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A reunião em São Paulo, que planejada para ser secreta: participação especial de assessor da Presidência
Os blogueiros de crachá
Mensagens de WhatsApp revelam como atua a militância virtual bolsonarista. Como são combinados os ataques, o financiador que guia a 'tropa', a operação com dinheiro público, as estratégias para interferir nos rumos do governo e o fogo amigo contra Moro, Paulo Guedes e os generais: a reportagem a seguir leva você para dentro do universo da tropa de Allan dos Santos e companhia
11.10.19
FELIPE MOURA BRASIL

Até um blogueiro de crachá sabe a diferença entre conversas roubadas por meio da violação criminosa de um aparelho de telefone celular e conversas obtidas por intermédio de uma ou mais fontes que delas tenham participado.
Tanto é assim que Allan dos Santos, responsável pelo site bolsonarista Terça Livre, publicou em fevereiro de 2019 um áudio do também blogueiro Luciano Ayan, originalmente enviado em um grupo de WhatsApp do qual o próprio Allan não fazia parte. A conversa, avisou Allan, tinha sido vazada por um “infiltrado” que estava no grupo.
“Tem áudio aqui. Eu vou mostrar uns audiozinhos aqui”, disse Allan, em transmissão ao vivo no Youtube. “Quer ver? Porque esse pessoal tem grupo, né!? Se eu mostrar o áudio, eles vão descobrir que a gente tem infiltrado lá dentro. Ó: [o blogueiro, então, dispara o áudio de Luciano] ‘Agora a ideia é esmagar o que resta da dignidade do povo brasileiro. Vai ser um jogo agora de imposição, de intimidação, vinda lá de fora. O cara vai botar a carteira na mesa. Vai dizer ‘ó, se o Steve Bannon falou, tá falado’. Vai ser uma m****, gente. É foda. Triste assistir ao que está acontecendo no Brasil.’”
Em seguida, com risadas, Allan fez chacota do áudio: “Acabou, acabou. O Brasil tá uma m****. Esse aqui [do áudio] é o Luciano Ayan, num grupo em que está ele, o Renan Santos, do MBL… Tá uma m****. A gente está próximo do Steve Bannon, da Hungria, dos Estados Unidos, de Israel, vai acabar com a dignidade brasileira”.
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Luciano considerou uma bizarrice a publicação do áudio, que não trazia qualquer informação relevante. “O mais bizarro é que o áudio vazado era uma versão muito light de um texto que havia sido publicado neste blog, ontem, no início da tarde”, escreveu ele, após mencionar o “nível do esgoto dessa gente”, que abre “um alçapão no fundo do poço moral”.
Eu, Felipe Moura Brasil, não precisei de alçapão, nem de hackers, muito menos de dinheiro, para ter acesso a conversas privadas “dessa gente”. Bastou exercer o jornalismo, convencendo uma parte dissidente do grupo a me mostrar sua comunicação com os então companheiros.
Esse material, à diferença daquele vazado por Allan dos Santos, é bem mais relevante para os pagadores de impostos do Brasil porque complementa e corrobora o trabalho que eu já vinha fazendo de mapear cargos, remunerações e até os padrinhos dos envolvidos.
Com participação de assessor da Presidência da República, investidor do mercado financeiro próximo ao presidente, assessores em assembleias estaduais e órgãos municipais, além de blogueiros de crachá instalados no Palácio do Planalto, os diálogos e confissões mostram como atua a militância virtual bolsonarista, abrigada e remunerada com dinheiro público em gabinetes políticos. Exatamente como operava, nos governos anteriores, uma parte da militância virtual petista.
O encontro
A militância pró-Bolsonaro se reuniu em São Paulo no sábado, 6 de abril de 2019.
Quatro dias antes do encontro, em 2 de abril, Otavio Oscar Fakhoury, o investidor por trás do site bolsonarista Crítica Nacional, falou a uma pessoa próxima sobre o teor bélico e o caráter secreto da reunião: “Sábado é para planejamento de guerra. Não é pra ser divulgado. E não será em lugar algum. Tem líderes de movimentos. E alguns influenciadores. Aqui de SP tem Direita SP. Edson [Salomão] coordenador vai. Filipe Martins vai como influenciador que eh”.
Fakhoury também enviou um áudio, dizendo o seguinte: “Bom, esse hotel vai parecer uma Central de Conspiração, porque vai ter… Vão ter os líderes de todos os movimentos de direita do Brasil hospedados lá no mesmo fim de semana. Então é uma conspiração só esse hotel. Tem que ser muito secreta essa reunião, nenhuma imprensa pode saber”.
Ouça o áudio aqui:
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Filipe Martins, o assessor especial da Presidência da República cuja presença havia sido anunciada por Fakhoury, também foi indagado por uma pessoa próxima, na quinta-feira, 4 de abril, se estaria em São Paulo naquele sábado. “Vou, sim. Mas vou em segredo. Ninguém pode saber”, respondeu o assessor do presidente. Perguntado em seguida, de modo mais específico, se iria “participar da reunião com as ‘lideranças’”, “isso q o Otavio arrumou”, respondeu: “Participo, sim”. E explicou. Martins disse que chegaria a São Paulo “amanhã” (sexta-feira, 5 de abril), no “final do dia”, e que voltaria a Brasília no domingo.
Reprodução
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Otavio Fakhoury: investidor e orientador da militância
Sobre o propósito da reunião, o assessor do presidente afirmou: “Só quero um entrosamento maior dos movimentos. Porque vamos precisar”. Diante do interesse da pessoa em encontrá-lo, respondeu: “Claro. A gente se encontra num lugar mais reservado fora da reunião. Talvez no hotel mesmo.” E ainda: “Qualquer coisa você vai pro meu quarto”. Martins compareceu à reunião da militância. A pessoa próxima que queria encontrá-lo, não. Coube ao assessor do presidente, mais tarde, contar como foi o encontro. “Foi bem legal. Tinha mais gente ligada a movimentos. Movimentos de todos os estados do país. Aí tinha a Paula Marisa, a Camila Abdo, Tatiane Alvarez e mais um pessoal que atua na internet.” Os nomes, se você, leitor, não conhece, são todos de militantes bolsonaristas com atuação ativa nas redes sociais.
Ainda na noite de 6 de abril, Filipe Martins acabou divulgando uma foto da reunião realizada naquele dia – a mesma que, pelo plano inicial, deveria ser secreta. Mas encontrou uma narrativa bem mais suave sobre os motivos do encontro. “Tive a oportunidade de me reunir hoje com os principais líderes de movimentos conservadores, vindos de todos os estados brasileiros, e ouvi deles um feedback sobre os 100 primeiros dias do governo”, escreveu no Twitter. “Seguimos com os pés no chão, ouvindo a todos e aprendendo com humildade.”
Em público, portanto, “o planejamento para a guerra”, que não podia ser divulgado e visava um “entrosamento maior dos movimentos”, virou apenas um “feedback” sobre o governo de Jair Bolsonaro, nascido espontaneamente da sociedade, como o site de Fakhoury tratou de reforçar, no dia 9, em texto assinado por seu editor, Paulo Enéas: “A iniciativa para a realização do encontro partiu dos próprios grupos e movimentos. O assessor especial da presidência, Filipe Martins, participou na condição de convidado, assim como o editor do Crítica Nacional e demais colaboradores do portal”. Entre os “demais colaboradores”, cujo nome não foi exposto na publicação, estava Fakhoury, o dono do site.
O financiador
Filipe Martins e Otavio Oscar Fakhoury se conheceram dois anos antes, de acordo com relato feito em abril pelo próprio assessor presidencial que afirmou considerá-lo “confiável”, “muito sério”. Eles são mesmo entrosados. Ambos atuaram, por exemplo, pela queda do general Carlos Alberto dos Santos Cruz, demitido por Jair Bolsonaro do cargo de ministro da Secretaria de Governo. Em conversa privada, Martins chamou atenção para uma declaração do então ministro em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo. Encarregado de comandar a área de comunicação do governo, ele vinha se recusando a abrir as torneiras para os blogueiros amigos do poder. O título da publicação dava o tom da postura do ministro que tanto desagradava a militância: “Gasto com publicidade não é ‘passível de pressões’, diz ministro”. Era a resposta de Santos Cruz à seguinte pergunta dos repórteres do jornal: “De que maneira as redes podem ajudar o governo e não ser fonte de ruído, como o senhor disse?”. O então ministro respondeu: “Podem até ser um instrumento importante de governo. Mas tem de usar com muito cuidado, para evitar distorções, e que vire arma nas mãos dos grupos radicais”. Santos Cruz pregava “responsabilidade” no uso das verbas de publicidade. Defendia que o governo deveria gastar somente “de acordo com a necessidade, e não de acordo com o gosto”.
Em privado, Filipe Martins explicitou a ira dos militantes da comunicação bolsonarista que, mais tarde, ajudariam a empurrar o ministro para a demissão. O assessor do presidente escreveu que “Santos Cruz passou a maior parte da vida dele na ONU”, que “ele é quem supervisiona a Secom e vem impedindo a comunicação do governo de deslanchar” e que ainda “tem as críticas do Carlos [Bolsonaro] a ele”. “Santos Cruz hje levou uma paulada nossa lah do CN [Crítica Nacional]”, festejou Fakhoury em outro diálogo, compartilhando o link de seu site. O texto compartilhado criticava a posição do general segundo a qual os membros do governo precisam conversar com a população de modo direto, e não por meio de mídias sociais.
