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[+18] As atrocidades cometidas pelo Japão na II Guerra

maedre

Bam-bam-bam
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Tenho uma curiosidade e vou usar de gancho a dúvida do @Goris a respeito de como é a lembrança do povo chinês com as crueldades cometidas pelo exército japonês.

A invasão da Alemanha Nazista na Polônia foi algo brutal. Desumano, mesmo em um cenário de guerra. Eu fiquei chocado pelos diversos acontecimentos relatados no livro "Segunda Guerra Mundial. Os 2174 dias que mudaram o mundo". Judeus presos em sinagogas e estas foram incendiadas por militares da SS; judeus obrigados a limpar um chão imundo, também em sinagogas, mas não com panos, mas com páginas do Torá, e muitas outras.

@toad02 , percebe-se alguma ferida no povo polonês decorrente da crueldade da Alemanha Nazista? Há algum rancor, velado que seja? Se eu conversar com um polonês sobre esse período, seria um assunto "espinhoso"?

O livro me despertou uma put* curiosidade.
 
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Goris

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Tenho uma curiosidade e vou usar de gancho a dúvida do @Goris a respeito de como é a lembrança do povo chinês com as crueldades cometidas pelo exército japonês.
Maedre, vou ser honesto, não sei muita coisa. Até perguntei ao @Fracer, que vive em Taiwan se ele sabe a opinião dos chineses sobre a invasão do Japão, mas ele sabe pouca coisa.

Mas sei que o governo chinês não esqueceu isso, inclusive serve de justificativa pra manter uma área de proteção ao redor do Japão.

A Coréia, por outro lado, é aliada do Japão enquanto tem problemas com a China, mas até hoje se lembra da invasão japonesa.

Ah, lembrando que o Império Japonês tinha conquistado boa parte da Ásia, não só a China. A China é só o caso mais conhecido, mas esse tipo de genocídio aconteceu em praticamente toda região conquistada. Os japoneses meio que não eram tão legais em 1940 quanto são hoje.

Então muita gente tem lembranças dessa época na Ásia.
 

toad02

Lenda da internet
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Tenho uma curiosidade e vou usar de gancho a dúvida do @Goris a respeito de como é a lembrança do povo chinês com as crueldades cometidas pelo exército japonês.

A invasão da Alemanha Nazista na Polônia foi algo brutal. Desumano, mesmo em um cenário de guerra. Eu fiquei chocado pelos diversos acontecimentos relatados no livro "Segunda Guerra Mundial. Os 2174 dias que mudaram o mundo". Judeus presos em sinagogas e estas foram incendiadas por militares da SS; judeus obrigados a limpar um chão imundo, também em sinagogas, mas não com panos, mas com páginas do Corão, e muitas outras.

@toad02 , percebe-se alguma ferida no povo polonês decorrente da crueldade da Alemanha Nazista? Há algum rancor, velado que seja? Se eu conversar com um polonês sobre esse período, seria um assunto "espinhoso"?

O livro me despertou uma put* curiosidade.

Seria um pouco espinhoso, por isso o melhor seria se eles começassem o assunto, não você, mas no fundo eles até gostam de falar sobre isso.
É igual a gente com a nossa mania de reclamar do Brasil e exaltar os outros países, só que no caso deles eles gostam de falar "Nossa como somos um povo sofrido blabla". Acho que é do ser humano achar uma culpa pras nossas mazelas.

Um porém é que muitas coisas me mostram que, ao contrário do que a gente pensaria normalmente, eles tem mais rancor dos Russos que dos Alemães, tanto os mais velhos quanto os mais jovens, mas por motivos diferentes.
No período da ocupação as etnias dominantes no território polonês eram judeus, poloneses e alemães, todo mundo sabe que os alemães exterminaram os judeus-poloneses e também cometeram atrocidades com os poloneses, mas dizem que o exército vermelho, quando chegou na Polônia, foi mais cruel com o povo polonês que os alemães. A geração seguinte teve o regime comunista como motivo pra não gostar dos russos, e a geração atual vive a boa relação da Polônia com a Alemanha e a UE, que cria uma sensação de "cidadão europeu" que não existia antes, mas com a Russia a relação não evoluiu.
 

Pseudim

Doutrinador Escandinavo
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Seria um pouco espinhoso, por isso o melhor seria se eles começassem o assunto, não você, mas no fundo eles até gostam de falar sobre isso.
É igual a gente com a nossa mania de reclamar do Brasil e exaltar os outros países, só que no caso deles eles gostam de falar "Nossa como somos um povo sofrido blabla". Acho que é do ser humano achar uma culpa pras nossas mazelas.

Um porém é que muitas coisas me mostram que, ao contrário do que a gente pensaria normalmente, eles tem mais rancor dos Russos que dos Alemães, tanto os mais velhos quanto os mais jovens, mas por motivos diferentes.
No período da ocupação as etnias dominantes no território polonês eram judeus, poloneses e alemães, todo mundo sabe que os alemães exterminaram os judeus-poloneses e também cometeram atrocidades com os poloneses, mas dizem que o exército vermelho, quando chegou na Polônia, foi mais cruel com o povo polonês que os alemães. A geração seguinte teve o regime comunista como motivo pra não gostar dos russos, e a geração atual vive a boa relação da Polônia com a Alemanha e a UE, que cria uma sensação de "cidadão europeu" que não existia antes, mas com a Russia a relação não evoluiu.
Fiz uma visita à Budapeste em 2018 e acabei dando um pulo no Museu do Terror. Esse museu guarda informações sobre ambas as ocupações da Hungria: Alemanha Nazista e URSS. Cara, a gente ouve demais por aí os horrores do Holocausto, Auschwitz, mas pqp, o povo polonês e húngaro foi tão maltratado quanto os judeus, e infelizmente pouco se fala sobre isso. Não vou me esquecer de um vídeo que exibia no museu, sobre um cara obrigado a trabalhar em uma mina de carvão. Com 1,95m, ele iniciou os trabalhos na mina pesando 130kg. Ele saiu pesando 50kg.

