal e obtendo ajuda contra invasores islâmicos. Se, a princípio, o reencontro com irmãos cristãos foi enxergado como algo bom, com o tempo missionários jesuítas passaram a converter etíopes para o catolicismo e a criar atritos com a Igreja Ortodoxa Etíope, gerando uma época de sérios conflitos, que terminou com a expulsão dos jesuítas do país e da confirmação da Igreja Ortodoxa Etíope como a oficial do país em cerca de 1630.

Seguiu-se uma longa idade de isolacioninsmo, com o poder imperial diminuindo e se fragmentando nos 2 seculos seguintes.

Teodoros II e a reunificação imperial.

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Teodoro II capturando Henry Stern, 1863

O Imperador Tewodros (Teodoro) II surgiu em 1855, usurpando o trono e unindo todo o reino novamente. Ele enfrentou diversas revoltas internas, principalmente por não ter sangue real, e buscou ajuda inglesa. Inicialmente para modernizar e unificar a Etiópia (então com o nome de Abissínia). Mas com o tempo, os ingleses pararam de ajudar ao monarca. Insatisfeito com a recusa inglesa em maior ajuda, Tewodros sequestrou missionários, comerciantes e representantes ingleses com o objetivo de forçar a Inglaterra a negociar. Não foi a melhor idéia que ele teve. Se ele tivesse se feito de vítima, esperado 3 séculos, talvez pudesse ter mais sucesso, mas naquele momento, a Inglaterra enviou uma enorme força-tarefa contra o país e, numa batalha em 1868, venceu as tropas de Tewodros, que se suicidou para evitar ser capturado.

Apesar da vitória, a Inglaterra não buscou conquistar a Etiópia, deixando o caminho livre para a Itália.

Menelik II e a guerra contra a Itália.

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Menelik II

A história de Menelik II já daria, por si só, um tópico inteiro, mas resumidamente, Teodoro II, quando usurpou o trono, prendeu todos os legítimos herdeiros em uma cidade, onde poderia mantê-los como reféns em caso de necessidade. Teodoro não era um rei muito querido e, após os festejos por sua morte, Menelik foi um dos que buscaram provar seu direito ao trono. Foi um período de ainda mais guerras civis entre ele e seus rivais. Menelik, ao saber dos italianos, faz um acordo com eles em troca de ajuda.

O acordo foi manipulado (neste caso, sim, foi manipulado) de forma a haver um documento dando várias regalias e direitos à Itália em troca de auxílio político, militar e econômico da mesma. Mas a versão levada dalí para a Europa era bem outra. Nela, a Etiópia reconhecia que somente poderia se relacionar ao mundo externo por intermédio dos italianos. Que, claro, sempre deturpariam seus pedidos e anseios como melhor lhes conviesse.

Quando Menelik percebeu o logro, buscou modernizar seu exército, com armas e treinamento de origem européia. Quando os italianos tomaram parte do reino, a colônia da Eritréia, Menelik e sua esposa lançaram sua força de 110 mil guerreiros, incluindo soldados armados com rifles e cerca de 28 canhões. O resultado foi a primeira grande vitória de uma nação africana contra um colonizador europeu, em 1896. Vale lembrar, a Wikipedia em portuguêsnem sempre é uma boa fonte, já que alguém por lá acha que africanos eram selvagens armados com lanças e flechas.

A vitória trouxe, além da retomada do reino e do respeito das nações européias, que consideraram a Etiópia como uma nação poderosa, um longo período de paz e acordos comerciais e diplomáticos vantajosos. Menelik morreu em 1913.

Rei Rasta!

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Haile Selassie - Imperador, humanista, pacifista e messias nas horas vagas!​

Haile Selassie então subiu ao trono. Inteligente, conseguiu acabar com as lutas internas da Etiópia, unindo os diversos clãs e levou adiante a modernização da Eitópia. Mais que apenas um rei Etíope, buscou unir as nações africanas e mesmo as européias numa tentativa de impedir massacres e guerras desnecessárias.

Selassia era um humanista. Um que não deixava os sonhos o impedirem de ver e reagir à realidade, mas que se adaptava aos fatos mantendo seus objetivos sempre como destino final. Foi um dos grandes incentivadores da Liga das Nações e das Nações Unidas, sendo considerados por muitos, um dos maiores oradores do Século XX. Honestamente, não sabia muito sobre Selassie (exceto que tinha relação com os rastafari) e quanto mais lia sobre ele, mais interessante ele me parecia, como figura histórica e humana.

Foi ele quem aboliu a Escravidão na África - sim, o Brasil tá longe de ter sido o último país do mundo a abolir a escravidão - e buscou seguir os planos de modernização de seu país, tanto trazendo a tecnologia a seu país quanto tentando enquadrar seu país na comunidade internacional. Objetivos que ele conseguiu com certo sucesso, visto que quase toda a comunidade internacional foi contra a invasão italiana da Etiópia, ainda que nenhuma nação tenha se arriscado a entrar numa guerra por conta deles.

Em 1935, depois de sete meses e o uso de aviões e até armas químicas, a Itália conquista a Etiópia, forçando Selassia a se exilar na Inglaterra e, de lá, dirigir as tentativas de resistência ao inimigo.

Vale comentar que durante seu exílio da Etiópia e luta contra os invasores italianos, surgiu uma religião que considerava Selassie o messias (lembra que eu disse que a Rainha de Sabá teve um filho com o Rei Salomão? Se Jesus não era o Messias, por linha de sangue Selassie seria o Messias esperado!) na Jamaica. A religião tinha o nome pré-coroação de Selassie, Ras Tafari. Isso, essa mesa. Durante uma visita ao país, o imperador destronado recebeu o apoio de pessoas que o consideravam um deus. Enquanto muitos líderes, de Stálin a Lula, adorariam isso, Selassie tentou explicar aos jamaicanos que era apenas um homem e que essa religião com foco nele era errada.

Em 1941, seis anos depois, a itália é expulsa do país e Haile Selassie retorna, com planos de modernizar ainda mais o país, levando todos os avanços e melhorias que desfrutou na Inglaterra para seu povo. O exílio o fez querer que o povo da Etiópia tivesse a mesma qualidade de vida que o povo inglês. Ele procurou muitas idéias que poderiam ser aplicadas e seu povo e criou um plano de reformas lentas, que não destruíssem a coesão milenar de seu povo, mas que assim mesmo o levasse a adquirir os hábitos que, ele acreditava, tornariam seu país uma WakandaInglaterra africana.


Impostos progressivos, com os mais ricos pagando mais, voto universal, uma constituição igualitária. Selassie era um governante progressista, mas de um tipo de progressismo que não interessava a todos os grupos no país. Certos grupos, indivíduos bons, iluminados, dispostos a levar a igualdade ao povo seguindo os ensinamentos de um profeta maluco chamado Carlos Marques estavam insatisfeitos com as melhorias insucifientes de Selassie, afinal, segundo eles, bastava seguir os ensinamentos de Carlos Marques e a Etiópia se tornaria um paraíso na Terra, não em décadas, mas rapidamente.

Agora sim, com Carlos Marques a Etiópia vai avançar!

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Raul Castro, Fidel Castro e Mengistu, igualdade para todos! Ou quase todos!

Mengistu Haile Mariam foi o líder do golpe militargrupo marxista-leninista que tomou o poder do país em 1974, aprisionando Selassie (e, segundo boatos, o assassinando) lançando o país, que crescera sob o governo Selassie, numa loooooooooooonga sequencia de mortes, falta de liberdade e fome, numa clara deturpação dos ideais de Carlos Marques. O governo Mengistu instituiu o terror vermelho como reação a um suposto terror branco (pessoas que realizavam matanças e massacres contra o pobre povo etíope), levando milhões de pessoas a passarem fome e, pelo menos 1 milhão de mortos. Não podemos colocar toda a culpa no arauto do socialismo, como sempre acontece, uma seca terrível causou a falta de comida, não o socialismo. Ah, os socialistas descobriram que podiam usar a fome como arma de guerra contra regiões insurgentes, causando ainda mais mortes.

Em 1977, a também socialista Somália invade a Etiópia e foi só graças à ajuda de URSS, Cuba, China e Alemanha Oriental, o país consegue se manter livre. Soldados cubanos e russos dão apoio logístico ao exército etíope, outrora orgulhoso de resistir aos ataques de potências européias muito superiores, agora perseguiam e caçavam seus próprios concidadãos.

Os anos 80 foram um festival de secas, guerras civis e algo inédito e impensável, numa nação que seguia os ensinamentos de Carlos Marques, com o governo se desintegrando em meio à guerra civil e o país entrando em caos. Nesse meio tempo, no resto do mundo, os países comunistas do Leste Europeu caem um a um, se tornando democracias no rastro da derrubada do Muro de Berlim. A própria União Soviética resiste mais um ano e também se desintegra (anotem essa palavra para o próximo país), deixando de enviar dinheiro para auxiliar os comunistas etíopes. Sem dinheiro para manter o pouco de exército e população fiel, lembrando a famosa frase "o socialismo dura até acabar o dinheiro dos outros", em 1991 o governo cai e Mengistu é condenado por genocídio, mas consegue escapar para Zimbábue (nossa próxima parada em tópicos sobre países que deturparam Carlos Marques).


Atualidade. Ou quase.

Meles Zenawi era um estudante de medicina que, durante o golpe marxista, acabou deixando a faculdade para participar de guerrilhas contra os golpistas. Vale comentar que Zenawi era, ele mesmo, socialista mas contrário aos métodos e objetivos do governo marxista-leninista de Mengistu. Ele logo se tornou um dos lideres da guerrilha anti-governo e, quando o país se desintegrou após o fim da ajuda soviética, acabou se tornando o líder do governo de transição.

