Eu concordo numa flexibilização da lei trabalhista, não nenhuma lei. Não vejo essa posição minha como algo ligado ao esquerdismo ou controle do estado, mas o Estado como um balizador. Balizar não é controlar, é muito diferente.
Balizador com base em qual definição? Veja como isso é puramente subjetivo.
Aquilo que você acha bom não é necessariamente o que é correto. Você precisa demonstrar eticamente e economicamente que esse "balizamento" é correto.
Não existe interferência do estado na economia sem consequências. Toda e qualquer lei trabalhista irá causar efeitos deletérios sobre toda a economia.
E sim, é uma posição ligada ao esquerdismo. Nosso país tem um viés tão esquerdista, que até grande parte da direita está contaminada por ideias marxistas de luta de classes, mais valia, empresário malvadão que quer ganhar muito, e anticapitalismo (e até o termo "burguesia" que você utiliza). Isso é normal. A Janela de Overton está bem para o lado esquerdo.
O seu discurso está carregado de ideias historicamente marxistas, e você nem percebe.
Não sei da lei em profundidade, mas não podemos desvincular o fator humano nessa equação. A empresa é um ente composto por humanos por detrás, tão importante que ela adquire quase uma vida própria e com isso vem implicações naturais que os seres humanos também passam como evolução, representado pelo acúmulo de riquezas. O que quero dizer é que a lógica da produtividade não é puramente objetiva, pois existem humanos na equação e eles vão pender a lógica para aquilo que representar o maior ganho, inclusive fazendo jus a regra máxima capitalista. Nessa busca ocorrem desvios esses desvios dão origem aos grandes conglomerados e foi a razão do Estado Mínimo ter falhado lá atrás. A burguesia criou uma classe que produzia e detinha a riqueza.
O que quero dizer é que há risco embutido e a atuação do Estado nesse ponto é o que pode diminuir esse risco. Agora, quando ele age criando artificialidades com o fim de se auto beneficiar (o que vemos hoje) é que temos a distorção. Então precisamos de um país que saiba dosar essa ação estatal. Acredito que você saiba de tudo isso e coloca em planos mais gerais para ficar de fácil compreensão, mas é que pode liderar a exageros, pois, como sabemos o que mais se tem hoje são pessoas que se alimentam desse generalismo e assumem que é um conhecimento pleno e o propagam. Esses países citados por você nasceram a partir de mentes brilhantes conduzindo o processo, no Brasil temos uma escassez quase absoluta disso.
Vamos começar do básico: a economia é a ciência da escassez. E ela demonstra quais os efeitos e consequências de cada ação. Para o bem ou para o mal.
A sua opinião continua partindo da premissa de que os salários são formados pela vontade. E isso é absolutamente falso. Tanto para o lado de quem contrata, quanto do lado de quem é contratado.
Vamos a um exemplo bem simples. Vamos supor que eu seja um empresário, e tenha 1000 reais para pagar de salário por um emprego (e isso porque fiz as contas que um empregado irá me render no mínimo mais de 1000, para ser lucrativo).
O governo decreta que aquele cargo não pode ser contratado por menos de 1000. O que irá acontecer? Eu não conseguirei contratar ninguém, e ficarei sem a mão de obra na minha empresa, e um postulante ao cargo ficará sem o emprego.
Resultado: todos saíram perdendo.
Caso número 2: Eu tenho 1000 para pagar para um empregado. Porém ele em média rende com esse trabalho 2000 para os demais empregadores. Um empregador concorrente resolve oferecer 1500 por esse empregado, pois ainda continua sendo lucrativo para ele. O empregado obviamente aceita.
Portanto eu fico sem o empregado. Pois não quis pagar os 1500. A minha vontade foi inútil.
E porque isso acontece? Porque os salários são definidos pelo
mercado. Pela produtividade, e pela lei da oferta e da demanda. Pouco importa decretos do governo, isso não irá mudar o fato de como os salários são formados. Um decreto do governo não revoga as leis mais básicas da economia. Porém terá efeitos
nefastos sobre ela.
Ou seja, todos saíram perdendo quando o governo quis intervir. A produtividade obviamente será baixa, e a economia capenga. E isso empobrece a todos. Maior produtividade e relações mais livres também contribuem para maior geração de riqueza e renda, e preços mais baixos.
E essa é inclusive a base de todo o capitalismo. O capitalismo funciona justamente por ter relações livres de trabalho, produtividade, consumo e poupança. Quesitos em que o socialismo falha. E porque? Ora, porque sem liberdade para tais ações, é impossível uma alocação racional de recursos.
E é por isso que quanto mais estatizado e socialista é um país, mais pobre e subdesenvolvido ele é. Isso já a priori.