Martins foi além na queixa, que serviria para insuflar ainda mais a turma contra o general. Escreveu que Santos Cruz “também interfere em vários ministérios”: “Fez isso no MEC, no Ministério de Direitos Humanos e na Apex [Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos], caçando todo mundo que é conservador”. Os militantes faziam do WhatsApp, a todo tempo, um bunker para discutir estratégias e ações que, depois, ganhariam as redes bolsonaristas com ataques àqueles que seus líderes enxergavam como obstáculos. Em outras mensagens, Fakhoury conclamava a militância a apoiar Letícia Catelani, a “Catel”, ex-secretária-geral do PSL paulista, levada pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro, o filho 03 do presidente, para a transição de governo. Após a posse de Jair Bolsonaro, ela passou a ocupar a diretoria de Negócios da agência, vinculada ao Ministério das Relações Exteriores, por indicação do chanceler Ernesto Araújo. Fakhoury escreveu que “alias falando em Letícia, precisamos ajudar ela que esta sendo bem atacada lah na Apex”. Se havia uma guerra intestina no governo, fogo amigo entre os próprios bolsonaristas, o aplicativo de mensagens era usado como um importante front para planejar os ataques (ou para combinar a defesa de seus aliados).
Em 6 de maio, Fakhoury pediu divulgação de uma postagem de seu site, o Crítica Nacional, em defesa de Catelani: “dê RT [retweet] no texto do Paulo Enéas que fala da grande competência da Letícia.” No resumo junto ao link, a responsabilidade foi atribuída indiretamente ao general, que havia nomeado o almirante Sergio Ricardo Segovia para a presidência da agência. “Retrocesso: novo presidente da Apex, indicado por Santos Cruz, poderá demitir diretora que vem promovendo a despetização do órgão, fim do viés ideológico nas decisões, cortando gastos e cancelando contratos da era petista. Se confirmada a mudança, será um dos primeiros recuos significativos do Governo Bolsonaro em relação a seus compromissos de campanha.” A reação dos militantes pareceu tardia. Segovia demitiu Letícia naquele mesmo dia.
Em um áudio, mais tarde, Fakhoury elencou as iniciativas contra o general. Ficam evidentes os vazamentos contra os integrantes do governo dos quais a turma discordava. Ele cita, como parceiro de empreitada, o próprio Allan dos Santos, talvez o mais conhecido entre todos os blogueiros bolsonaristas. Allan, por sinal, agora vive em Brasília. Ocupa uma casa de dois andares no exclusivo Lago Sul. Na garagem, mantém um Toyotta Corolla, registrado em nome de uma locadora.
Adriano Machado/Crusoé
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Allan dos Santos na casa onde está morando em Brasília: cada vez mais perto do poder
Ao detalhar o petardo que estavam prestes a lançar contra Santos Cruz, Fakhoury afirmou: “Tem também uma outra [postagem] que nós estamos preparando no Crítica [Nacional], com informações de lá, de uma denúncia de tráfico de influência do Santos Cruz, em cima do Ernesto Araújo, que o Ernesto bloqueou. Mas é uma denúncia que nós estamos colhendo para poder publicar entre hoje e amanhã. Então essa você vai ter que esperar um pouquinho. Vai ter o link e vai ser pelo Crítica, essa. Mas essas duas que eu te passei já são boas. Mais o post do Allan [dos Santos], que tem as fontes lá dentro também, que são confiáveis, lembra? Ele desmentiu a [jornalista Eliane] Catanhêde, desmentiu a demissão do [então ministro da Educação, Ricardo] Vélez [que um tempo depois acabaria mesmo demitido], lembra? Ele tá bem lá de fonte.”
Ouça o áudio:
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A ‘milícia jacobina’
Depois que o Estadão publicou, em março, a reportagem “Rede bolsonarista jacobina promove linchamento virtual até de aliados”, Fakhoury – cujo nome nem foi citado pelo jornal, embora o site tenha sido mencionado — aproveitou o momento e se tornou administrador de um grupo de WhatsApp intitulado, ironicamente, de “Milícia Jacobina vs OESP”.
OESP são as iniciais de O Estado de S. Paulo. No texto publicado, o jornal listou os membros da militância virtual bolsonarista, dividindo a rede em grupos como “núcleo central” (Jair Bolsonaro e o escritor Olavo de Carvalho), “estrategistas” (Carlos Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro e Filipe Martins) e “influenciadores”, estes últimos subdivididos em “páginas” e “perfis”.
O grupo de WhatsApp administrado por Fakhoury reuniu Filipe Martins (que desde os 17 anos conhece Olavo, também autor de postagens contra Santos Cruz e da sugestão do nome de Ernesto Araújo para chanceler) e de vários “influenciadores”. Eis alguns deles:
– Paulo Enéas, o editor da Crítica Nacional;
– Leandro Ruschel, economista, fundador de uma produtora de documentários;
– Bernardo Pires Küster, youtuber paranaense que foi assessor parlamentar no gabinete do então vereador de Londrina Filipe Barros, agora deputado federal pelo PSL do Paraná;
–Paula Marisa e Steh Papaiano, as “divas” de gabinete, como você verá mais adiante;
– Allan dos Santos e sua colaboradora Claudia Wild;
– João Vinicius Manssur, advogado de Fakhoury cujo escritório coletou assinaturas dos citados na reportagem do Estadão para propor uma ação de indenização contra o jornal e contra o jornalista José Fucs, autor do texto.
O novo grupo de WhatsApp facilitou a comunicação da militância de gabinete e dos blogueiros de crachá para definir seus alvos e estratégias virtuais. Também os ajudou na tarefa de compartilhar entre si notícias alheias e postagens de seus respectivos sites e redes. No dia 9 de maio, para acusar Santos Cruz de ingerência na Apex, o site de Fakhoury publicou o conteúdo de mensagens privadas – assim como Allan dos Santos, ele também recorre a esse expediente quando julga necessário – enviadas pelo então assessor da presidência da agência, general Roberto Escoto, à própria Letícia. Nelas, Escoto afirmava que Santos Cruz (por vezes mencionado pelos militantes apenas pelas iniciais SC) desejava a renovação de um certo convênio da Apex.
“Ajudem a divulgar os e-mails que o CN [Crítica Nacional] publicou, mostrando a ingerência indevida desse troglodita SC”, escreveu Fakhoury no grupo. Paulo Enéas, seu subordinado, perguntou se o valor do convênio era de 12 milhões de reais. Leandro Ruschel respondeu não ter certeza. Disse que até tentou conferir o valor, mas sem sucesso. “Não achei.” Fakhoury e Ruschel ainda tentaram buscar testemunhas.
Diante de uma hipótese de tutela militar contra Bolsonaro – para eles, um suposto projeto de “impor limites e restrições ao comportamento e liberdade decisória” do presidente, “incluindo a vigilância e redução das iniciativas dos seus três filhos” –, Fakhoury liderou a suposta resistência virtual, sem perder a oportunidade de divulgar seu site. “Só gritaria incessante nas redes e denúncias como essa [da ingerência], mais e mais, é que irão dar força para uma reação”, afirmou o financiador no grupo “Milícia jacobina”. “Há a possibilidade do próprio Jair não querer a ruptura”, escreveu Ruschel. O debate foi se ampliando. A certa altura, os militantes discutiam o que consideravam que deveria ser a estratégia ideal do governo. “Concordo, mas há de ser um pêndulo, teremos q ter momentos d mais tutela, e de menos tutela”, ponderou Fakhoury. “JB [Jair Bolsonaro] deve ter alguma força pra afastar algumas peças, trocar Santos Cruz por um ministro civil nessa Secretaria seria uma tentativa.” E completou, destacando a importância da “Milícia jacobina”: “Se não fizermos nada, nós ‘milicianos’ aqui, o próximo a cair eh o Ernesto”.
Santos Cruz não foi o único militar do governo a incomodar Fakhoury e Martins. Para conter o general Hamilton Mourão, o assessor do presidente recorreu também aos préstimos de um conhecido aliado americano. Proprietário da distribuidora ARC Entertainment e diretor dos documentários “Generation Zero” (sobre a crise financeira global iniciada em 2008), “Battle for America” (com críticas ao governo Obama e ao inchaço do estado) e “Fire from the Heartland” (sobre a ascensão das mulheres no movimento conservador), Steve Bannon é ex-diretor do portal Breibart News, “a plataforma da alt-right”, a direita alternativa, como ele chamou em 2016. Bannon assumiu a direção da campanha de Donald Trump três meses antes da eleição e, com a vitória, virou estrategista-chefe da Casa Branca. Acabou sendo demitido por Trump sete meses depois. Na sequência, deixou o Breitbart em saída consensual, segundo a empresa.
Foi Filipe Martins um dos articuladores do primeiro encontro de Eduardo Bolsonaro com Bannon, em Nova York, em agosto de 2018. A reunião lhe rendeu, como entusiasta natural de Sorocaba, o apelido de Sorocabannon. Em março de 2019, Jair Bolsonaro jantou com Bannon, Eduardo, Ernesto Araújo e Olavo de Carvalho na residência do embaixador do Brasil em Washington, Sergio Amaral. Em 23 de setembro, o já postulante a embaixador Eduardo voltou a se encontrar com Bannon em Nova York. Desde então, os contatos com Bannon se estreitaram, e o americano passou a ser referência para o núcleo ideológico do governo e para a sua tropa virtual — na prática, o governo Bolsonaro é aliado de Trump e a família Bolsonaro é aconselhada por um estrategista demitido por ele.
Não tive acesso, por óbvio, às mensagens privadas trocadas entre Fakhoury e Martins fora dos grupos, mas, depois que o assessor do presidente compartilhou na “Milícia jacobina” a matéria da Folha “Mourão deveria renunciar e ir para a oposição, diz ex-estrategista de Trump”, na qual o jornal informava que Bannon estreitou laços com Eduardo Bolsonaro e “também se aproximou de Filipe Martins”, não demorou para Fakhoury compartilhar a postagem do Crítica Nacional reforçando a contenção da “estratégia equivocada” do vice Mourão, alvo frequente também de Carlos Bolsonaro, o filho 02 do presidente.
