Digoo
Ei mãe, 500 pontos!
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Pessoal, ante-ontem perdi um grande amigo. É difícil a gente dar adeus a uma pessoa que nós temos por conquistado, por eterno, as vezes acreditamos que a pessoa vai estar ali junto de você até os 80, 90 anos... Conversando, jogando papo fora. Mas a vida tem uma maneira impressionante de nos ensinar a sermos humildes.
Lembro que estudei com ele na oitava, depois até o 3°, e depois moramos juntos na faculdade. Lembro das risadas, tão fáceis com ele, tão dócil, simpático, sempre com uma habilidade de me fazer sorrir, dos papos até de madrugada sobre o Universo, a Vida. Era uma pessoa realmente extraordinária.
A gente vai crescendo, a correria do dia-a-dia vai aumentando, mas sempre tinhamos espaço pra tomar umas cervejinhas no meio e fim de semana, as viagens... Os planos! Lembro que íamos comprar um rancho juntos, ele ia pescar e filetar o peixe, tinha aprendido no Youtube.
Com o passar do tempo, fui percebendo que eu não o chamava mais pra tomar cerveja, era sempre ele me chamando, eu estava disponível, mas essa disponibilidade foi ficando cada vez menor, tarefas, compromissos, a vida vai criando barreiras, mas parte de nós mesmos derrubarmos essas barreiras e construirmos pontes.
Lembro da última vez que nos encontramos, nos divertimos muito no dia, estava chovendo, estavamos num barzinho e começou a alagar, ficamos ilhados, que risada gostosa, que paraíso. No final da noite, ele veio em mim e disse que eu não me esforçava na nossa amizade, ele morava longe, e vinha tomar cerveja perto de casa, e eu, orgulhosamente, nunca fui no bar que ele tanto me chamava pra tomar perto da casa dele, tinha medo da polícia, dizia... Mas era preguiça, desculpas inventadas.
Lembro que ele me disse: Todo mundo que conheço me diz pra não sair com você, que você é isso, aquilo, mas eu gosto de você por quem você é, eu te entendo, sou o único que te entende. E era mesmo. Ele me entendia de uma maneira diferente, quando estava triste, era no ombro dele que eu chorava, se tinha problemas no trabalho, era na cervejinha com ele que eu reclamava, e sempre fui ouvido, entendido, era maravilhoso.
Depois dessa briga, fiquei magoado, feriu meu orgulho, porque como eu poderia ser alguém que as pessoas não querem por perto? De fato, eu não fazia parte do círculo de amizades dele, era um círculo descolado, baladeiros, etc., e eu não era isso, mas realmente, será que eu não forcei a barra as vezes?
De qualquer maneira, hoje eu não posso ligar pra ele e chama-lo para tomar uma cerveja, hoje eu percebo que, se talvez, eu tivesse ligado e dito: Irmão, vamos deixar isso pra lá, e bora tomar uma gelada. Eu tenho certeza que ele iria na hora. Mas o orgulho não deixava, eu pensava: amanhã eu ligo, no final de semana eu ligo, e de repente, numa reviravolta do destino, meu amigo morre sozinho em casa no feriado de Corpus Christi. E então eu lembro que ele tinha uma dor dentro de sí, tinha um vazio, mas escondia de todo mundo, eu não, se estava triste já saia logo falando, desabafando, mas foram poucas as vezes que vi ele reclamando da vida, de algo. Mas exagerava demais na bebida, no cigarro, e outras coisas.
Enfim, as vezes não conseguimos olhar além da nossa dor, do nosso amigo que as vezes também tem dores, tristezas, dificuldades, desejos... As vezes esquecemos que existe também um ser humano feito de carne e osso ali, e isso não podemos deixar acontecer jamais.
De qualquer maneira, hoje fiquei vendo uns áudios no whatsapp, e minha barriga embrulhou, a ficha não tinha caido ainda, mas de repente começo a ver o quanto ele gostava de mim. As lágrimas caem, e vejo que a possibilidade de chama-lo para tomar uma gelada não existe mais, só sobram as saudades e as memórias.
