Longe de mim querer culpabilizar a vítima de qualquer forma, mas vocês já pararam para pensar o quanto essa cultura, hoje massificada, de encontros agendados virtualmente com pessoas de quem se conhece pouquíssimo, expõe seus participantes a níveis ridiculamente altos de perigo?
Eu sei, essas tecnologias permitiram às pessoas aumentarem em muito suas chances de conhecer alguém legal e se divertirem, com base na ampliação da esfera de alcance dos usuários, mas ao custo de muitos riscos (já fartamente mencionados em outros tópicos aqui do OS), inclusive, risco ao patrimônio e à integridade física.
Sei que é meio ridículo falar nesse tom saudosista (alguns aqui podem nem ter conhecido essa época), mas nos tempos em que a internet não estava tão massificada e a base de atuação para qualquer pessoa buscar um relacionamento se limitava ao ambiente de trabalho, da igreja, da escola ou faculdade, seu círculo de amigos ou amigos de familiares seus, pessoas do seu bairro ou da sua cidade (no caso de cidades pequenas), quase que obrigava as pessoas a conhecerem minimamente bem aquelas que a atraiam e, se não conhecesse, sempre havia algum outro conhecido disposto a te dar o "histórico completo" da fulana ou do fulano, já que o recorte social era pequeno. Isso não descartava completamente, mas minimizava muito os riscos de se topar com algum louco ou louca ou pessoas com reputação notoriamente manchada.
Sabe quando você vai comprar um carro do vizinho e sabe o jeito que ele tratou o veículo e as reais condições em que você vai adquiri-lo? Ou quando tem um parente ou amigo que pode te dar essas informações para você não comprar uma sucata por Ferrari? Pois é ... no Tinder não tem isso.
Mas parece que estamos sofrendo um propositado downgrade do instinto de sobrevivência (oposição aos riscos), em nome do mais puro e simples hedonismo (já que relacionar Tinder e extinto de perpetuação da espécie é forçar um pouco a barra).
E vejam! Esses aplicativos (e a cultura de libertinagem sexual por trás deles) são "vendidos" para o público feminino como concretizadores do empoderamento sobre sua sexualidade e seu corpo, mas quase nada se fala sobre os riscos insanos que, justamente as mulheres, são levadas a ignorar.