- Mensagens
- 37.059
- Reações
- 58.051
- Pontos
- 2.009
Sou um cara empático, talvez até em excesso. Já comprei muita briga, ajudei muita gente (inclusive financeiramente) e de verdade não sinto aquela necessidade de "ser retribuído", é algo que está em mim, talvez herdado do meu pai que sempre se entregou pros outros também sem cobrar nada de volta.
Mas o tópico não é pra me venerar, afinal de contas vcs já fazem isso em todos os outros.
A questão aqui é que minha consciência me arrebenta até quando não deveria.
Hoje de manhã aconteceu uma situação sinistra, pelo menos pra mim, e preciso compartilhar.
Duas semanas atrás fiz uma bateria de entrevistas pra uma vaga de estagiário que abrimos na empresa, requerendo nível superior em curso.
Um dos rapazes que eu entrevistei perdeu a mãe 2 anos atrás e 4 meses depois perdeu o pai, tendo que cuidar do irmão de 9 anos e a irmã de 5, sendo ajudado por uma tia e vó. Isso por si só já é sinistro, mas tive que reprova-lo pois não se enquadrava no perfil (precisava de alguém comunicativo já que é vaga comercial) e por outros fatores mais importantes que não vem ao caso. Algo que me chamou atenção é que ele estava 2 anos sem trabalhar, mas queria se recolocar pois ele vendeu a empresa do pai pros 2 sócios e estava nas últimas parcelas, então bateu o desespero pois as rendas que ele tinha é da aposentadoria da vó, ajuda da tia e essa parcela. Mas isso "não conta" tanto pois vai saber o nível de desorganização do cara né?
Enfim, de qualquer forma, essa é a pior parte de ser gestor, ter que colocar a razão sempre acima da emoção (por mais que muitas vezes eu quebre isso).
Dito isso, hoje de manhã vindo pra empresa parei no mesmo semáforo de sempre e advinha quem tava vendendo bala de goma? Sim, ele mesmo. Ele não me viu, cheguei até a meio que me esconder no carro, mesmo com nenhuma culpa no cartório.
Só que aquilo remoeu meu cérebro e me estragou profundamente, simplesmente não consigo tirar a cabeça disso.
Parei o carro no posto e mandei um whats pra ger. de RH e pedi pra ela revisar o CV e ver se tinha outra vaga, o que na verdade NÃO ESTÁ CERTO, afinal de contas além de eu não ter motivo pra "sentir culpa" (ou até mesmo pena, já que o cara tá se virando), não seria o correto pros demais candidatos de vagas vindouras e muito menos pra própria empresa, que arriscaria botar alguém profissionalmente desqualificado. Por outro lado, o fato de o cara ter ido vender bala de goma na esquina mostra uma característica importante, que é a de resiliência (muitas vezes vinda pelo desespero, mas ela tá ali). Expliquei tudo pra ger de RH e ela também se comoveu, então acho que em uma próxima vaga ele será chamado pra entrevista.
Mas o fato é que esse tipo de coisa me estraga, fico pra baixo 1 ou 2 dias e fico remoendo, nem em 4 anos de terapia SEMANAL consigo me livrar disso, apenas entender em partes o mecanismo que ta por trás disso. Tenho VÁRIAS outras situações que eu poderia mencionar, mas essa ilustra bem esse sentimento.
Isso acontece com vocês, de sentirem culpa por algo mesmo sem te-la, em uma demonstração de priorizar a emoção em detrimento à razão?
E sofrem com isso?
Mas o tópico não é pra me venerar, afinal de contas vcs já fazem isso em todos os outros.
A questão aqui é que minha consciência me arrebenta até quando não deveria.
Hoje de manhã aconteceu uma situação sinistra, pelo menos pra mim, e preciso compartilhar.
Duas semanas atrás fiz uma bateria de entrevistas pra uma vaga de estagiário que abrimos na empresa, requerendo nível superior em curso.
Um dos rapazes que eu entrevistei perdeu a mãe 2 anos atrás e 4 meses depois perdeu o pai, tendo que cuidar do irmão de 9 anos e a irmã de 5, sendo ajudado por uma tia e vó. Isso por si só já é sinistro, mas tive que reprova-lo pois não se enquadrava no perfil (precisava de alguém comunicativo já que é vaga comercial) e por outros fatores mais importantes que não vem ao caso. Algo que me chamou atenção é que ele estava 2 anos sem trabalhar, mas queria se recolocar pois ele vendeu a empresa do pai pros 2 sócios e estava nas últimas parcelas, então bateu o desespero pois as rendas que ele tinha é da aposentadoria da vó, ajuda da tia e essa parcela. Mas isso "não conta" tanto pois vai saber o nível de desorganização do cara né?
Enfim, de qualquer forma, essa é a pior parte de ser gestor, ter que colocar a razão sempre acima da emoção (por mais que muitas vezes eu quebre isso).
Dito isso, hoje de manhã vindo pra empresa parei no mesmo semáforo de sempre e advinha quem tava vendendo bala de goma? Sim, ele mesmo. Ele não me viu, cheguei até a meio que me esconder no carro, mesmo com nenhuma culpa no cartório.
Só que aquilo remoeu meu cérebro e me estragou profundamente, simplesmente não consigo tirar a cabeça disso.
Parei o carro no posto e mandei um whats pra ger. de RH e pedi pra ela revisar o CV e ver se tinha outra vaga, o que na verdade NÃO ESTÁ CERTO, afinal de contas além de eu não ter motivo pra "sentir culpa" (ou até mesmo pena, já que o cara tá se virando), não seria o correto pros demais candidatos de vagas vindouras e muito menos pra própria empresa, que arriscaria botar alguém profissionalmente desqualificado. Por outro lado, o fato de o cara ter ido vender bala de goma na esquina mostra uma característica importante, que é a de resiliência (muitas vezes vinda pelo desespero, mas ela tá ali). Expliquei tudo pra ger de RH e ela também se comoveu, então acho que em uma próxima vaga ele será chamado pra entrevista.
Mas o fato é que esse tipo de coisa me estraga, fico pra baixo 1 ou 2 dias e fico remoendo, nem em 4 anos de terapia SEMANAL consigo me livrar disso, apenas entender em partes o mecanismo que ta por trás disso. Tenho VÁRIAS outras situações que eu poderia mencionar, mas essa ilustra bem esse sentimento.
Isso acontece com vocês, de sentirem culpa por algo mesmo sem te-la, em uma demonstração de priorizar a emoção em detrimento à razão?
E sofrem com isso?