Eu quero entender o seu ponto de vender mais = maior qualidade. E você repetiu o mesmo argumento, então eu repito o mesmo: Ponto pra Activision, Ubisoft e EA por mandarem na geração, afinal, os jogos delas vendem mais todos os anos. A minha conclusão é que elas criam projetos que sabem atender melhor os anseios do público-alvo, gastando menos. Isso pra mim é talento. E bom gosto também. Caiu nas graças da galera sem precisar de um palanque inédito pra isso.
No caso do TLoU 2 atrapalhou, já que o hate começou desde os spoilers vazados. E ninguém criticava bugs, IA, jogabilidade, criticavam "agenda política", então é natural pensar que isso teve sim um impacto. Marketing boca a boca influencia bastante, jogos Souls são tendência hoje justamente por causa disso. Se tem um monte de gente dizendo que o jogo é um completo lixo (sem ser, e sem jogarem), outros acabam indo na onda.
Eu acho natural que as pessoas não tenham curtido, afinal, é uma história que se arrisca muito mais e é divisiva já na sua essência. Acho dificil que quem criou o jogo não imaginava que a história seria bem menos aceita que a do primeiro, a não ser que o Neil viva numa bolha muito mais fechada do que eu tenha percebido. A história do primeiro jogo é padrão, é como God of War 2018, como Logan, como The Walking Dead. O cara ranzinza que não liga pra coisa alguma e vai amolecendo enquanto se apega a uma garotinha, a quem ele serve de figura paterna. É algo que a ficção vive usando e que tende a funcionar. Eu assisto Cobra Kai e até lá tem isso, com o Johnny e o Miguel, o que também tinha no original, como Miyagi e Daniel. Pra dar errado teriam que cagar demais, mas não cagaram. E tá tudo certinho. A Ellie vive, o Joel vive, final feliz dentro do que pode ser considerado feliz naquele contexto, por que reclamariam? Já o 2 pega na ferida e encarna o espírito do Game of Thrones quando ninguém estava esperando, e a mudança abrupta pode ter realmente desanimado. Talvez não tenha sido a melhor das ideias mudar tanto, são duas pegadas distintas. A pessoa vai jogar esperando outra aventura mais "padrão" e quebra a cara. Não que eu ache uma melhor que a outra, são propósitos distintos, e não tem problema algum preferir um ao outro. É como transformar a sequência de um filme de sessão da tarde em um horror existencialista, vai causar estranheza (não que essa analogia se refira a TLoU e TLoU 2, antes que alguém me quote pensando isso).
Mas sim, eu concordo contigo. A ND sempre fez jogos com história generica de sessão da tarde: Os Uncharted e o primeiro TLoU. No segundo jogo eles tentaram fazer algo mais complexo, beirando o genial, e o resultado não foi grande coisa. Eu só não acho que uma história abaixo das expectativas (sendo que a do primeiro eu já acho bem zoada) anule os méritos do jogo, como os detalhes absurdos, as animações e expressões faciais, a beleza do cenário, o combate, a IA decente e tudo mais. Não é inovador, não acho que mereça ser tratado como uma masterpiece, mas também acho exagerado receber tanto hate só por um aspecto. E também acho bem mais evoluído que o Ghost, tanto por ser tecnicamente mais impressionante, como por pelo menos tentar se arriscar no enredo (o que pra mim dá alguns pontos a mais), e as vendas, ao meu ver, não interferem na qualidade do produto. Isso porque Ghost tem uma história básica ao extremo, mas como ela não se arrisca, é neutra. Não agrada tanto, mas não desagrada tanto, é um ponto que geralmente nem comentam muito.