Recomendo demais quem tiver a oportunidade de conhecer Budapeste (foi a maior surpresa da minha viagem, não esperava nada da cidade e acabou sendo um dos lugares mais fodas que já visitei), não deixe de conhecer o Museu do Terror.
 

maedre

Bam-bam-bam
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Seria um pouco espinhoso, por isso o melhor seria se eles começassem o assunto, não você, mas no fundo eles até gostam de falar sobre isso.
É igual a gente com a nossa mania de reclamar do Brasil e exaltar os outros países, só que no caso deles eles gostam de falar "Nossa como somos um povo sofrido blabla". Acho que é do ser humano achar uma culpa pras nossas mazelas.

Um porém é que muitas coisas me mostram que, ao contrário do que a gente pensaria normalmente, eles tem mais rancor dos Russos que dos Alemães, tanto os mais velhos quanto os mais jovens, mas por motivos diferentes.
No período da ocupação as etnias dominantes no território polonês eram judeus, poloneses e alemães, todo mundo sabe que os alemães exterminaram os judeus-poloneses e também cometeram atrocidades com os poloneses, mas dizem que o exército vermelho, quando chegou na Polônia, foi mais cruel com o povo polonês que os alemães. A geração seguinte teve o regime comunista como motivo pra não gostar dos russos, e a geração atual vive a boa relação da Polônia com a Alemanha e a UE, que cria uma sensação de "cidadão europeu" que não existia antes, mas com a Russia a relação não evoluiu.

Muito esclarecedor :) !


mas dizem que o exército vermelho, quando chegou na Polônia, foi mais cruel com o povo polonês que os alemães.
:keehk
c***lho! Com certeza vou pesquisar sobre!
 

$delúbio$

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Tenho uma curiosidade e vou usar de gancho a dúvida do @Goris a respeito de como é a lembrança do povo chinês com as crueldades cometidas pelo exército japonês.

A invasão da Alemanha Nazista na Polônia foi algo brutal. Desumano, mesmo em um cenário de guerra. Eu fiquei chocado pelos diversos acontecimentos relatados no livro "Segunda Guerra Mundial. Os 2174 dias que mudaram o mundo". Judeus presos em sinagogas e estas foram incendiadas por militares da SS; judeus obrigados a limpar um chão imundo, também em sinagogas, mas não com panos, mas com páginas do Corão, e muitas outras.

@toad02 , percebe-se alguma ferida no povo polonês decorrente da crueldade da Alemanha Nazista? Há algum rancor, velado que seja? Se eu conversar com um polonês sobre esse período, seria um assunto "espinhoso"?

O livro me despertou uma put* curiosidade.
Não seria a Torá??
 


Goris

Ei mãe, 500 pontos!
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Exatamente, eles acharam que atacar os eua seria como atacar a China ou a Coréia, se acharam demais.
E outra, o ataque japones foi um golpe baixo do c***lho, obvio que teria volta aquilo.
Peguei no Quora uma explicação de una Islandesa que fala do erro japonês:

Por que o exército e a marinha japoneses foram tão ineficientes contra os EUA, na Segunda Guerra Mundial, mesmo tendo colocado tanto esforço e trabalho nas suas forças armadas?

"Os japoneses tinham um defeito crucial - e era um defeito filosófico grave.

Eu primeiro descobri sobre essa falha no kendo. E ela é bougyo no tame no bougyo nashi. "Não existe defesa que seja feita só para se defender", o que significa que eles só acreditavam no ataque. Então era só ataque! ataque! ataque! E, embora isso possa produzir e realmente produza resultados, ainda assim é uma falha. Por quê?

Quando estamos competindo no mano-a-mano, o objetivo principal é impedir que o oponente vença - não que você tente vencer a todo custo. O motivo para isso é que se você tentar vencer a todo custo, o oponente pode muito bem aparar o seu ataque e fazer uma riposta rápida. E mesmo que você ganhe o seu ataque inicial, você pode muito bem sucumbir e morrer junto com ele, o que não é uma boa ideia.

Comparado com a esgrima olímpica e a esgrima histórica europeia, o kendo não tem boas defesas e nem bons aparos, e embora os ataques kaeshi certamente existam, a defesa depende mais ou menos apenas da rapidez, não de tomar o controle da arma do inimigo e contra-atacar quando ele estiver fraco.

E esta foi a principal falha japonesa. Eles estavam preparados apenas para uma guerra rápida e ofensiva: para uma batalha de ataque único. Eles não estavam preparados para uma longa guerra de atrito. Eles não tinham planos de contingência. Suas embarcações navais foram projetadas para fazer um único e formidável ataque decisivo de batalha - não para sobreviver.

Os japoneses tinham uma atitude totalmente irresponsável em relação à vida humana e também a seus equipamentos. Eles desperdiçavam seus homens como se fossem bonecos de palha. Quando deparados com uma situação onde não poderia haver vitória, eles preferiam gastar tudo em uma ataque banzai fútil do que fazer uma retirada. Da mesma forma, eles preferiam cometer suicídio do que se renderem honradamente. Eles realmente não conheciam seus inimigos.

Pode-se afirmar com segurança que os japoneses tinham, sem dúvida, os piores porta-aviões da Segunda Guerra Mundial, e seus cruzadores eram feitos de explódio. Eles não usaram seus submarinos agressivamente o suficiente. E, acima de tudo, eles nunca entenderam a importância da logística. O Japão, como o Reino Unido, é um estado insular, o que significa que eles dependem da logística marítima. O Japão tinha um dos maiores fuzileiros mercantes antes da Segunda Guerra Mundial, mas eles o usavam como um bem descartável - não como algo que deveria ser protegido a qualquer custo. Eles nunca aprenderam a agrupar seus navios e lutar contra os submarinos americanos. O resultado foi que a Marinha Norte-Americana obteve sucesso enquanto a do Japão falhou: eles cortaram as linhas de abastecimento marítimo com uma guerra submarina - uma guerra de tonelagem. O resultado foi que em 1945 o Japão já estava morrendo de fome.