Zenawi reestabeleceu o multi-partidarismo e a liberdade religiosa, assim como institui eleiçoes democráticas livres e privatizou diversos setores da economia. Outra ação dele, já como presidente eleito, foi dividir o país em áreas de acordo com a etnia da população, evitando novos conflitos e guerras civis. Também neste período, após uma eleição, a Eritréia ganhou sua independência do país.

Apesar dos avanços, mais de 30 anos de fome, guerra civil e socialismomortes trouxe seu preço, com o país precisando reconstruir sua infraestrutura e tudo o que foi destruído em todos esses anos.

Hoje, a Etiópia tem IDH de 0,44, o tornando o 174 (de 188 países) IDH do mundo.

Nada mal para uma nação com milhares de anos de existência, que resistiu aos ataques de uma nação européia muito mais poderosa. Culpa, claro, do capitalismo opressor.

Fonte: Wikipédia

Não conhecia a história da Etiópia. Bem bacana conhecer e ao mesmo tempo entristece ver o que revolucionários marxistas e/ou positivistas podem fazer por um país.
 

Goris

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Não conhecia a história da Etiópia. Bem bacana conhecer e ao mesmo tempo entristece ver o que revolucionários marxistas e/ou positivistas podem fazer por um país.
Estou tentando reescrever o texto sobre a Somália, que lembra muito a Venezuela, pra ficar mais fácil de ler.

Se a Etiópia dá tristeza, a Somália dá raiva. O país não conseguiu quebrar os grilhões do socialismo antes de se desintegrar, deixando o povo à mercê de piratas, senhores da guerra, saqueadores e escravizadores.

Um grupo islâmico assumiu o poder lá (ou o mais perto disso que dá pra assumir) e está tentando botar ordem.

Você percebe o fundo do poço que um país inteiro chegou quando extremistas islâmicos são os salvadores que vem botar ordem. Sem zoeira.
 

Goris

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Quase tão antiga quanto a Etiópia, a Somália é o triste caso de um povo e um governo que implodiram e se desintegraram nas últimas décadas. Quando se pensa em Somália, você pensa em crianças guerreiras, senhores da guerra e piratas modernos. Mas o país nem sempre foi assim. Por muito tempo a Somália foi uma das mais ricas terras do mundo.

República Democrática da Somália

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Somália - O Chifre da África

Na antiguidade, mercadores punt comercializavam com o Egito, Fenicia, Micenas (Grécia), Babilônia e demais potências da época. Restos arqueológicos de pirâmides, templos e casas de alvenaria mostram a avançada arte técnica desse povo. Sua posição estratégica, no chamado Chifre da África permitia a seus comerciantes trocarem produtos com as distantes Roma e Índia e trouxeram riqueza e prosperidade a seu povo.

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Ruínas somalis​

Enquanto a Etiópia se tornava cristã, a Somália se tornou islâmica de forma gradativa e pacífica, durante séculos de comércio com povos árabes, de forma que Mogadício chegou a ser considerada, por anos, a "Cidade do Islã" e controlou o comércio de ouro de todo o leste africano. E, quando, por volta de 1500 os portugueses se aliaram aos etíopes (abissínios) na luta contra os somalis islâmicos, foram derrotados quando, pela primeira vez na história da África, armas de fogo foram utilizadas por uma nação africana.

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As táticas dervishes derrotaram 4 vezes os atacantes ingleses

Sua fama após derrotar por quatro vezes as forças militares do até então irresistível exército imperial inglês fez com que a Somália fosse cortejada e, logo após, aliada dos Impérios Alemão e Otomano. A rigor, a única nação islâmica independente a lutar na primeira guerra mundial foi a Somália. Mas a decisão de se aliar a alemães e otomanos, ambos derrotados, fez com que os ingleses decidissem tentar uma quinta invasão. Desta vez com uma diferença fundamental:

O avião!

Após vários bombardeios, e sem recursos anti-aéreos, a capital se rendeu, em 1920 e finalmente, depois de mais de 2 milênios, a Somália se tornou uma colônia de outro povo. Foram 30 anos de colonização, que subitamente terminaram quando a Inglaterra havia saído arrasada da Segunda Guerra Mundial. Sem condições de manter o poder sobre a Somália, mas não querendo que o país caísse na área de influência dos soviéticos, a coroa britânica ofereceu ao país sua liberdade de volta e mais ainda, a chance de participar do mercado comum das ex colônias britâncias.

Nesse período, fins dos anos 40 e início dos anos 50 a Inglaterra concede independência à Somália, mas um período de transição faz parte dos acordos entre o status de colônia e a independência total. O objetivo era uma transição pacífica e gradual. Embora boa parte da população aceitasse esse acordo, o grupo político SYL (guarde esse nome) se posicionou abertamente contra uma transição pacífica e lenta, mas ainda nao tinha poder para influenciar os destinos do país, apenas fazendo oposição e prevendo o fim do país e o apocalipse caso se seguisse o plano imperialista inglês.

É, conhecemos essa ladainha aqui no Brasil, né?

Vale comentar que nem tudo eram flores, no acordo, uma parte relativamente rica do país foi entregue à Etiópia (ingleses e sua sensibilidade colonial), o que gerava ainda mais motivos para o SYL vociferar contra a independência lenta.

Ao contrário dos alertas (na verdade, esperanças) do SYL, o período de transição foi cultural, política e economicamente vantajoso aos somalis. O país cresceu economicamente, a administração italiana e inglesa estava formando uma elite regional (a odiada classe média) educada e cosmopolita. A posição do país, próximo ao oriente médio, egito, ìndia e cia o tornava um ponto comercial interessante, os anos 50-60 foram anos de grande melhoria material para o povo somali, que vivia mais e melhor que os seus vizinhos.

Após a independência formal, o SYL - grande expoente da luta contra o colonialismo - se tornou o principal partido político do país. E foi nos anos 60 que o governo começou a se aproximar mais da URSS, que fornecia armas, treinamentos e ajuda diplomática e da China, que fornecia empréstimos para aplicações civis. Vale muito lembrar que essa bondade socialista toda era sem segundas intenções. Levar soldados e políticos para serem doutrinadostreinados nestes países, vendo as coisas grandiosas que o socialismo trazia apenas servia a propósitos humanistas.

A princípio, o SYL não era um partido socialista, mas a aproximação com a China e URSS acabou levando amplos setores da sociedade a se tornarem simpáticos ao socialismo. Como eu disse, políticos, estudantes e até militares iam fazer visitas a esses países e ficavam maravilhados com as maravilhas do socialismo. Oras, a Somália havia crescido muito, mas ainda era uma nação atrasada.

Claramente isso acontecia porque os EUA não queriam uma Somália livre, a solução seria implantar o socialismo na Somália.

Imaginem, se com o livre-comércio capitalista opressor a Somália cresceu tanto em meros 10 anos, quanto o país não cresceria se seguisse os passos de nações ricas e poderosas como URSS e China? O socialismo e a liberdade da ditadura do Proletariado poderiam transformar a Somália num paraíso.

O que poderia dar errado?

Nisso, o SYL ganhou o poder na década de 60 e tentou implantar medidas socializantes na economia (no melhor estilo Venezuela) com resultados ruins. O crescimento dos 15 anos anteriores estacou e até regrediu. Quanto mais os políticos tentavam controlar a economia, menos ela funcionava e mais era necessário que eles controlassem ela mais. Sem resultados. Nas eleições do final da década, o povo em peso votou nos opositores do SYL - agora sim, um partido com ideais que tendiam ao socialismo - e o partido acusou fraude nas eleições.

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Revolucionários do mundo, uni-vos!

Como um partido que estava no poder poderia ser vítima de fraude não sabemos, mas em 1969 o presidente eleito é assassinado e um período de caos rapidamente é parado pelos militares, que implantam um regime de socialismo islâmico (!!!!!) no país e se aliando oficialmente à URSS, China e outros sucessos marxistas. O governo islâmico-socialista inicialmente teve grandes sucessos, por exemplo, criando o idioma somali a ser ensinado nas escolas ao invés dos idiomas dos colonizadores. A economia planificada também permitiu um rápido desenvolvimento do país. Foi a superioridade econômica do socialismo e não os empréstimos soviéticos e chineses que ajudaram nesse crescimento!

Fim da Parte I - Ficou maior do que pensei, peço desculpas pelo Wall of Text.
 

Lost Angel

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Bom tópico.

Porém, Samurai não é um título, mas uma casta social. O Yosuke devia ser um Bushi de grande prestígio, mas pode ser que o Oda tenha elevado a casta social vai saber.
 

Goris

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Bom tópico.

Porém, Samurai não é um título, mas uma casta social. O Yosuke devia ser um Bushi de grande prestígio, mas pode ser que o Oda tenha elevado a casta social vai saber.
Vou ter que pesquisar sobre samurais, valeu pela correção.

Edit: "Nessa época, qualquer cidadão podia tornar-se um samurai, bastando para isso adestrar-se no Kobudo (artes marciais samurai), manter uma reputação e ser habilidoso o suficiente para ser contratado por um senhor feudal. Assim foi até o xogunato dos Tokugawa, iniciado em 1603, quando a classe dos samurai passou a ser uma casta. Assim, o título de "samurai" começou a ser passado de pai para filho."
No caso, nosso Yuzuke surgiu no Japão numa época que samurais eram uma espécie de funcionário militar de elite.
Só depois de 1600 que virou uma casta e, quem era continuou, quem não era se deu mal.


Fonte: Wikipedia.
 

sux

soteropolitano
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se remexerem a história recente da Africa, vão ter dezenas de países que perderam qualquer chance de desenvolvimento social e prosperidade após a saída dos colonos europeus com a entrada dos ideais socialistas, que só serviu para implementar ditaduras sanguinárias, corrupção, e abuso de poder
 

Goris

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se remexerem a história recente da Africa, vão ter dezenas de países que perderam qualquer chance de desenvolvimento social e prosperidade após a saída dos colonos europeus com a entrada dos ideais socialistas, que só serviu para implementar ditaduras sanguinárias, corrupção, e abuso de poder
O pior é que, basta ver a Venezuela, depois que vc cria uma geração acostumada a esses ideais, mesmo que dê errado e eles tenham que mudar de país, continuam achando os ideais certosz apenas que não foram aplicados corretamente.