“A estratégia equivocada adotada sinaliza para a opinião pública a percepção de existência de outro projeto político no núcleo do governo, diferente daquele aprovado nas urnas, o que fragiliza e expõe a figura do Presidente Jair Bolsonaro”, dizia no grupo o resumo, seguido do link para o site. Em linha com a tropa, o assessor do presidente valoriza, afinal, o “feedback” dos “milicianos”, como eles mesmos passaram a se chamar, usando de ironia.
Moro e Guedes como alvos
Otavio Oscar Fakhoury, de 46 anos, é “tesoureiro-geral” do PSL de São Paulo, de acordo com a composição do diretório estadual, exibida em página interna do site oficial do partido. O PSL paulista é presidido por Eduardo Bolsonaro. Um mês antes do encontro da militância bolsonarista em São Paulo, Fakhoury já havia pedido que Camila Abdo, uma das militantes, criasse outro grupo de WhatsApp, organizado em 6 de março, e incluísse parceiras como Steh Papaiano e Paula Marisa.
“Boa noite sou Otavio Fakhoury”, “sou sócio do Paulo Enéas no Crítica Nacional, as vezes co editor, pauteiro, etc kkk”.
No Crítica Nacional, porém, Fakhoury é apresentado como “empresário e colaborador” do site, ou apenas “ativista”, quando participa de hangouts com o editor Paulo Enéas.
O investidor-estrategista convidou as militantes a colaborar para o que ele queria que fosse um “Portal da Direita” (nome que também batizou o grupo) e ofereceu como sede um escritório em São Paulo. “A Camila Abdo conhece o espaço físico que temos para montar os servidores”, escreveu Fakhoury.
“O espaço é beeeemmmm grande”, confirmou Camila. “É onde era o comitê da Joice [Hasselmann]”, completou, referindo-se à campanha de 2018 para deputada federal da atual líder do governo Bolsonaro no Congresso. Fakhoury então revelou a sua visão da conjuntura político-cultural, identificando no protagonismo de Paulo Guedes e de Sergio Moro, os ministros da Economia e da Justiça, um risco ao que julga ser o conservadorismo. Também identificou um risco, esse de outra ordem, na atuação do general Santos Cruz. Disse ele:
“A direita tem que se unir agora. Senão os liberais (Guedes) e tecnocratas (Moro) além de alguns militares que são positivistas demais e nada anti globalistas” – considerando o globalismo como a concentração de poder transnacional em uma elite de burocratas não eleitos – “vão deixar de lado a pauta conservadora”. “Eu canso de dizer: quem ganhou a eleição não foi a pessoa do JB, nem Mourão, nem os militares. Quem ganhou a eleição foi uma onda, um movimento (como diz o Steve Bannon), um levante conservador!”, emendou Fakhoury. “Quem ganhou foi o conservadorismo”, “foi a direita”, endossou Camila. “O povo não votou na chapa JB Mourão por causa da reforma da previdência nem por causa de uma proposta de eficiência de gestão”, completou o investidor.
Os ‘donos’ do governo
Em outra sequência de mensagens trocadas no grupo, Steh Papaiano e Paula Marisa criticam Damares Alves, ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. A primeira se queixa porque Damares “quer revogar a lei de alienação parental, o que pra mim é inaceitável” e porque ela “encheu a secretaria dela de feminista, de Desirée [aparentemente, Desire Queiroz, que acabou descartada após ser alvo de críticas nas redes sociais] a Sara Winter [nomeada Coordenadora Nacional de Políticas para Maternidade]”. A segunda reclama da ministra porque “não é apenas o uso errado da palavra ideologia”, “ela varias vezes fez declaraçoes q no meu ver são esquisitas”, “não queimo ela nos meus vídeos pq ela está no governo e até agora não fez nada assim tãããão grave”, “mas não confio nela”.
Em áudio, Fakhoury concorda que é “uma lástima” a escolha da palavra “ideologia” para se referir ao conservadorismo, mas “entendi a mensagem que ela [Damares] quis passar” e “gosto dela”. “Eu acho que ela pode aprender, sim, muita coisa. Em relação à ONU, eu não sei se ela faz um jogo para não apanhar tanto, como o [ex-ministro da Educação Ricardo] Vélez e o Ernesto [Araújo] apanharam, o próprio presidente [apanhou], ou não. Acho que ela transita há muitos anos no meio dos Direitos Humanos, então você bater inteiramente na ONU o tempo todo te causa estresse.”
Na mesma gravação, Fakhoury lembra de quando serviu de tradutor para Jair Bolsonaro em conferência com o especialista em estratégias marxistas Jeffrey Nyquist e Olavo de Carvalho, e tenta explicar o que o então candidato do PSL quis dizer ao falar, em 18 de agosto de 2018, que defenderia a saída do Brasil da Organização das Nações Unidas (“Se eu for presidente eu saio da ONU, não serve pra nada esta instituição. É uma reunião de comunistas, de gente que não tem qualquer compromisso com a América do Sul, pelo menos”).
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Fakhoury servindo de tradutor para Bolsonaro em conferência que contou com a participação de Olavo de Carvalho e do americano Jeffrey Nyquist
Disse Fakhoury: “Quando o presidente Bolsonaro falou em sair da ONU… O que ele quis dizer… Eu sei porque eu estava em Nova York em 2017 na palestra que ele deu, na conferência junto com Olavo de Carvalho e com o Jeffrey Nyquist” [a palestra foi transmitida no canal de Bolsonaro em 14 de outubro daquele ano em vídeo, que mostra também as presenças de Carlos Bolsonaro e da agora deputada federal Bia Kicis, do PSL do Distrito Federal]. “Inclusive nessa conferência, eu que fiz a tradução, tanto pro Bolsonaro quanto pro Jeffrey Nyquist. Fiquei lá duas horas no ouvido de um e no ouvido de outro, traduzindo. Como a conferência era em português, quando o Jeffrey Nyquist falou eu tive que repetir pro Bolsonaro tudo em português e quando foi a vez do Bolsonaro eu tive que repetir pro Jeffrey Nyquist em inglês tudo que o Bolsonaro falou. Então eu sei muito bem que foi exatamente naquele momento que o Trump deu ordem para [a diplomacia americana] sair não da ONU, [mas sim] sair do Conselho de Direitos Humanos da ONU e da Unesco. Aliás, foi da Unesco que ele saiu. Então nesse ponto eu concordo. Acho que é bom explicar isso aí, que quando o Bolsonaro disse isso ele não falou ‘vamos sair da ONU de vez’. Os conselhos e os órgãos mais ‘comunizados’ [aparelhados por comunistas] ou mais ‘esquerdizados’ da ONU… A ONU é inteira ruim, mas tem órgãos que são globalistas ‘isentões’ e tem órgãos que são totalmente ‘esquerdizados’ mesmo. Tem os órgãos fabianos e os ‘esquerdados’, de extremos. E um deles é o Conselho de Direitos Humanos e o outro é a Unesco, que a gente sabe.”
Ouça o áudio:
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Direto de Wall Street
Parte da história de Fakhoury passa pelo mercado americano. Além de ter morado cinco anos em Nova York e trabalhado oito anos no Citibank e cinco no Merril Lynch, ele foi contratado em março de 2008 pela matriz nova-iorquina do Lehman Brothers para estruturar a área de renda fixa do banco no Brasil, de acordo com reportagem do G1 publicada em setembro de 2011. “No Lehman, passou a ser um dos chefes em uma equipe que reunia cerca de 30 pessoas em um escritório na Avenida Faria Lima, em São Paulo. Respondia direta e constantemente à matriz do banco, em Nova York. O escritório paulista fechou um ano e meio depois de sua abertura, quando o fundo BTG, do banqueiro André Esteves, comprou os ativos do Lehman Brothers no Brasil. No fim, parte dos funcionários se dividiu entre o próprio BTG e o banco Standard Chartered, que contratou alguns dos ex-Lehman, como o próprio Fakhoury”, dizia o texto.
O ano de 2008 ficou marcado como o do nascimento da crise financeira internacional. “Quando fui para outro banco depois da quebra do Lehman, odiei o ambiente psicológico”, disse Fakhoury ao portal. “Pedi demissão”, contou. “Hoje sou gestor de um fundo macro que opera no mundo inteiro e expresso minhas opiniões sobre o cenário global nesse fundo.” A reportagem o identificava como sócio gestor da Mauá Sekular. Mas quando saiu do Standard Chartered, de acordo com a edição do jornal Globo de 10 de setembro de 2018 – em uma reportagem também sobre economia e negócios, não política –, Fakhoury “ficou mais alguns anos no mercado financeiro, indo para a Mauá Sekular, e depois resolveu se dedicar a um negócio da família”. Hoje, o empresário se dedica ao governo Bolsonaro, mobiliza a militância e expressa suas opiniões sobre o cenário político por meio do site bolsonarista do qual é financiador.
“Como sócio do Crítica Nacional, já falei com o Paulo [refere-se a Paulo Enéas, o editor] que amanhã mesmo vamos sentar com advogado pra tomar providências contra o Estadão”, escreveu Fakhoury no grupo “Portal da Direita” após a reportagem sobre a rede que promove “linchamento virtual até de aliados”. Para ele, cabia “queixa crime por calúnia e difamação, e tbem [também] na esfera cível, indenização por danos morais e talvez materiais”. O investidor pediu individualmente as assinaturas para a ação de indenização e estimulou a reação geral: “Vamos com tudo!! Além de terem ajudado a rede da direita a crescer, ainda vão pagar indenização a todos!!!”. “Fale que segundo o Estadão, sua página no Twitter foi de zero a 55 mil em um dia kkkk”, “faça do limão uma limonada kkk”, disse.