Por que os seus cruzadores foram piores? Porque eles negligenciaram grosseiramente as técnicas de combate a incêndios e de controle de danos, e eles tinham falhas graves de design, então os cruzadores se tornaram crematórios flutuantes uma vez que foram atingidos. Os transportadores japonesas foram afundadas por danos que teriam enviado um transportador americano mancando para casa, enquanto um britânico simplesmente teria pegado a equipe de limpeza para limpar um pouco a sujeira. O HMS Illustrious levou mais e mais golpes dos ataques de Stuka do que toda a frota japonesa em Midway - e seguiu para Malta mesmo assim.

Nós temos um provérbio em finlandês que se traduz aproximadamente para “todo mundo é um capitão em tempo bom”. Isso significa que a verdadeira habilidade de um comandante é medida apenas quando as coisas ficam realmente difíceis. Os comandantes japoneses tinham uma má tendência a perder a coragem quando as coisas ficavam ruins. Eles preferiam se matar do que salvar o que pudessem. O medo de passar vergonha e o medo do fracasso era tão proeminente no generalato e no almirantado japonês que eles nunca realmente aprenderam a fazer uma estimativa situacional realista. Os generais e almirantes japoneses eram sempre muito otimistas, ou suicidas. Eles não sabiam como defender com sucesso - ou como postergar - contra um inimigo como os EUA.

As forças aéreas do exército e da marinha não eram muito melhores. Tanto o Hayabusa quanto o Zero - os caças primários do Exército e da Marinha - não eram muito diferentes da katana: incrivelmente fina e afiada e capaz de causar um golpe devastador - mas extremamente frágil, inútil contra armaduras e poderiam ser derrotados por qualquer um que não fosse obrigado a usar técnicas de kenjutsu . Tanto o Hayabusa quanto o Zero eram leves, rápidos, manobráveis e tinham alcance imenso. Mas eles eram frágeis, não tinham blindagem defensiva nem tanques de combustível auto-vedantes - e só para piorar mais as coisas - os pilotos não recebiam pára-quedas nem equipamento de sobrevivência. Os bombardeiros tinham as mesmas falhas. Eles eram rápidos e tinham boas cargas de bombas, mas tinham uma tendência a se transformar em uma bola de fogo no primeiro golpe que recebiam.

Uma vez que o primeiro e devastador ataque foi feito em1941-1942, o ímpeto japonês simplesmente se esgotou. Eles foram forçados a entrar na defensiva já no final de 1942, e não eram bons em defesa. Eles realmente não sabiam como evitar que os Aliados ganhassem. Os três anos seguintes foram uma luta desesperada contra um inimigo que sabia como impedir que o Japão vencesse - e que sabia como ripostar. Somente quando o Japão estava lutando sobre sua própria terra foi que as forças aéreas começaram a distribuir pára-quedas para seus pilotos. Era tarde demais.

Os ataques banzai e os ataques tokkótai poderiam ter sucesso contra um inimigo mal equipado, com morais e doutrinas ruins. Contra os australianos, britânicos e norte-americanos, que estavam simplesmente p*tos por atrocidades japonesas e que tinham arame farpado, ferramentas de entrincheiramento e metralhadoras, eles foram simplesmente um desperdício insensato de vida humana.

O resultado foi que os Aliados conseguiram impedir qualquer forma do Japão ganhar a guerra - e como o Japão era orientado para o ataque e negligenciara os aspectos de defesa - o Japão não conseguiu impedir que os Aliados ganhassem a guerra. É por isso que as forças japonesas parecem, em retrospectiva, ter sido tão ineficientes contra os Aliados.

=>Ade Moraez, Bacharelado e Doutorado Letras & Tradução, Ufrgs
Tradutor · Traduzido em 22 de agosto

=>Susanna Viljanen, works at Aalto University
Original author

Espero.que gostem.
 

Jolteon

Maconheiro que resolve mistérios com cachorro
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Foda que quem parou Japão e Alemanha foram os EUA. Hoje são os malvadões que só querem petróleo.

Pessoal tem memória curta.
Os EUA podem ter parado o Japão, mas a Alemanha quem parou foi a URSS.
A Itália morreu de podre.
 

NEOMATRIX

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Os EUA podem ter parado o Japão, mas a Alemanha quem parou foi a URSS.
A Itália morreu de podre.

Mas URSS só conseguiu seguir na Guerra graças ao reforço bélico dos EUA. Os coitados tavam quase que lutando com as sobras da primeira guerra.

E Japoneses foram foda mesmo. EUA soltou as 2 bombas de dó do que seria deles se a Guerra não terminasse naquele instante.


Hein v**** do meu iPhone usando Tapatalk
 

The End.

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Difícil é achar povo que não cometeu atrocidade. O brasileiro mesmo todo ano mata 70k.

Mas japonês é complicado mesmo. Você não pode andar 5 metros que já aparece gente pra brigar com você. Todo mundo lá sabe lutar. E o povo na rua para pra assistir a briga. Pelo menos nos jogos da série Yakuza é desse jeito.
 

Askeladd

Bam-bam-bam
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Mas URSS só conseguiu seguir na Guerra graças ao reforço bélico dos EUA. Os coitados tavam quase que lutando com as sobras da primeira guerra.

E Japoneses foram foda mesmo. EUA soltou as 2 bombas de dó do que seria deles se a Guerra não terminasse naquele instante.