:-(

Vira um círculo vicioso sem fim.

Aqui mesmo, no Brasil, o cara é alienado por uma ideologia que nunca deu certo, mas se vc falar em meritocracia e afins, ele é quem te chama de alienado.
 

Goris

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Enquanto não consigo tempo/ânimo para materiais autorais nem encontro nada de interessante pela internet, vejo que outras pessoas já perceberam que o socialismo na África é o responsável por muitas, muitas e muitas mortes.

Como o socialismo matou milhões de pessoas de fome na África e no restante do mundo
Por
Marian Tupy

Muito de nós já vimos imagens das crianças etíopes com fome, com barrigas inchadas e olhos cobertos com moscas. O que poucos sabem é que elas foram vítimas inocentes do Derg, um grupo de militares marxistas que tomou o poder na Etiópia e usou a fome para chantagear partes rebeldes do país.

Entre 1983 e 1985, mais de 400 mil pessoas morreram de fome. Em 1984, o Derg utilizou 46% do PIB para gastos militares, criando o maior exército da África. Em contraste, o gasto com saúde diminuiu de 6% do PIB em 1973 para 3% em 1990.

Previsivelmente, o Derg culpou a seca pela fome, mesmo com a escassez de alimentos tendo sido precedida por meses de chuva. Em 1991, o Derg foi derrubado e seu líder, Mengistu Haile Mariam, escapou para o Zimbabwe, onde mora sob proteção do governo e dos pagadores de impostos até hoje.

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Consumo de quilocalorias por pessoa, 1961-2013. Fonte: Banco Mundial
Falando em Zimbabwe, em 1999, Robert Mugabe, o ditador marxista que assumiu o poder há 35 anos, criou um catastrófico programa de reforma agrária que tinha como objetivo estatizar fazendas privadas e expulsar fazendeiros e empresários não-africanos. O resultado foi um colapso na produção agrícola, a segunda maior hiperinflação já registrada no mundo – 89,700,000,000,000,000,000,000% por ano (sim, 89,7 sextilhões) – e 94% do país sem emprego.

Milhares de zimbabweanos morreram de fome e doenças, apesar da massiva ajuda internacional. Como no caso da Etiópia, o governo do Zimbabwe culpou o clima, roubou grande parte do dinheiro da ajuda internacional e negou alimentos e medicamentos aos seus adversários políticos.

A tabela abaixo mostra que seis das dez piores matanças por fome no Século XX aconteceram em países socialistas. Além disso, Nigéria, Somália e Bangladesh tiveram escassez de alimentos como resultado de sucessivas guerras e má gestão estatal.

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Maiores matanças do Século XX por fome, em proporção da população. Fontes: Zycher and Daley (1989); US Bureau of the Census; World Bank; populstat.info; Institute of Development Studies.
Hoje não há um único caso de fome em massa em andamento no mundo – nem mesmo em locais devastados pela guerra como a Síria, e por quatro motivos. Primeiramente, o nível produção agrícola está mais alto do que nunca, o que fez os preços caírem: entre 1960 e 2015, a população mundial aumentou 143% enquanto o preço dos alimentos diminuiu 22%. Além disso, as pessoas têm mais renda e podem comprar mais comida: nos últimos 55 anos, a renda per capita média mundial aumentou 163%. Houve também desenvolvimento maciço dos transportes e das comunicações, o que tornou possível entregar ajuda alimentária em qualquer parte do mundo de forma relativamente rápida. E, por fim, a globalização e o comércio garantem que os alimentos possam ser adquiridos por qualquer pessoa e em qualquer lugar.

A África foi a principal beneficiária desse desenvolvimento, Em 1961, cada africano consumia, em média, 1993 quilocalorias por dia. Em 2011, último ano que o Banco Mundial forneceu os dados do continente, o consumo de cada africano era de 2618 quilocalorias. Globalmente, o consumo aumentou de 2196 para 2870 quilocalorias ao dia. Na Etiópia não foi diferente. Dois anos depois da deposição do Derg, cada etíope consuma 1508 quilocalorias por dia e, em 2013, o consumo por etíope já estava em 2131 quilocalorias por dia.

O Zimbabwe, que ainda sofre com um ditador socialista marxista, não teve a mesma sorte. Em 1961, cada zimbabuano consumia 2115 quilocalorias por dia e, em 2013 – 52 anos depois – esse consumo se manteve praticamente o mesmo (2110 quilocalorias por dia).

Onde quer que tenha sido instalado, da União Soviética até a Venezuela, o socialismo falhou. O socialismo é a fábula que promete igualdade e abundância para trazer tirania e fome.

Tradução: Rafael Cury; Revisão: Marcelo Faria
Fonte: IliSP
 

Goris

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Essa já é uma história mais humana, acho que poucos vão gostar, mas vale a pena contar a história de um africano que foi lutar contra japoneses pela Inglaterra.

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O Lado “C” da Segunda Guerra Mundial – Um Veterano de Ganês Lutando na Selva da Birmânia
Ricardo Lavecchia História Comentar


Por: Anderson Subtil / Ricardo Lavecchia

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Apesar da história de glórias e combates dos temidos Ghurkas do Nepal e dos hindus a serviço da Coroa Britânica serem bem conhecidos e difundido, pouco se sabe ou mesmo se escreveu acerca dos demais voluntários coloniais que lutaram na Segunda Guerra Mundial ao lado do outrora vasto Império Britânico, principalmente os vindos da África Negra. Este foi o caso dos cerca de 65 mil combatentes de Gana, conhecida na época como a colônia da Costa do Ouro, que serviram à Royal West African Frontier Force (RWAFF), na grande maioria alistados com a 81st (West African) Division e que estiveram ativos nas campanhas da África Oriental e na Birmânia. Com o fim do conflito mundial, muitos veteranos voltaram a sua terra natal e se engajaram na luta pela descolonização contra seus antigos comandantes e talvez por isso não haja hoje muito material e relatos de suas atuações em combate no Extremo Oriente. No entanto, graças à maravilhosa ferramenta da internet, conseguimos encontrar e reunir fragmentos dos depoimentos de um desses voluntários ganeses, onde podemos conhecer um pouco mais dessa luta desconhecida.

JACOB-2.jpg
Nascido na cidade costeira de Apam, no dia 9 de dezembro de 1921, Jacob Buabin Quansah, como todo menino ganês da época, recebeu dois nomes diferentes, o já citado, para uso legal e o de Kofi Acquah, só usado dentro da família. Na sua infância chegou a estudar em um colégio militar chamado West African Trade Training School Nr. 4, em Asuanse, onde obteve seu certificado do ensino básico. Quando a guerra estourou, Jacob não hesitou em pedir e receber o consentimento de seu pai para se alistar. Nessa época estavam selecionando para o colégio militar, mas como ele já tinha o diploma do colegial, ele foi direto para o exame em Cape Coast, onde acabou alistado como engenheiro na 3rd Field Company, West African Engineers, unidade da 5th (West Africa) Infantry Brigade, sediada em Accra, atual capital de Gana. Vale lembrar que, a exemplo da maior parte das forças coloniais, os oficiais e a maioria dos suboficiais eram de origem européia, enquanto todos os soldados eram negros africanos.

No início, como jovens que eram, os novos recrutas não levaram aquilo muito a sério, mas logo foram enviados para uma localidade chamada Olokomeji, na Nigéria, onde receberam a formação militar básica e foram treinados para a guerra na selva. Após quase um ano de preparação, partiram para Serra Leoa e lá embarcaram em um transporte chamado “Virgins Forty”, que os levaria numa longa viagem, escoltados por forte escolta, até o oceano Indico, através do Mediterrâneo e do Canal de Suez. O navio era enorme, possuía local para exercícios, refeitórios e até um agradável cinema. Um fato interessante que Jacob recorda é que havia entre a tripulação do navio muitas mulheres; no entanto, eles só foram saber disso quando chegaram ao Egito e viram as mesmas desembarcarem.

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Em agosto de 1943, após quatro longos meses de deslocamento, Jacob enfim chegou a Bombaim, na Índia. De lá, sua brigada foi deslocada para Nashik e em seguida para Imphal, já numa região de densas selvas e bem mais próximo da linha de frente da Birmânia, outra colônia britânica que faz fronteira com a Índia. Havia nessa região duas frentes bem definidas, uma ao longo da estrada Imphal-Tiddin, onde lutavam forças britânicas e indianas, e a frente do Vale Kaladan, mantida exclusivamente por africanos da RWAFF. Entretanto, em Imphal-Tiddin, as unidades aliadas não possuíam engenheiros e por isso sua unidade foi transferida para esta frente. O Sr. Quansah recorda que as duas brigadas japoneses que atuaram nessa frente, auxiliados por nacionalistas do Exército da independência birmanês estavam muito bem posicionados e, alem do mais, conheciam técnicas de combate na selva bastante superiores as adotadas pelos ocidentais, se movimentando em meio à floresta sem serem percebidos, pelo qual foram logo apelidados por todos de fantasmas. Já os avanços aliados eram muito prejudicados pela falta crônica de suprimentos, pelas doenças tropicais e pelas fortes chuvas torrenciais da estação das monções.

