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30 anos do Césio-137

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Césio 30 anos: Série do G1 Goiás reconta o maior acidente radiológico do mundo

Tragédia ocorreu no dia 13 de setembro de 1987 e marcou a história dos moradores de Goiânia, deixando quatro mortos e 249 contaminados.



O maior acidente radiológico do mundo começou quando, no dia 13 de setembro de 1987, dois catadores de recicláveis acharam um aparelho de radioterapia abandonado, desmontaram e o venderam a um ferro-velho de Goiânia. Eles não tinham noção de que se tratava do césio-137. Altamente radioativo, o pó de coloração azul, que ficava no equipamento, causou quatro mortes e contaminou, pelo menos, 249 pessoas.

Veja página especial sobre os 30 anos do acidente com o césio-137 em Goiânia

Para recontar a história que marcou Goiás e repercutiu mundialmente, o G1 preparou a série "Césio 30 anos". São reportagens especiais, produzidas durante mais de dois meses, que trazem depoimentos emocionantes de quem vivenciou cada momento daquela época, além de discutir os impactos do acidente ao longo dessas três décadas. No âmbito radioativo, o acidente foi o 2° maior da história, atrás apenas do acidente na usina nuclear de Chernobyl, em 1986, na Ucrânia.

Sete pontos de Goiânia foram os mais atingidos pela contaminação. Evacuados na época, a maioria desses locais está ocupada atualmente. Grande parte dos moradores ainda vive na vizinhança, e se recorda da tragédia quase que diariamente. Alguns ainda temem ser contaminados. No entanto, especialistas garantem que não há risco.

Repórteres do G1 percorreram todos os locais por onde o material radioativo passou. O aparelho de radioterapia estava abandonado no desativado Instituto Goiano de Radioterapia (IGR), na Avenida Paranaíba, no Centro de Goiânia, quando os catadores Wagner Mota Pereira e Roberto Santos o levaram até a na Rua 57, onde Roberto morava, e o desmontaram, a marretadas.

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Equipamento de radiologia onde foi encontrada a cápsula do Césio-137 (Foto: Divulgação/Cnen)


Encantamento
O equipamento foi vendido a Devair Alves Ferreira, dono de um ferro-velho, localizado no Setor Aeroporto. Seis dias depois, seu irmão, Ivo Alves Ferreira, viu a pedra que brilhava à noite e, encantado, levou fragmentos para casa.

Além dele, um amigo de Devair, Ernesto Fabiano, também havia levado parte do material para casa e deu um pouco do pó para o irmão, Edson Fabiano, que levou o “presente” para a residência dele, também no Setor Aeroporto.

Descoberta do perigo
Aos poucos, o material radioativo foi entrando em contato com outras pessoas, até que no dia 28 de setembro de 1987, a mulher de Devair, Maria Gabriela Ferreira, de 37 anos, percebeu que todos que estiveram próximos ao “pó azul” estavam se sentindo mal. Ela, então, levou o equipamento até a Vigilância Sanitária Estadual, onde foi descoberto que se tratava de um material radioativo indevidamente descartado.

Foram registradas oficialmente quatro mortes causadas pelo césio-137. A primeira delas foi a filha do Ivo Alves Ferreira, a menina Leide das Neves Ferreira, de 6 anos, que morreu em 23 de outubro de 1987, e se tornou um símbolo da tragédia.

No mesmo dia, Maria Gabriela, que era tia da Leide, também morreu. As outras duas mortes confirmadas em decorrência do contato com o césio-137 foram dos funcionários do ferro-velho Israel Batista dos Santos, de 20 anos, no dia 27 de outubro, e Admilson Alves de Souza, de 18 anos, que morreu no dia seguinte.

Entre as pessoas que sobreviveram à contaminação estão os funcionários que trabalharam na limpeza dos lugares por onde o material radioativo passou. Ouvidos pelo G1, eles relatam que, nos primeiros momentos, estiveram nos locais sem o material de proteção adequado. As vítimas contam que, além de sofrer humilhações, foram agredidas e até expulsas de ônibus.

Cobertura jornalística
Toda esta realidade foi retratada pelos profissionais de comunicação que trabalharam na cobertura jornalística do acidente radiológico.


O G1 conversou com os jornalistas Jackson Abrão, diretor de jornalismo da TV Anhanguera na época, Cileide Alves, que cobria a agenda do então governador, Henrique Santilo, além da atual correspondente da TV Globo na Itália, Ilze Scamparini, que na época passou um mês em Goiânia para produzir um programa especial sobre o acidente, e dos cinegrafistas da TV Anhanguera Paulo Roberto Ribeiro, Márcio Aires, Vantuir Oliveira.

Eles contaram sobre os desafios vencidos e a experiência profissional e pessoal durante o período de descontaminação das vítimas do césio-137.

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Leide das Neves, 6 anos, foi a primeira vítima do césio-137 (Foto: Reprodução / TV Anhanguera)

Caso de Justiça
Em 1996, os médicos Carlos Bezerril, Criseide Dourado e Orlando Teixeira, responsáveis pela clínica desativada, além do físico Flamarion Goulart, que prestava consultoria para o IGR, foram condenados por homicídio culposo das quatro vítimas, quando não há intenção de matar. O dono do prédio, Amaurillo Monteiro, também foi condenado, mas depois conseguiu a suspensão da pena. Em 1998, todas as penas foram extintas, por um indulto presidencial.

No último dia 2 de setembro, Flamarion afirmou ao Fantástico que, depois que o IGR foi desativado, a cápsula com o césio-137 tinha sido levada ao Hospital Araújo Jorge e que não sabe como o equipamento voltou para o lote do instituto. Diante da declaração, a associação mantenedora da unidade instaurou uma sindicância para apurar a denúncia feita três décadas após o fato.


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Físico diz que cápsula com césio-137 foi retirada do Hospital Araújo Jorge, em Goiânia (Foto: Reprodução/TV Globo)

Sequelas
Diante de tantos danos sofridos, as vítimas do maior acidente radiológico do mundo correram atrás de direitos na Justiça. Os diretamente afetados pela radiação recebem cobertura do plano do Instituto de Assistência aos Servidores Públicos do Estado de Goiás (Ipasgo), além de pensões. No entanto, três décadas depois do acidente, muitos ainda relatam que faltam apoios médico e financeiro.

O Centro de Atendimento aos Radioacidentados (Cara) é o órgão da Secretaria Estadual de Saúde de Goiás (SES-GO) responsável pelos atendimentos às vítimas do césio-137.

O Cara surgiu da antiga Superintendência Leide das Neves (Suleide) e dividiu os pacientes em três grupos: o de pacientes que apresentaram mais de 20 rads no corpo, que é a unidade de medida de quantidade de radiação identificada; os com menos de 20 rads; e o formado por vizinhos do local onde houve o acidente e trabalhadores que atuaram na área contaminada. Alguns deles disseram que foram 'lavados como Kombi'. Os filhos e netos dos dois primeiros grupos também têm direito à assistência.

