JFR City
Bam-bam-bam
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Minha desistência de estudar (e tentar trabalhar) no setor não foi – no começo - por vontade própria, mas sim por uma série de fatores e opiniões paralelas.
Em 2009, aos 15 anos, comecei a estudar o ensino técnico em informática integrado ao médio em uma das mais conhecidas e melhores escolas privadas da cidade. Com um quadro de aplicativos populares (Delphi, Java, Photoshop, Dreamweaver, etc...) e com os MELHORES professores na região...
Mas quando me formei em dezembro de 2011, comecei (QUASE LENTAMENTE) a me tocar da realidade, que na minha região (Vale do Paraíba) não existem mais oportunidades na área devido a centralização de empregos (Tudo ficando em APENAS uma ou duas cidades), e por isso. Eu teria de me mudar para SP.
Vontade de trabalhar e procurar emprego tinha de sobra, mas oportunidades era abaixo de zero. Vários cursos, vários estudos e vários certificados, mas ainda assim, o mercado de trabalho me dava as costas.
Chegou num ponto em que cheguei a ficar estressado (e consequentemente acumulando estresse), mas isso desde 2007, pois tive uma infância e adolescência horrível.
Em Dezembro de 2013, depois de dois meses fracassados (mas fundamentais para conseguir o tão sonhado canudo) de estágio, consegui um emprego fixo em uma rede de drogarias na limpeza.
Mas infelizmente, não consegui conciliar o trabalho e os estudos (Insisti em fazer as duas coisas, tomando quatro medicamentos e foi ficando tudo mais difícil) e fui rapidamente acumulando mais estresse ainda, perdi sono, não descansava, vivia com falta de ar.
Foi curso de inglês em 2014. Vários cursos de programação em 2015 e um EAD em programação de jogos em 2016 que minha família era contra e era para ser concluida em seis meses mas levou quase dois anos por falta de colaboração, só consegui terminar em outubro de 2017. E gradualmente em agosto em 2016 por conta de sobrecarga e falta de opções entrei em depressão e fiquei totalmente infeliz. Claro que felicidade é algo muito subjetivo. Por isso, vamos logo escancarar os fatos: Eu estava deprimido, estressado, tendo explosões de raiva todo fim de semana, querendo quebrar tudo e, vivendo à base de coquetéis para depressão! De dia, de noite e de madrugada!
Por conta disso tudo e muito mais, tirando minha insistência em querer virar desenvolvedor de jogos, cheguei a comprar briga com familiares (que apesar de entenderem parcialmente, diziam que essa área nunca dará futuro no Brasil e que era uma área só para ricos), com a empresa que eu trabalhava (Queriam me mandar embora caso eu não me curasse IMEDIATAMENTE da depressão, consequentemente a depressão me fez ficar com o nome sujo na empresa, portanto, um pequeno erro acarretou na minha demissão), cheguei a perder inumeras amizades por conta dos estudos (Não porque queria estudar, mas sim por causa da área que eu estava estudando). Praticamente fui perdendo TUDO que tive pela SEGUNDA vez (A primeira foi em 2010). Em resumo: Fui estudar programação de jogos e acabei tendo “todos os prejuízos e nenhum lucro/beneficio”.
Sem contar que havia um bando de alucinados nas comunidades de game dev que se formavam e trabalhavam de graça (ou quase) – tanto remotamente como presencialmente. Um monte de gente dizia que eu não deveria trabalhar naquela área se eu queria botar dinheiro em casa e fazer isso puramente por amor. Para todos, a parada tava bonita daquele jeito. Para alguns poucos, como eu, eramos os incomodados e eles queriam ir embora logo do Brasil. E como diz aquele ditado: “os incomodados…”
Bem, para bom entendedor, meia palavra basta.
Como não teria chance de mudar de país para poder ter um futuro decente e comprei briga “com o mundo”, fui repreendido pela minha psicóloga que me deu um ultimato que mudou o resto da minha vida: “Ou eu desistia de tudo e focava EXCLUSIVAMENTE em segurar meu emprego e fazer meu tratamento AS ESCONDIDAS ou ela me encaminharia para um hospício e consequentemente, perderia meu emprego e minha vaga com ela”.
Foi a partir daí que a ficha começou a cair, pois fiz uma put* duma m**** desgraçada com todos que viviam ao meu redor: Passou da hora de eu procurar outra coisa para estudar e depois que fui mandado embora da empresa que eu trabalhava, outro tipo de emprego que me desse o MINIMO de liberdade individual. Tarefa quase impossível para quem tem 25 anos, mora com a avó e fez uma pilha de cursos de desenvolvimento de jogos sendo que trabalhava em uma drogaria.