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O trabalho dos engenheiros era principalmente abrir caminho na frente das tropas para permitir que passassem com todo seu equipamento, mas então, por volta de abril de 1944, os japoneses contra-atacaram e os aliados tiveram de recuar cada vez mais. Ele conta que, certa vez, ele e alguns companheiros estavam em um intervalo dos combates, fazendo chá, quando uma barragem de artilharia começou a cair a sua volta e as forças aliadas foram obrigadas a recuar apressadamente, sempre perseguido pela artilharia inimiga. Recorda que foi um de seus piores dias; recorda ainda que havia um oficial hindu em um cavalo que os dava ordens para subirem e descerem colinas sucessivamente, enquanto granadas dos canhões japoneses os seguiam sem piedade. Quando finalmente a companhia conseguiu distanciar e parar para descansar, estavam boas 20 milhas atrás onde estavam antes e nosso personagem encontrava-se tão debilitado que não conseguia mais andar. Precisou ser levado a um hospital de campanha até se recuperar.

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Em outra ocasião, o Sr. Quansah recorda que foi lhes ordenado para construírem obstáculos e armadilhas antipessoal e semeassem campos minados. Eles não sabiam qual a finalidade daquilo até verem outros combatentes recuando para trás de suas linhas. Depois disso a 3rd Field Company recebeu ordem de também recuar e se unir as forças africanas da a 81st (West African) Division que lutavam na frente do Vale Kaladan. Pouco depois, os japoneses, assolados pela falta de comida, munição e por doenças como desinteira e malária, foram rechaçados de volta a Birmânia.

Um episódio engraçado do qual se recorda bem Jacob Quansah ocorreu quando a Alemanha se rendeu, em 8 de maio de 1945, pondo fim a guerra na Europa. Houve efusiva comemoração entre as unidades estrangeiras na Índia, mas os indianos não entendiam o motivo de tamanha comemoração, pois ali a guerra continuava contra os implacáveis japoneses. Aliás. Falando sobre isso, nosso personagem afirma que, mesmo derrotados pelo avanço dos britânicos e suas tropas coloniais, indianos, chineses e norte-americanos, muito provavelmente os obstinados soldados japoneses continuariam a lutar até o último homem, o que só não aconteceu realmente porque a invasão da Malásia, aliada às bombas atômicas, levaram a rendição incondicional do Império Japonês.

Jacob-Buabin-Quansah.png


Parte dos africanos permaneceram na Índia Britânica até 1946, quando enfim fizeram a longa viagem de retorno e, como ocorreu em outros lugares, foram totalmente esquecidos pela Coroa Britânica, embora a experiência de muitos deles ajudaria no fomento do chamado Nacionalismo Africano, que culminaria em inúmeros movimentos de libertação ao redor do continente.

Jacob-Buabin-Quansah4.png


Jacob Buabin Quansah havia deixado sua casa aos vinte anos e somente pode reencontrar sua família pouco antes de comemorar seu 25º aniversário. Ele é muito agradecido por ter logrado retornar a sua terra depois de tamanho sofrimento na guerra.

Fonte: Segunda Guerra .Net
 

Goris

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PS: Alguém tem textos legais sobre os askari alemães?
Askari eram tropas africanas treinadas como tropas de elite pelos alemães, utilizadas principalmente na defesa da Tanzânia e que deram um trabalho enorme aos ingleses, só sendo vencidos quando a Alemanha se rendeu.
 

Goris

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Rainha Nzinga de Ndongo, a mulher que impediu por 40 anos que os europeus conquistassem seu país.

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Nzinga Mbandi - A Rainha Guerreira de Ngola

Falar de Nzinga Mbandi sem antes falar dos reinos Ngola, Mbundo e Matamba. Como eu comentei em outros posts sobre a África, em termos de tecnologia, poder e riqueza, a África não estava atrás da Europa até o fim da Idade Média, quando o Renascimento fez andar o continente um passo adiante em todos os sentidos.

Ngola, Ndongo Mbundo e Matamba: Os verdadeiros Reinos Esquecidos!

Na África também havia grandes e poderosos reinos, alguns tão poderosos que mesmo as armas de fogo pouco influenciariam numa guerra de conquista. Estamos falando de países com exércitos regulares, tradição governamental e outros fatores que não tornariam tão fácil conquistar como fora fácil conquistar os Aztecas, Maias e Incas. Então, os europeus tiveram que otimizar as técnicas aprendidas na conquista da América: Se aliar a grupos que eles pudessem controlar, ajudar esses grupos na luta contra outros grupos, sabendo mudar a quem apoiar para, a longo prazo, os dois grupos se enfraquecerem e eles poderem tomar o poder.

E foi assim com o poderoso Congo. Formado pelo povo Banto (o mesmo povo dos famosos guerreiros zulus que, 200 anos depois dariam terríveis problemas aos ingleses), os congoleses demonstraram ter grande poder e Portugal não tinha como se firmar contra eles, preferindo comprar seus escravos e negociar outros artigos de luxo. Enquanto isso, Portugal soube de Ndongo, um reino vassalo do Congo que há pouco havia se tornado independente e precisava de ajuda contra eles, a presa ideal. Ou quase.

O povo de Ndongo ou Ngola era também descendente dos bantos (que, aliás, são antepassados de boa parte dos escravos brasileiros), um povo que veio do centro da África pouco mais de um século atrás, colonizando aquela região e pagando tributos ao rei do Congo. Muito de nossa cultura africana mais "refinada" veio dos banto e é fácil descobrir que eram um povo avançado, ordeiro, com excelentes técnicas de metalurgia, edificação e cultura. Nesse meio período, quando os bantos começaram a se afixar no reino, veio do sul o povo matamba, também conhecidos como jaga! Canibais, adeptos do terror como forma de domínio, seguidores de deuses e práticas muito menos palatáveis para nosso gosto, de forma que facilmente poderíamos coloca-los como vilões, os matamba realizavam rituais de sacrifício ritualístico e eram conhecidos por matarem os adultos e levarem as crianças e adolescentes cativos, os tornando escravos e, com o tempo, por meio de doutrinação religiosa e cultural, os tornando soldados fanáticos.

Sim, sei que vão dizer que não posso chamar os negros matamba de vilões, mas o texto é meu, eu escolhi os bantos como heróis e se você curte canibais que sequestram crianças e as fazem de soldados, você tem problemas, não eu!

Ngola Kiluanji Kia Samba e a guerra aos portugueses

Os portugueses chegaram a Ngola como amigos e aliados contra o Congo (lembram da tática dividir e conquistar?) e auxiliaram o reino enquanto descobriam seus pontos fortes e fracos. Após o Ngola se tornar realmente um reino independente, os portugueses trocaram de lado e foram se aliar ao Congo, ainda que não contra o Ndongo e, por vários anos, desapareceram, lidando com seus próprios problemas.

Se o primeiro contato entre os povos foi amistoso, com bases para uma futura relação, o retorno dos portugueses foi um pouco menos civilizado. Os portugueses iniciaram vários ataques para a captura de escravos, arrasando cidades e vilas costeiras e até mesmo penetrando profundamente no reino, em busca das famosas minas de prata de Monomotapa (atual Zimbábue), numa guerra que durou 24 anos e permitiu aos portugueses a conquista e ampliação de suas forças militares em Luanda, atual capital do país.

O Rei Kiluanji Kia Samba, pai de Nzinga, foi um dos que lutou arduamente contra os portugueses e contra outros povos africanos que os portugueses lançaram contra eles. No entanto, ele não teve, como podemos ver, grande sucesso. Apesar de guerreiro valoroso, que ensinou à própria filha a arte da guerra, as derrotas militares levaram Mbandi , seu próprio filho mais novo (e irmão de Nzinga), a depor o pai e mudar o andamento da guerra. Ou melhor, ignorar o andamento da guerra e propor a paz com os portugueses, achando ser esse o caminho mais acertado para o bem de seu povo.

Mbandi foi, então, convidado para negociar de igual para igual com os portugueses mas ele não seria tolo de se entregar de mãos beijadas nas mãos dos inimigos de seu pai. Pelo contrário, ele tinha uma irmã (e que era, na realidade, a legítima sucessora ao trono) e decidiu enviar ela como emissária e diplomata. Se tudo desse certo, seria a sabedoria dele quem o fez enviar a irmã e todos os louros seriam dele. Se algo desse errado, menos uma pretendente ao trono.

E assim, Nzinga finalmente surgiria para a história.

Nzinga Mbandi, emissária real.

A chegada de Nzinga a Luanda foi tratada oficialmente como a chegada de um chefe de estado, com parada militar e salvas de canhão para impressionar a "rainha". Mas se a portas abertas os portugueses a tratavam como tratariam a seu irmão, quando se reuniram a portas fechadas, os portugueses, na figura de seu líder, João Correia de Souza, mostraram que não tratariam uma emissária com a mesma pompa com que tratariam o rei e lhes reservaram um local com tapetes e almofadas para se sentar no chão, como caberia a uma mulher, enquanto o português ficaria sentado numa cadeira. Nzinga não aceitaria ser inferiorizada por um estrangeiro e não se sentaria no chão. Tampouco ficaria de pé, como uma pedinte, durante as negociações.

Não.

Ela ordenou a um de seus seguidores que se prostasse de quatro enquanto ela se sentou sobre suas costas e negociou de igual para igual com o governador. Além disso, Nzinga soube o momento certo de revelar aos invasores que sabia falar fluentemente seu idioma, enquanto o governador e seus ajudantes falavam coisas que pensavam que ela não entenderia, os surpreendendo imensamente (eu seria mais esperto e me faria de bobo, ouvindo todos os planos deles, mas... Mulheres, né).

rainha_nzinga01.jpg

Nzinga: Não me rebaixarei como mulher, tampouco ficarei de pé, como um pedinte

De certa forma, aquela atitude obteve resultados e o governador português ficou impressionado com as atitudes e caráter de Nzinga que acabou negociando termos bem vantajosos para os Ndongo.