As vítimas e parentes dos afetados pelo césio-137 alegam que os recursos da pensão são insuficientes para arcar com o custo dos medicamentos. Outros afirmam que sofrem as consequências da contaminação, mas não conseguiram o direito à pensão ou assistência médica.


O Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) atuou, na época, em defesa dos servidores públicos que trabalharam nas regiões em que a cápsula foi aberta, fazendo a segurança do local e transportando material considerado lixo radioativo. Conforme o promotor Marcus Antônio Ferreira Alves, autor do inquérito, vários deles apresentaram sintomas de intoxicação pela radiação e doenças graves, como câncer, e não eram reconhecidos como vítimas.

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Instalações da clínica de onde foi retirada a cápsula de césio-137, em Goiânia (Foto: Divulgação/Cnen)

Isolamento máximo
Os rejeitos do césio-137 estão enterrados em duas enormes caixas de concreto, em um depósito em Abadia de Goiás, na Região Metropolitana de Goiânia. O G1 foi até o local que abriga os restos de construções e objetos que estiveram em contato direto com a radioatividade.

O espaço fica de uma área de 32 alqueires, dentro do Parque Estadual Telma Otergal, às margens da BR-060. Lá, foi construído o Centro Regional de Ciências Nucleares do Centro Oeste (CRCN-CO), que é vinculado à Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen). Sua função é monitorar os rejeitos do césio e promover pesquisas na área ambiental ligadas à radioatividade.

Em troca da concessão de 50 anos do governo do estado para funcionar no local, o CRCN-CO realiza procedimentos diversos como forma de contrapartida. Entre eles, estão pesquisas na área de saúde ligadas às questões nucleares e radiológicas. Também há programas de formação de estágio, bolsistas e projetos de pesquisas, além de um programa de monitoramento ambiental.


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Depósito onde estão enterrados os rejeitos do césio-137, em Abadia de Goiás (Foto: Sílvio Túlio/G1)

Tragédia virou rock
Pouco tempo depois do acidente, um grupo de jovens indignados com os transtornos do acidente radiológico resolveu criar a HC-137 [Horrores do césio -137], uma banda de rock para criticar, não só as consequências do césio-137, mas todas as mazelas sociais que Goiânia viveu no final dos anos 1980.

O G1 promoveu o reencontro de integrantes de diferentes gerações do grupo. O baixista Flávio Diniz, o guitarrista Luciano Xavier e o baterista Aurélio Dias não fizeram parte da fundação do grupo, mas estão preparando uma apresentação no Festival Vaca Amarela, adiantando o aniversário de 30 anos da HC-137 e para relembrar as três décadas do acidente.

Além da música, o acidente com o césio-137 virou um livro de história em quadrinhos, “137”, escrita pelo goiano Ronaldo Zaharijs, de 31 anos. Ele contou que teve a ideia de criar o enredo diante do preconceito vivido pela população de Goiânia no final dos anos 1980. O autor disse que o assunto era tratado como “tabu” durante a adolescência dele na escola e o intrigou a pesquisar e escrever sobre o caso.

Na semana em que completam 30 anos do acidente, o tema também será abordado também pelas exposições fotográficas “Hiroshima Nunca Mais”, “Sobre o acidente com o césio-137”, além do um seminário “Questões atuais sobre a saúde das vítimas”, e de uma audiência pública.


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HC-137 trazia à tona as mazelas sociais do acidente com o césio em Goiânia (Foto: Arquivo Pessoal/HC-137)

https://g1.globo.com/goias/noticia/...a-o-maior-acidente-radiologico-do-mundo.ghtml
 

Anexos

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Após 30 anos, maioria das áreas que tiveram alto índice de radiação do césio-137 está ocupada


Muitos moradores não se mudaram da vizinhança e revivem diariamente o drama do desastre, em Goiânia. Alguns ainda temem ser contaminados, mas especialistas garantem que não há riscos.

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Pontos contaminados pelo Césio-137 que seguem monitorados em Goiânia (Foto: Thiago Oliveira/ Arte TV Anhanguera)


Com dimensão mundial, o drama provocado pelo acidente com o césio-137 foi vivido de forma ainda mais intensa em sete pontos de Goiânia que foram evacuados na época por causa do alto índice de radiação. Trinta anos depois, a maioria deles está ocupada. Grande parte dos moradores ainda vive na vizinhança e se recorda da tragédia quase que diariamente. Alguns ainda temem ser contaminados, mas especialistas garantem que não há risco.

O G1 Goiás publica uma série de reportagens especiais sobre os 30 anos do acidente com o césio-137 em Goiânia.

O acidente começou no dia 13 de setembro de 1987, quando os catadores de recicláveis Wagner Mota Pereira e Roberto Santos encontraram o aparelho de radioterapia abandonado na sede do Instituto Goiano de Radioterapia (IGR), que estava desativado. Eles levaram a peça de chumbo e metal, para a casa do Roberto, localizada na Rua 57, no Centro de Goiânia, onde começaram a desmontá-la.

No dia 18 daquele mês, eles venderam o equipamento a Devair Ferreira, que tinha um ferro velho na Rua 26-A, no Setor Aeroporto, e o desmanchou totalmente com golpes de marreta. Seis dias depois, Ivo Ferreira, irmão de Devair, foi visitá-lo e viu a pedra que brilhava durante a noite. Ele levou fragmentos para casa dele, localizada na Rua 6, no Setor Norte Ferroviário.

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Equipamento com césio-137 foi aberto em casa na Rua 57, no Centro de Goiânia (Foto: (Divulgação/ Cnen) (Paula Resende/G1))


Durante esse período, Devair também cedeu fragmentos a Ernesto Fabiano, que os levou para sua casa, na Rua 17-A, no Setor Aeroporto. O material ficou retido na fossa e, por isso, nos estudos, o local ficou conhecido como “Casa da fossa”. Por sua vez, ele deu parte do césio ao irmão, Edson Fabiano, que levou o “presente” para a residência dele, localizada na Rua 15-A, no mesmo bairro.

Devair vendeu no dia 26 uma carga de recicláveis a Joaquim Borges, dono de outro depósito, na Rua P-19, no Setor dos Funcionários. Na ocasião, a mulher dele, Maria Gabriela jogou o aparelho em meio ao carregamento.

Ao notar que todos que tiveram contato com o material estavam se sentindo mal, no dia 28, a esposa de Devair foi, juntamente com o funcionário Geraldo Guilherme, ao ferro velho da P-19 para pegar a peça de volta e levá-la para a sede da Vigilância Sanitária Estadual, na Rua 16-A, no Setor Aeroporto, onde se descobriu do que se tratava e atualmente sedia o Centro de Atendimento aos Radiocidentados (Cara).