Se você tiver um amigo que não conversa por orgulho, por favor, ligue, ele pode desligar na sua cara, mas pelo menos você fez a sua parte, pra falar a verdade, eu acho mesmo é que ele vai te chamar pra tomar uma cerveja e esquecer essa discussão boba.
Em memória de Willian Andrade, meu melhor amigo.
Lembro que estudei com ele na oitava, depois até o 3°, e depois moramos juntos na faculdade. Lembro das risadas, tão fáceis com ele, tão dócil, simpático, sempre com uma habilidade de me fazer sorrir, dos papos até de madrugada sobre o Universo, a Vida. Era uma pessoa realmente extraordinária.
A gente vai crescendo, a correria do dia-a-dia vai aumentando, mas sempre tinhamos espaço pra tomar umas cervejinhas no meio e fim de semana, as viagens... Os planos! Lembro que íamos comprar um rancho juntos, ele ia pescar e filetar o peixe, tinha aprendido no Youtube.
Com o passar do tempo, fui percebendo que eu não o chamava mais pra tomar cerveja, era sempre ele me chamando, eu estava disponível, mas essa disponibilidade foi ficando cada vez menor, tarefas, compromissos, a vida vai criando barreiras, mas parte de nós mesmos derrubarmos essas barreiras e construirmos pontes.
Lembro da última vez que nos encontramos, nos divertimos muito no dia, estava chovendo, estavamos num barzinho e começou a alagar, ficamos ilhados, que risada gostosa, que paraíso. No final da noite, ele veio em mim e disse que eu não me esforçava na nossa amizade, ele morava longe, e vinha tomar cerveja perto de casa, e eu, orgulhosamente, nunca fui no bar que ele tanto me chamava pra tomar perto da casa dele, tinha medo da polícia, dizia... Mas era preguiça, desculpas inventadas.
Lembro que ele me disse: Todo mundo que conheço me diz pra não sair com você, que você é isso, aquilo, mas eu gosto de você por quem você é, eu te entendo, sou o único que te entende. E era mesmo. Ele me entendia de uma maneira diferente, quando estava triste, era no ombro dele que eu chorava, se tinha problemas no trabalho, era na cervejinha com ele que eu reclamava, e sempre fui ouvido, entendido, era maravilhoso.
Depois dessa briga, fiquei magoado, feriu meu orgulho, porque como eu poderia ser alguém que as pessoas não querem por perto? De fato, eu não fazia parte do círculo de amizades dele, era um círculo descolado, baladeiros, etc., e eu não era isso, mas realmente, será que eu não forcei a barra as vezes?
De qualquer maneira, hoje eu não posso ligar pra ele e chama-lo para tomar uma cerveja, hoje eu percebo que, se talvez, eu tivesse ligado e dito: Irmão, vamos deixar isso pra lá, e bora tomar uma gelada. Eu tenho certeza que ele iria na hora. Mas o orgulho não deixava, eu pensava: amanhã eu ligo, no final de semana eu ligo, e de repente, numa reviravolta do destino, meu amigo morre sozinho em casa no feriado de Corpus Christi. E então eu lembro que ele tinha uma dor dentro de sí, tinha um vazio, mas escondia de todo mundo, eu não, se estava triste já saia logo falando, desabafando, mas foram poucas as vezes que vi ele reclamando da vida, de algo. Mas exagerava demais na bebida, no cigarro, e outras coisas.
Enfim, as vezes não conseguimos olhar além da nossa dor, do nosso amigo que as vezes também tem dores, tristezas, dificuldades, desejos... As vezes esquecemos que existe também um ser humano feito de carne e osso ali, e isso não podemos deixar acontecer jamais.
De qualquer maneira, hoje fiquei vendo uns áudios no whatsapp, e minha barriga embrulhou, a ficha não tinha caido ainda, mas de repente começo a ver o quanto ele gostava de mim. As lágrimas caem, e vejo que a possibilidade de chama-lo para tomar uma gelada não existe mais, só sobram as saudades e as memórias.
Se você tiver um amigo que não conversa por orgulho, por favor, ligue, ele pode desligar na sua cara, mas pelo menos você fez a sua parte, pra falar a verdade, eu acho mesmo é que ele vai te chamar pra tomar uma cerveja e esquecer essa discussão boba.
Em memória de Willian Andrade, meu melhor amigo.