Nzinga deixou a ilha-fortaleza de Luanda em paz, com vários presentes para si e para seu irmão, a promessa de que os portugueses não capturariam cidadãos de Ndongo e negociariam com o reino pelos escravos que tanto procuravam e, importante, dariam algumas armas de fogo para os ngola. Por algum tempo, os portugueses cumpriam sua parte do acordo, exceto pelas armas.

"Em Luanda chegavam vinhos portugueses, artigos de ferro e latão, mantas do Alentejo, lãs e linhos de Flandres, contas de vidro de Veneza, algodão e musselina da Índia a ainda produtos brasileiros como a farinha de mandioca. Como moeda usam-se os panos fabricados no Congo que recebiam um carimbo com o emblema real e eram usados para a aquisição de escravos. Conforme relata Costa e Silva, esses tecidos, em geral, não eram usados como roupas; passavam de mão em mão até se desgastarem e puírem, perdendo progressivamente parte de seu valor."

"Os portugueses tinham pouco controle sobre a captura de escravos. A apreensão e o comércio em território de Angola eram fortemente centralizados pelo ngola Mbandi, o rei ambundo, irmão de Nzinga. Ele cobrava dos portugueses tributos e taxas e proibia-lhes o acesso ao interior do reino e a compra direta de escravos.

As vendas de escravos eram fiscalizadas e só podiam ser feitas por lote, não permitindo ao traficante escolher as “peças” que lhe interessavam. O ngola mandava incluir, no lote, negros idosos, doentes ou com defeitos físicos de difícil colocação no mercado escravo de Luanda. Os que desrespeitavam as regras e os costumes locais eram punidos com o confisco da mercadoria, prisão, expulsão, açoites e até morte.

As restrições ao livre trânsito dos mercadores e as sanções aplicadas pelo ngola aos infratores causaram indignação entre os portugueses de Luanda. Afinal, para eles, aquelas terras eram de Portugal. As tensões levaram a uma nova guerra contra o ngola Mbandi que, como ocorrera outras vezes, ficou inconclusa. "
(não encontrei o autor)

Fim da Parte I (sono)​
 

Goris

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O que aconteceu com os negros alemães durante o nazismo
Poucos conhecem o destino da comunidade de origem africana na Alemanha após a conquista do poder por Adolf Hitler, em 1933.
Por Carlo Cauti, G1

14/08/2017 05h00 Atualizado 15/08/2017 14h37


hitler.jpg

Adolf Hitler e Heinrich Himmler revistam tropas das SS (Foto: Associated Press)

Em meio à polêmica envolvendo supremacistas brancos nos Estados Unidos, após o confronto durante a manifestação em Charloteesville, na Virgínia, neste fim de semana, voltam à tona nas redes sociais discussões e interpretações históricas relacionadas a movimentos racistas -- entre eles aquele que é possivelmente o mais notório, o nazismo.

A história das perseguições nazistas contra minorias étnicas, linguísticas, religiosas e políticas, bem como outras partes da população alemã, é bem conhecida, documentada e relembrada nos livros de história do mundo inteiro. Entretanto, há uma categoria específica de vítimas cujo destino trágico foi pouco contado e muitas vezes não é incluído nos grupos perseguidos por Adolf Hitler.

É o caso dos alemães negros que viviam na Alemanha antes da tomada de poder do Führer.



Comunidades históricas


Quando Hitler chegou até a Chancelaria do Reich, em 1933, havia milhares de negros que viviam na Alemanha, embora o exato número nunca tenha sido calculado por censos. As estimativas, portanto, variam muito.

A comunidade alemã negra ainda estava se formando em 1933. Na maioria das vezes eram famílias de alemães de primeira geração, ou seja imigrantes africanos com crianças nascidas na Alemanha, mas que ainda não tinham atingido a maioridade.

Nesse sentido, a comunidade negra alemã da época era semelhante à da França e do Reino Unido – ou seja, formadas, principalmente, por famílias de homens e mulheres vindos das colônias africanas e asiáticas desses impérios.

O núcleo desta pequena comunidade era formado por um grupo de homens africanos e de suas mulheres alemãs. Essas pessoas vieram principalmente das colônias africanas pertencentes à Alemanha entre 1884, o ano de fundação do império colonial alemão, e 1919, quando Berlim, no tratado de Versalhes que decretou o fim da Primeira Guerra Mundial, perdeu todos os seus territórios ultramarinos.

Além disso, havia entre 600 e 800 crianças nascidas de relacionamentos entre mulheres alemãs e soldados das tropas coloniais francesas - constituídos, em sua maioria por africanos.

Essas unidades militares faziam parte das tropas de ocupação que Paris enviou à Renânia, uma área industrial no oeste da Alemanha, para impor o cumprimento do Tratado de Versalhes.

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As tropas francesas se retiraram somente em 1930, e a região foi desmilitarizada, até que Hitler enviou tropas alemãs em 1936, violando o Tratado de Versalhes.

Esta comunidade negra alemã estava dispersa em toda a Alemanha e era ligada, em muitos casos, a associações e organizações comunistas e antirracistas.



Leis de Nuremberg


As leis raciais de Nuremberg de 1935, as chamadas "leis para a proteção do sangue e da honra alemãs" – que privaram os judeus alemães de sua nacionalidade e lhe proibiram de se casar ou de ter relações sexuais com pessoas do "sangue alemão" – também foram aplicadas à nascente comunidade negra na Alemanha.

Essas pessoas foram, de fato, consideradas de "sangue estrangeiro" e sujeitas às leis de Nuremberg.

A partir desse momento, apesar de os negros alemães terem nascido na Alemanha e serem filhos de cidadãos alemães, a concessão de cidadania a essas pessoas tornou-se impossível. Os nazistas chegaram a lhe entregar passaportes, chamando-os de "negros apátridas", negros sem pátria.

Isso deixou impossível para eles achar um emprego formal. Alguns foram usados como trabalhadores forçados e classificados como "trabalhadores estrangeiros" durante a Segunda Guerra Mundial.

Outros foram usados como figurantes e atores de filmes de propaganda nazista sobre as colônias africanas perdidas pela Alemanha. Estes tipos de empregos tornaram-se uma das poucas fontes de renda disponíveis para essas pessoas.

Em 1941, as crianças negras foram oficialmente excluídas das escolas públicas de toda a Alemanha, mas a maioria sofreu abusos raciais em suas salas de aula muito antes disso. Alguns foram forçados a sair da escola e nenhum foi autorizado a cursar universidades ou escolas profissionais.

Entrevistas e memórias escritas por homens e mulheres negros alemães, assim como reivindicações de compensações econômicas apresentadas depois do fim da Segunda Guerra Mundial, testemunham essas experiências compartilhadas por muitos negros alemães.

Livros como "Black Germany – The Making and Unmaking of a Diaspora Community, 1884–1960" (Alemanhã negra – A criação e a destruição de uma comunidade da diáspora, 1884-1960, sem tradução para o português), dos professores Robbie Aitken, da Universidade Sheffield Hallam, e Eve Rosenhaft, da Universidade de Liverpool, contam essa história.



Nazistas preocupados


O medo nazista do risco de "poluição racial" levou a um dos principais crimes cometidos por Hitler contra esta comunidade: a esterilização.

Os casais chamados "mistos" foram obrigados a se separar. Quando uma mulher alemã branca solicitava uma licença-maternidade ou ficava grávida de um alemão nascido na África, o parceiro era imediatamente forçado à esterilização.

Em 1937, uma operação secreta nazista foi além: cerca de 400 crianças negras da Renânia foram esterilizadas contra a vontade de seus pais. Por causa dessas perseguições, muitos negros fugiram da Alemanha.

Entretanto, poucos alemães de origem africana foram realmente internados em campos de concentração. De acordo com as últimas pesquisas históricas, não mais de 20 membros da comunidade negra alemã foram levados por nazistas e uma pessoa morreu no programa de extermínio de pessoas com desabilidades, dentro do programa que os nazistas chamaram de “Aktion T4”.

O único alemão negro que foi enviado para um campo de concentração, não por razões políticas, foi Gert Schramm, internado em Buchenwald por causa da cor de sua pele aos 15 anos, em 1944. Ele escreveu um livro "Ein schwarzer Deutscher erzählt sein Leben" ("Um alemão negro conta de sua vida", sem tradução em portugês), relatando sua experiência dramática.

A maioria dos alemães negros foi preso por razões políticas ou pelo chamado “comportamento antissocial”, como a homossexualidade.

De acordo com os nazistas, a própria cor da pele identificava uma pessoa pertencente a esta comunidade como um sujeito "diferente" dos outros alemães. Por isso, uma vez presas, essas pessoas não eram mais liberadas.

Um comportamento que mostra como, mais do que vítimas de uma perseguição nazista, a comunidade negra alemã foi perseguida pelo racismo espalhado nas sociedades europeias da época.

Fonte: G1
 

Anexos

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Estava lendo uma coisa interessante. O cara disse que tem um pouco de raiva, que os movimentos negros ficam querendo falar que Cleopatra era negra (independente da discussão de se os egípcios antigos eram negros - não eram - Cleopatra era de uma dinastia estrangeira grega. Pior que um cara do movimento negro quando eu disse isso disse que os gregos eram negros) quando uma rainha realmente negra ao invés de cair para o César Augusto, conseguiu o barrar, que era a rainha da Namíbia.
 

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Maioria dos brasileiros também têm sangue europeu e indígena nas veias. Tópico é bom mas valorizem também a cultura indígena brasileira que é a a raiz original de todos os brasileiros
 

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Estava lendo uma coisa interessante. O cara disse que tem um pouco de raiva, que os movimentos negros ficam querendo falar que Cleopatra era negra (independente da discussão de se os egípcios antigos eram negros - não eram - Cleopatra era de uma dinastia estrangeira grega. Pior que um cara do movimento negro quando eu disse isso disse que os gregos eram negros) quando uma rainha realmente negra ao invés de cair para o César Augusto, conseguiu o barrar, que era a rainha da Namíbia.