Em 17 de março, Carlos Bolsonaro compartilhou um tuíte de Steh Papaiano sobre a reportagem que provocou a ira da turma. O 02 também comentou a lista de “influenciadores” citados pelo Estadão. “Tem muita gente ai que não conheço e outros com opiniões boas, mas garanto que não há rede orquestrada alguma”, escreveu o filho do presidente.
O grupo “Portal da Direita” havia sido criado no WhatsApp 11 dias antes (e foi lá que Steh celebrou o tuíte de Carlos, dizendo “venci na vida”). O outro grupo, o “Milícia jacobina”, ainda estava por vir. Foi nele que Fakhoury comunicou a notificação ao jornal e mobilizou a tropa contra o autor da matéria: “Agora vcs já podem ir no Twitter desse babaca do [repórter José] Fucs e cobrar se ele terá peito pra responder todas as perguntas lá na interpelação!!”. “Já estou fazendo isso há semanas…hahahaha”, respondeu Leandro Ruschel. “Agora ele não pode dizer que não foi notificado e que não sabe o teor dos questionamentos!”, completou Fakhoury.
É um curioso caso de “conservador” oculto e chapa-branca que instiga reações em bando contra jornalistas na internet. No dia 1º de outubro, o jornalista Fucs publicou no Twitter: “Mais uma ação contra mim, por causa da reportagem sobre as redes bolsolavistas de linchamento virtual, desta vez movida pelo youtuber Nando Moura, foi julgada improcedente. Há um mês, o mesmo já havia acontecido com a Profª Paula Marisa”. Recentemente, Nando Moura também virou alvo da militância bolsonarista, após criticar Allan dos Santos, Flávio Bolsonaro e o próprio presidente, que reagiu em sua ‘live’ semanal, o que rendeu outro vídeo do youtuber em réplica.
Nando passou a ser chamado de “traidor, isentão, comunista, de tudo que é possível” – ou seja: todos os rótulos que militantes disparam contra quem não adere cegamente à família e ao governo Bolsonaro, como se a subserviência fosse devida e como se qualquer exercício de vigilância, cobrança, crítica e refutação significasse uma rendição à esquerda ou à histeria dos setores da imprensa que pintaram Bolsonaro como nazista. Paula Marisa, a outra militante mencionada pelo jornalista ao citar os autores das ações judiciais, segue alinhada à “Milícia jacobina”. “Imprensa boa para esse pessoal é imprensa mansa com o poder”, afirmou Fucs.
O sumiço do 02
Ainda em março, o assessor presidencial Filipe Martins justificou no WhatsApp a razão do suposto recolhimento do filho 02 do presidente. “O Carlos apanhou muito depois daquela coisa do golden shower. Teve que apagar o tweet, etc. Ele se recolheu um pouco”, escreveu Martins. No carnaval, a conta de Jair Bolsonaro, também administrada por Carlos, havia compartilhado um vídeo em que um homem urina na cabeça de outro. Na conversa com Martins, a pessoa próxima reclamava do sumiço do filho do presidente, dizendo ter ido para “briga” até comigo, no Twitter, para defendê-lo.
“E eu fui uma das q defendi com unhas e dentes, mas desde mt antes ele sumiu. Eu fui pra briga com o Moura Brasil por causa dele. Amizade não é via única só.” Ante a queixa sobre o sumiço do filho do presidente, Filipe Martins prometeu ajudar. Disse que tentaria falar com Carlos sobre as reclamações. “Eu vou tentar falar com ele”, prometeu o assessor. “Mas ele fica um tempão sem falar comigo também”, emendou.
Em 19 de setembro, o Estado de S.Paulo e a Folha de S.Paulo publicaram reportagem sobre um grupo de assessores abrigado no Palácio do Planalto e conhecido como “gabinete do ódio” ou “da raiva”. Segundo o Estadão, com a senha das redes do pai, Carlos dá ordens aos assessores Tércio Arnaud Tomaz, de 31 anos, José Matheus Sales Gomes, 26, e Mateus Matos Diniz, 25, os três igualmente da confiança de Eduardo Bolsonaro.
“Filipe Martins, o assessor para Assuntos Internacionais de Bolsonaro, também faz parte desse grupo. Tércio, José Matheus, Diniz e Filipe despacham no terceiro andar do Planalto, ao lado do presidente. Outro integrante do núcleo é Célio Faria Júnior, que Bolsonaro trouxe da Marinha e hoje é chefe da Assessoria Especial da Presidência”, dizia o texto do Estadão. Eu prefiro chamar este núcleo de QG da militância de gabinete.
Ativistas com salário
Stefanny Aparecida Ribeiro Papaiano, que se identifica na internet como Steh Papaiano, é Assistente Parlamentar VII no gabinete do deputado estadual Douglas Garcia na Assembleia Legislativa de São Paulo. Nomeada em 18 de março de 2019, ela tem remuneração bruta de 9.317, 24 reais. Presente no encontro da militância em abril e nos grupos “Portal da Direita” e “Milícia jacobina”, Steh coordena o movimento Direita São Paulo com Edson Salomão e Douglas, e mobiliza no Twitter o que chama de “o pessoal da contra cultura”, “os meninos do vapor”, em referência à versão bolsonarista do movimento vaporwave, que combina colagens futuristas em neon, frases enigmáticas e mensagens em código Morse, exibidas na imagem de perfil, também chamada de “avatar”.
Em conversas privadas de um grupo menor, criado por Steh em 6 de dezembro de 2018 e batizado de “Juventude”, na intenção de reunir lideranças jovens do PSL, ela ri de um ruído “plantado” sobre um adversário: “Tá [muito forte] sim… Mas é plantado pela galera do submundo kkk.” Steh exalta essa “galera”, o “pessoal dos memes”, a “galera do meme” – toda a militância política virtual que faz o que ela chama de “Go tropa na rataiada”, quando se mobiliza para quebrar narrativas de adversários.
Steh compartilhou no grupo um tuíte da conta @loen2019, criada sob o codinome Travis Touchdown, que dá voz de comando contra um dos alvos escolhidos: “PRA CIMA DELES RATAIADA”. “É importante que a rataiada tá deixando claro que é uma zoeira. Mas vendeu como narrativa”, explicou.
Quando um membro do grupo se disse “chocado” por ter recebido determinado vídeo “umas 30 vezes só hoje de manhã”, Steh expressou sua admiração pelo responsável: “Queridão… Esses caras são foda”, “a turma do loen arregaça”, “jajá eles pautam a imprensa”, “como sempre”. Conhecido dos blogs petistas em razão das páginas antipetistas que criou, Loen – cujo nome costuma aparecer em várias contas com o zero no lugar do “o”, como “L0en” – é o publicitário e diretor de arte Leonardo Oliveira, que em um podcast vaporwave se apresenta como “o herói do Ocidente”, enquanto seu fiel seguidor, que atua sob o codinome de Leitadas do Loen, se diz “o carioca mais querido do Twitter”.
As ‘facções virtuais’
Steh trata a turma do Loen como uma das “facções virtuais” bolsonaristas. “São várias facções virtuais kkk”, explicou, antes de listar as tais facções e de tentar explicá-las: “A do loen”, “a da galera do [perfil] Bolsonaro opressor”, “mas se completam”, “e acredite DIRETO eles pautam a imprensa”, “só nessa de Meme”.
Steh contou que “um dos carinhas do Bolsonaro opressor”, “não o contratado”, “outro”, “está junto com eles”, “a galera da panelinha da direita original”, “eles foram na manifestação pró Bolsonaro”, “o b*sta do Marcelo Reis não deixou eles subirem no caminhão”, “é um imbecil”. O empresário paulista e ativista Marcello Reis é o fundador do grupo Revoltados On Line que concorreu a deputado estadual de São Paulo pelo PSL, mas foi derrotado.
O tal vaporwave a que os militantes tanto se referem não se limita ao “submundo”. Eduardo Bolsonaro, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, e seu irmão Arthur também aderiram à estética do movimento em imagens de si próprios na rede social. O mesmo ocorreu com o líder do PSL na Assembleia paulista, o deputado estadual Gil Diniz, conhecido como Carteiro Reaça, Para ele, “Vaporwave é a Contra-Cultura”.
Indagado em 4 de outubro no programa Pânico, da Jovem Pan, sobre a razão pela qual endossou o movimento e o que acha da estratégia de a direita policiar a direita, em vez de focar nos adversários socialistas, Eduardo respondeu: “Essa questão vaporwave, é a primeira definição que eu escuto como sendo um negócio de patrulha e etc., a primeira vez que eu escuto é aqui. A minha imagem lá no Twitter vaporwave é muito mais de resgatar o negócio dos anos 70 e 80, de ser um movimento mais assim, digamos, raiz. Então esse acho que é o principal recado. E o pessoal ali, estando ou não com vaporwave, eles fazem críticas ao socialismo, continuam fazendo vídeos e etc. Não vejo dessa maneira como sendo um patrulhamento, não.”
No entanto, quando Leandro Ruschel compartilhou no grupo da “Milícia jacobina”, em 24 de maio, uma reportagem sobre influenciadores da direita que relatavam linchamentos virtuais de bolsonaristas, Steh fez chacota: “Noffa”, “eles estão sendo linchados”, “pq palavras MACHUCAM”. Referindo-se mais uma vez aos “influenciadores da direita” que não aderem cegamente à família e ao governo Bolsonaro, completou: “Desejo que sofram”. Ela ainda compartilhou um meme de briga de rua, legendado como “gangue da vaporwave” contra os “isentões da imprensa”. “Tadinhos! Ó dó!”, escreveu Fakhoury, fazendo chacota.
Fila para a boquinha
Após a entrevista de Eduardo, Left Dex, um dos famigerados codinomes do submundo do Twitter, recusou-se a voltar “a se ocupar com petista” enquanto influenciadores da direita “socam nosso cu”. Left Dex foi quem pediu ao deputado federal Luiz Philippe de Orléans e Bragança, do PSL paulista, para descolar um emprego para o “Leitadas do Loen”, um dos mais destacados ativistas da tropa: “Aí Luiz, descola um emprego pro @l3itadasl0en? Deixa ele mexer nas suas redes sociais, o maluco é fera”.
