put* m****, manos, eu tô muito cowboy esses dias, foi só tirar a habilitação e pilotar moto por uns dias que foi o suficiente pro stoner rock não sair da minha playlist. E foi ouvindo umas música do Cash que eu me lembrei da franquia Call of Juarez, e coincidentemente eu comprei o Bound In Blood antes da sale terminar. E comecei a lembrar do primeiro jogo, que eu não jogo desde 2007. Pois é, parece que foi ontem, mas faz um tempo do c***lho. Então fiz questão de ir até a casa dos meus pais e procurar a minha edição da FullGames do primeiro Call of Juarez, e feliz da vida, achei. Joguei os dois antes desse domingo e a sensação foi tão única quanto antes.
Call of Juarez
Um jogo western de respeito, o primeiro grande lançamento da Techland acertou em cheio na atmosfera e no enredo, por mais simplório e trazendo absolutamente nada de novo ao gênero. O jogo conta com dois protagonistas, Billy Candle, um rapaz fugitivo e rebelde que sofria preconceito na vila de Hope por ser filho de mexicanos, e tem sua família recém-assassinada, e o tiozão muito pica Ray McCall, o reverendo da cidade, que participou da Guerra Civil americana e se tornou um fora da lei por abandonar o posto, sua vida violenta e a desestruturação familiar o levaram ao caminho da fé, mas depois de encontrar seu irmão e cunhada assassinados, e por pensar que pode ter sido Billy, seu sobrinho, Ray tira a poeira dos seus revólveres pela primeira vez em quase vinte anos, e parte em uma caçada de vingança, matando aqueles que recusaram à ouvir seus sermões e agindo como o braço direito do Nosso Senhor.
Call of Juarez reflete muito bem a época da qual ele foi lançado. Era mais um FPS feito pra PC que mostrava tecnologias de shaders e iluminações impressionantes, compatibilidade com DirectX 10 e Windows Vista e por consequência disso, rodava mal pra c***lho nos computadores da época. Mas quem conseguia rodar, pode garantir o quão do c***lho era o jogo. Apesar de ser um jogo de tiro, o gameplay ganha um ar fresco com os dois protagonistas. Billy é um rapaz frágil que prefere agir pelas sombras, eliminando seus inimigos com um arco-e-flecha, esse que por si só tem um efeito de slow motion ao dar zoom e fincar uma flecha na cabeça de um inimigo continua satisfatório hoje em dia. Já com Ray é como jogar um FPS tradicional, com um arsenal variado de pistolas (é possível empunhar duas ao mesmo tempo), escopetas, rifles e, pasmem, uma bíblia. Sim, dá pra empunhar uma arma na mão esquerda e a bíblia na mão direita, e ao recitar versículos durante os combates, os inimigos ficam imóveis, facilitando o tiroteio, e isso é mais divertido do que soa, pode apostar.
O gameplay acertava em muita coisa, mas pecava em outras, por exemplo, o sistema de stealth sub-desenvolvido não funcionava sempre, o sistema de armas ficarem desgastadas durante os combates é confuso no início, mas o que mais afeta o gameplay são seus elementos de plataforma nas fases do Billy. Pra alcançar lugares mais altos, ele conta com um laço, e vamos combinar que essa mecânica nunca funcionou em 2007, e também não funciona muito bem hoje em dia, eu achei que eu iria levar na bunda nesses trechos porque eu era um b*sta nas partes em plataformas desse jogo quando mais novo, mas foi mais fácil do que eu pensei, talvez seja porque eu já tô ficando macaco velho e tenho pegado o jeito. Felizmente todas essas falhas do gameplay são compensadas com os cenários, que continuam muito bonitos, a vegetação chama atenção, e Call of Juarez é um dos jogos com os skyboxes mais bonitos que eu já vi, é muito fácil perder alguns segundos admirando o céu desse jogo, e algumas screenshots que eu tirei são quase fotorealistas, chega a ser assustador, mas o mesmo não pode ser dito dos modelos dos personagens, que são horrorosos. O som não fica pra trás, a dublagem dos protagonistas é convincente e não soa tão canastrona, e a trilha sonora é bestial, uma das melhores já feitas pro gênero.
Fiquei impressionado com o primeiro Call of Juarez, não imaginava que funcionaria mesmo depois uma década, mas foi uma experiência muito sólida.
Call of Juarez: Bound in Blood
É o primeiro jogo só que melhor. Gameplay melhorado, enredo mais detalhado, armas variadas e com impacto, trilha sonora espetacular e duas vezes mais divertido também. Esse jogo também reflete bem a época que saiu. Se o primeiro CoJ foi lançado exclusivamente pra PC (sendo portado pro Xbox 360 em seguida) tinha um design pensado para os PCs, Bound In Blood é um FPS feito pra ser jogado nos consoles., Pelo menos essa foi a impressão que eu tive nas primeiras fases do jogo, com cenários mais claustrofóbicos e estreitos, quase um corridor-shooter, mas depois as coisas vão mudando e o jogo volta com as mesmas regras de design que o seu antecessor. Bound In Blood não se trata de uma sequência do primeiro, e sim um prequel, contando a origem de Ray McCall, o reverendo do primeiro jogo e Thomas McCall, seu irmão e pai de Billy, também protagonista do primeiro CoJ. Ambos se tornam desertores por não cumprirem ordens de seus oficiais superiores em plena Guerra Civil, e são obrigados a saírem do país e viverem em fronteiras, até se envolverem com uma mulher chamada Marisa e seu marido Juarez, que lhes propõe um serviço em troca de uma fatia lucrativa. E então os irmãos se veem presos à uma trama tão violenta quanto a do primeiro jogo, mas desta fez com mais ênfase nos personagens e uma profundidade que não se via muito em FPS lançados na época.
Novamente com dois protagonistas, o game tenta dar uma sacudida pra evitar a repetitividade. Ray é muito mais brutal com seus dois revólveres que ele se sente muito confortável usando-os nos inimigos do jogo, mercenários, ladrões, índios apaches e assassinos. Contando com um bullet-time melhorado em relação ao seu antecessor, aqui a ação é muito mais rápida e brutal. Já Thomas é mais hábil com rifles de precisão, e é o único que pode utilizar um arco-e-flecha que por mais que seja divertido de usar de vez em quando, não possui o mesmo impacto que o arsenal de fogo do jogo. Alguns elementos novos estão presentes, como um "free roam" bem tímido que é presente duas vezes durante o jogo, onde é possível fazer side-missions, como proteger um ricaço de bandidos, capturar cabeças à prêmio e outras coisas do gênero, ganhando recompensas ao serem completadas e permitindo comprar armas mais poderosas.
A parte técnica é uma evolução notável do primeiro, principalmente na modelagem dos personagens, não tá mais tão uncanny valley como o primeiro, a trilha sonora continua excelente, mas eu senti que o cenário apesar de bonito, não chegou a me impressionar como os cenários verdes e detalhados do primeiro CoJ, e a quantidade de bloom presente nesse aqui pode atrapalhar um pouco a visão. Em outros momentos, os personagens não reagem muito bem aos tiros, como se não tivessem ragdoll. Mas apesar desses pequenos problemas, Bound In Blood é um jogo ainda melhor que Call of Juarez, trazendo mais conteúdo, mais horas e muito mais divertido.