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Uma conversa entre Adolf Hitler e Carl Mannerheim
A impressionante história da única gravação de áudio conhecida a capturar a voz do Führer em tom de conversa.
Em 4 de junho de 1942 comemorou-se o aniversário de 75 anos do Marechal-de-Campo finlandês Carl Gustav Emil Mannerheim. Adolf Hitler aproveitou a ocasião para voar a Helsinki e encontrá-lo pessoalmente para discutir o andamento da guerra na Rússia. Alemanha e Finlândia, embora sem uma aliança formal, tinham desenvolvido um bom relacionamento e eram “co-beligerantes” na luta contra a União Soviética. Tinham boas relações desde a Primeira Grande Guerra, após os alemães terem cedido treinamento militar e suprimentos. Ambos nutriam um profundo ódio pelo comunismo, o que era muito interessante, pois tinham sistemas políticos bastante diferentes. A Alemanha era mundialmente conhecida pelo nazismo (socialista), com Hitler como ditador, e a Finlândia era uma república que elegia presidentes desde 1918. Mannerheim havia começado sua reputação como o principal general do país em 1918, quando liderou os finlandeses contra os comunistas na Guerra Civil que resultou na independência da Finlândia. Ele foi novamente seu comandante supremo na guerra Russo-Finlandesa (ou Guerra de Inverno) de 1939-1940, e agora na Guerra de Continuação ao lado dos alemães contra a URSS.

A este ponto da guerra contra os soviéticos, ambos os exércitos finlandês e alemão se encontravam num impasse, já que seguravam Leningrado em suas garras, sem poder esmagá-la. O cerco já estava em seu décimo mês, já que os soviéticos continuavam a suprir a cidade pelo lago Ladoga e construir mais defesas. Já que era a terceira guerra dos finlandeses contra a União Soviética, o entusiasmo da população começou a declinar enquanto as baixas aumentavam e nenhum avanço decisivo era conseguido.

A Alemanha tinha agora a pressão extra dos Estados Unidos da América na guerra contra ela; a Finlândia não tinha, já que só estava em guerra contra a URSS. Ao mesmo tempo Hitler não oferecia ao país nenhum novo tratado militar ou acordos, somente promessas de novas ofensivas. Dados todos esses eventos, era muito incomum que Hitler fosse a algum outro país para visitar seu líder. Normalmente, esses líderes eram convocados a Berlim como convidados pessoais do Führer. Sua estratégia era provavelmente mostrar ao mundo que ele considerava a Finlândia como um importante aliado, e o mais importante de tudo, mostrar que ambos os países continuavam lado-a-lado. Isso foi devido ao desapontamento da Barbarossa em conseguir nocautear a Rússia fora da guerra.

Ainda assim, esse encontro de 4 de junho teria permanecido como apenas uma nota de rodapé na imensa história do Front Leste, não fosse por um incidente, em que 11 minutos de conversa particular foram acidentalmente gravados por um engenheiro de rádio finlandês. Ele estava a postos para registrar comentários oficiais para a imprensa, e sem perceber deixou seu gravador ligado. O resultado sobreviveu à história dentro dos arquivos finlandeses até ser recentemente liberado para uso pelos historiadores. Trata-se da única gravação conhecida que registra a voz de Adolf Hitler em tom de conversa.

Essa gravação consiste primariamente num monólogo de Hitler, embora o presidente finlandês Ryte e o Marechal-de-Campo Wilhelm Keitel estivessem juntos na sala com o Marechal Mannerheim. A fala de Hitler não é interessante somente pelas informações sobre as quais ele discorre, mas pelo jeito que ele apresenta suas decisões na véspera de sua ordem para rumar sul rumo aos poços de petróleo do Cáucaso. Ainda mais fascinante é franqueza de Hitler quanto aos seus próprios erros de julgamento ao atacar a União Soviética, as falhas de seu país e como aquilo tudo partiu diretamente dele...

A gravação segue transcrita abaixo, da forma como foi originalmente gravada, sem edições. Inicia-se no meio de uma fala de Hitler:

Hitler: ...é um perigo muito sério, talvez o mais sério deles – toda a sua extensão nós só agora podemos julgar. Nós não entendíamos o quão esse estado [a União Soviética] era armado.

Mannerheim: Não, nós não pensamos nisso.

Hitler: Não, eu também, não.

Mannerheim: Durante a Guerra de Inverno – durante a Guerra de Inverno nós também não pensamos nisso. É claro...

Hitler: (Interrompendo) Sim.

Mannerheim: Mas então, como eles – na realidade – e agora não há dúvidas de tudo o que eles tinham – o que eles tinham em seus estoques!

Hitler: Absolutamente, isto é – eles tinham o mais imenso armamento que, uh, alguém poderia imaginar. Bem – se alguém tivesse me dito que um país – com...(Hitler é interrompido pelo som de uma porta se abrindo e fechando) Se alguém tivesse me dito que uma nação podia começar com 35.000 tanques, eu teria dito: “Você é louco!”

Mannerheim: Trinta e cinco?

Hitler: Trinta e cinco mil tanques.

Outra voz no fundo: Trinta e cinco mil! Sim!

Hitler: Nós já destruímos – agora – mais de 34.000 tanques. Se alguém tivesse me dito isso, eu teria dito: “Você!” Se algum dos meus generais tivesse dito que alguma nação tinha 35.000 tanques, eu teria dito: “Você, meu bom senhor, você vê tudo duplicado ou multiplicado por dez. Você é louco, você vê fantasmas.” Eu não teria acreditado nisso. Eu já lhe disse antes que nós encontramos fábricas, uma delas em Kramatorskaja, por exemplo, que há dois anos atrás tinham apenas duas centenas [de tanques]. Nós não sabíamos de nada. Hoje, lá existe uma fábrica de tanques, onde – durante o primeiro turno um pouco mais de 30.000, e durante o dia todo um pouco mais de 60.000 operários trabalham – uma única fábrica de tanques! Uma fábrica gigantesca! Massas de trabalhadores que certamente, vivem como animais e...