Leitadas do Loen já havia manifestado no Twitter que “a Secom sob o comando” de Fábio Wajngarten “é incompetente e ineficiente” para “desmentir fake news” e que queria a sua boquinha na pasta do governo mais cobiçada no submundo virtual. “Se esses malucos me derem um perfil da Secom verificado, um moto g novo [refere-se a um modelo de aparelho celular] e um salário mínimo eu desminto fake news o dia todo, discuto e humilho os montes de arroba verificada de inteligentinho que vai aparecer e ainda faço o café”. “Já pensou que onda? Passar o dia todo com um perfil do governo aloprando”, “porra, ia ser o mundo”, “basicamente é fazer o que tu já faz mas ganhando dinheiro pra isso”, escreveu. À diferença de outros companheiros que já conseguiram suas boquinhas, Leitadas era, ao menos até ali, um postulante à militância de gabinete. O wannabe militante de gabinete.
A conta de Steh Papaiano no Twitter foi suspensa por violação das regras, mas ela criou outra, à moda vaporwave, onde sua boca aparece sob uma tarja preta na qual se lê: “Recruta MAVs – tratar aqui!!!”. Seu chefe, Douglas, na conta dele, já anunciou com todas as letras o recrutamento de novos assessores militantes: “Recruta-se MAVs para promover o assassinato de reputações de liberais e isentões. Interessados tratar aqui”. MAVs é a sigla que eu popularizei na internet durante o governo do PT como referência aos integrantes da Militância em Ambientes Virtuais, criada pelo partido.
Perguntado no Twitter se “emprega pessoas no seu gabinete com vencimentos de até 11 mil reais (dinheiro público) para atacarem adversários com ofensas e mentiras”, o deputado Douglas respondeu: “Salários de assessores na Alesp são altos mesmo, mas não posso contratar de graça ou diminuir o que ganham pq ñ é permitido por lei. Trabalham pra kct, porém no horário de almoço, fora de expediente ou quando estão fazendo cocô eles ofendem, mas mentir, jamais”.
Ao apresentador e humorista Danilo Gentili, Douglas escreveu também: “Assessor meu que manda vc à PQP é condecorado no fim do mês”. Thales Dias da Silva, Assessor Parlamentar II no mesmo gabinete, afirmou que Danilo “é uma b*ch0nα mesmo”. Se for condecorado com uma promoção, poderá gerar um gasto ainda maior que os 8.383,75 reais de sua remuneração bruta. Sua descrição de perfil, em caixa alta, é: “ESQUERDISTAS, TECNOCRATAS, ISENTÕES E TRAÍRAS: SE COMAM!”
André Petros Angelides Junior, outro Assistente Parlamentar VII de Douglas, com remuneração bruta de 7.756,16 reais ataca até quem fica ao lado de Gentili contra a militância de gabinete, como o cartunista André Guedes. “O mlk [moleque] tá mais chato que moleque ranhento da 3ª série, defendendo o Gentili. Pqp Man, para de mentir pra chupar o saco do Gentili. Tu tá ficando um moleque, ranhento, pedante pra c***lho. Que ridículo.”
Em outra postagem, Petros diz que André Guedes “virou um lixo tosco”. Membros do Partido Novo ou do MBL ele chama de “liberal m****”. Nem mulher escapa dos xingamentos do assessor do deputado Douglas. Exemplos: “Vadia Filha da put*. Rampeira, vagabunda”, “essa vagaba aí é um lixo”. Outro assessor de Douglas, Jhonatan da Silva Valencio Costa, o John Valencio, que tem remuneração bruta de 7.723,54 reais e chama de “retardado” o deputado Daniel José, do Novo, segue a mesma linha: “Muito papo e pouco chão varrido, acelera ai, feia”.
Do mesmo gabinete, Wellington Silva Santos, nomeado como Assistente Especial Parlamentar e com remuneração bruta de 12.310,51 reais reforça a tropa. Nenhum deles menciona o próprio cargo em sua descrição de perfil.
Vaga a pedido do 01
Em dezembro de 2018, Steh Papaiano compartilhou no grupo “Juventude” sua própria postagem no Facebook, na qual criticou uma “briguinha idiota do PSL no WhatsApp” e colocou Joice Hasselmann entre os “crocodilos que atiram pelas costas do povo”. “Ela perdeu o senso do ridículo”, comentou Allienne da Costa Mendonça, Assistente V no gabinete de Gustavo Schmidt, deputado estadual do Rio, eleito pelo PSL. Alliene tem remuneração líquida de 5.109,18 reais. “Só tá fazendo m**** desde a hora que botou o pé no PSL”, escreveu ela, aderindo às críticas a Joice Hasselman. “Reformulação”, corrigiu Steh, “ela faz m**** antes do PSL”. “Hahahahahahahaha”, gargalhou Allienne.
“No caso Bolsonaro x Maria do Rosário”, “noffa”, lembrou Steh. “Sim, mas antes ela prejudicava a si mesma, agora ela prejudica todo mundo”, disse Allienne. Sobre a proximidade da deputada federal com João Doria, ela acrescentou: “Deu o maior chilique quando o Jair falou o nome do [Paulo] Skaf [rival do atual governador de São Paulo no primeiro turno da corrida eleitoral] e não do Doria.” Steh, então, compartilhou o vídeo de um comentário meu para a Jovem Pan intitulado “A direita também tem de reconhecer seus impostores”. “Muito bom”, comentou Allienne. Obrigado.
Camila Abdo Leite do Amaral Calvo é Assistente Parlamentar III no gabinete do deputado estadual Coronel Nishikawa, de São Paulo. Ela tem remuneração bruta de 6.072,10 reais. Na sexta-feira, 15 de março de 2019, o senador Flávio Bolsonaro, o filho 01 do presidente, telefonou para Nishikawa e pediu que Camila fosse nomeada para o cargo, o que ocorreu na segunda-feira, 18 de março. No fim de semana entre o pedido do filho do presidente e a nomeação na Alesp, foi Camila quem contou a novidade a uma pessoa próxima: “O Flávio resolveu meu problema. Vou ser nomeada na segunda-feira.”
Perguntada se o senador ligou para o deputado, Camila respondeu: “Ligou na 6ª. Aí ele me mudou de categoria pra me encaixar”. Camila passou de Assistente Parlamentar II para III, o que lhe deu direito a quase o dobro da remuneração. Em 9 de setembro, foi ela que publicou no Youtube, com carimbo de fake news, um vídeo intitulado “Flávio Bolsonaro quer barrar a CPI da Lava Toga? O Antagonista mentiu”. A fake news, na verdade, era de Camila, já que os próprios senadores do PSL vieram a público revelar a pressão que receberam de Flávio, por telefone, pela retirada de suas assinaturas do requerimento de criação da comissão. Falta apreço aos fatos na hora de defender o padrinho da boquinha.
Em 2 de outubro, a mesma Camila escreveu: “O @FlavioBolsonaro me faz recordar minha adolescência… Quando a vizinha me acusava de algo que nem eu e nem meus amigos fizemos, minha mãe me batia em duas ocasiões: quando eu ficava quieta e deixava ela falar e quando eu abria a boca para me defender… Tamo junto Flavio!”. Só faltou a hashtag #gratidão.
Boquinha oculta
Paula Marisa Carvalho de Oliveira atua na Secretaria Municipal da Cultura e do Turismo de Canoas, no Rio Grande do Sul, com remuneração bruta de 7.611,07 reais. Ela foi nomeada representante titular do Conselho Municipal de Políticas Culturais de Canoas em 4 de dezembro de 2017 pelo prefeito Luiz Carlos Busato, do PTB. Em 16 fevereiro de 2012, Paula Marisa havia sido nomeada para o cargo de professora de Educação Física pelo então prefeito Jairo Jorge da Silva, do PDT. É, portanto, uma professora municipal concursada de Educação Física que, após ganhar um cargo de confiança, passou a ser remunerada na Secretaria Municipal da Cultura e do Turismo.
Em áudio, ela explicou sua situação a uma pessoa próxima, em 2 de fevereiro de 2019: “Eu sou concursada, mas eu tenho uma função gratificada. Tu deve saber o que isso significa: eu sou indicada pelo vereador. E eu falei pra ele: ‘Eu tenho o meu canal [no Youtube] e o meu canal é o meu canal, e eu vou continuar.’ E foi muito bom, porque hoje, já, eu consigo ter do canal a mesma grana que eu ganho com a função gratificada.”
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Na mesma conversa, Paula Marisa confessou por escrito que prefere não mencionar no Youtube que trabalha em gabinete. Questionada se já havia sido cobrada moralmente pelos seguidores do canal sobre o fato de ocupar um cargo por indicação política ao mesmo tempo em que fala de política na internet, ela respondeu: “Nunca me cobraram. Mas eu prefiro não ficar falando muito sobre isso no canal tb. Muita gente nem sabe q eu trabalho na secretaria da cultura.”
Como a outra pessoa também atuava em gabinete e cogitava criar um canal sobre política, Paula Marisa a aconselhou a separar as atividades. “O melhor conselho q eu tenho pra ti é: nem comenta sobre o teu trabalho [em gabinete] no canal, deixa td beeeeem separado.” E concluiu: “O melhor msm é não falar NADA”.
Paula Marisa detalhou sua estratégia de fingimento para lidar com ambas as funções: “O melhor MESMO é fingir demência e NÃO tocar no assunto. Se tocar no assunto eles vão cobrar mais ainda”. Em 15 de abril de 2019, nove dias após o encontro da militância pró-Bolsonaro do qual participou, Paula Marisa passou a colaborar para o site Crítica Nacional, de Otavio Fakhoury, citando Eduardo Bolsonaro em seu artigo e sendo apresentada como “uma das principais influenciadoras de opinião pública da direita”.
Em 15 de setembro, Eduardo Bolsonaro compartilhou um vídeo de Paula Marisa contra a criação da CPI da Lava Toga, que, em razão de um inquérito ilegal, investigaria Dias Toffoli, o presidente do STF que, no recesso do Poder Judiciário, suspendeu a investigação sobre Flávio Bolsonaro. Com base em dados do Coaf, o Ministério Público do Rio havia encontrado indícios de organização criminosa, lavagem de dinheiro e peculato no gabinete do filho mais velho do presidente, na época em que ele era deputado estadual. “Muito tem se falado sobra a CPI da Lava Toga”, escreveu Eduardo. “Muitas dúvidas são respondidas neste vídeo da professora Paula Marisa em que ela te convida para uma reflexão falando de Flávio Bolsonaro, senadores e ministros.”
