Como vc tinha falado e nem me lembrei.....Quando a relação dos dois evoluiu durante o jogo ,o Trico começa a entender melhor o garoto e a ficar mais obediente.
O Design de The Last Guardian é tão complexo que poucos Designers ousariam se quer tentar.
A maioria dos seus problemas foram em coisas básicas....Os controles por exemplo são ultrapassado e ruins...As quedas de frame também não dá pra engolir,em um jogo que ficou tanto tempo que poderia ser mais refinado.
Na época de Shadow engoliram algumas coisas..Agora esses problemas não dava pra deixar passar em pleno 2016.
Ele é cheio de pequenos defeitos,mas em sua essência é uma obra de arte.
Sim. O jogo é um enviormental puzzle com elementos de plataforma, cuja premissa, de tão ambiciosa, poderia ser impraticável, não fosse a dedicação de Ueda e a cultura gamística de incentivo, liberdade e suporte da Sony (que, convenhamos, é o que alavancou os consoles da Sony como os de melhor biblioteca da geração desde o PS1)
O protótipo dele são, no sentido dos quebra-cabeças de cenário, os primeiros Tomb Raiders, que são jogos que hoje em dia seriam execrados, por não mostrar de maneira alguma o caminho a ser seguido. Em jogos com foco em ação, como Uncharted, ou muito abertos, marcações de caminho servem a não atrapalhar o pilar do game, e são cabíveis ou mesmo necessários. Num jogo que é, por gênero, um puzzle de cenário, já seria cômico fazê-lo. Ueda tentou uma voadora, que é o meio termo:
PRIMEIRO: Sinais de Trico + Sua Performance de procurar no ambiente gretas, plataformas, corredores e passagens orientam o seu caminho.
SEGUNDO: no começo, como a relação dos dois é inclusive acidental, a criatura é de início agressiva com o garoto, depois a relação passa a ser de desconfiança, depois de necessidade de ajuda mútua, por fim de confiança, concluindo com amor. Isso pode parecer conversa fiada, mas, em cada etapa dessas, Ueda conseguiu modificar esses sinais e animações de uma forma fluida e sem ser engessado por pontos de experiência.
Por exemplo, no começo, Trico não está nem aí pra você. Não te percebe. Não se importa. Às vezes ele fica olhando fixo para um ponto alto no cenário. Você acha que aquele é o caminho da solução do puzzle, mas não é nada. Ele tá lá, viajando na maionese, vendo um lagarto na parede ou uma pomba voando ou algo assim. Você o chama, ele não vem (isso traduz-se na animação genial do garoto, que fica gritando ansioso “Tricooo” enquanto sapateia, mas o bicho não se toca). Você pede ele para “pular”, ele fica olhando desconfiado o ponto, gemendo, vai e vem e acaba indo.
Concomitantemente ao aumento da confiança entre ambos, ele passa a orientar melhor seu caminho. Te responde mais rapidamente. Ainda se distrai com elementos do cenário, com perigos externos ao objetivo, mas vai melhorando. No fim, os comandos são fluidos, sem desrespeitar o radical de que o bicho é um animal de 10 metros de altura, com seu timing de animação, e então ele pula de plataforma em plataforma quase automaticamente, vem quando você chama e mesmo quando não chama.
TERCEIRO: a animação, o tom, a trilha sonora e o envolvimento do garoto com Trico devem ocorrer duma forma que você se sinta não só imerso, mas que você se sinta o próprio garoto.
Uma premissa dificílima de ser colocada em prática (daí os relatos de brigas de Ueda com a equipe, irritabilidade, descarte de execuções, perda de peso e choro), mas que logrou êxito no PRIMEIRO, SEGUNDO e TERCEIRO conceptual designs. Um luxo.
Os problemas do game não são de design geral, portanto, são de :
- cunho técnico. Framerate e câmera.
- cunho orçamentário, quiçá, já que os recursos foram pelo ralo, provavelmente na tentativa apaixonada de Fumito por em prática essa premissa extremamente ambiciosa.
E, claro, The Last Guardian é uma obra de arte atemporal, e isso independe de nossos gostos pessoais, é uma coisa totalmente checável, por todo conjunto da obra inédito, elevado e surreal.