Outra voz no fundo: (Interrompendo) Na área do Donets?

Hitler: Na área do Donets. (Ruídos no fundo de apanhar de xícaras e pratos sobre uma mesa)

Mannerheim: Bem, se você pensar que eles tiveram quase 20 anos, quase 25 anos de – liberdade para se armarem...

Hitler: (Interrompendo quietamente) Foi inacreditável.

Mannerheim: E tudo – tudo gasto em armamento.

Hitler: Somente em armamento.

Mannerheim: Somente em armamento!

Hitler: (Tosse) Somente – bem, é – como disse ao seu presidente [Ryte] antes – eu não tinha idéia daquilo. Se eu tivesse idéia – então seria ainda mais difícil pra mim, mas eu teria tomado a decisão [de invadir] de qualquer forma, porque – não havia outra saída. Era – certo, já no inverno de 39/40, que a guerra tinha que começar. Eu tinha somente esse pesadelo – mas ainda tem mais! Porque uma guerra em duas frentes – teria sido impossível – teria nos destruído. Hoje, nós vemos mais claramente – do que nós vimos naquela época – que teria nos destruído. E toda minha – eu originalmente queria – já no outono de 39 eu queria conduzir uma campanha no oeste – mas o contínuo mau tempo que experimentamos nos deteve.

Todo o nosso armamento – você sabe, era – puramente armamento de bom tempo. É bastante capaz, muito bom, mas infelizmente apenas armamento de bom tempo. Nós vimos isso na guerra. Nossas armas foram naturalmente feitas para o oeste, e todos nós pensamos, e isso era verdade naquela época, uh, era a opinião dos primeiros tempos: não se pode conduzir uma guerra no inverno. E nós também, temos, os tanques alemães, eles não eram testados, por exemplo, para prepará-los para uma guerra de inverno. Ao invés disso conduzimos testes para provar que era impossível conduzir guerra no inverno. Era um ponto de vista diferente [dos soviéticos]. No outono de 1939 nós sempre enfrentávamos a questão. Eu queria desesperadamente atacar, e acreditava firmemente que podíamos vencer a França em seis semanas.

No entanto, enfrentamos a questão de se podíamos sequer nos mover – chovia continuamente. E eu conheço o terreno francês muito bem, eu também não podia ignorar as opiniões, de muitos dos meus generais que, nós – provavelmente – não teríamos o élan, que nossos tanques não seriam eficientes, que nossa força aérea não seria eficiente dos nossos aeródromos por causa da chuva.

Eu conheço o norte da França. Você sabe, eu servi na Grande Guerra por quatro anos. E – o atraso ocorreu. Se eu tivesse eliminado a França em 39, então a história do mundo seria outra. Mas eu tive de esperar até 1940, e infelizmente não foi possível antes de maio. Somente em 10 de maio houve o primeiro bom dia – e em 10 de maio eu imediatamente ataquei. Eu dei a ordem de atacar no dia 10 no dia 8. E – então tivemos que, conduzir essa enorme transferência de nossas divisões do oeste para o leste.

Primeiramente a ocupação da – então tivemos a tarefa na Noruega – ao mesmo tempo que enfrentamos – eu posso francamente dizer hoje – um grande infortúnio – a fraqueza da Itália. Por causa disso – primeiramente a situação no Norte da África, depois, em segundo, por causa da situação na Albânia e na Grécia – um grande infortúnio. Nós tivemos que ajudar. Isso significou para nós, com um pequeno estoque, primeiro – a divisão de nossa força aérea, a divisão de nossos tanques, enquanto ao mesmo tempo preparávamos, os, tanques para o leste. Tivemos que abrir mão – de uma só vez – de duas divisões, duas divisões inteiras às que se juntou uma terceira – e tivemos que repor continuamente, severas perdas lá. Foi – uma luta sangrenta no deserto.

Tudo isso era inevitável, como você vê. Tive uma conversa com Molotov [ministro soviético] naquele tempo, ficou absolutamente claro que Molotov partiu com a decisão de começar a guerra, e eu ignorei a possibilidade de começar a guerra, e eu o deixei com a decisão de – impossível, agradá-lo. Havia – era a única – por causa das demandas que aquele homem trouxe que eram objetivadas a dominar, no fim a Europa. (Praticamente sussurrando agora) Então tive que – não politicamente... (termina)

Já no outono de 1940 nós continuamente enfrentávamos a questão, uh: devemos, considerar um rompimento [nas relações com a URSS]? Naquele tempo, eu alertei o governo finlandês que – negociar e, ganhar tempo e, agir lentamente nesse caso – porque sempre temi – que a Rússia pudesse atacar a Romênia no fim do outono – e ocupar os poços de petróleo, e nós não estávamos prontos no fim do outono de 1940. Se a Rússia de fato tomasse os poços de petróleo romenos, então a Alemanha estaria perdida. Seria preciso – somente 60 divisões russas para assegurar a missão.

Na Romênia nós tínhamos – naquela época – nenhuma grande unidade. O governo romeno somente se virou para nós recentemente – e o que tínhamos lá era ridículo. Eles só tinham que ocupar os poços de petróleo. Claro, com nossas armas eu não poderia iniciar uma guerra em setembro ou outubro. Isso estava fora de questão. Naturalmente, a transferência para o leste ainda não estava muito adiantada. Claro, as unidades antes tinham que consolidar o oeste. Primeiramente os armamentos tiveram que ser repostos porque também tivemos – sim, também tivemos perdas em nossa campanha no oeste. Seria impossível atacar – antes da primavera de 1941. E se os russo tivessem naquele tempo – no outono de 1940 – ocupado a Romênia – tomado os poços de petróleo, então estaríamos perdidos em 1941.

Outra voz no fundo: Sem petróleo...

