Conib chama de 'inaceitável' fala de Roberto Alvim e pede afastamento do secretário
SÃO PAULO - A
Confederação Israelita do Brasil (Conib) repudiou o vídeo em que o secretário da
Cultura,
Roberto Alvim,
cita trechos de um discurso do ministro da Propaganda
nazista,
Joseph Goebbels, e pede o afastamento imediato de Alvim do cargo. Para a entidade, a fala do secretário é "
inaceitável" e "
é um sinal assustador" da visão de cultura dele.
"Emular a visão do ministro da Propaganda nazista de Hitler, Joseph Goebbels, é um sinal assustador da sua visão de cultura, que deve ser combatida e contida", afirmou, em nota, a Conib.
A confederação lembrou que Goebbels foi um dos principais líderes do regime nazista, "que empregou a propaganda e a cultura para deturpar corações e mentes dos alemães e dos aliados nazistas a ponto de cometerem o Holocausto".
O nazismo foi responsável pelo extermínio de 6 milhões de judeus na Europa.
A Conib lembrou ainda o papel do País na Segunda Guerra Mundial para pedir o afastamento de Alvim da Secretaria Especial da Cultura.
"O Brasil, que enviou bravos soldados para combater o nazismo em solo europeu, não merece isso", disse a entidade. "Uma pessoa com esse pensamento não pode comandar a cultura do nosso país e deve ser afastado do cargo imediatamente."
Uma pessoa com esse pensamento não pode comandar a cultura do nosso país e deve ser afastado do cargo imediatamente
A fala de Alvim ocorreu em um vídeo para anunciar o Prêmio Nacional das Artes.
"A arte brasileira da próxima década será heroica e será nacional. Será dotada de grande capacidade de envolvimento emocional e será igualmente imperativa, posto que profundamente vinculada às aspirações urgentes de nosso povo, ou então não será nada", afirmou Alvim, no vídeo, ao som de uma ópera de Richard Wagner.
O pronunciamento é uma referência a um discurso de Goebbels a diretores de teatro.
"A arte alemã da próxima década será heroica, será ferreamente romântica, será objetiva e livre de sentimentalismo, será nacional com grande páthos e igualmente imperativa e vinculante, ou então não será nada", disse Goebbels, de acordo com o livro
Goebbels: a Biography, de Peter Longerich.
O texto lido por Alvim em tom solene e pausado é bem mais longo, com outros trechos claramente inspirados pela ideia copiada de Goebbels. A peça de Wagner escolhida pelo secretário é um trecho da ópera Lohengrin, que Hitler disse em sua autobiografia,
Mein Kampf (
Minha Luta), ter tido importância capital em sua vida.
Em sua longa fala, Alvim declarou ainda que a cultura sob Bolsonaro terá inspiração nacional, religiosa.
"Trata-se de um marco histórico nas artes brasileiras", disse o secretário. “Dois mil e vinte será o ano de uma virada histórica. Dois mil e vinte será o ano do renascimento da arte e da cultura do Brasil", encerrou.