Para os políticos, “o melhor MESMO” é divulgar nas redes sociais o conteúdo de quem endossa suas narrativas; e para uma “influenciadora” ganhar uma “grana” no Youtube, nada melhor que ter o canal divulgado por quem tem milhões de seguidores.
Em 14 de setembro, Paula Marisa comentou no Twitter que vai se mudar. “Não convém dizer pra onde vou, estou me mudando justamente pq a coisa está tensa.”
As ‘divas’
Steh Papaiano, Camila Abdo e Paula Marisa também atuam em conjunto nas redes sociais, intitulando-se as “divas da opressão”. No grupo da “Militância jacobina”, Paula se oferece para publicar conteúdos nas redes contra rivais. A opressão das três, porém, é contra os pagadores de impostos, que bancam seus salários, enquanto elas fazem militância política virtual. Elas são, na verdade, as “divas” de gabinete.
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Todos conectados
Outro site da rede bolsonarista é o Conexão Política. Seu editor-chefe, Davy Albuquerque, tinha 19 anos e havia acabado de passar na faculdade de Direito, quando, em janeiro, jornalistas descobriram que ele é assessor parlamentar no gabinete do deputado estadual do Rio Alexandre Knoploch, filiado ao PSL e amigo de Flávio Bolsonaro.
Outro perfil bolsonarista nas redes sociais é o Bolsoenéas, mistura de Jair Bolsonaro com Enéas Carneiro (1938-2007). Ele é administrado pelo técnico de radiologia Leonardo Barros, de 32 anos, que esteve com sua namorada na convenção do PSL de 22 de julho de 2018, onde foi confirmada a candidatura de Bolsonaro à Presidência. Ambos usavam uma camiseta que trazia uma charge com a fusão de seus dois políticos favoritos na mesma pessoa.
Em fevereiro de 2019, a Mesa Diretora da Alerj nomeou um certo Leonardo Rodrigues de Barros Neto para “exercer o cargo em comissão de Assessor Parlamentar V, símbolo CCDAL – 5, junto ao Gabinete da Deputada Alana Passos [PSL-RJ], em 1ª ocupação”. Ele tem rendimento líquido de 5.109,18 reais.
Em 16 de agosto de 2019, “Leonardo Bolsonéas”, nome de sua conta pessoal de Facebook, publicou que estava “participando da implantação do Segurança Presente em Nova Iguaçu com a deputada Alana Passos”. A postagem incluiu uma foto dos dois, na qual ele aparece com a logo do PSL no paletó.
Na descrição da conta pessoal de Leonardo, lê-se: “Iguaçuano, criador da página @bolsoneas, ativista político de direita, conservador e patriota. #Bolsonaro2022”.
Em 4 de outubro, Leonardo publicou na conta @bolsoneas: “Eu trabalho de graça há três anos. Fui às ruas, organizei grupos, chorei de nervosismo e alegria. Agora vejo alguns ‘Direitistas’ se voltarem contra o presidente. Podem ir, nunca foram nossos. Eu porém, estarei até o fim. Bolsonaro 2002! #EuConfioEmBolsonaro”. De graça?
Rede interestadual
Fernanda de Salles Andrade é assessora parlamentar no gabinete do deputado estadual Bruno Engler na Assembleia Legislativa de Minas Gerais.
Ela foi nomeada em 2 de fevereiro de 2019 com outro sobrenome, corrigido na página 55 do Diário Oficial do dia 26 do mesmo mês: “onde se lê: ‘Fernanda Ribeiro de Salles’, leia-se: ‘Fernanda de Salles Andrade’.”
Oficialmente, ela tem jornada de 6 horas diárias no “padrão VL-40” — terminologia que, de acordo com a tabela de vencimentos da ALMG, corresponde à remuneração mensal de 6.543,79 reais.
Fernanda escreve no site Terça Livre, de Allan dos Santos, onde assina matérias como “Jornalista/Repórter”, sem menção ao gabinete.
Em 10 de março de 2019, um domingo, Fernanda publicou a seguinte “notícia”, depois explorada no Twitter até pelo presidente Jair Bolsonaro:
Jornalista do Estadão: “a intenção é arruinar Flávio Bolsonaro e o governo”
É falsa, porém, a declaração atribuída entre aspas à repórter Constança Rezende, como se constasse na gravação de uma conversa dela em inglês sobre a cobertura jornalística das movimentações suspeitas de Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro. Nem sequer na transcrição publicada pelo próprio site consta a declaração levada pela assessora ao título de seu texto.
Mesmo assim, Allan divulgou a “notícia” no Twitter como “Bomba!!!!!”. E ainda acrescentou o verbo confessar:
Jornalista do Estadão confessa: “a intenção é arruinar Flávio Bolsonaro e o governo”
Atacado, o jornal reagiu expondo a falsificação. O que fizeram Allan e Fernanda? Tiraram apenas as aspas da manchete. Sim: as marcas das aspas, não o conteúdo. Resultado:
Jornalista do Estadão: a intenção é arruinar Flávio Bolsonaro e o governo
Não satisfeito, Allan ainda exibiu, em vídeo transmitido ao vivo pelo Facebook, a imagem de uma postagem do perfil @constacarezen – que, de acordo com o Estadão, não pertence à repórter – e disse: “Vamos ver de quem nós estamos falando. Estamos falando dessa jornalista aqui, jornalista que disse que o Brasil virou uma ditadura, que com a morte da Marielle (Franco) isso ficou bem claro”.
O perfil fake trazia uma foto de Constança, mas foi eliminado por desrespeitar as regras de utilização da rede social.
Carlos Andreazza chamou a atenção no Twitter para “um novo padrão no modus operandi difamador das milícias digitais bolsonaristas: o uso de sites estrangeiros” (ele se referia a um suposto jornalista francês que difundiu a gravação da jornalista do Estadão).
Na “Milícia jacobina”, onde o tuíte foi compartilhado, Fakhoury lamentou estar bloqueado na conta de Andreazza e instigou a tropa a reagir contra o jornalista e editor: “Quem puder responder, sinta-se à vontade”.
“De todos, eu sou a única q não estou bloqueada”, escreveu Camila Abdo, com emojis de risada, também usados por Paula Marisa. “Tb tô bloqueada”, complementou Paula. Em seguida, ela confessou o uso de uma conta falsa: “Acesso a conta dele pelo meu perfil fake, mas se eu comentar ele bloqueia dnv [de novo]”.
O rei da falsidade
Allan dos Santos é o mesmo blogueiro de crachá que atribuiu covardemente a um colunista do UOL suas próprias mentiras a meu respeito, já refutadas no artigo “Os ataques travestidos de críticas”. “Felipe foi até promovido pela aventura de apoiar Bebianno, segundo Flávio Ricco”, fantasiou ele no Twitter. Ricco havia noticiado apenas que virei diretor de Jornalismo da Jovem Pan, nada mais. Mas Allan não tem o menor pudor em mentir sobre a vida profissional e o trabalho de jornalistas.
A receita para lidar com a tropa
“Naquela época eu era mt próxima do Carlos e do governo e eles queriam q nós emplacássemos a versão contra o Bebianno”, contou-me uma fonte dissidente, ao me pedir no WhatsApp, meses depois, desculpas pelos ataques. “Mas pra mim isso são águas passadas”, completou, explicando que se afastou da política “depois da decepção” com os Bolsonaro em razão da “proteção” de Flávio.
Os ataques em bando foram tão rasteiros que até a “diva” de gabinete Camila Abdo, naquela ocasião, enviou-me uma mensagem na qual ela não só expôs uma típica incompreensão, real ou forjada, da minha descrição de seus pares, mas também confessou os métodos e objetivos deles (que obviamente eu já conhecia):
“Não sou ninguém pra te dar conselhos, mas eu convivo, diariamente, com a militância da direita… Então, se servir de algo, não leia os twitts dessa galera de maior relevância (mesmo que você não cite o nome), isso estimula. Não responda ataque com ataque… Isso te iguala e para eles é uma vitória. Logo surge outro escândalo e eles te esquecem.”
E mais: “Essas pessoas amam e odeiam em uma velocidade alucinante. Eu estava conversando sobre isso com a [repórter] Cleide [Carvalho] do [jornal] O Globo na segunda feira… Esta difícil trabalhar… A militância esta ferrenha. Quando o [jornalista Ricardo] Boechat morreu, fiz um vídeo comentando como estava triste com a morte dele e fui muito criticada… Ainda mais pq citei uma injustiça que fizeram com o [Carlos] Andreazza neste dia… A militância me criticou demais… Isso pq eu trabalhei na campanha inteira e de graça”.
“Então evita responder ataques com ataques e citar as mensagens. Isso só fortalece… Eles te atacam mais para ver se serão citados também…. Novamente: não sou ninguém para te aconselhar, mas sei como eles agem…”
Eu nunca os havia citado nominalmente, mas cavar espaço na minha coluna como flanelinha de militância e vassalo de político talvez seja mesmo gratificante.
Após dar o “conselho” jamais pedido, Camila ainda fez um último apelo: “Desculpe te incomodar e por favor, não divulgue essa mensagem… Em tempos de ânimos exaltados, uma mensagem é vista como traição…”.
Considero a publicação dessas mensagens, no entanto, uma oportunidade de libertação – tanto para militantes de gabinete que atacam em bando jornalistas independentes para defender seu grupo político-ideológico, com o agravante da falta de transparência, quanto para os brasileiros que apreciam os aspectos positivos do governo Bolsonaro e/ou o conservadorismo de Edmund Burke, Russel Kirk, Michael Oakeshott, Roger Scruton e Dennis Prager, mas desprezam articulações e comportamentos à moda petista (dos quais serei alvo após a publicação deste texto, o “limão” do qual tentarão fazer uma “limonada”, o que apenas confirmará os métodos que descrevi).
Esses brasileiros não são idiotas: eles sabem – e saberão – distinguir propaganda e jornalismo. A melhor resposta para a primeira continua sendo o segundo.