Foi constatada a contaminação pelo césio-137 em 249 pessoas. Neste grupo, 129 tinham rastros da substância interna e externa ao organismo. A Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen) calculou ainda que 49 pessoas foram hospitalizadas, sendo que 20 necessitaram de cuidados médicos intensivos.

Quatro pessoas morreram no período de quatro semanas. A primeira delas foi a menina Leide das Neves Ferreira, de 6 anos, que morreu em 23 de outubro de 1987.

Lembranças
O comerciante Jair Onofre do Prado, 65 anos, conhecido como Jajá, tinha uma casa lotérica nas proximidades do local onde o aparelho começou a ser desmontado, na Rua 57, e morava em frente ao ferro-velho onde a peça foi aberta totalmente, na Rua 26-A.

Ele conta que teve de deixar o apartamento em que morava por alguns meses e nunca mais quis voltar. Quanto ao trabalho, ele tem há quase 20 anos um negócio no Mercado da 74, onde a Rua 57 termina. Ele se recorda que, na época, a região virou um “deserto”.

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Jair do Prado se emociona ao relembrar do acidente com o césio-137 (Foto: Paula Resende/ G1)

“O pessoal evitava passar, tinha cisma né. Virou um deserto. Muitos comerciantes enfrentaram um perrengue danado. Como não queria voltar para meu apartamento, se valia R$ 500 mil, vendi por R$ 100 mil” relata.

Jajá conta que tinha dois filhos, de 2 e 3 anos, e temeu pela saúde da família. Ele ainda se emociona ao relembrar do desastre e do alívio que sentiu ao passar pelo detector e constatar que ninguém da sua família tinha sido contaminado.

“Parece que foi ontem, quem viveu não esquece. A gente sofreu discriminação. Se falasse que morava na zona do césio, era terrível, a pessoa se afastava”, conta Jajá.


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Prado tem um bar no Mercado da 74, localizado no fim da Rua 57 (Foto: Paula Resende/ G1)


Contaminação
Chefe da divisão de rejeitos da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen) e físico que identificou o acidente, Walter Mendes Ferreira, 64 anos, explica que o nível de radiação era tão alto em alguns pontos que não havia instrumentos na capital que pudessem mensurá-lo.

“As taxas eram extremamente elevadas, inadequadas para o convívio de qualquer ser humano, por isso foi evacuada toda a região”, avalia Ferreira.


De acordo com o físico, o tipo do solo da região é arenoargiloso e tem a característica de reter sal. Para ele, isto colaborou para que o césio não se espalhasse e ficasse em uma camada de 50 a 70 centímetros de profundidade.

“Após 50, 70 centímetros, não se encontrava nenhuma partícula de césio. Então, foi retirada a terra nesta faixa e, para que tivesse segurança, colocou concreto”, relatou.

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Rua 57 foi fechada na época do acidente (Foto: (Divulgação/ Cnem) (Paula Resende/ G1))

Todos os materiais contaminados foram levados para o Centro Regional de Ciências Nucleares do Centro Oeste (CRCN-CO). Ao todo, são 6 mil toneladas de restos infectados.

O especialista garante que atualmente não há risco para a população.

“Os valores hoje apresentados nos locais descontaminados são extremamente baixos, iguais à radiação natural, dos próprios minerais que compõem a Terra”, explicou Ferreira.

Receio

Apesar da afirmação dos especialistas, muitos moradores da capital não são convencidos pelos laudos técnicos. Entre eles está a aposentada Lourdes, de 65 anos, que mora em frente ao ferro-velho da Rua P. 19, no Setor dos Funcionários, onde os catadores que encontraram a peça tentaram vender o chumbo e metal do cilindro que abrigava a fonte.


Lourdes afirma que ainda não tem coragem de comer o fruto ou verduras plantadas nas proximidades do estabelecimento, onde atualmente há um galpão disponível para aluguel. “Eu sou cismada. Nasceu um pé de alfavaca e eu não tenho coragem de pegar. Eu vou até cortar para evitar que outras pessoas peguem”, afirmou.

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Mutios moradores não têm coragem de consumir plantas que crescem em locais onde houve contaminação (Foto: Paula Resende/ G1)


De acordo com Ferreira, assim como o solo, a vegetação não está contaminada. O físico conta que as equipes do Cnen chegaram a comer frutas colhidas nos imóveis para provar que não há riscos. Ele ressalta que os técnicos tiveram de trabalhar com o psicológico das pessoas para explicar sobre o que aconteceu e desmistificar a situação.

“O técnico tem que ter uma psicologia muito grande, é muito delicado porque está tratando do psicológico, as pessoas estavam em estado traumático e se acrescentassem ingredientes, elas iam desenvolver problemas psicológicos seríssimos”, relatou.

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Lotes na Rua 26-A seguem inabitados 30 anos depois do acidente com o césio-137 (Foto: Paula Resende/ G1)


Outro receio dos moradores é em relação a rachaduras no concreto das áreas onde houve contaminação. Ferreira ressalta que o desgaste do cimento não se trata de um problema e que todas as áreas podem ser construídas.

“A gente tem um documento com a prefeitura para que, quando for feita uma solicitação de construção, a gente faça o acompanhamento para comprovar que não tem nada. Em um dos pontos, por exemplo, se construiu um prédio há uns quatro anos, se fez uma escavação muito mais profunda e não encontramos nada”, explica.

Ferreira afirma que Goiânia foi um laboratório em questão de acidentes radiológicos e se tornou referência. Ele possui a sensação de “dever cumprido” em relação ao maior acidente radiológico em área urbana do mundo.

“Sabia o que estava fazendo. Meu pressentimento era que tinha que retirar as pessoas, isolar as áreas e convencer autoridades. Foi um trabalho difícil, mas muito bem feito porque conseguimos retirar as vitimas e recuperar quase tudo”, conclui o físico.

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Antiga Vigilância Sanitária sedia atualmente o Centro de Assistência aos Radioacidentados (Cara) (Foto: Paula Resende/ G1)


https://g1.globo.com/goias/noticia/...e-de-radiacao-do-cesio-137-esta-ocupada.ghtml
 
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Com cuidados 'extremos', depósito em Abadia de Goiás guarda 6 mil toneladas de rejeitos do césio-137

G1 visitou local onde estão as enormes caixas que abrigam lixo infectado, como carros e até casas. Segundo especialistas, recipientes são 'invioláveis' e não há mais qualquer risco de contaminação.




Isolados, vigiados e enterrados em duas enormes caixas de concreto estão rejeitos e lembranças que aterrorizaram moradores de Goiânia há 30 anos. São mais de 6 mil toneladas de lixo contaminado com o césio-137, como roupas, móveis e até casas. Todo o material está em um imenso depósito, em Abadia de Goiás, a 20 km da capital. O acidente, considerado o maior da história no âmbito radiológico, provocou medo e pânico, mesmo em quem teve pouco contato com a cápsula recheada de pó brilhante.