Principalmente nos E.U.A., existem grupos de afrosupremacistas que acreditam que todos os povos importantes do passado eram negros: egípcios, judeus, gregos, fenícios, cartagineses, etc. É uma grande piada, assim como alguns supremacistas brancos que acham que os egípcios eram brancos (no sentido europeu).

Tudo indica que os egípcios eram morenos, com traços orientais semíticos, tornando-se com o tempo misturados com negros ao centro/sul da África e brancos vindos do Mediterrâneo. De fato, o egípcio médio se pareceria mais ou menos com o palestino dos tempos de hoje.

Fontes:
https://aventurasnahistoria.uol.com...ernos-tem-mais-dna-negro-que-os-antigos.phtml
http://www.dailymail.co.uk/sciencet...men-related-Egyptian-Pharaoh-Tutankhamun.html
 
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Dídimo676

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Bom, gosto um bocado de história e acho que a História da África é muito pouco comentada em nossas escolas, mesmo com metade de nossa população, assim como eu, ter sangue africano em suas veias.

Irei fazer o papel de advogado do diabo. Meu pai é professor de história há décadas. Ele tem traços indígenas bem fortes - brinco às vezes chamando-o de Evo Morales, haha -, mas ele sempre viu a cultura européia como superior e nunca deu muita bola pelo fato de a cultura indígena não ser muito abordada nas salas de aula.

Nesses últimos anos, ele tem sido obrigado a focar bem mais na cultura africana (negra, não africana no sentido "egípcio, fenício, cartaginês", etc.) para tornar as aulas mais inclusivas. Mas aí há um problema: mesmo que a cultura africana (negra) tenha relevância e seja abordada, é natural que ela não deva ter muito espaço. Em todos os níveis, a importância do legado europeu é mais relevante e por isso tem prioridade. Afinal, boa parte dos avanços tecnológicos e políticos nossos se originaram na Europa ou na Ásia. Se você quiser produzir cientistas, desbravadores, pessoas entendidas em ideias políticas no sentido moderno, o alvo deve estar nos valores europeus e orientais.

Então, na contramão de sua visão, não concordo que ela seja pouco comentada. Muito pelo contrário, assim como meu pai, fico curioso com a crescente pressão que os professores vêm recebendo para ensiná-la cada vez mais, algo que a meu ver é muito mais ideológico do que prático. Parece que a intenção é que quem tem sangue negro se sinta bem sobre os antepassados africanos. Parece bom, não é? A princípio sim, mas pode ter um efeito negativo também, fazendo com que muitos alunos se sintam mais africanos que brasileiros, como acontece nos E.U.A. Essa exaltação da cultura africana pode corroer o senso de "identidade brasileira" (já tão frágil), que é uma mistura. Pode acabar gerando mais divisão racial. Daqui a uns anos prevejo que muitos se verão como euro-brasileiros, afro-brasileiros, etc (alguns já fazem isso). É um tema que deve ser tratado com inteligência e respeito. Nós não somos europeus, asiáticos ou africanos, somos cães vira-latas.

Acho que seria muito mais importante abordar de forma mais eficiente brasileiros negros/pardos que foram importantes para a história brasileira: Machado de Assis, Lima Barreto, Nilo Peçanha, etc. Caso você pergunte a um jovem comum sobre eles, se souberem falar por um minuto ainda é muito. Infelizmente, isso vale para a história brasileira de modo quase geral. Adotamos a maldita ideia educacional francesa de universalidade, que foca muito no mundo e pouco nos personagens do país. Devíamos fazer que nem os americanos faziam, deixar um pouco o resto do mundo de lado e valorizar a (parte boa da) identidade nacional.

Obs: ótimo tópico. Tenho um fascínio especial pela Etiópia.
 
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Goris

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Irei fazer o papel de advogado do diabo. Meu pai é professor de história há décadas. Ele tem traços indígenas bem fortes - brinco às vezes chamando-o de Evo Morales, haha -, mas ele sempre viu a cultura européia como superior e nunca deu muita bola pelo fato de a cultura indígena não ser muito abordada nas salas de aula.

Nesses últimos anos, ele tem sido obrigado a focar bem mais na cultura africana (negra, não africana no sentido "egípcio, fenício, cartaginês", etc.) para tornar as aulas mais inclusivas. Mas aí há um problema: mesmo que a cultura africana (negra) tenha relevância e seja abordada, é natural que ela não deva ter muito espaço. Em todos os níveis, a importância do legado europeu é mais relevante e por isso tem prioridade. Afinal, boa parte dos avanços tecnológicos e políticos nossos se originaram na Europa ou na Ásia. Se você quiser produzir cientistas, desbravadores, pessoas entendidas em ideias políticas no sentido moderno, o alvo deve estar nos valores europeus e orientais.

Então, na contramão de sua visão, não concordo que ela seja pouco comentada. Muito pelo contrário, assim como meu pai, fico curioso com a crescente pressão que os professores vêm recebendo para ensiná-la cada vez mais, algo que a meu ver é muito mais ideológico do que prático. Parece que a intenção é que quem tem sangue negro se sinta bem sobre os antepassados africanos. Parece bom, não é? A princípio sim, mas pode ter um efeito negativo também, fazendo com que muitos alunos se sintam mais africanos que brasileiros, como acontece nos E.U.A. Essa exaltação da cultura africana pode corroer o senso de "identidade brasileira" (já tão frágil), que é uma mistura. Pode acabar gerando mais divisão racial. Daqui a uns anos prevejo que muitos se verão como euro-brasileiros, afro-brasileiros, etc (alguns já fazem isso). É um tema que deve ser tratado com inteligência e respeito. Nós não somos europeus, asiáticos ou africanos, somos cães vira-latas.

Acho que seria muito mais importante abordar de forma mais eficiente brasileiros negros/pardos que foram importantes para a história brasileira: Machado de Assis, Lima Barreto, Nilo Peçanha, etc. Caso você pergunte a um jovem comum sobre eles, se souberem falar por um minuto ainda é muito. Infelizmente, isso vale para a história brasileira de modo quase geral. Adotamos a maldita ideia educacional francesa de universalidade, que foca muito no mundo e pouco nos personagens do país. Devíamos fazer que nem os americanos faziam, deixar um pouco o resto do mundo de lado e valorizar a (parte boa da) identidade nacional.

Obs: ótimo tópico. Tenho um fascínio especial pela Etiópia.
Entendo seu ponto de vista, mas discordo um pouco.

Acho que história não é apenas sobre notáveis e eventos, história é sobre pessoas, sobre como chegamos num lugar X e como isso nos faz estar aqui. Cerca de metade da população brasileira é negra e, chuto dizer, metade da metade que não é negra, tem genes negros mais que suficientes pra não serem aceitos numa realidade alternativa com nazistas no poder.

Se metade de nossa população é negra, eles tem direito de saber quem eram seus antepassados, como eles viviam e como eles chegaram até aqui, até porque, pode ser que muita gente ignore isso, mas toda a nossa mentalidade como brasileiros tem mais a ver com:

Gregos antigos e suas noções de filosofia ou escravos negros que viam os ideais de ordem, leis e direitos mais como opressão que como direitos?

Mais ainda, se você criar leis e iniciativas em cima dos gregos filósofos antigos, sendo que a mentalidade de nosso povo é a de cativos tentando sobreviver, acha que algo dará certo?

O problema do Brasil é justamente a gente não saber história de nossos antepassados, não saber onde eles erraram (e onde podemos agir hoje para corrigir) e como isso nos influencia hoje.

Por exemplo, qualquer professor de história comenta "A cultura do Brasil é feita de pessoas que pensam em ter lucro rápido sem pensar que elas e todos os demais vão ser prejudicados no dia seguinte, porque isso vem da mentalidade portuguesa de vir, fazer o Brasil e ir embora, uma mentalidade que mesmo os brasileiros não irem embora, seguem sem pensar..." e ela faz sentido? Faz. E você pensa mal do brasileiro por isso.

Mas nisso, metade da população brasileira (chegou a ser 1/3 no passado) veio como escrava, pessoas que não tinham a mentalidade de fazer o Brasil e ir embora, elas eram prisioneiras aqui! Roubar do bandido que as sequestrou não era roubar. Era resistir. Era justo!

E hoje, você vê brasileiros, do mais pobre ao mais rico, achando que roubar é normal ou roubar é justificado se "os fins justificam os meios". Se você ignora toda a metade negra de nossa sociedade hoje e no passado, você nunca chega ao que deveria chegar na resolução do problema, porque você parte do ponto errado, você vai combater a herança negativa portuguesa sem saber que ela é só metade da herança a ser combatida.

Então, não saber nossa realidade é nunca poder consertá-la.

Além disso, se metade da nossa população sabe seu passado, suas origens, por que renegar à outra metade saber das suas origens?

Eu imagino que seu pai tem mais desgosto por ensinar história da África porque a história que estão forçando goela abaixo dele é uma história falsa, que ele teria por ensinar a história verdadeira. E sabe o pior? Eu mesmo só estou descobrindo a história verdadeira enquanto estou escrevendo esses textos (ou outros que ainda não postei porque são foda de achar o termo certo), tem um continente inteiro de história, reinos, personalidades, que a gente não conhece e, se depender das pessoas que querem enfiar "história da África" no seu pai, nunca saberemos, porque o interesse deles não é com a história da África, mas com o quanto podem usar ela para coitadismo de um lado e manipulação do outro.q
 

Goris

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Principalmente nos E.U.A., existem grupos de afrosupremacistas que acreditam que todos os povos importantes do passado eram negros: egípcios, judeus, gregos, fenícios, cartagineses, etc. É uma grande piada, assim como alguns supremacistas brancos que acham que os egípcios eram brancos (no sentido europeu).

