Desemprego recua para 12,6% no 3º trimestre, mas ainda atinge 13,5 milhões
A taxa de desemprego no país caiu para 12,6% no trimestre móvel de julho a setembro de 2021, uma redução de 1,6 ponto percentual em relação ao trimestre de abril a junho (14,2%). Na comparação com o mesmo trimestre móvel de 2020, houve uma redução de dois pontos percentuais (14,9%).
Apesar da diminuição na taxa, o país ainda soma 13,5 milhões de pessoas na fila em busca de um trabalho. O número representa queda de 9,3% (menos 1,4 milhão de pessoas) frente ao trimestre terminado em junho (14,8 milhões de pessoas). Já em relação ao mesmo período de 2020, são menos 1,1 milhão de pessoas.
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Os dados são da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), divulgada hoje pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O indicador usa trimestres móveis, que não correspondem necessariamente ao primeiro, segundo, terceiro e quarto trimestres do ano.
Já os ocupados chegaram a 93 milhões, com crescimento de 4% (o equivalente a 3,6 milhões de pessoas) frente ao trimestre anterior e 11,4% (9,5 milhões de pessoas) em comparação ao mesmo trimestre móvel de 2020.
"No terceiro trimestre, houve um processo significativo de crescimento da ocupação, permitindo, inclusive, a redução da população desocupada, que busca trabalho, como também da própria população que estava fora da força de trabalho", diz a coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE, Adriana Beringuy.
Com o crescimento no número de ocupados, o nível da ocupação — percentual de pessoas em idade de trabalhar que estão no mercado de trabalho — chegou a 54,1%. Esse percentual foi de 52,1% no trimestre passado.
Os dados divulgados hoje incorporam uma
revisão em toda a série histórica das pesquisas, iniciadas em 2012. Segundo o IBGE, a reponderação foi necessária devido à mudança na forma de coleta de pesquisa, durante a pandemia do novo
coronavírus.
Trabalho doméstico tem maior alta da série histórica
Segundo Beringuy, a informalidade responde por 54% do crescimento da ocupação. Entre as categorias de emprego que mais cresceram em relação ao trimestre anterior estão os empregados do setor privado sem carteira assinada, que somaram 11,7 milhões de pessoas.
No mesmo período, o número de trabalhadores domésticos chegou a 5,4 milhões, aumento de 9,2%, o maior desde 2012, no início da série histórica da pesquisa. Apesar dessa recuperação, o contingente atual de trabalhadores desta categoria é inferior ao período pré-pandemia — no primeiro trimestre de 2020, 6 milhões de pessoas eram trabalhadores domésticos.
Conforme Beringuy, a categoria dos empregados domésticos foi a mais afetada na ocupação no ano passado.
Rendimento médio cai
Apesar do recuo do desemprego, o rendimento dos brasileiros segue em queda
devido ao avanço da inflação.
O rendimento real habitual foi de R$ 2.459, queda de 4% frente ao último trimestre e de 11,1% em relação ao terceiro trimestre do ano passado.
De acordo com Beringuy, esses números indicam que o aumento da ocupação foi puxado por postos de trabalho com salários menores. "Há um crescimento em ocupações com menores rendimentos e também há perda do poder de compra devido ao avanço da inflação."
Já a massa de rendimento (R$ 223,5 bilhões) ficou estável nas duas comparações.
País tem 5,1 milhões de desalentados
A população desalentada — aquela que desistiu de procurar trabalho — teve redução de 6,5% em comparação com o trimestre anterior, mas ainda soma 5,1 milhões de pessoas.
Em relação ao mesmo período de 2020, a queda é de 12,4% (5,9 milhões de pessoas).
30,7 milhões de subutilizados
A pesquisa do IBGE mostrou ainda que a população subutilizada é de 30,7 milhões de pessoas — diminuição de 5,7% ou 1,9 milhões de pessoas em comparação ao trimestre anterior (32,6 milhões).
De acordo com o IBGE, é considerado subutilizado todo aquele que está desempregado, que trabalha menos do que poderia, que não procurou emprego, mas estava disponível para trabalhar ou que procurou emprego, mas não estava disponível para a vaga.
Há um ano, porém, 33,7 milhões de pessoas estavam nessa situação.
Metodologia
A Pnad Contínua é o principal instrumento para monitoramento da força de trabalho no país. A amostra da pesquisa por trimestre no Brasil corresponde a 211 mil domicílios pesquisados. Cerca de dois mil entrevistadores trabalham na pesquisa, em 26 estados e Distrito Federal.
Por causa da pandemia, o IBGE implementou a coleta de informações da pesquisa por telefone desde 17 de março de 2020.