De 1987 para cá, esse tenso panorama foi sendo superado aos poucos. Porém, é possível notar um clima de incerteza sobre os possíveis prejuízos à saúde que as partículas ainda possam causar. Os responsáveis pelo local rebatem a ideia e dizem que o espaço é seguro e os cuidados são até "exagerados". Além disso, especialistas ouvidos pelo G1 são taxativos em afirmar que não há mais qualquer tipo de risco.

O G1 Goiás publica uma série de reportagens especiais sobre os 30 anos do acidente com o césio-137 em Goiânia.

O espaço onde estão os rejeitos fica em uma área de 32 alqueires, dentro do Parque Estadual Telma Otergal, às margens da BR-060. Lá, foi construído o Centro Regional de Ciências Nucleares do Centro Oeste (CRCN-CO), que é vinculado à Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). Sua função é monitorar o entulho do césio e promover pesquisas na área ambiental ligadas à radioatividade.

O acidente aconteceu no dia 13 de setembro de 1987, após dois catadores de materiais recicláveis encontrarem um aparelho de radioterapia abandonado em uma clínica de radiologia. Eles começaram a desmontá-lo em casa e depois o venderam a um ferro-velho, onde foi feita a descoberta. Oficialmente, cerca de 112 mil pessoas foram examinadas, das quais, 249 tiveram algum tipo de contaminação e quatro morreram. A contaminação atingiu ainda 45 locais públicos e demandou monitoramento de mais de 2 mil km de malha viária.

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Depósito onde estão enterrados os rejeitos do césio-137, em Abadia de Goiás (Foto: Sílvio Túlio/G1)


Rejeitos
Após o acidente, o lixo foi levado para o CRCN-CO com previsão de permanência temporária. Porém, após dez anos, o depósito tornou-se definitivo. Ao todo, são 6 mil toneladas de restos infectados. Os mais comuns e de menor intensidade - cerca de 40% do montante - estão em uma caixa menor. Os outros 60%, de maior potencial radiológico à época, foram acondicionados em um contêiner de 60 metros de comprimento por 18 metros de largura e 8 metros de altura. A espessura da parede é de 50 centímetros.

"Ali, foi colocado o que apresentava mais radioatividade, incluindo 50 veículos, nove casas totalmente demolidas e 45 ruas inteiras que foram arrancadas. Além disso, também há árvores, roupas, utensílios domésticos e animais que tiveram de ser sacrificados", explicou o assistente em Ciência e Tecnologia do CRNC-CO, Marco Antônio Pereira da Silva.

A fonte onde foi encontrado o césio-137 também está nesse recipiente. Todo o material foi colocado dentro de caixas e tambores de aço e acondicionados dentro do contêiner. Os espaços vagos que ainda persistiram foram preenchidos por uma mistura de argila e betonita, um material aglutinante e absorvente (veja arte abaixo).

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Depósito onde estão enterrados dejetos do césio-137, em Goiás (Foto: Thiago Oliveira/Arte TV Anhanguera)


A caixa, que está ao nível do solo, foi recoberta ainda por camadas de brita, areia, terra e grama. "Temos aqui o que é considerado o mais moderno em relação a depósito de material radioativo. Nunca houve uma contaminação. A caixa é praticamente inviolável", pontua Silva.

De acordo com ele, três fatores pesaram, essencialmente, para a escolha do local como depósito definitivo dos dejetos. "Primeiro, o fato de aqui ter sido uma pedreira e por conter estrutura geológica favorável. Em segundo, pelo fato da área já ser do estado. Por fim, pelo facilidade dos rejeitos já terem sido trazidos para cá, inicialmente, de forma provisória. Seria um trabalho desnecessário transferí-los", enumera.

Complexo
O complexo conta com cerca de 30 servidores e é resguardado 24 horas pelo Batalhão da Polícia Militar Ambiental. Além disso, uma equipe de emergência com sete pessoas se reveza para agir em qualquer tipo de ocorrência específica, seja no parque ou fora dele. Estruturalmente, o CRCN-CO é formado por quatro prédios:

  • Centro de Informação: é o setor onde está a recepção. Lá se encontram um pequeno museu com painéis informativos sobre o acidente, além de maquetes dos prédios e do parque, uma biblioteca e um auditório.
  • Laboratório de Radiologia: onde é feito o controle ambiental.
  • Centro e Estudos e Formação: abriga a sede administrativa.
  • Laboratório de Radioproteção: local onde são realizadas as análises químicas. A equipe de emergência também está nesse setor.
O CRCN-CO realiza visitas guiadas, principalmente de escolas: são cerca de 5 mil alunos por ano. O passeio inclui uma palestra e ida até a área próxima de onde está enterrado o material contaminado.

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Marco Antônio mostra painel do Centro de Informação, que dos prédios que integram o CRNC-CO (Foto: Sílvio Túlio/G1)


Contrapartidas
Em troca da concessão de 50 anos do governo do estado para funcionar no local, o CRCN-CO realiza procedimentos diversos como forma de contrapartida. Entre eles, estão pesquisas na área de saúde ligadas às questões nucleares e radiológicas. Também há programas de formação de estágio, bolsistas e projetos de pesquisas.

Além disso, existe um programa de monitoramento ambiental, que é feito trimestralmente. Ele consiste na coleta e análise de sedimentos, solo, vegetação e água superficial e subterrânea.

"Existem dez pontos que são colhidos como amostras e analisados. Através de um equipamento, conseguimos detectar variações muito baixas de concentração. Para os níveis do césio-137, elas estão muito abaixo do que é aceitável", explica o coordenador interino do CRCN-CO, Rugles César Barbosa.

Um dos principais focos de análise é o teor de radioatividade da água que é distribuída para a população. A química Regina Nogueira é responsável por monitorar esse índice. O procedimento, que é determinado por portaria do Ministério da Saúde (MS), é feito no local desde 2014. O resultado permite afirmar se a água fornecida pela Saneago pode ou não ser consumida, em se tratando de sua radioatividade.

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Laboratório do CRCN-CO onde são feitas análises da radioatividade da água oferecida pela Saneago (Foto: Sílvio Túlio/G1)


"No laboratório, recebemos amostras de água bruta de várias cidades, fornecidas pela Saneago. Fazemos os testes e emitimos um relatório anual sobre esse estudo comprovando a potabilidade da água", informa.


Até agora, nenhum dos testes apontou anormalidade. Se isso ocorrer, é iniciada uma investigação para apurar o que provocou o aumento de radiação. Em seguida, um parecer é apresentado à concessionária de água e ao Cnen.

Sem riscos
Com todo esse aparato, Barbosa deixa claro que os riscos de algum tipo de vazamento ou nova infecção pelo césio-137 são praticamente nulos. Segundo ele, o nível de proteção dos rejeitos é tão grande e bem formulado que beira o "exagero".

