A pesquisa do Stadista no Japão corrobora o que eu venho dizendo:
Porcentagem de adultos que jogam consoles de mesa no Japão é absurda, sendo que mulheres devem jogar a média pra baixo. Corrobora aquela proporção de 50% de consoles vendidos para a população abaixo de 65 anos.
O gráfico do stadista dos EUA não nos serve para comparação já que a metodologia é diferente. Já o gráfico japonês do JOGA eu não sei se é similar ao americano (breakdown da população e se referindo a videogames de forma geral), mas caso seja, não há diferença notável com relação à população de 18-35 anos.
A diferença estaria entre a população abaixo de 18 anos (maior no Japão) x população acima de 35 anos (maior nos EUA). Talvez faça sentido, já que videogame é um hobby adquirido na infância, e consoles se tornaram populares nos EUA (via Atari, de 1977) muito antes do Japão (via NES, de 1983).
Mas não sei se podemos levar tais números a sério. Se extrapolarmos as porcentagens ao público total do 3DS, chegaríamos à conclusão que foram vendidos entre 2-3 portáteis da Nintendo para cada menino japonês entre 10-14 anos. Muito improvável. População infantil japonesa é quatro vezes menor do que a americana.
Não temos dados da demografia atual do
Switch no Japão.
Dito isso, o cerne do meu argumento está aqui. A porcentagem japonesa na oitava geração é maior do que a americana justamente devido ao sucesso mais amplo do 3DS entre jovens-adultos do sexo masculino (e também mulheres adultas, graças a Animal Crossing, cujo sucesso é proporcionalmente maior no Japão).
E o principal responsável por isto é Monster Hunter. Estamos falando de um jogo para tal faixa de público, que possui um alto attach-rate absurdo no Japão e era ignorado nos EUA até MHW. Como resultado, o 3DS era um console muito mais nichado nos EUA do que no Japão, ficando evidente pela disparidade das vendas nos dois mercados: em termos relativos, 22% no Japão e 7% nos EUA; em termos absolutos, 25 milhões no Japão e 22 milhões nos EUA.
Se creditarmos tal diferença prioritamente ao sucesso maior do 3DS com o público infantil japonês, chegaríamos a conclusões malucas como bebês jogando videogame. Vendas finais do 3DS no Japão são equivalentes ao dobro do total de sua população infantil, se ignorados as pessoas aquelas com menos de 5 anos. População infantil americana é quatro vezes maior do que no Japão, e ainda assim o 3DS vendeu mais no Japão do que nos EUA.
Por isto minha hipótese é que parte do público de consoles nos fez o itinerário PS2-X360-PS4/Xone, enquanto no Japão foi de PS2-PSP-3DS. Como portáteis de fato tendem a vender mais (já que é o público-alvo são pessoas e não famílias), isto explica a diferença entre aquelas porcentagens totais de 50% no Japão x 35% nos EUA.
Estratégia da Capcom com o MHR são pernas longas.
Não apenas o endgame via update gratuito, mas também o Stories 2 em julho, mantendo a franquia em evidência, e aí depois a expansão robusta (diferente das versões anteriores ao MHW, que recebiam jogos novos), que deverá dar mais um up no jogo ano que vem.
MHR no Japão deverá ter um comportamento similar ao do MHW no resto do mundo, com vendas menos concentradas no lançamento, atraindo novas pessoas pra franquia pelo boca-a-boca....