Tudo indica que os egípcios eram morenos, com traços orientais semíticos, tornando-se com o tempo misturados com negros ao centro/sul da África e brancos vindos do Mediterrâneo. De fato, o egípcio médio se pareceria mais ou menos com o palestino dos tempos de hoje.

Fontes:
https://aventurasnahistoria.uol.com...ernos-tem-mais-dna-negro-que-os-antigos.phtml
http://www.dailymail.co.uk/sciencet...men-related-Egyptian-Pharaoh-Tutankhamun.html
Bom, o Egito tem mais tempo de existência do que nossos história pode abarcar.

Dizer que eles eram negros, pardos ou brancos faz algum sentido, assim como dizer que eles eram tudo isso e mais outra coisa.

Nada impede que eles tenham surgido como negros, até pela proximidade de negros do restante da África, se miscigenando ao longo dos séculos com todo tipo de invasores.

Até mesmo lembrando que os gregos antigos invadiram e conquistaram o país, de forma que a classe dominante da época dos romanos era branca com pouquíssima miscigenação. Os dominantes até se casavam entre si, por razões de manter a pureza de sangue.

Assim como foram sendo invadidos por árabes nos séculos seguintes à invasão romana.
 

Lost Angel

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E teve os Faraós Negros também.

Mas Judeus só embranqueceram depois de irem para a Europa.
 

Dídimo676

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Entendo seu ponto de vista, mas discordo um pouco.

Acho que história não é apenas sobre notáveis e eventos, história é sobre pessoas, sobre como chegamos num lugar X e como isso nos faz estar aqui. Cerca de metade da população brasileira é negra e, chuto dizer, metade da metade que não é negra, tem genes negros mais que suficientes pra não serem aceitos numa realidade alternativa com nazistas no poder.

Se metade de nossa população é negra, eles tem direito de saber quem eram seus antepassados, como eles viviam e como eles chegaram até aqui, até porque, pode ser que muita gente ignore isso, mas toda a nossa mentalidade como brasileiros tem mais a ver com:

Gregos antigos e suas noções de filosofia ou escravos negros que viam os ideais de ordem, leis e direitos mais como opressão que como direitos?

Mais ainda, se você criar leis e iniciativas em cima dos gregos filósofos antigos, sendo que a mentalidade de nosso povo é a de cativos tentando sobreviver, acha que algo dará certo?

O problema do Brasil é justamente a gente não saber história de nossos antepassados, não saber onde eles erraram (e onde podemos agir hoje para corrigir) e como isso nos influencia hoje.

Por exemplo, qualquer professor de história comenta "A cultura do Brasil é feita de pessoas que pensam em ter lucro rápido sem pensar que elas e todos os demais vão ser prejudicados no dia seguinte, porque isso vem da mentalidade portuguesa de vir, fazer o Brasil e ir embora, uma mentalidade que mesmo os brasileiros não irem embora, seguem sem pensar..." e ela faz sentido? Faz. E você pensa mal do brasileiro por isso.

Mas nisso, metade da população brasileira (chegou a ser 1/3 no passado) veio como escrava, pessoas que não tinham a mentalidade de fazer o Brasil e ir embora, elas eram prisioneiras aqui! Roubar do bandido que as sequestrou não era roubar. Era resistir. Era justo!

E hoje, você vê brasileiros, do mais pobre ao mais rico, achando que roubar é normal ou roubar é justificado se "os fins justificam os meios". Se você ignora toda a metade negra de nossa sociedade hoje e no passado, você nunca chega ao que deveria chegar na resolução do problema, porque você parte do ponto errado, você vai combater a herança negativa portuguesa sem saber que ela é só metade da herança a ser combatida.

Então, não saber nossa realidade é nunca poder consertá-la.

Além disso, se metade da nossa população sabe seu passado, suas origens, por que renegar à outra metade saber das suas origens?

Eu imagino que seu pai tem mais desgosto por ensinar história da África porque a história que estão forçando goela abaixo dele é uma história falsa, que ele teria por ensinar a história verdadeira. E sabe o pior? Eu mesmo só estou descobrindo a história verdadeira enquanto estou escrevendo esses textos (ou outros que ainda não postei porque são foda de achar o termo certo), tem um continente inteiro de história, reinos, personalidades, que a gente não conhece e, se depender das pessoas que querem enfiar "história da África" no seu pai, nunca saberemos, porque o interesse deles não é com a história da África, mas com o quanto podem usar ela para coitadismo de um lado e manipulação do outro.q

Concordo com boa parte.

Mas será que a metade ("branca", no caso) sabe mesmo sobre o seu passado? Eu, por exemplo, sempre me senti sem nenhuma identidade cultural. Desde criança, eu só ouço os professores descendo a lenha nos portugueses. Pelo menos, os escravos só são tratados como vítimas. Mesmo hoje, quando se aborda mais a história africana, não há muita menção à parte feia dela. O problema é se exaltar uma parte e denegrir a outra.

No caso dos portugueses, é praticamente um julgamento. Por isso, 90% da população brasileira parece ter uma visão negativa sobre eles, associada à burrice e incompetência (não que eles fossem perfeitos, é claro). A história europeia é apresentada como um julgamento segundo a visão moral dos tempos de hoje, sem considerar o contexto, como as pessoas eram diferentes no passado. Mesmo os grandes heróis do passado seriam considerados "monstros" segundo o padrão moral - desonesto - da sociedade atual.

Acho que ainda o cenário americano está distante (onde existe uma "história para negros" e outra "história para brancos", pouco dialogando). Felizmente, acho que os marxistas ainda estão tendo dores de cabeça em fazer isso num país onde os pretos gostam tanto de uma bunda branca e os brancos gostam tanto de uma bunda preta (eu admito), haha. Mas estou vendo as coisas mudando lentamente, principalmente sob a influência da cultura black americana. Hoje em dia, tem neguinha até balançando a cabeça daquele jeito ao falar - que nem os filmes americanos.

Seguir o modelo americano de auto-afirmação pode acabar enraizando uma mentalidade vitimista e oportunista. Nossa população negra nunca teve isso num nível diferenciado do resto. Espero que a esquerda não consiga "sequestrá-los" como os democratas conseguiram nos E.U.A. Mesmo que eu ache que a cultura africana e a indígena não devam ser muito focadas no ensino, ainda assim o meu maior problema é o método. Não pode ser "os africanos eram santos e o homem branco e malvadão apareceu e os tirou da sua velha glória". Se quiserem aumentar a estima das crianças negras, não faltam personagens e histórias de brasileiros para se contar.
 

Goris

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E teve os Faraós Negros também.

Mas Judeus só embranqueceram depois de irem para a Europa.
Sim para as duas alternativas.

Vale pensar que em 1300 os brasileiros eram indígenas. Em 1500 tbm eram indígenas. Em 1800 eram todo tipo de miscigenação em São Paulo, cidades como o Rio de Janeiro tinham 2/3 da população negra e escrava, hoje metade da população ainda é padra e negra. Em 2100 pode ser algo bem parecido com os índios atuais, pele morena, sem ser negra mas tbm não branca. Ou pode ser branca. Ou negra. Mas o fato é que em menos de mil anos olha como ela mudou.

O Egito tem mais de 5.000 anos de história, cinco vezes a do Brasil, mas com um histórico de invasões muito maior que a nossa.

Logo, ele pode ter mudado de etnia dezenas de vezes. Dizer com certeza como eles eram é quase impossível.
 

Goris

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Fale sobre o Shaka Zulu Goris.
Porra, esse tá nos planos, mas quero fazer algo sobre a Rainha Nzinga primeiro, porque, por incrível que pareça, eles tem muito em comum, além de serem da mesma etnia (eu não sabia, os Zulus são da etnia bantu, a mesma dos africanos que chegaram ao Brasil como escravos).
 

Goris

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Concordo com boa parte.

Mas será que a metade ("branca", no caso) sabe mesmo sobre o seu passado? Eu, por exemplo, sempre me senti sem nenhuma identidade cultural. Desde criança, eu só ouço os professores descendo a lenha nos portugueses. Pelo menos, os escravos só são tratados como vítimas. Mesmo hoje, quando se aborda mais a história africana, não há muita menção à parte feia dela. O problema é se exaltar uma parte e denegrir a outra.

No caso dos portugueses, é praticamente um julgamento. Por isso, 90% da população brasileira parece ter uma visão negativa sobre eles, associada à burrice e incompetência (não que eles fossem perfeitos, é claro). A história europeia é apresentada como um julgamento segundo a visão moral dos tempos de hoje, sem considerar o contexto, como as pessoas eram diferentes no passado. Mesmo os grandes heróis do passado seriam considerados "monstros" segundo o padrão moral - desonesto - da sociedade atual.

Acho que ainda o cenário americano está distante (onde existe uma "história para negros" e outra "história para brancos", pouco dialogando). Felizmente, acho que os marxistas ainda estão tendo dores de cabeça em fazer isso num país onde os pretos gostam tanto de uma bunda branca e os brancos gostam tanto de uma bunda preta (eu admito), haha. Mas estou vendo as coisas mudando lentamente, principalmente sob a influência da cultura black americana. Hoje em dia, tem neguinha até balançando a cabeça daquele jeito ao falar - que nem os filmes americanos.

Seguir o modelo americano de auto-afirmação pode acabar enraizando uma mentalidade vitimista e oportunista. Nossa população negra nunca teve isso num nível diferenciado do resto. Espero que a esquerda não consiga "sequestrá-los" como os democratas conseguiram nos E.U.A. Mesmo que eu ache que a cultura africana e a indígena não devam ser muito focadas no ensino, ainda assim o meu maior problema é o método. Não pode ser "os africanos eram santos e o homem branco e malvadão apareceu e os tirou da sua velha glória". Se quiserem aumentar a estima das crianças negras, não faltam personagens e histórias de brasileiros para se contar.
Engraçado, nós dois temos a percepção dos mesmos problemas, só temos soluções diferentes.

