Mas por que taxar os ricos? Eles fizeram algo errado? São maus?
Por que não cobrar 10% de todo mundo, em partes iguais, e quem ganha mais paga mais, quem ganha menos paga menos, mas o percentual é igual para todos?
Tem algum motivo plausível lógico e edificante ou é só esquerdismo e seu ódio aos ricos?
Pergunta séria.
Gostaria que dissesse de seu coração, não que procurasse essas respostas.
PS: Você andou sumido do fórum? Ou só estava em outras pastas? Senti que não o via há algum tempo.
Estava meio sumido rs, de vez em quando dou um tempo de fórum, obrigado por perguntar, mas não foi nada não.
Sobre a taxação, não é que os ricos fizeram algo errado, mas a meu ver um cara que ganha 2 mil reais ter 20 porcento de taxação da renda, enquanto o cara que ganha 100 mil por mês ter o mesmo, o primeiro cara, com 400 reais a menos todo mês, vai sentir bem mais falta desse dinheiro do que o cara que ganharia 20 mil a menos por mês. Então o primeiro ponto é, quem vai sentir mais falta do dinheiro?
O segundo ponto é, a taxação ocorre sobre a renda, e sobre o consumo. Por mais que haja propostas de impostos únicos, em todo país praticamente tem um imposto sobre renda (o que a pessoa adquire todo ano) e sobre o consumo (um valor, geralmente pago pelo vendedor - mas embutido no preço - sobre o valor da mercadoria, que pode ser descontado pelos valores pagos de imposto anteriormente na cadeia de produção). Os pobres em geral consomem bem mais proporcionalmente à sua renda que os ricos. Um cara que ganha 2 mil reais por mês vai gastar praticamente tudo. Um cara que ganha 100 mil (exceto se for um jorge guinle) vai gastar no máximo metade, e vai economizar metade. Então se o imposto sobre consumo é de 15 porcento, o pobre vai ter pago, em relação a sua renda, 15% de imposto, já o rico, 7,5%. Então o segundo ponto é esse, mesmo para igualar, precisa cobrar mais sobre a renda dos que ganham mais (e não falo apenas de milionários, muita gente que gosta de falar isso é servidor que ganha 15 mil por mês, esses também são os mais ricos).
Ainda, o sistema do imposto de renda no Brasil faz com que a classe média pague a mais que os ricos, o aumento da carga sobre eles seria apenas igualar, já que tem vários artifícios, regimes de tributação, que fazem com quem ganha mais pague menos (e agora falo mais especificamente dos milionários, não de quem ganha 10, 20 mil por mês);
Terceiro ponto: a desigualdade é ruim. Sim, sei que é melhor que haja desigualdade, do que todos serem pobres iguais. Mas isso não muda o fato que a longo prazo é ruim para uma sociedade que não tenha mobilidade social. Mas aí entraria o lance do imposto sobre heranças. Como eu já disse, ricos já não pagam imposto sobre heranças, já que colocam tudo no exterior e o stf decidiu que sendo assim não precisa pagar, então se apenas pagassem o mesmo que os outros, e tivesse uma isenção maior (porque para quem recebe uma casa de 500 mil de herança não acho justo pagar 20 mil de imposto, às vezes o cara sequer tem esse dinheiro), já seria de bom tamanho.
Não quero punir ricos nem nada, apenas acho que seria mais justo que: a) os mais pobres tenham uma parte da renda isenta de impostos, mesmo sobre consumo, que poderia se dar por tributação negativa; b) o imposto de renda fosse feito de modo apenas a tributar uma parcela acima de um certo rendimento, nos moldes da faixa de isenção atual, mas maior, e que tivesse certa progressividade por faixa (mas também não defendo taxar 50, 40% da renda, mesmo da camada mais rica) e que fosse feito de que efetivamente fosse tributada a renda recebida, sem esses artifícios que a lei dá e c) tivesse um imposto sobre heranças, que ajudam que a sociedade não fique estratificada, e que valorize a meritocracia.
Não acho nada disso comunismo, nem nada. Mas claro, não se pode ser ingênuo, um dos motivos que ricos pagam menos é porque eles conseguem se proteger mais (mudar o domicílio para outro país, operações no exterior, artifícios fiscais), mas também não acho problema defender um sistema que tente contornar de certa forma isso, ao invés de aumentar imposto sobre os livros.