Os tais "grandes conglomerados" só existem devido a falta de liberdade de mercado. O estado intervem na economia, cria regulações arbitrárias e subsídios que fecham o mercado e que favorecem empresários amigos do governo (como Joesley Batista e Eike). E você vem me dizer que a culpa é do mercado?
E o estado minarquista jamais falhou. Aliás, não existe um só pais que tenha se tornado desenvolvido sem um estado mínimo e pouco atenuante. Os estados cresceram não porque não funcionam dessa forma, mas sim devido a querer aglomerar mais poder e recursos nas mãos de burocratas, políticos e empresários amigos do rei que vivem de impostos. Sim, eles tem total interesse em manter as coisas como estão e aumentar ainda mais seu poder, pois são os principais beneficiários disso. E são eles que detém tal poder para fazer isso.
Ainda assim temos exemplos práticos hoje de estados quase mínimos e que tiveram muito sucesso: Hong Kong, Nova Zelândia, Cingapura, Suíça, Estônia, Liechtenstein são alguns exemplos.
Veja como os países desenvolvidos da Europa, o Japão e os EUA. Se desenvolveram enquanto tinham estados mínimos e pouco atenuantes. Veja a relação dos gastos sobre o PIB. No início do século XX, já eram todos desenvolvidos. E só após isso houve a explosão de gastos e crescimento dos estados.
Um professor do MEC do qual você provavelmente se baseou, pode discordar. Porém os dados são incontestáveis.
Então sim, a análise econômica é puramente objetiva. Não adianta você querer distorcer a lógica economia e tentar provar que as relações trabalhistas e os salários são definidos por pura vontade. Você não irá conseguir provar.
Essa é apenas a velha argumentação de luta de classes e mais valia.
Perfeito. Concordo plenamente. Por isso acho que a flexibilização é o ideal, mas num país como o Brasil em que o trabalho de período integral ainda é uma regra esse caminho é longo e precisa ser feito paulatinamente, vejo com bons olhos o passo dado pela atual reforma por ter contemplado outras formas de atividade laboral, abrindo o caminho para que não seja tão raro e sacrificante se ter 2 ou 3 trabalhos.
Eu vejo com muito ceticismo a frase como abolir salário mínimo num país como o Brasil. O Estado não age na fiscalização de abusos e poderíamos ter um regresso aos tempos da revolução industrial por aqui. Acho que esses passos projetados para o Brasil precisam ser analisados dentro de nossa realidade; um país tido por muitos como de 1ª geração pós revolução industrial, ou seja, sem base produtiva suficiente para viabilizar um caminho com tamanha flexibilidade. Veja o caso da China. Eles já conseguiram superar a remuneração brasileira média, mas a que custo? Altíssimo. O Brasil pode trilhar esse caminho de outra forma. Temer deu o primeiro passo, torçamos para que outros venham e continuem, vai ter muito dedo no cu e gritaria, mas numa situação paulatina o empresário consegue ir se ajustando, assim como o mercado de trabalho. Precisamos lembrar que as "unions" nos EUA são fortíssimas, não temos isso no Brasil.
O caminho certo é uma redução até quem sabe uma extinção em como entendemos ela hoje em dia, mas não pode ser tratado levianamente.
Quanto mais lento for a flexibilização mais tempo subdesenvolvidos seremos. Veja que o Brasil é um país pobre, e sem uma alta produtividade, da qual apenas relações realmente livres de trabalho podem gerar. Nunca seremos desenvolvidos.
É o velho medo do capitalismo.
Quanto ao salário mínimo, você pode ver com ceticismo por pura opinião. Porém você não tem como provar objetivamente que ele não tem efeito nefasto.
Ora, se o empregador não pode pagar pelo salário que o governo decreta, é bastante óbvio o que isso irá gerar: desemprego.
Portanto não sei com qual intuito você prefere uma pessoa desempregada, a uma pessoa ganhando um salário menor que o mínimo.
E porque o custo da flexibilização da China foi altíssimo?
Eles trabalhavam como escravos para o governo quando as relações eram totalmente controladas pelo governo. Morriam na miséria e praticavam canibalismo. Não é como se vivessem numa Suíça antes da abertura. Seu argumento é falacioso.
O fato é que nenhum país do mundo ficou rico com a relação semi-socialista de trabalho que o Brasil tem. NENHUM.
Aí é questão, entre escolher a mediocridade e o caminho da prosperidade.
Não é mal escolher CLT quando se está empregado a um bom emprego. Ou se é funcionário público. Aí é bastante fácil. Porém essa não é a realidade da maioria.
Essa é apenas a realidade que gera pobreza a maioria.