Hoje durante uma conversa no Wpp com pessoas, maioria brancas estávamos falando sobre representatividade e o fato de ficarem mudando a etnia e cor da pele de personagens.
Ao meu ponto de vista eu acho muito preguiçoso pegar um personagem já existente e apenas mudar a cor da pele, não mudar o nome ou a história...Exemplo:
Eu acharia ridículo pegar o Clark Kent e transformar ele em negro e manter a história igual, para mim ou ele seria um negro adotado por pais brancos ou até mesmo por pais negros e o Superman seria diferente, com outra história e outros problemas, que só mudar a pele ou até mesmo a orientação sexual não seria representatividade ao meu ponto de vista.
Eu acho muito mais fiel e justo fazer o que fizeram com o Homem Aranha e criaram o Miles Morales ao invés de fazer o Peter Parker ter a pele negra.
Só que eu sou branco e hétero e nunca vou saber o que é sofrer preconceito racial, eu gostaria de entender de vocês que são negros, gays se vocês acham que eu penso certo em esperar algo de mais valor ou se para vocês apenas trocar a orientação sexual ou cor de pele é o suficiente para representatividade.
Bom, creio que concordo 100% com você e seus amigos.
Sou pardo, então você pode me considerar negro mas também pode me considerar meio negro e meio branco (até minorias tem suas minorias, lol) já que por ser meio branco já disseram que não sou negro de verdade.
Aliás, a situação do pardo é complicada, já que há negros (geralmente militantes) que acham que por ser "mais branco" você não é negro de verdade (e, por isso, tribunais raciais para cotas terem se tornado tanto motivo se vergonha quanto demonstrações de como funciona o racismo, mesmo entre etnias irmãs).
Mas desculpe, justamente falei coisas que não tem a ver.
Voltando ao tema representatividade, pegar o Superman e torná-lo negro é algo idiota, a meu ver. Justamente porque oxe vê que é feito para
causar, não por uma real vontade de contar uma nova origem.
Assistiu Tchalla no What If da Marvel? O personagem ficou maravilhoso, ele mudou o universo Marvel naquela realidade sendo um africano. É isso que eu, afrodescendente (agora vai), quero.
Não quero que transformem Thor em negro, mas que façam quadrinhos com Ogum, tão complexo quanto Thor, ou Xangô, semelhante a Zeus e Odin. Aliás, ver Thor e Ogum interagindo de forma positiva seria mais prazeroso ler que ler um Thor negro porque cotas.
Não sou gay então não falarei dessa minoria.
Mas se posso dar uma opinião,
ninguém fala de Steve Universo como exemplo de desenho animado inclusivo, mas adoram enfiar personagens já héteros há tempo como gays. Você percebe que
causar é o importante.
O problema é que a galera não entende que: lacração =/= representatividade. Uma coisa é uma das muitas versões do Robin se descobrir gay e ter um relacionamento homoafetivo; outra coisa é ele vestir a cor do arco-íris com o Batman e gritar morte aos héteros.
Os personagens das HQs vivem mudando, tendo versões diferentes, universos paralelos, what-if e por aí vai, mas quando mudam a etnia ou a orientação sexual a galera cai em cima porque "aí não pode".
O Superman pode ter uma versão que mata meio mundo e é totalmente diferente do original, mas um Superman gay? Nossa, descaracterizou o personagem.
Enfim, eu também acho que toda mudança deveria vir acompanhada de um contexto ou narrativa, mas a gente cai em outra pergunta. Por que 90% dos protagonistas são brancos? É um cenário que deveria mudar naturalmente, mas não muda, infelizmente.
Ryu, posso discordar novamente?
Entenda que por eu discordar, não é que eu esteja de perseguição ou queira discordar só pelo discordar.
É porque, mesmo a gente discordando, respeito sua opinião e acho interessante debater pontos de vista diferentes.
Primeiro é que, na minha opinião, criar um personagem gay é Ok. Pegar um personagem hetero e o tornar gay acaba sendo mais uma forma de causar justamente essa comoção que você acha errada.
Steven Universo, personagem que pode ser ou não gay, o é desde sempre. Estrela Polar, da Marvel, é gay assumido há tempos, até mesmo passando pela perda de um companheiro pela AIDS. Isso é ótimo, mostra a diversidade e, fora uns retrógrados, ninguém acha ruim. Por outro lado, pegar o Homem de Gelo, que sempre foi pegador, e o tornar gay, apenas por cota, visa chamar a atenção usando dos gays como chamariz. Não adiciona à minoria, mas usa dela.
Um segundo ponto é que "Fazer herói matar pode? Torná-lo mal pode?" não é exatamente como você pensa.
Quando um herói muda, sem uma boa justificativa, todo mundo que curte tal herói fica contra. Batman matando? Claro que vai ter "fã", mas daqueles que gostam do personagem mas nunca leram um quadrinho ou assistiram um desenho solo, que vão achar legal. Mas fã mesmo, vai chiar.
O Homem Aranha do Tobey Maguire e sua teia orgânica até hoje tem gente reclamando.
Inclusive, eu
odeio quando algum diretor pega um personagem dos quadrinhos que não mata e, para mostrar que é filme adulto, ele mata ou deixa alguém morrer "Porque no mundo real, heróis deixariam o vilão morrer".
Acho muito idiota, no mundo real, lixo radioativo dá câncer, não superpoderes. Querer colocar realismo nisso é só ego e idiotice.
Pois bem, Estrela Polar era gay e admitiu isso mim gibi (isso quando ser gay era algo quase que feio), sofreu o diabo a quatro, até preconceito. E diabos, ninguém lembra dele.
O Homem de Gelo um dia estava pegando uma menina, chega a Jean Grey e diz "Pó, cara, eu sei que você é gay" e ele "É mesmo, vou me assumir gay". Você pode até pensar "Mas tem muito gay que finge ser hetero" e é verdade, mas justamente você pega as coisas, ele da sinais com o tempo. Não alguém magicamente diz que ele é e ele assume pra pessoa e já sai assumindo geral...
Não foi um trabalho legal, ao longo do tempo, como o do EP.
Foi pra chamar a atenção do gibi, usando gays como chamariz. De repente você não liga, mas eu não acho ok.
Por fim, Superman ficar mal, só em "Universo paralelo", e tem fã que não gosta, ou só gosta porque é paralelo, não o real.
Tem um lanterna verde gay num universo paralelo e show. Tem um Wolverine gay noutro Universo paralelo e todos ok com isso.
A diferença é essa. Não transformam eles em maus, gays ou negros, mas eles sempre foram assim.