De fato, eu custei muito e só agora aceitei que não vale a pena trabalhar com ciência e tecnologia no Brasil. Vivia muito infeliz e quase fui para o cemitério porque vivia tentando entrar em uma área que está sob constante prostituição e está à beira da extinção. E gradualmente fui vendo opiniões de pessoas que desistiram de trabalhar no setor por causa de salários muito baixos, ou as vezes inexistentes.
Um dos meus colegas de escola trabalhou em uma empresa da cidade desenvolvendo programas empresariais para iPad ganhando apenas 300 reais (Nos bancos de emprego, eram o salário mínimo e VT, o VT ele nunca viu) por 6 meses. Depois de tanto sofrer, jogou a toalha e mudou de setor, foi para controle de estoque de um grupo logístico regional, ganhando 10 vezes o que ele ganhava como programador.
O primo dele sofreu como psicólogo, no Brasil é quase crime ir em psicólogo (Você rapidamente é taxado de louco). Então pouca gente procura, ele era obrigado a cobrar 1000 reais por cada cliente (Ele tinha 2 clientes na época), quando a crise começou, ele perdeu os dois clientes e como a concorrência (Pra não dizer prostituição e desvalorização) era grande e ele tinha esposa e filha pra cuidar, depois de 3 meses decidiu engolir o orgulho e procurar outra coisa para trabalhar. Em um ano e meio virou caminhoneiro. Hoje ele não começa o mês com menos de 2500 reais. Não é a profissão dos sonhos dele, mas garante o sustento da esposa (Que só esse ano conseguiu emprego) e da filha (Que começou a pré-escola).
Aí eu pergunto para vocês: De que adianta trabalhar com/estudar algo que você acha/acredita que gosta, se a profissão é desvalorizada, se tem os menores salários possíveis, se você volta para casa quebrado, sem possibilidade de se entreter (Seja em casa ou fora de casa), dormindo pouco, passando estresse, perdendo amizades, levando rasgadas dia e noite de familiares, ficando com a saúde deteriorada e na maioria das vezes não tem direito a dias de folga ou tem que usar sua folga para se especializar para ganhar o mesmo salário de fome?
A troco de quê pessoas se sujeitam a trabalhar por pouco – e por nada em tempo integral, seja em uma sala ou na própria casa?
O que leva a essas pessoas a acharem que vão ficar em baixo da asa de familiares pelo resto de suas vidas? Será que as mesmas que desvalorizaram o setor acham que todos que seguem essa carreira pensam do mesmo jeito e muito mais???
Em 2009, aos 15 anos, comecei a estudar o ensino técnico em informática integrado ao médio em uma das mais conhecidas e melhores escolas privadas da cidade. Com um quadro de aplicativos populares (Delphi, Java, Photoshop, Dreamweaver, etc...) e com os MELHORES professores na região...
Mas quando me formei em dezembro de 2011, comecei (QUASE LENTAMENTE) a me tocar da realidade, que na minha região (Vale do Paraíba) não existem mais oportunidades na área devido a centralização de empregos (Tudo ficando em APENAS uma ou duas cidades), e por isso. Eu teria de me mudar para SP.
Vontade de trabalhar e procurar emprego tinha de sobra, mas oportunidades era abaixo de zero. Vários cursos, vários estudos e vários certificados, mas ainda assim, o mercado de trabalho me dava as costas.
Chegou num ponto em que cheguei a ficar estressado (e consequentemente acumulando estresse), mas isso desde 2007, pois tive uma infância e adolescência horrível.
Em Dezembro de 2013, depois de dois meses fracassados (mas fundamentais para conseguir o tão sonhado canudo) de estágio, consegui um emprego fixo em uma rede de drogarias na limpeza.
Mas infelizmente, não consegui conciliar o trabalho e os estudos (Insisti em fazer as duas coisas, tomando quatro medicamentos e foi ficando tudo mais difícil) e fui rapidamente acumulando mais estresse ainda, perdi sono, não descansava, vivia com falta de ar.
Foi curso de inglês em 2014. Vários cursos de programação em 2015 e um EAD em programação de jogos em 2016 que minha família era contra e era para ser concluida em seis meses mas levou quase dois anos por falta de colaboração, só consegui terminar em outubro de 2017. E gradualmente em agosto em 2016 por conta de sobrecarga e falta de opções entrei em depressão e fiquei totalmente infeliz. Claro que felicidade é algo muito subjetivo. Por isso, vamos logo escancarar os fatos: Eu estava deprimido, estressado, tendo explosões de raiva todo fim de semana, querendo quebrar tudo e, vivendo à base de coquetéis para depressão! De dia, de noite e de madrugada!