"Um fator [de risco] é a questão da migração do césio. Mas a probabilidade disso acontecer é extremamente pequena. As técnicas usadas para criar barreiras são sofisticadas, muito elaboradas e até exageradas em alguns pontos. O risco à sociedade é mínimo, podemos dizer que zero", destaca.

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Rugles Barbosa, coordenador do CRCN-CO, ao lado ao aparelho que detectou a radiação do césio-137 (Foto: Sílvio Túlio/G1)


Clinicamente, a possibilidade de qualquer tipo de contágio também é praticamente nula. Essa é a opinião do cirurgião oncologista José Carlos de Oliveira, que tem mais de 30 anos de experiência no tratamento de câncer. Ele diz que não há qualquer resquícios de césio do acidente e crava:

"Goiânia está livre do Césio".

Especialista em tratamentos de cabeça e pescoço, o médico é um estudioso do tema. Ele relata que com a deflagração do acidente, cerca de 112 mil pessoas foram examinadas, das quais, 249 tiveram algum tipo de contaminação e quatro morreram.


"O mal causado à saúde depende do tipo de radiação. Se for muito baixa, ocorrem lesões na pele, que podem levar ao câncer de pele, que é o mais comum. Porém, se for muito alto, pode mutar o DNA das células, provocar infecções agudas, como pneumonias e úlceras, e fazer com que os órgãos parem de funcionar, causando a morte", pontua.

O especialista destacou ainda que não houve relação entre o acidente radiológico e a quantidade de casos de câncer em Goiânia nos anos seguintes à ruptura da cápsula.

"De acordo com Registro de Câncer de Base Populacional de Goiânia, que iniciou em 1988 e é medido até a data atual, vimos que as taxas de incidência de câncer não se modificaram em relação ao césio. Hoje, ele não é um fator de risco para nós", detalha.

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Médico José Carlos de Oliveira diz que Goiás está livre do Césio-137 (Foto: Sílvio Túlio/G1)
 
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Vítimas visitam locais do acidente com o césio-137 e relembram constrangimentos:

'Fui lavado como uma Kombi'


Trabalhadores contam que, na época, foram sem proteção aos pontos com radiação. Outros chegaram a ser agredidos e expulsos de ônibus por preconceito.



Após 30 anos, vítimas revisitaram locais ligados ao acidente radiológico com o césio-137 e relembraram os momentos traumáticos que viveram em setembro de 1987. Muitos carregam até hoje sequelas, tanto físicas quanto psicológicas, após terem contato direta ou indiretamente com o material. Ouvidos pelo G1, eles relatam que sofreram vários tipos de humilhações, como serem agredidos ao andar na rua, expulsos de ônibus e até "lavados como uma Kombi" no processo de descontaminação.


“Lá no fundo, a gente sofre muito, a gente não deixa de reviver as perdas. Não só materiais, mas principalmente vidas e o direito de ir e vir”, disse Odesson Alves Ferreira, membro da família mais afetada pelo césio na época.

O G1 Goiás publica nesta semana uma série de reportagens sobre os 30 anos do acidente com o césio-137, em Goiânia.

O acidente aconteceu após dois catadores de materiais recicláveis encontrarem um aparelho de radioterapia abandonado em uma antiga clínica de radiologia. Eles começaram a desmontar o equipamento em casa e, na sequência, o venderam a um ferro-velho, onde foi feita a descoberta do pó que brilhava à noite. Oficialmente, quatro pessoas morreram vítimas do pó azul radioativo, entre elas a menina Leide das Neves, de 6 anos, e outras 249 tiveram algum tipo de contaminação.

A primeira parada do cilindro com a cápsula de césio ocorreu na Rua 57, no Setor Central, onde foi desmontado, a marretadas. Na época, a residência foi demolida devido à contaminação no local. Até hoje, o lote está vazio e coberto de concreto. A falta de identificações oficiais sobre o acidente ou memoriais em homenagem às vítimas é quase uma regra em todos os pontos afetados. Nesse local, apenas um grafite com elementos radiativos faz referência ao que aconteceu ali, há 30 anos.

O motorista Jason Franco Rocha conta que esteve várias vezes no local atingido para retirar o entulho e levar para Abadia de Goiás, onde todos os rejeitos foram enterrados. Trabalhando inicialmente com roupas comuns, do dia a dia, achava que desempenharia uma tarefa rotineira.


“Viemos para cá sem saber de nada. Nos mandaram falando que era um vazamento de gás. Só do terceiro dia em diante é que ficamos sabendo da gravidade do problema. Daqui saiu televisão, cachorro, galinha, o que tinha aqui foi encaixotado. Não sobrou nada”, contou.

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Jason Franco foi um dos motoristas que removeu lixo contaminado com o césio-137 (Foto: Vitor Santana/G1)

Ele, assim como outras dezenas de vítimas, era funcionário do então Consorcio Rodoviário Intermunicipal S.A. (Crisa), que ficava na Avenida Portugal, no Setor Oeste, em Goiânia. Muitos foram mandados – inclusive sem o material de proteção adequado, em um primeiro momento - para os vários pontos por onde o material radioativo passou. Esses trabalhadores recolhiam todo o tipo de rejeito. Hoje, no local, existe um hipermercado.

“As pessoas que estavam na rua, em algum carro, corriam da gente. A gente não sabia que estava mexendo com uma coisa perigosa", contou o também motorista Cirilo Aquino Batista.

Ele lembra do susto das pessoas após eles receberem as roupas próprias para o trabalho: "Quando a gente recebeu os macacões para trabalhar, as pessoas assustavam quando viam a gente, parecia até um astronauta”.

Além das lembranças, ele guarda fotos que mostram os trabalhadores sobre os contêineres com os rejeitos radioativos, sua carteira de funcionário do Crisa e até uma espécie de caneta para sinalizar o nível de radiação.


“Ela tinha uma pilha, uma bateria dentro, e a gente sempre deixava no bolso. Quando a radiação era muito grande, ela começava a bater no peito e a gente sabia que ali estava com muita radiação”, completou.

“A gente era enganado, não sabíamos que tipo de risco corríamos, que tipo de problemas podíamos ter, igual eu e muitos colegas temos. Um dia, peguei um ônibus e, quando cheguei no Terminal de ônibus do Dergo, quatro homens me abordaram e perguntaram se eu trabalhava no Crisa. Eu disse que sim, e mandaram eu descer e começaram a me atacar, me empurrar para fora do ônibus”, lembra com muita tristeza o ex-servidor do Crisa, Clóvis Raimundo da Conceição.

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Funcionários do antigo Crisa contam que não sabiam que estavam lidando com material radioativo (Foto: Vitor Santana/G1)

Descontaminação
Devido à dimensão do acidente milhares de goianienses precisaram passar por monitoramento e descontaminação no Estádio Olímpico, na Avenida Paranaíba, no Setor Central. Odesson Ferreira pisou no local pela primeira vez após 30 anos e se lembra vividamente do que passou naquela época.