Hitler: (Interrompendo) Nós tínhamos uma enorme produção alemã: no entanto, as demandas de nossa força aérea, de nossas divisões panzer – são realmente imensas. Seu nível de consumo está além da imaginação. E sem a adição de quatro a cinco milhões de toneladas de petróleo romeno, não poderíamos lutar a guerra – e teríamos que deixar acontecer – o que era minha grande preocupação. Então eu queria ampliar o período de negociações até que estivéssemos fortes o suficiente para, enfrentar aquelas demandas extorsivas [de Moscou] porque – aquelas demandas eram simplesmente extorções cruas. Eram extorções. Os russos sabiam que estávamos presos no oeste. Podiam extorquir tudo de nós. Somente quando Molotov me visitou – então – eu lhe disse francamente que suas demandas, suas numerosas demandas, não eram aceitáveis para nós. Com isso as negociações chegaram a um fim abrupto naquela mesma manhã.

Haviam quatro tópicos. O único tópico que, envolvia a Finlândia era, a liberdade de se protegerem contra a ameaça finlandesa, ele disse. [Eu disse] “Você não quer me dizer que a Finlândia te ameaça!” mas ele disse: “Na Finlândia estão – aqueles que tomam ações contra os amigos da União Soviética. Eles iriam [tomar ações] contra nossa sociedade, contra nós – eles iriam continuamente, nos perseguir e, um grande poder não pode ser ameaçado por uma pequena nação.”

Eu disse: “Sua existência não é ameaçada pela Finlândia! Isto é, você quer me dizer...”

Mannerheim: (Interrompendo) Ridículo!

Hitler: “...que sua existência é ameaçada pela Finlândia?” “Bem [Molotov disse] há uma ameaça moral feita contra um grande poder”, e o que a Finlândia estava fazendo, era uma ameaça moral à existência deles. Então eu lhe disse que não aceitaríamos mais uma guerra báltica como espectadores passivos. Em resposta ele me perguntou como víamos nossa posição na, Romênia. Você sabe, demos a eles [os romenos] uma garantia. [Molotov perguntou] “Essa garantia se estendia também contra a Rússia?” E na hora lhe disse: “Eu não acho que é direcionada a você, porque eu não acho que você tem intenções de atacar a Romênia. Você sempre disse que a Bessarábia era sua, mas você – nunca disse que queria atacar a Romênia!”

“Sim”, ele me disse, mas ele queria saber mais precisamente se essa garantia...(Uma porta se abre e a gravação termina).

(O arquivo de áudio da conversa encontra-se disponível para download em: http://www.megaupload.com/?d=C8WL53S2)
Fonte deste artigo: Tradução livre de Júlio César Guedes Antunes do áudio da rádio finlandesa YLE
 

Goris

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Uma conversa entre Adolf Hitler e Carl Mannerheim
A impressionante história da única gravação de áudio conhecida a capturar a voz do Führer em tom de conversa.
Em 4 de junho de 1942 comemorou-se o aniversário de 75 anos do Marechal-de-Campo finlandês Carl Gustav Emil Mannerheim. Adolf Hitler aproveitou a ocasião para voar a Helsinki e encontrá-lo pessoalmente para discutir o andamento da guerra na Rússia. Alemanha e Finlândia, embora sem uma aliança formal, tinham desenvolvido um bom relacionamento e eram “co-beligerantes” na luta contra a União Soviética. Tinham boas relações desde a Primeira Grande Guerra, após os alemães terem cedido treinamento militar e suprimentos. Ambos nutriam um profundo ódio pelo comunismo, o que era muito interessante, pois tinham sistemas políticos bastante diferentes. A Alemanha era mundialmente conhecida pelo nazismo (socialista), com Hitler como ditador, e a Finlândia era uma república que elegia presidentes desde 1918. Mannerheim havia começado sua reputação como o principal general do país em 1918, quando liderou os finlandeses contra os comunistas na Guerra Civil que resultou na independência da Finlândia. Ele foi novamente seu comandante supremo na guerra Russo-Finlandesa (ou Guerra de Inverno) de 1939-1940, e agora na Guerra de Continuação ao lado dos alemães contra a URSS.

A este ponto da guerra contra os soviéticos, ambos os exércitos finlandês e alemão se encontravam num impasse, já que seguravam Leningrado em suas garras, sem poder esmagá-la. O cerco já estava em seu décimo mês, já que os soviéticos continuavam a suprir a cidade pelo lago Ladoga e construir mais defesas. Já que era a terceira guerra dos finlandeses contra a União Soviética, o entusiasmo da população começou a declinar enquanto as baixas aumentavam e nenhum avanço decisivo era conseguido.

A Alemanha tinha agora a pressão extra dos Estados Unidos da América na guerra contra ela; a Finlândia não tinha, já que só estava em guerra contra a URSS. Ao mesmo tempo Hitler não oferecia ao país nenhum novo tratado militar ou acordos, somente promessas de novas ofensivas. Dados todos esses eventos, era muito incomum que Hitler fosse a algum outro país para visitar seu líder. Normalmente, esses líderes eram convocados a Berlim como convidados pessoais do Führer. Sua estratégia era provavelmente mostrar ao mundo que ele considerava a Finlândia como um importante aliado, e o mais importante de tudo, mostrar que ambos os países continuavam lado-a-lado. Isso foi devido ao desapontamento da Barbarossa em conseguir nocautear a Rússia fora da guerra.

Ainda assim, esse encontro de 4 de junho teria permanecido como apenas uma nota de rodapé na imensa história do Front Leste, não fosse por um incidente, em que 11 minutos de conversa particular foram acidentalmente gravados por um engenheiro de rádio finlandês. Ele estava a postos para registrar comentários oficiais para a imprensa, e sem perceber deixou seu gravador ligado. O resultado sobreviveu à história dentro dos arquivos finlandeses até ser recentemente liberado para uso pelos historiadores. Trata-se da única gravação conhecida que registra a voz de Adolf Hitler em tom de conversa.