Fonte: https://crusoe.com.br/edicoes/76/os-blogueiros-de-cracha/
 

xDoom

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Assessor com conta em rede social não é MAV, até porque o MBL tem um monte, por ex.

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Entrando na aba do @cor0te sobre o "mensalinho" de carguinhos, vou mostrar os do MBL, começando pelo "monstesquiéu", segundo o site da câmara de São paulo, o rendimento mínimo dele é pouco mais de 4 mil reais
mentions Fora o @EricBalbinus , temos também o @RubinhoNunesMBL que é assessor do @kimpkat e ganha mais de 11 mil
mentions temos também o Minatinho que já ganha mais de 15 mil que é assessor do @kimpkat
mentions Pergunto ao Corote, porque ele não reclama que dessa dupla @WarlenMBL e @RubinhoNunesMBL aqui que ficam militando em rede social e recebe do nosso dinheiro?
mentions acho que o Corote acha que o @weslleyMBL pode ficar militando na Net, recendo grana do pagador de impostos, só não pode se for pró governo. Aliás, reparam que todos os assessores nos gabinetes do @arthurmoledoval , @kimpkat e @FernandoHoliday sempre tem o padrão "fulandoMBL"?
mentions vou parar por aqui, já que parafraseando novamente "todas as indicações de membros do MBL para gabinetes, são técnicas e patrióticas, e vem com o exército de minions alcoólicos para defender". O @RenanSantosMBL reclama de cargos para amigos, desde que não seja para amigos dele
mentions sabiam que o @thomazhenriqueb também é assessor do @kimpkat, só que ele pode ficar militando em rede social, os outros não
mentions Parece que os assessores do MBL são pagos só para militar contra o governo, e se filiarem ao NOVO. Infelizmente não achei o salário dele, mas está empregado no 20º igual os outros pelegos do MBL que estão com o Holiday, né @renato_battista?