“Dentro dos vestiários, as pessoas eram lavadas como se lava um carro. Usavam vassouras, muita água, sabão e esfregavam. Usavam uma mangueira com um jato bem forte. Fui lavado como uma Kombi”, diz Odesson.

Ele é irmão de Devair, dono do ferro-velho onde a cápsula do césio-137 foi retirada, e de Ivo, que levou o material radioativo para casa
e mostrou para os parentes, inclusive a filha, Leide das Neves, símbolo da tragédia e que morreu após fazer um lanche com as mãos sujas com o pó azul.


Ele, que era motorista de ônibus na época, lembra-se da fila que se formou indo da Avenida Paranaíba, contornando o estádio e chegando à entrada de jogadores. Todos eram monitorados: as pessoas que estavam mais contaminadas iam para dentro do gramado. As que estavam com níveis mais baixos iam para as arquibancadas, e outras eram liberadas.

“Eu, por exemplo, fui para casa vestido com um avental descartável, porque minha roupa, sapato, uniforme da empresa onde eu trabalhava, tudo ficou aqui, no dia 30 de setembro”, disse.

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Odesson Ferreira foi uma das pessoas afetadas pelo acidente com o césio-137 (Foto: Vitor Santana/G1)


Traumas e sequelas
Todos que tiveram algum contato com a pedra azul e radioativa do césio-137 relatam algum tipo de sequela ou trauma.

"Eu não fiquei com um único dente na boca. Qualquer coisa que você sente você acha que é o césio. Já enterramos colegas vítimas do césio, tem outros em cadeira de roda, que não fala", contou Jason.

O mecânico de máquinas do Crisa, Teodoro Juvenal Bispo Neto, conta que muitos trabalhadores tiveram algum problema de saúde ligado ao acidente radiológico, mas que nem todos são reconhecidos como vítimas.

"Hoje, somos encostados. Tivemos contato com o césio, mas hoje estamos no grupo três para tratamento. Brigamos para receber uma pensão, não temos acesso a nenhuma assistência. Uns os dentes caíram, outros estão cegos. Tem gente com verruga nascendo dentro do olho. Nós nunca quisemos ser heróis de descontaminação de Goiânia", contou.


Apenas quatro mortes são atribuídas ao acidente com o césio-137. "Apesar disso, tem mais de mil pessoas que recebem alguma indenização. Nessa área financeira, eles admitem que as pessoas foram vítimas, mas para o lado do tratamento, não admitem. Eu perdi a palma da mão, e parte do indicador direito e esquerdo. Eu tive que tratar oito doenças distintas, mas nenhuma delas era associada ao acidente oficialmente. Até 2010 a gente recebia medicação para tratar algumas doenças, mas, desde então, estamos sem receber esse tratamento", contou Odesson.

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Trabalhadores do Crisa reivindicam mais assistência do governo (Foto: Cirilo Aquino Batista/Arquivo Pessoal)

A Secretaria Estadual de Saúde estima que cerca de 1.200 pessoas são atendidas pelo Centro de Assistência aos Radioacidentados (Cara), recebendo atendimento em várias especialidades médicas e assistência psicológica. Também são realizadas visitas domiciliares às vítimas e monitoramento dos efeitos tardios da radiação.

Ao todo, segundo a secretaria, 530 pessoas recebem pensões estaduais no valor de cerca de R$ 750 cada, 250 recebem benefícios federais e 130 acumulam as duas. O governo tem um estudo para aumentar o valor, mas não há uma definição de qual a nova quantia e nem quando ela seria concedida.

Com relação aos trabalhadores do Crisa, o governo os reconhece como “trabalhadores de áreas já descontaminadas”, enquadrando-os no terceiro grupo de assistidos. Entretanto, segundo a secretaria, não há nenhuma diferença no tratamento recebido por eles em relação às vítimas dos outros dois grupos.


Sobre a medicação, o órgão explicou que não deixou de disponibilizar nenhum medicamento da farmácia básica e outros de alto custo através da Central de Medicamentos Juarez Barbosa. Entretanto, qualquer outra demanda deve passar por um processo de judicialização.

O governo informa ainda que está em fase de finalização um painel em memória às vítimas do césio-137 que será entregue na inauguração do Hospital do Servidor Público de Goiás.

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Trabalhadores do Crisa atuaram na retirada de lixo radioativo durante o acidente com césio-137 (Foto: Cirilo Aquino Batista/Arquivo Pessoal)
 
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Símbolo do acidente com o césio-137, Leide das Neves é lembrada com carinho por parentes: 'Era muito alegre'

Menina de 6 anos foi uma das quatro pessoas que morreram por causa da contaminação com o material radioativo, há 30 anos, em Goiânia.



Símbolo da tragédia com o césio-137, ocorrido há 30 anos, em Goiânia, a menina Leide das Neves Ferreira, de 6 anos, foi uma das quatro pessoas que morreram por causa da contaminação com o material radioativo. Tia da criança, a dona de casa Luiza Odet dos Santos, 58 anos, morava no mesmo lote que a sobrinha e se recorda com carinho da menina que sonhava em ser modelo e estava sempre com um sorriso no rosto.

“Ela era muito alegre, brincalhona, queria ser modelo e era muito bonita mesmo. A primeira coisa que faziam para descontaminar era tirar o cabelo, e me lembro de que ela perguntou se o cabelo ia crescer de novo. Ela se preocupava muito com o cabelo dela”, contou ao G1.

O G1 Goiás publica nesta semana uma série de reportagens sobre os 30 anos do acidente com o césio-137, em Goiânia.

O acidente começou na manhã de um domingo, dia 13 de setembro de 1987, quando a peça de chumbo e metal, que tinha a cápsula de césio no meio, foi levada do antigo Instituto Goiano de Radiologia, na Avenida Paranaíba, para a casa de um dos catadores, na Rua 57, no Centro de Goiânia. Dias depois, a peça foi revendida para Devair Ferreira e, em 24 de setembro, o irmão dele e pai da Leide, Ivo Alves Ferreira, foi visitá-lo e levou fragmentos de césio para a casa da família.

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Leide das Neves se tornou símbolo da tragédia com o césio-137 (Foto: Reprodução / TV Anhanguera)

No mesmo dia em que Leide foi contaminada, Luiza Odet também teve contato com o césio-137, justamente, por causa de um pedido da sobrinha. A dona de casa se recorda com riqueza de detalhes do dia 24 de setembro.

“A Leide me chamou: ‘Titia, vem ver a pedrinha brilhante que o papai trouxe’. Aí eu entrei no quarto, e ela mesma apagou a luz. Realmente, brilhava muito, parecia até soltar raios”, se recorda.

