Ivo Maropo
Bam-bam-bam
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É incrível como a Outer Space é atrasada em praticamente tudo o que ela "pensa". Por exemplo? A "santa, ingênua, holística e sábia Natureza", que a OS heroicamente defende com unhas e dentes, não existe. Uma constatação disso? Que tal o fato de que cerca de 20% de todas as gestações sofre aborto espontâneo até a 22° semana de gestação? E agora, o que nós fazemos com tamanha "mãe desnaturada" (a própria "Mãe Natureza")? Nós a processamos? A linchamos em plena luz do dia? E, sim, em muitos casos, a gestante não fumava, não usava drogas ilícitas e nem bebia.
Portanto, em cerca de 1/5 dos casos, uma porcentagem altíssima, a "Mãe Natureza" vai lá e, contrastando com o seu beato status ideológico atual, de forma "totalmente ausente de empatia", joga fora o feto da gestante sem qualquer consideração que seja, quase como se estivesse apenas se livrando de um indesejável corpo estranho invasor (e, sim, para a "normal" fisiologia do corpo, o feto é, sim, uma espécie de corpo estranho invasor, daí as inúmeras reações fisiológicas adversas para a gestante).
Mas o que mais me chama a atenção é que a imagem que a OS faz do aborto legalizado é muito semelhante àquela que ela faz da legalização do casamento gay: é a imagem mais dantesca, surreal e patética possível. É como se liberar o casamento gay, para a Outer Space, transformasse a sociedade moderna capitalista numa verdadeira Sodoma e Gomorra ao ar livre (não, ele não transforma). A moderna vida civilizada continuaria simplesmente seguindo normalmente, quase que indiferente ao acontecido. O mesmo vale para o aborto legalizado (e, porque não também, para a legalização da maconha).
A (sempre dantesca) imagem de mulheres praticando abortos desvairadamente, sem qualquer critério ou controle, como uma simples medida contraceptiva, é uma obscena fantasia conservadora. As taxas de aborto, em países que proíbem a prática e onde eles são legalizados, são praticamente as mesmas.
O aborto também seria limitado a um certo número de semanas gestacionais. Não é uma simples "festa abortista". Muito longe disso. É aqui onde entra a famosa e obscena histeria conservadora. E o mesmo vale para a legalização do casamento gay. A nossa sociedade continuaria intacta. Não haveria Sodoma, e nem tampouco Gomorra. Não haveria "a vinda do anticristo", e nem tampouco "o retorno de Cristo". Uma vez tranquilizada a dantesca histeria coletiva conservadora (para não dizer reacionária), tudo retorna à sua pacífica e ordeira normalidade.
Sem falar que esta imensa preocupação constante e heroica, a de se proteger a "pureza sábia e santa da Natureza", é uma operação tipicamente pós-moderna. Ela vem junto com a perversão obscena, cínica, niilista e hedonista. Um bom pós-moderno só consegue manter a sua vida regada a prazeres mundanos, cínicos e "esclarecidos" se ele imaginar sempre que há uma absoluta ingenuidade alheia em algum lugar; uma pressuposta ingenuidade cuja santidade ele precisa sempre demonstrar querer proteger, haja o que houver.
Neste caso, a santíssima ingenuidade alheia, que precisa a todo custo ser protegida, é a da própria "Mãe Natureza" (aquela mesmo, do indiferente aborto espontâneo), uma fictícia entidade ideológica quase que paradigmática do nosso tempo. Portanto, sim, a "benevolente preocupação moral e conservadora" da OS já é fake por definição. Um exemplar empírico disto? Que tal a cusparada que Renan Bolsonaro deu na própria mãe recentemente e que decidiu postar na web? Um obsceno ato degenerado e pós-moderno para qualquer conservador autêntico que se preze!
Mas como a Outer Space não se conhece bem o suficiente (e por isso mesmo não pode saber aquilo que está fazendo), aqui estamos nós para (tentar) lançar alguma luz esclarecedora à sua (pós-moderna) confusão generalizada. ;)
Portanto, em cerca de 1/5 dos casos, uma porcentagem altíssima, a "Mãe Natureza" vai lá e, contrastando com o seu beato status ideológico atual, de forma "totalmente ausente de empatia", joga fora o feto da gestante sem qualquer consideração que seja, quase como se estivesse apenas se livrando de um indesejável corpo estranho invasor (e, sim, para a "normal" fisiologia do corpo, o feto é, sim, uma espécie de corpo estranho invasor, daí as inúmeras reações fisiológicas adversas para a gestante).
Mas o que mais me chama a atenção é que a imagem que a OS faz do aborto legalizado é muito semelhante àquela que ela faz da legalização do casamento gay: é a imagem mais dantesca, surreal e patética possível. É como se liberar o casamento gay, para a Outer Space, transformasse a sociedade moderna capitalista numa verdadeira Sodoma e Gomorra ao ar livre (não, ele não transforma). A moderna vida civilizada continuaria simplesmente seguindo normalmente, quase que indiferente ao acontecido. O mesmo vale para o aborto legalizado (e, porque não também, para a legalização da maconha).
A (sempre dantesca) imagem de mulheres praticando abortos desvairadamente, sem qualquer critério ou controle, como uma simples medida contraceptiva, é uma obscena fantasia conservadora. As taxas de aborto, em países que proíbem a prática e onde eles são legalizados, são praticamente as mesmas.
O aborto também seria limitado a um certo número de semanas gestacionais. Não é uma simples "festa abortista". Muito longe disso. É aqui onde entra a famosa e obscena histeria conservadora. E o mesmo vale para a legalização do casamento gay. A nossa sociedade continuaria intacta. Não haveria Sodoma, e nem tampouco Gomorra. Não haveria "a vinda do anticristo", e nem tampouco "o retorno de Cristo". Uma vez tranquilizada a dantesca histeria coletiva conservadora (para não dizer reacionária), tudo retorna à sua pacífica e ordeira normalidade.
Sem falar que esta imensa preocupação constante e heroica, a de se proteger a "pureza sábia e santa da Natureza", é uma operação tipicamente pós-moderna. Ela vem junto com a perversão obscena, cínica, niilista e hedonista. Um bom pós-moderno só consegue manter a sua vida regada a prazeres mundanos, cínicos e "esclarecidos" se ele imaginar sempre que há uma absoluta ingenuidade alheia em algum lugar; uma pressuposta ingenuidade cuja santidade ele precisa sempre demonstrar querer proteger, haja o que houver.
Neste caso, a santíssima ingenuidade alheia, que precisa a todo custo ser protegida, é a da própria "Mãe Natureza" (aquela mesmo, do indiferente aborto espontâneo), uma fictícia entidade ideológica quase que paradigmática do nosso tempo. Portanto, sim, a "benevolente preocupação moral e conservadora" da OS já é fake por definição. Um exemplar empírico disto? Que tal a cusparada que Renan Bolsonaro deu na própria mãe recentemente e que decidiu postar na web? Um obsceno ato degenerado e pós-moderno para qualquer conservador autêntico que se preze!
Mas como a Outer Space não se conhece bem o suficiente (e por isso mesmo não pode saber aquilo que está fazendo), aqui estamos nós para (tentar) lançar alguma luz esclarecedora à sua (pós-moderna) confusão generalizada. ;)
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