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MAV era isso aqui

https://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/po1810201110.htm
PT treina 'patrulha virtual' para atuar em redes sociais


Como funcionava o "Mensalinho do Twitter"... - Veja mais em https://noticias.uol.com.br/politic...-o-mensalinho-do-twitter.htm?cmpid=copiaecola
 

Haagenti

Lenda da internet
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O mensalinho do Twitter foi absurdo e o engraçado é que ninguém falou nada disso. Mídia seletiva, rs. Se fosse com o Bolsonaro, já tinham criado algum apelido subjetivo com processo de impeachment e cancelamento da chapa no STF.
E o Biro nem precisa pagar MAV, já tem gente que faz isso de graça, defendem com voracidade as mais absurdas decisões dele.
 


João Hortifruti

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A matéria é do Felipe Moura Brasil? Fogo amigo desnecessário e trairagem. No mais, só a esquerda pode ter militância organizada?

O Felipe, já faz tempo, comprou a narrativa de MAVs pagas pelo governo.... muito burro, pqp

A mesma narrativa em que caiu Gentilli e afins...

Resumindo, aconteceu exatamente a mesma coisa que o Gentilli... ele falou alguma m****, foi aloprado pela galera vaporwave, pegou pilha e saiu chamando todo mundo de MAV.. :klolz

Pelo visto tá rancoroso até agora... fazendo matérias sem prova alguma, usando memes como provas... :klolz
 

edineilopes

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O Felipe, já faz tempo, comprou a narrativa de MAVs pagas pelo governo.... muito burro, pqp

A mesma narrativa em que caiu Gentilli e afins...

Resumindo, aconteceu exatamente a mesma coisa que o Gentilli... ele falou alguma m****, foi aloprado pela galera vaporwave, pegou pilha e saiu chamando todo mundo de MAV.. :klolz

Pelo visto tá rancoroso até agora... fazendo matérias sem prova alguma, usando memes como provas... :klolz
É por aí. Toma esculacho na internet. Em vez de se perguntar "será que falei b*sta?", o vaidoso prefere pensar: "estão mi perseguindu, num pódi criticá, deve ser genti paga pra issu".
 

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mentions temos também o Minatinho que já ganha mais de 15 mil que é assessor do @kimpkat
mentions Pergunto ao Corote, porque ele não reclama que dessa dupla @WarlenMBL e @RubinhoNunesMBL aqui que ficam militando em rede social e recebe do nosso dinheiro?
mentions acho que o Corote acha que o @weslleyMBL pode ficar militando na Net, recendo grana do pagador de impostos, só não pode se for pró governo. Aliás, reparam que todos os assessores nos gabinetes do @arthurmoledoval , @kimpkat e @FernandoHoliday sempre tem o padrão "fulandoMBL"?
mentions vou parar por aqui, já que parafraseando novamente "todas as indicações de membros do MBL para gabinetes, são técnicas e patrióticas, e vem com o exército de minions alcoólicos para defender". O @RenanSantosMBL reclama de cargos para amigos, desde que não seja para amigos dele
mentions sabiam que o @thomazhenriqueb também é assessor do @kimpkat, só que ele pode ficar militando em rede social, os outros não
mentions Parece que os assessores do MBL são pagos só para militar contra o governo, e se filiarem ao NOVO. Infelizmente não achei o salário dele, mas está empregado no 20º igual os outros pelegos do MBL que estão com o Holiday, né @renato_battista?



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MAV era isso aqui

https://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/po1810201110.htm
PT treina 'patrulha virtual' para atuar em redes sociais


Como funcionava o "Mensalinho do Twitter"... - Veja mais em https://noticias.uol.com.br/politic...-o-mensalinho-do-twitter.htm?cmpid=copiaecola
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Paerish

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Eu só queria ler a reportagem completa. Alguém sabe como burlar a restrição da Crusoé?
 

Wayne Gretzky

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Por incrível que pareça eu nem crítico essa galera que é paga para defender as merdas do Jair. O cidadão faz papel de imbecil nas redes mas recebe uma bolada de dinheiro público, ou talvez até uma casa de luxo como o Alan dos Panos. É uma garota de programa que não trepa. Quando o governo terminar, a credibilidade dele será menor que a do Maníaco do Parque, mas isso é problema dele. O que eu acho doentio é um cidadão comum, prestar o papel ridículo de defender essa m**** de governo e não ganhar um real.
 

João Hortifruti

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Por incrível que pareça eu nem crítico essa galera que é paga para defender as merdas do Jair. O cidadão faz papel de imbecil nas redes mas recebe uma bolada de dinheiro público, ou talvez até uma casa de luxo como o Alan dos Panos. É uma garota de programa que não trepa. Quando o governo terminar, a credibilidade dele será menor que a do Maníaco do Parque, mas isso é problema dele. O que eu acho doentio é um cidadão comum, prestar o papel ridículo de defender essa m**** de governo e não ganhar um real.

É pra isso que eu pago internet!!

Esses choros são umas das melhores coisas daqui... :kkk

Manda mais
 

arthur the king

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A matéria é do Felipe Moura Brasil? Fogo amigo desnecessário e trairagem. No mais, só a esquerda pode ter militância organizada?
Militância paga com dinheiro público?

Nem um nem outro


Eu só queria ler a reportagem completa. Alguém sabe como burlar a restrição da Crusoé?

Não só da Crusoé,como de qualquer outra revista,vc faz o seguinte:

Paga :klol

Mentira,vai nas configurações do navegador e desativa o javascript

Se for no Chrome e configurações> configuracoes do site> javascript

Enviado de meu SM-G920I usando o Tapatalk
 

Wayne Gretzky

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Ue? é so fazer uma lista como a do Geo.
Continua dando menos trabalho que ficar repetindo post.
Mas eu não repito post, só cito os novos integrantes da lista negra. Felipe sempre foi considerado um defensor do Bolsonaro, mas agora apunhalou pelas costas.

Até o final do dia outros traidores aparecerão, só aguardar.
 

JmB!

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Putz! Queria ler a notícia...

Mas pelo que eu entendi, o Allan começou a fazer aquilo que criticava!?

Lembro de um vídeo dele ligando para o Catraca Livre, criticando o fato deles receberem verba pública... Era tudo inveja, então?

Vai usar o mesmo argumento do Pastor Valdomiro? "Sem o Papa tem anel de ouro, pq. não posso ter então?"

É isso?

Alguém saberia me explicar?

T+
 
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Tauron

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Olavo tá precisando puxar as orelhas do Felipe... no mais, reunião ultra-secreta com assessor postando foto no Twitter?

Acho louvável que a direita se organize, que os líderes dos movimentos e influenciadores conversem e debatam etc... nem precisaria dessa aura de segredo e mistério não, deveria era ser amplamente divulgado.
 

Renduck

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Pra fazer um textão desse sobre essa narrativa ridícula dos MAVS, me pergunto o que incomoda tanto o senhor Chilique Moura Brasil











 

Roveredo

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Putz! Queria ler a notícia...

Mas pelo que eu entendi, o Allan começou a fazer aquilo que criticava!?

Lembro de um vídeo dele ligando para o Catraca Livre, criticando o fato deles receberem verba pública... Era tudo inveja, então?

Vai usar o mesmo argumento do Pastor Valdomiro? "Sem o Papa tem anel de ouro, pq. não posso ter então?"

É isso?

Alguém saberia me explicar?

T+

Eu li a matéria inteira e é basicamente isso que está grifado.

Povo vive/vivia descendo a lenha nos mamadores petistas, mas foi só pintar a oportunidade (eleição do Bolsonaro) para começar o banquete leitoso nas tetas do Estado.

Alias, alguns já eram mamadores ANTES do Bolsonaro chegar lá, hue (vide Paula Marisa).
 

Zefiris

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O que eu acho doentio é um cidadão comum, prestar o papel ridículo de defender essa m**** de governo e não ganhar um real.

Eu defendo contra ataques infundados e com viés político-partidário, pois nos últimos 40 anos nenhum governo fez tanto pelo lado macroeconômico e segurança pública quanto o governo Bolsonaro. Sendo que nossa infraestrutura está avançando a passos firmes.
Isso será benéfico para toda a população e não apenas para os amigos do rei.

O terrorismo barato que pessoas como você fazem não mudará a realidade. Aliás, doentio seria se você faz esse spam de ladainhas contra o governo sem ganhar nada.
 

nEstle

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Engraçado como as coisas ficam claras depois de um tempo. Amigo do pessoal da Jovem Pam (tucanos), Danilo Gentili (aka Pica Sonsa), que também é financiador do MBL (DEM teen), começou com essa narrativa lá atrás junto com o coach político Luciano Ayan. Aos poucos toda a isentosfera e seus tentáculos vão seguindo a narrativa, como a CPMI das fake news, lei Kim, e agora essa matéria. Não esqueçam também do documentário do Pica S. que era sobre liberdade de expressão, mas que já deve ser agora sobre a "milícia virtual", já que pelo jeito ele não liga mais pra liberdade de expressão.

Isso nada mais é que a perda da boquinha de muita gente e disputa por poder.
 
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