Luiza Odet conta que o pai de Leide também estava no quarto e passou o papel em que tinha colocado o césio pelo corpo da prima para que ela “ficasse bonita”. Onde houve contato, a dona de casa sofreu lesões.

Em seguida, Luiza Odet pegou uma pedrinha e levou para casa. Foi quando o marido dela, Kardec Sebastião dos Santos, 61 anos, foi contaminado acidentalmente, pois não se interessou pelo material.

Luiza Odet acredita que, por um milagre, os quatro filhos dela não tiveram contato direto com o césio. “Nesse dia, não sei o motivo, meus meninos não brincaram junto com a Leide, se tivessem brincado, teriam se contaminado muito também. Hoje também me marca muito que tive de parar de amamentar minha filha mais nova aos 7 meses, se mamasse, eu tenho certeza que não tinha mais minha filha porque caiu césio no meu seio, tive lesão aberta, e ela ia ingerir”, ressaltou.

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Luiza Odet guarda recortes de jornais da época do acidente (Foto: Paula Resende/ G1)


Descontaminação
Ao todo, foi constatada a contaminação pelo césio-137 em 249 pessoas. Neste grupo, 129 tinham rastros da substância interna e externa ao organismo. A Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen) calculou ainda que 49 pessoas foram hospitalizadas, sendo que 20 necessitaram de cuidados médicos intensivos.

Luiza Odet, Kardec, Ivo e Leide estão entre as 14 pessoas que foram transferidas de Goiânia para o Hospital Marcilio Dias, no Rio de Janeiro, para a descontaminação. “Eu não tinha noção do que era, não imaginava que a gente ia ficar hospitalizado o tempo que ficamos isolados”, se recorda Luiza.

De acordo com a dona de casa, apesar da gravidade do quadro de saúde, Leide das Neves continuava espalhando alegria na unidade de saúde. “Ela ganhava muitos brinquedinhos, pegava bandejinha e fazia de conta que servia cafezinho nos quartos. Ela ia mancando porque tinha uma lesão na sola do pé”, relata.

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Leide das Neves não resistiu à contaminação (Foto: Reprodução/ TV Anhanguera)


Tio de Leide e irmão de Ivo, Odesson Alves Ferreira conta que a preocupação da menina com o pai marcou muito o irmão. “Se ela percebia que ele estava chorando, perguntava o motivo, e ele dizia: ‘Não é nada, é cisco que caiu no olho´. E ela dizia: ‘Fica tranquilo, estou bem’. Mas ela já estava prostrada”, diz.


No mesmo dia da morte de Leide, 23 de outubro de 1987, morreu Maria Gabriela Ferreira, de 37 anos, tia da menina e mulher de Devair. Foi ela quem decidiu levar o aparelho de radioterapia à Vigilância Sanitária, quando se descobriu o tragédia.

Naquela mesma semana, faleceram também dois jovens, Israel Batista dos Santo, de 22 anos, e Admilson Alves de Souza, de 18. Estes quatro mortos são os únicos contabilizados pelos dados oficiais, que reconhecem ainda que outros quatro tiveram danos na medula óssea e oito tiveram síndrome de radiação aguda.


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Pai de Leide das Neves, Ivo resistiu à contaminação, mas não se conformava com a morte da filha e morreu anos depois (Foto: Carlos Costa/ O Popular)


Depressão
Apesar de terem sobrevivido na época, Ivo e Devair se sentiam culpados pelo acidente, tiveram depressão e, segundo Odesson, perderam amor pela vida. Eles morreram anos depois.

“O Ivo passou a fumar seis maços de cigarro por dia, muito retraído, cabisbaixo, não fez questão de lutar pela vida, morreu novo com enfisema pulmonar, por revolta. Assim como o Devair, que morreu com cirrose, se achava culpado pela família toda ter ficado contaminada”, lamenta Odesson.


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Tio de Leide e irmão de Ivo, Odesson Ferreira tem sequelas do contato com o césio (Foto: Vitor Santana/G1)


Mãe de Leide, Lourdes das Neves sobreviveu. Porém, ainda sofre muito ao relembrar da tragédia e, por isso, preferiu não dar mais entrevistas neste período. Além dela, dois irmãos da criança estão vivos, sendo que um deles não chegou a ser contaminado.

Luiza Odet conta que a tragédia "mexeu com o psicológico de todo mundo". "Ainda existe preconceito, pessoas mal informadas. Ainda falo sobre isso porque isso não pode cair no esquecimento. Nós sofremos emocionalmente, fisicamente", conclui.


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Marido de Luiza Odet, Kardec Sebastião dos Santos sofreu radioqueimaduras no braço por causa do contato com o césio e teve de fazer enxerto em Goiânia, Goiás (Foto: Paula Resende/ G1)


Além de perder amigos e parentes, as pessoas contaminadas perderam bens, de roupas à casas inteiras. Luiza Odet, por exemplo, restou com poucas foto da época, que foram descontaminadas pelos técnicos.

Ao todo, são 6 mil toneladas de restos infectados. O espaço onde estão os rejeitos fica em uma área de 32 alqueires, dentro do Parque Estadual Telma Otergal, às margens da BR-060. Lá foi construído o Centro Regional de Ciências Nucleares do Centro Oeste (CRCN-CO).


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Kardec e Luiza Odet se consideram sobreviventes e lidam juntos com as consequências da tragédia com o césio-137 (Foto: Paula Resende/ G1)
 
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Motorista revela que fez vasectomia por medo de ter filhos com sequelas do césio-137, em Goiânia

Odesson Alves é tio de Leide das Neves, primeira vítima fatal do acidente, ocorrido em 1987.


O motorista Odesson Alves Ferreira, tio da menina Leide das Neves, primeira vítima fatal do acidente com o césio-137 em Goiânia, revelou, nesta quarta-feira (13), trinta anos depois da tragédia, que fez vasectomia por medo de ter filhos com sequelas ocasionadas pela radiação. Ele teve a mão queimada por parte dos 19 gramas de césio e diz que carrega a história “cravada no peito”.

Três décadas depois, Odesson diz que tenta, a todo momento, ocupar a mente para não se lembrar do acidente. “Eu não fico quieto, eu procuro sempre estar fazendo alguma coisa, para não pensar no que aconteceu, para não pensar no acidente. Por causa do acidente eu tinha medo de gerar um filho com problemas, e eu não queria gerar isso para ninguém, por isso eu fiz vasectomia”.

“Tudo isto a gente tem cravado no peito, gravado na mente”, disse o motorista.

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G1 Goiás publica nesta semana uma série de reportagens sobre os 30 anos do acidente com o césio-137, em Goiânia.