Essa gravação consiste primariamente num monólogo de Hitler, embora o presidente finlandês Ryte e o Marechal-de-Campo Wilhelm Keitel estivessem juntos na sala com o Marechal Mannerheim. A fala de Hitler não é interessante somente pelas informações sobre as quais ele discorre, mas pelo jeito que ele apresenta suas decisões na véspera de sua ordem para rumar sul rumo aos poços de petróleo do Cáucaso. Ainda mais fascinante é franqueza de Hitler quanto aos seus próprios erros de julgamento ao atacar a União Soviética, as falhas de seu país e como aquilo tudo partiu diretamente dele...

A gravação segue transcrita abaixo, da forma como foi originalmente gravada, sem edições. Inicia-se no meio de uma fala de Hitler:

Hitler: ...é um perigo muito sério, talvez o mais sério deles – toda a sua extensão nós só agora podemos julgar. Nós não entendíamos o quão esse estado [a União Soviética] era armado.

Mannerheim: Não, nós não pensamos nisso.

Hitler: Não, eu também, não.

Mannerheim: Durante a Guerra de Inverno – durante a Guerra de Inverno nós também não pensamos nisso. É claro...

Hitler: (Interrompendo) Sim.

Mannerheim: Mas então, como eles – na realidade – e agora não há dúvidas de tudo o que eles tinham – o que eles tinham em seus estoques!

Hitler: Absolutamente, isto é – eles tinham o mais imenso armamento que, uh, alguém poderia imaginar. Bem – se alguém tivesse me dito que um país – com...(Hitler é interrompido pelo som de uma porta se abrindo e fechando) Se alguém tivesse me dito que uma nação podia começar com 35.000 tanques, eu teria dito: “Você é louco!”

Mannerheim: Trinta e cinco?

Hitler: Trinta e cinco mil tanques.

Outra voz no fundo: Trinta e cinco mil! Sim!

Hitler: Nós já destruímos – agora – mais de 34.000 tanques. Se alguém tivesse me dito isso, eu teria dito: “Você!” Se algum dos meus generais tivesse dito que alguma nação tinha 35.000 tanques, eu teria dito: “Você, meu bom senhor, você vê tudo duplicado ou multiplicado por dez. Você é louco, você vê fantasmas.” Eu não teria acreditado nisso. Eu já lhe disse antes que nós encontramos fábricas, uma delas em Kramatorskaja, por exemplo, que há dois anos atrás tinham apenas duas centenas [de tanques]. Nós não sabíamos de nada. Hoje, lá existe uma fábrica de tanques, onde – durante o primeiro turno um pouco mais de 30.000, e durante o dia todo um pouco mais de 60.000 operários trabalham – uma única fábrica de tanques! Uma fábrica gigantesca! Massas de trabalhadores que certamente, vivem como animais e...

Outra voz no fundo: (Interrompendo) Na área do Donets?

Hitler: Na área do Donets. (Ruídos no fundo de apanhar de xícaras e pratos sobre uma mesa)

Mannerheim: Bem, se você pensar que eles tiveram quase 20 anos, quase 25 anos de – liberdade para se armarem...

Hitler: (Interrompendo quietamente) Foi inacreditável.

Mannerheim: E tudo – tudo gasto em armamento.

Hitler: Somente em armamento.

Mannerheim: Somente em armamento!

Hitler: (Tosse) Somente – bem, é – como disse ao seu presidente [Ryte] antes – eu não tinha idéia daquilo. Se eu tivesse idéia – então seria ainda mais difícil pra mim, mas eu teria tomado a decisão [de invadir] de qualquer forma, porque – não havia outra saída. Era – certo, já no inverno de 39/40, que a guerra tinha que começar. Eu tinha somente esse pesadelo – mas ainda tem mais! Porque uma guerra em duas frentes – teria sido impossível – teria nos destruído. Hoje, nós vemos mais claramente – do que nós vimos naquela época – que teria nos destruído. E toda minha – eu originalmente queria – já no outono de 39 eu queria conduzir uma campanha no oeste – mas o contínuo mau tempo que experimentamos nos deteve.

Todo o nosso armamento – você sabe, era – puramente armamento de bom tempo. É bastante capaz, muito bom, mas infelizmente apenas armamento de bom tempo. Nós vimos isso na guerra. Nossas armas foram naturalmente feitas para o oeste, e todos nós pensamos, e isso era verdade naquela época, uh, era a opinião dos primeiros tempos: não se pode conduzir uma guerra no inverno. E nós também, temos, os tanques alemães, eles não eram testados, por exemplo, para prepará-los para uma guerra de inverno. Ao invés disso conduzimos testes para provar que era impossível conduzir guerra no inverno. Era um ponto de vista diferente [dos soviéticos]. No outono de 1939 nós sempre enfrentávamos a questão. Eu queria desesperadamente atacar, e acreditava firmemente que podíamos vencer a França em seis semanas.

No entanto, enfrentamos a questão de se podíamos sequer nos mover – chovia continuamente. E eu conheço o terreno francês muito bem, eu também não podia ignorar as opiniões, de muitos dos meus generais que, nós – provavelmente – não teríamos o élan, que nossos tanques não seriam eficientes, que nossa força aérea não seria eficiente dos nossos aeródromos por causa da chuva.

Eu conheço o norte da França. Você sabe, eu servi na Grande Guerra por quatro anos. E – o atraso ocorreu. Se eu tivesse eliminado a França em 39, então a história do mundo seria outra. Mas eu tive de esperar até 1940, e infelizmente não foi possível antes de maio. Somente em 10 de maio houve o primeiro bom dia – e em 10 de maio eu imediatamente ataquei. Eu dei a ordem de atacar no dia 10 no dia 8. E – então tivemos que, conduzir essa enorme transferência de nossas divisões do oeste para o leste.