Por conta disso tudo e muito mais, tirando minha insistência em querer virar desenvolvedor de jogos, cheguei a comprar briga com familiares (que apesar de entenderem parcialmente, diziam que essa área nunca dará futuro no Brasil e que era uma área só para ricos), com a empresa que eu trabalhava (Queriam me mandar embora caso eu não me curasse IMEDIATAMENTE da depressão, consequentemente a depressão me fez ficar com o nome sujo na empresa, portanto, um pequeno erro acarretou na minha demissão), cheguei a perder inumeras amizades por conta dos estudos (Não porque queria estudar, mas sim por causa da área que eu estava estudando). Praticamente fui perdendo TUDO que tive pela SEGUNDA vez (A primeira foi em 2010). Em resumo: Fui estudar programação de jogos e acabei tendo “todos os prejuízos e nenhum lucro/beneficio”.
Sem contar que havia um bando de alucinados nas comunidades de game dev que se formavam e trabalhavam de graça (ou quase) – tanto remotamente como presencialmente. Um monte de gente dizia que eu não deveria trabalhar naquela área se eu queria botar dinheiro em casa e fazer isso puramente por amor. Para todos, a parada tava bonita daquele jeito. Para alguns poucos, como eu, eramos os incomodados e eles queriam ir embora logo do Brasil. E como diz aquele ditado: “os incomodados…”
Bem, para bom entendedor, meia palavra basta.
Como não teria chance de mudar de país para poder ter um futuro decente e comprei briga “com o mundo”, fui repreendido pela minha psicóloga que me deu um ultimato que mudou o resto da minha vida: “Ou eu desistia de tudo e focava EXCLUSIVAMENTE em segurar meu emprego e fazer meu tratamento AS ESCONDIDAS ou ela me encaminharia para um hospício e consequentemente, perderia meu emprego e minha vaga com ela”.
Foi a partir daí que a ficha começou a cair, pois fiz uma put* duma m**** desgraçada com todos que viviam ao meu redor: Passou da hora de eu procurar outra coisa para estudar e depois que fui mandado embora da empresa que eu trabalhava, outro tipo de emprego que me desse o MINIMO de liberdade individual. Tarefa quase impossível para quem tem 25 anos, mora com a avó e fez uma pilha de cursos de desenvolvimento de jogos sendo que trabalhava em uma drogaria.
De fato, eu custei muito e só agora aceitei que não vale a pena trabalhar com ciência e tecnologia no Brasil. Vivia muito infeliz e quase fui para o cemitério porque vivia tentando entrar em uma área que está sob constante prostituição e está à beira da extinção. E gradualmente fui vendo opiniões de pessoas que desistiram de trabalhar no setor por causa de salários muito baixos, ou as vezes inexistentes.
Um dos meus colegas de escola trabalhou em uma empresa da cidade desenvolvendo programas empresariais para iPad ganhando apenas 300 reais (Nos bancos de emprego, eram o salário mínimo e VT, o VT ele nunca viu) por 6 meses. Depois de tanto sofrer, jogou a toalha e mudou de setor, foi para controle de estoque de um grupo logístico regional, ganhando 10 vezes o que ele ganhava como programador.
O primo dele sofreu como psicólogo, no Brasil é quase crime ir em psicólogo (Você rapidamente é taxado de louco). Então pouca gente procura, ele era obrigado a cobrar 1000 reais por cada cliente (Ele tinha 2 clientes na época), quando a crise começou, ele perdeu os dois clientes e como a concorrência (Pra não dizer prostituição e desvalorização) era grande e ele tinha esposa e filha pra cuidar, depois de 3 meses decidiu engolir o orgulho e procurar outra coisa para trabalhar. Em um ano e meio virou caminhoneiro. Hoje ele não começa o mês com menos de 2500 reais. Não é a profissão dos sonhos dele, mas garante o sustento da esposa (Que só esse ano conseguiu emprego) e da filha (Que começou a pré-escola).
Aí eu pergunto para vocês: De que adianta trabalhar com/estudar algo que você acha/acredita que gosta, se a profissão é desvalorizada, se tem os menores salários possíveis, se você volta para casa quebrado, sem possibilidade de se entreter (Seja em casa ou fora de casa), dormindo pouco, passando estresse, perdendo amizades, levando rasgadas dia e noite de familiares, ficando com a saúde deteriorada e na maioria das vezes não tem direito a dias de folga ou tem que usar sua folga para se especializar para ganhar o mesmo salário de fome?
A troco de quê pessoas se sujeitam a trabalhar por pouco – e por nada em tempo integral, seja em uma sala ou na própria casa?
O que leva a essas pessoas a acharem que vão ficar em baixo da asa de familiares pelo resto de suas vidas? Será que as mesmas que desvalorizaram o setor acham que todos que seguem essa carreira pensam do mesmo jeito e muito mais???