Eudaimon
Bam-bam-bam
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Dia desses mesmo eu estava vendo a história real, que virou livro e filme, daqueles sobreviventes do vôo que caiu nos Andes, os quais passaram por tudo que é provação ( inclusive canibalismo).
Eles conseguiram captar um sinal de rádio, de onde puderam ouvir, no sétimo dia pós queda, que as buscas por sobreviventes do acidente haviam acabado. Ao que um deles, espécie de " lider" dentre os sobreviventes, comunicou isso aos demais da seguinte forma:
" Eu tenho uma boa notícia: as buscas por nós acabaram."
Os outros ficaram perplexos, e lhe questionaram como diabos aquilo poderia ser uma boa notícia. Eis que ele respondeu-lhes:
"É uma boa notícia, porque agora temos plena consciência de que nossa sobrevivência só depende de nós."
Esse cara e mais outro caminharam 18 km, em plena neve, inclusive tendo de escalar montanhas, sem a devida proteção do frio, sem suplementos adequados, até encontrarem sinal de civilização, ato hetóico que permitiu o resgate deles e de demais 14 sobreviventes( de um total de cerca de 60 acidentados), 70 fucking dias depois da queda do avião.
Então lembrei-me também da história do psiquiatra Viktor Frankl, narrada em seu livro," Em busca de Sentido". Ele viveu talvez a situação mais dramática por que qualquer ser humano possa ter passado, que foi a experiência em um campo de concentração.
O mais interessante, que inclusive influenciou-o a desenvolver sua linha psicoterapêutica, foi ele ter percebido que, ainda naquelas circunstâncias, na situação mais desoladora possível, havia pessoas que não perdiam as esperanças. Pessoas que se agarravam na mais fugaz das perspectivas, para não desistir da vida, e não deixar de pensar que um dia ainda poderiam ser felizes. Como ele próprio, que se agarrava à vontade de rever sua amada esposa( o que veio a concretizar depois, tendo juntos vivido mais de 50 anos).
Digo isso tudo ao ver um tópico proposto aqui no fórum, no qual um usuário manifestou total desolação pelo "terrível" fato de que foi sozinho a um show e, ao sentir-se só, abandonou o local, ainda na fila. Talvez a narrativa seja fanfic, mas não deixa de reproduzir um tipo de situação que ocorre por esses dias, em que as pessoas parecem incapazes de lidar com as mais basilares frustrações.
Longe de mim querer desmerecer a gravidade de boa parte dos quadros diagnosticados depressivos, muitos dos quais, sabidamente, decorrem de problemas biológicos. Mas não posso deixar de pensar que parte da entrega à melancolia é fruto dessa falta de brios, dessa bunda molice, que sujeita pessoas a se vitimizarem diante de "insuperáveis dramas quotidianos", como perder o show da banda emo predileta.
A essas pessoas, que reputo representarem já uma maioria, em nossa geração, talvez falte refletir a partir do exemplo de caras como esses sobreviventes do vôo dos Andes, ou dos sobreviventes do Holocausto, ou mesmo daqueles que perseveram contra reais problemas, como os que enfrentam o câncer ou a esclerose amiotrófica. E perceber, a partir de tais exemplos, como a vida é uma dádiva, e que pequenos percalços não podem nos afastar dessa noção.
Bom fim de semana a todos.
Eles conseguiram captar um sinal de rádio, de onde puderam ouvir, no sétimo dia pós queda, que as buscas por sobreviventes do acidente haviam acabado. Ao que um deles, espécie de " lider" dentre os sobreviventes, comunicou isso aos demais da seguinte forma:
" Eu tenho uma boa notícia: as buscas por nós acabaram."
Os outros ficaram perplexos, e lhe questionaram como diabos aquilo poderia ser uma boa notícia. Eis que ele respondeu-lhes:
"É uma boa notícia, porque agora temos plena consciência de que nossa sobrevivência só depende de nós."
Esse cara e mais outro caminharam 18 km, em plena neve, inclusive tendo de escalar montanhas, sem a devida proteção do frio, sem suplementos adequados, até encontrarem sinal de civilização, ato hetóico que permitiu o resgate deles e de demais 14 sobreviventes( de um total de cerca de 60 acidentados), 70 fucking dias depois da queda do avião.
Então lembrei-me também da história do psiquiatra Viktor Frankl, narrada em seu livro," Em busca de Sentido". Ele viveu talvez a situação mais dramática por que qualquer ser humano possa ter passado, que foi a experiência em um campo de concentração.
O mais interessante, que inclusive influenciou-o a desenvolver sua linha psicoterapêutica, foi ele ter percebido que, ainda naquelas circunstâncias, na situação mais desoladora possível, havia pessoas que não perdiam as esperanças. Pessoas que se agarravam na mais fugaz das perspectivas, para não desistir da vida, e não deixar de pensar que um dia ainda poderiam ser felizes. Como ele próprio, que se agarrava à vontade de rever sua amada esposa( o que veio a concretizar depois, tendo juntos vivido mais de 50 anos).
Digo isso tudo ao ver um tópico proposto aqui no fórum, no qual um usuário manifestou total desolação pelo "terrível" fato de que foi sozinho a um show e, ao sentir-se só, abandonou o local, ainda na fila. Talvez a narrativa seja fanfic, mas não deixa de reproduzir um tipo de situação que ocorre por esses dias, em que as pessoas parecem incapazes de lidar com as mais basilares frustrações.
Longe de mim querer desmerecer a gravidade de boa parte dos quadros diagnosticados depressivos, muitos dos quais, sabidamente, decorrem de problemas biológicos. Mas não posso deixar de pensar que parte da entrega à melancolia é fruto dessa falta de brios, dessa bunda molice, que sujeita pessoas a se vitimizarem diante de "insuperáveis dramas quotidianos", como perder o show da banda emo predileta.
A essas pessoas, que reputo representarem já uma maioria, em nossa geração, talvez falte refletir a partir do exemplo de caras como esses sobreviventes do vôo dos Andes, ou dos sobreviventes do Holocausto, ou mesmo daqueles que perseveram contra reais problemas, como os que enfrentam o câncer ou a esclerose amiotrófica. E perceber, a partir de tais exemplos, como a vida é uma dádiva, e que pequenos percalços não podem nos afastar dessa noção.
Bom fim de semana a todos.