Primeiramente a ocupação da – então tivemos a tarefa na Noruega – ao mesmo tempo que enfrentamos – eu posso francamente dizer hoje – um grande infortúnio – a fraqueza da Itália. Por causa disso – primeiramente a situação no Norte da África, depois, em segundo, por causa da situação na Albânia e na Grécia – um grande infortúnio. Nós tivemos que ajudar. Isso significou para nós, com um pequeno estoque, primeiro – a divisão de nossa força aérea, a divisão de nossos tanques, enquanto ao mesmo tempo preparávamos, os, tanques para o leste. Tivemos que abrir mão – de uma só vez – de duas divisões, duas divisões inteiras às que se juntou uma terceira – e tivemos que repor continuamente, severas perdas lá. Foi – uma luta sangrenta no deserto.

Tudo isso era inevitável, como você vê. Tive uma conversa com Molotov [ministro soviético] naquele tempo, ficou absolutamente claro que Molotov partiu com a decisão de começar a guerra, e eu ignorei a possibilidade de começar a guerra, e eu o deixei com a decisão de – impossível, agradá-lo. Havia – era a única – por causa das demandas que aquele homem trouxe que eram objetivadas a dominar, no fim a Europa. (Praticamente sussurrando agora) Então tive que – não politicamente... (termina)

Já no outono de 1940 nós continuamente enfrentávamos a questão, uh: devemos, considerar um rompimento [nas relações com a URSS]? Naquele tempo, eu alertei o governo finlandês que – negociar e, ganhar tempo e, agir lentamente nesse caso – porque sempre temi – que a Rússia pudesse atacar a Romênia no fim do outono – e ocupar os poços de petróleo, e nós não estávamos prontos no fim do outono de 1940. Se a Rússia de fato tomasse os poços de petróleo romenos, então a Alemanha estaria perdida. Seria preciso – somente 60 divisões russas para assegurar a missão.

Na Romênia nós tínhamos – naquela época – nenhuma grande unidade. O governo romeno somente se virou para nós recentemente – e o que tínhamos lá era ridículo. Eles só tinham que ocupar os poços de petróleo. Claro, com nossas armas eu não poderia iniciar uma guerra em setembro ou outubro. Isso estava fora de questão. Naturalmente, a transferência para o leste ainda não estava muito adiantada. Claro, as unidades antes tinham que consolidar o oeste. Primeiramente os armamentos tiveram que ser repostos porque também tivemos – sim, também tivemos perdas em nossa campanha no oeste. Seria impossível atacar – antes da primavera de 1941. E se os russo tivessem naquele tempo – no outono de 1940 – ocupado a Romênia – tomado os poços de petróleo, então estaríamos perdidos em 1941.

Outra voz no fundo: Sem petróleo...

Hitler: (Interrompendo) Nós tínhamos uma enorme produção alemã: no entanto, as demandas de nossa força aérea, de nossas divisões panzer – são realmente imensas. Seu nível de consumo está além da imaginação. E sem a adição de quatro a cinco milhões de toneladas de petróleo romeno, não poderíamos lutar a guerra – e teríamos que deixar acontecer – o que era minha grande preocupação. Então eu queria ampliar o período de negociações até que estivéssemos fortes o suficiente para, enfrentar aquelas demandas extorsivas [de Moscou] porque – aquelas demandas eram simplesmente extorções cruas. Eram extorções. Os russos sabiam que estávamos presos no oeste. Podiam extorquir tudo de nós. Somente quando Molotov me visitou – então – eu lhe disse francamente que suas demandas, suas numerosas demandas, não eram aceitáveis para nós. Com isso as negociações chegaram a um fim abrupto naquela mesma manhã.

Haviam quatro tópicos. O único tópico que, envolvia a Finlândia era, a liberdade de se protegerem contra a ameaça finlandesa, ele disse. [Eu disse] “Você não quer me dizer que a Finlândia te ameaça!” mas ele disse: “Na Finlândia estão – aqueles que tomam ações contra os amigos da União Soviética. Eles iriam [tomar ações] contra nossa sociedade, contra nós – eles iriam continuamente, nos perseguir e, um grande poder não pode ser ameaçado por uma pequena nação.”

Eu disse: “Sua existência não é ameaçada pela Finlândia! Isto é, você quer me dizer...”

Mannerheim: (Interrompendo) Ridículo!

Hitler: “...que sua existência é ameaçada pela Finlândia?” “Bem [Molotov disse] há uma ameaça moral feita contra um grande poder”, e o que a Finlândia estava fazendo, era uma ameaça moral à existência deles. Então eu lhe disse que não aceitaríamos mais uma guerra báltica como espectadores passivos. Em resposta ele me perguntou como víamos nossa posição na, Romênia. Você sabe, demos a eles [os romenos] uma garantia. [Molotov perguntou] “Essa garantia se estendia também contra a Rússia?” E na hora lhe disse: “Eu não acho que é direcionada a você, porque eu não acho que você tem intenções de atacar a Romênia. Você sempre disse que a Bessarábia era sua, mas você – nunca disse que queria atacar a Romênia!”

“Sim”, ele me disse, mas ele queria saber mais precisamente se essa garantia...(Uma porta se abre e a gravação termina).

(O arquivo de áudio da conversa encontra-se disponível para download em: http://www.megaupload.com/?d=C8WL53S2)
Fonte deste artigo: Tradução livre de Júlio César Guedes Antunes do áudio da rádio finlandesa YLE
Caramba, que texto bom.

Hitler confirma, já em 42, que ele sabia as merdas que tinha cometido. Mas o mais interessante é que ele, enquanto pessoa, sabia que tava lascado, o extremo oposto do líder que decidiu lutar até morrer, ignorando nós discursos que havia qualquer chance deles se perderem no front leste
 
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