Acho que a verdade é sempre o melhor caminho.

Mostrar a verdadeira história dos africanos e europeus é melhor que contar a mesma história falsa de portugueses e africanos.

Na África havia reinos poderosos, ricos e desenvolvidos, que se tornaram tão dependentes de uma única fonte de renda - no caso da África quase geral, vidas humanas - que quando ela secou, eles haviam se esquecido de como sobreviver sem ela. Isso é uma lição de história. E, no Brasil e na Venezuela, ignoramos isso e veja os resultados.

Contar isso só ajuda as pessoas a entenderem onde esses povos erraram e tentar agir diferente.

E esconder isso só ajuda políticos corruptos e com ideias que só vai destruir nosso país.
 

Goris

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@Beren_ , é hora de crescer, um avatar colorido e alegre não corresponde ao ano em que Lula retornará!
 

Goris

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Ainda que não seja exatamente o tópico mais movimentado do fórum, vale um UP:

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Não sei exatamente a correção do mapa, mas é interessante pensar quais os mais miseráveis, desiguais e brutais países da África e correlacionar com o regime político-econômico que escolheram.
 

Goris

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A história esquecida do 1º barão negro do Brasil Império, senhor de até mil escravos

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Almeida fazia parte de um pequeno grupo de mestiços de origem africana que conseguiram ascender financeira e socialmente

Um próspero fazendeiro e banqueiro do Brasil nos tempos do Império, dono de imensas fazendas de café, centenas de escravos, empresas, palácios, estradas de ferro, usina hidrelétrica e, para completar a cereja do bolo, de um título de barão concedido pela própria Princesa Isabel. A biografia do empresário mineiro Francisco Paulo de Almeida, o Barão de Guaraciaba, não seria muito diferente de outros nobres da época não fosse um detalhe importante: ele era negro em um país de escravos.

No ano em que a Lei Áurea completa 130 anos, vale a pena conhecer a trajetória do primeiro e mais bem-sucedido barão negro do Império, um personagem praticamente desconhecido na História do Brasil. Empreendedor de mão cheia e com grande visão de negócios em um país ainda essencialmente agrário, ele tem uma trajetória que lembra a de outro barão empreendedor do Império, este bem mais famoso: o Barão de Mauá.

Com um patrimônio acumulado de 700 mil contos de réis, que garantia ao dono status de bilionário na época em que viveu, Almeida nasceu em Lagoa Dourada, na época um arraial próximo a São João del Rei, no interior de Minas Gerais, em 1826.

A origem da sua família é pouco conhecida. Filho de um modesto comerciante local chamado Antônio José de Almeida, na certidão de batismo consta como nome da mãe apenas "Palolina", que teria sido uma escrava. "Infelizmente não sabemos o destino de Palolina e a quem ela pertencia, mas, sim, ela era escrava", afirma o historiador Carlos Alberto Dias Ferreira, autor do livro "Barão de Guaraciaba - Um Negro no Brasil Império".

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A secretária administrativa Mônica de Souza Destro, trineta do barão, é hoje a guardiã da história da família

O nome, porém, provoca discussões entre os descendentes do barão, já que, por um erro de grafia no registro, "Palolina", na verdade, seria Galdina Alberta do Espirito Santo, esposa de Antônio e considerada pelo próprio barão sua legítima mãe. "Certamente seu pai ou mãe tinham ascendência negra, mas não existe nenhum registro provando que ele era filho de escravo ou escrava", afirma a trineta do barão e guardiã da história da família, a secretária administrativa Mônica de Souza Destro, que mora em Juiz de Fora (MG).

Ainda na adolescência, Almeida começou a vida como ourives fabricando botões e abotoadoras em sua terra natal, na região aurífera de Minas. Nos intervalos, tocava violino em enterros, onde recebia algumas moedas como pagamento e os tocos das velas que sobravam do funeral, que utilizava para estudar à noite. Por volta dos 15 anos, tornou-se tropeiro entre Minas e a Corte, no Rio de Janeiro.

Nessas idas e vindas, ganhou dinheiro comprando e vendendo gado, conheceu muitos fazendeiros e negociantes nos caminhos das tropas e começou a comprar terras na região de Valença, no interior fluminense, para plantar café. Após casar-se com dona Brasília Eugênia de Almeida, com quem teve 16 filhos, tornou-se sócio do seu sogro, que também era fazendeiro e negociante no Rio de Janeiro.

Mônica de Souza Destro/Arquivo da família
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Certidão de batismo de um dos 16 filhos do barão: Com a morte do sogro, ele assumiu os negócios e sua fortuna disparou

Após a morte do sogro, assumiu todos os negócios e sua fortuna disparou: comprou sete fazendas de café espalhadas pelo Vale do Paraíba fluminense e interior de Minas. Apenas na fazenda Veneza, em Valença, possuía mais de 400 mil pés de café e cerca de 200 escravos. Levando-se em consideração que ele tinha outras áreas produtoras de café, o barão pode ter tido até mil escravos, segundo Ferreira.

"Não se trata de uma contradição ele ter sido negro e dono de escravos, pois tinha consciência do período em que vivia e precisava de mão de obra para tocar suas fazendas. E a mão de obra disponível era a escrava", explica Ferreira.



"Ainda que nos cause repúdio hoje em dia, o contexto de escravidão era uma coisa normal e a mão de obra que existia naquele tempo", completa Mônica, que prepara uma biografia do seu ancestral, ainda sem data para ser publicada.

Mônica de Souza Destro/Arquivo da família

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Imagem mostra uma das fazendas do barão, que teve cerca de mil escravos no conjunto de suas propriedades, o que historiador não vê como contradição: "Essa era a mão de obra disponível"

Em sociedade com outros empreendedores com quem mantinha contato, Guaraciaba tornou-se banqueiro e fundou dois bancos: o Mercantil de Minas Gerais e o Banco de Crédito Real de Minas Gerais. A diversificação empresarial não parou por aí. Em um período em que as ferrovias começavam a rasgar o território nacional, participou da construção da Estrada de Ferro Santa Isabel do Rio Preto (depois incorporada pela Rede Mineira de Viação), cujos trilhos passavam por suas propriedades, em Valença.

A ferrovia, que ligava Valença a Barra do Piraí e se tornou importante para escoar o café do Vale do Paraíba, foi inaugurada por D. Pedro 2º em 1883. Teriam começado aí as boas relações entre Guaraciaba e a família real, que culminariam na concessão do título de barão pela princesa Isabel, regente na ausência do pai, em 1887.

O título foi concedido por "merecimento e dignidade", em especial pela dedicação de Guaraciaba à Santa Casa de Valença, onde foi provedor. Mas entrar para a nobreza tinha um custo fixo e tabelado pela Corte: 750 mil réis.

Sempre atento às oportunidades de negócios que chegavam com o progresso, Almeida foi sócio fundador da primeira usina hidrelétrica do país, inaugurada em 1889, em Juiz de Fora (MG). A Companhia Mineira de Eletricidade, que construiu a usina, também foi responsável pela iluminação pública elétrica em Juiz de Fora. O barão, claro, foi um dos participantes e financiadores da modernidade que aumentou o conforto da população.

Assessoria da Câmara de Petrópolis

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Antiga mansão do Barão de Guaraciaba, chamada de Palácio Amarelo, hoje é sede da Câmara Municipal de Petrópolis, no Rio de Janeiro

Dono de um estilo de vida condizente com a nobreza imperial, o Barão de Guaraciaba possuía uma confortável residência na Tijuca, no Rio de Janeiro, e outra em Petrópolis, destino de veraneio preferido dos ricos e da nobreza.

Na cidade serrana construiu uma mansão que posteriormente foi chamada de Palácio Amarelo e que hoje abriga a Câmara Municipal. Também fazia diversas viagens para a Europa, principalmente para Paris, onde enviou seus filhos para estudar.

"Guaraciaba distinguiu-se por ter sido financeiramente o mais bem-sucedido negro do Brasil pré-republicano. Ele se tornou o primeiro barão negro do Império, notabilizando-se pela beneficência em favor das Santas Casas", afirma a historiadora e escritora Mary Del Priore.

Segundo ela, Almeida fazia parte de um pequeno grupo de mestiços de origem africana que conseguiram ascender financeira e socialmente.

Mônica de Souza Destro/Arquivo da família
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Após a proclamação da República, Guaraciaba começou a se desfazer dos seus bens, mas viveu uma vida bastante confortável até sua morte

O preconceito da cor, porém, permanecia arraigado na sociedade brasileira, independentemente da posição financeira, diz Priore. Alguns desses empreendedores, a exemplo do Barão de Guaraciaba, conquistaram ou compraram seus títulos de nobreza junto ao Império, sendo por isso chamados na época de "barões de chocolate", em alusão ao tom da pele.

"O sangue negro corria nas melhores famílias. Não faltavam casamentos de 'barões de chocolate' com brancas", completa a historiadora.
Após a proclamação da República, Guaraciaba começou a se desfazer dos seus bens, mas viveu uma vida bastante confortável até morrer, na casa de uma das filhas, no Rio de Janeiro, em 1901, aos 75 anos. Seus herdeiros, inclusive alguns ex-escravos agraciados pelo dono e que permaneceram com o patrão após a alforria, receberam dinheiro e propriedades, e se espalharam pelos Estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais.


"Ele foi um grande empreendedor que acabou banqueiro, homem de negócios, fazendeiro e senhor de escravidão. É preciso empenho e coragem dos historiadores para estudar esses símbolos bem-sucedidos de mestiçagem", diz Mary Del Priore, que resgata um pouco da história do Barão de Guaraciaba em seu livro "Histórias da Gente Brasileira".

Fonte: BBC / UOL

Não é história da África, mas perguntaram uns tempos atrás sobre negros donos de escravos, vale a pena mostrar esse caso.
 
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