O acidente aconteceu após dois catadores de materiais recicláveis encontrarem um aparelho de radioterapia abandonado em uma antiga clínica de radiologia. Eles começaram a desmontar o equipamento em casa e, na sequência, o venderam a um ferro-velho, onde foi feita a descoberta do pó que brilhava à noite. Oficialmente, quatro pessoas morreram vítimas do pó azul radioativo, entre elas a menina Leide das Neves, de 6 anos, e outras 249 tiveram algum tipo de contaminação.

Odesson e outras vítimas do acidente voltaram, trinta anos depois, aos locais ligados ao acidente radiológico com o césio-137 e relembraram os momentos traumáticos que viveram em setembro de 1987. Muitos carregam até hoje sequelas, tanto físicas quanto psicológicas, após terem contato direta ou indiretamente com o material.

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Odesson Ferreira foi uma das pessoas afetadas pelo acidente com o césio-137, em Goiânia, Goiás (Foto: Vitor Santana/G1)

Em entrevista ao G1, o motorista, parente de três mortos do acidente: tio de Leide, cunhado de Maria Gabriela, e irmão de Devair, afirmou que, na época do acidente, foi "lavado como uma Kombi" no processo de descontaminação, realizado, na época, no Estádio Olímpico, no Centro de Goiânia.

“Dentro dos vestiários, as pessoas eram lavadas como se lava um carro. Usavam vassouras, muita água, sabão e esfregavam. Usavam uma mangueira com um jato bem forte. Fui lavado como uma Kombi”, diz Odesson.

Ele é irmão de Devair, dono do ferro-velho onde a cápsula do césio-137 foi retirada, e de Ivo, que levou o material radioativo para casa e mostrou para os parentes, inclusive a filha, Leide das Neves, símbolo da tragédia e que morreu após fazer um lanche com as mãos sujas com o pó azul.

Ele, que era motorista de ônibus na época, lembra-se da fila que se formou indo da Avenida Paranaíba, contornando o estádio e chegando à entrada de jogadores. Todos eram monitorados: as pessoas que estavam mais contaminadas iam para dentro do gramado. As que estavam com níveis mais baixos iam para as arquibancadas, e outras eram liberadas.

“Eu, por exemplo, fui para casa vestido com um avental descartável, porque minha roupa, sapato, uniforme da empresa onde eu trabalhava, tudo ficou aqui, no dia 30 de setembro”, disse.


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Leide das Neves, sobrinha de Odesson, morreu durante tratamento de descontaminação (Foto: Reprodução/ TV Anhanguera)


https://g1.globo.com/goias/cesio30a...os-com-sequelas-do-cesio-137-em-goiania.ghtml
 
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thiago_rariz

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Excelente tópico. E que acidente bizarro. Não tinha regra pra descarte do material na época? quem eram os responsáveis?
 

dk120

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Material radioativo no lixo. Parabéns a todos envolvidos.
 

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q m****, ate hoje tenho mo medo disso, era criança quando isso aconteceu (e foi aqui perto, moro em anapolis, lol).

Material radioativo no lixo. Parabéns a todos envolvidos.

de um desconto pois os envolvidos eram todos pobres e ignorantes. nao tinham sequer ideia de que o pozinho azul brilhante era algo extremamente perigoso (chegaram ao absurdo de dar um pouco pra filha brincar...). vi numa entrevista o pai ja todo careca e fodido pelo cancer explicando q nao sabia o q era aquilo, so achou interessante e pegou.
 

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Tenso... Se hoje já seria um pânico geral imagine naquela época onde não havia internet e com pouca informação.
 

doraemondigimon

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E, enquanto isso, eu estou fazendo parte da equipe que está trabalhando DIRETAMENTE neste evento dos 30 anos do Césio 137, além de conversar com um MONTE de gente relacionada a isso e que vai lá no Sindicato onde trabalho pra fazer suas reuniões!

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1º dia - Apresentação de filmes e debates, além do depimento da Srª Junko, sobrevivente da catástrofe ocorrida no Japão o lançamento da bomba atômica em Hiroshima. SÓ O DEPOIMENTO DELA JÁ É ALGO EXTREMAMENTE FORTE (e garanto que TODOS naquele recinto choraram com tudo o que ela disse)

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2º dia - Mostra de imagens anti radiação e no final, uma foto do imbecil que vos tecla....
 

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Nao tava no lixo. Os "catadores de recicláveis" entravam em lugares abandonados e roubavam coisas de lá pra revender pro ferro-velho.

Sim, mas de qualquer jeito largar m um predio abandonado não é procedimento correto de descarte. O erro deles nao ameniza o erro da empresa.
 

doutordoom

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Um caso impressionante e lamentável. Eu era uma criança quando aconteceu.

Também já estive no local onde armazenam os rejeitos, pois cheguei a prestar serviços lá no sistema de ponto que os funcionários utilizavam.

Enviado de meu XT1033 usando Tapatalk
 

dk120

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Nao tava no lixo. Os "catadores de recicláveis" entravam em lugares abandonados e roubavam coisas de lá pra revender pro ferro-velho.

Conta sendo irresponsável. O catador pode ter feito besteira, mas o aparelho deveria ter sido recolhido e não abandonado.
 

Metal God

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Estado deixa uma máquina com material radioativo abandonado. O cidadão, que sabe que aquilo não é dele, apesar de abandonado, furta o objeto com intuito de lucrar. Mesmo vendo na carcaça o símbolo de material radioativo, o cidadão de bem abre sem maiores cuidados, como se a advertência de radioativadade não fosse nada. Resultado: tragédia.

É claro que a situação é de muita tristeza, mas não podemos esquecer de lembrar também os motivos que fazem as coisas acontecerem. No caso, negligência do poder governamental e a mania da população ganhar dinheiro fazendo a coisa errada sem pensar nas conquências.
 

tiagobronson

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Esse episódio do césio retrata bem a ignorancia da população e dos governantes do Brasil.

Uma pena!
 

doraemondigimon

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Sim, mas de qualquer jeito largar m um predio abandonado não é procedimento correto de descarte. O erro deles nao ameniza o erro da empresa.

Meu pai trabalhava no prédio que HOJE se encontra abandonado, uma quadra acima de onde estava o equipamento. Era a sede da antiga OSEGO (Organização de Saúde do Estado de Goiás), que no início da década de 90, viria a se tornar o SUS, abrangendo a OSEGO, o INPS e o INAMPS (não me perguntem sobre isso porque mal conheço as coisas da OSEGO...)

Na quadra em questão, havia um hospital (que foi demolido), uma capelinha (que ainda persiste e insiste em continuar lá!) e o laboratório onde estava a peça. Na demolição, não se sabe o porque cargas d'água aconteceu, deixaram 3 ou 4 cômodos SEM DEMOLIR (um deles era onde estava o maquinário). Segundo o meu pai ele sempre falava que aquilo foi o maior erro (isso era ANTES do acidente) justamente porque aquilo atraia gente pra dentro dos cômodos para usar drogas, sexo (aparecia muitas prostitutas na região), medo de assaltantes (tanto que roubaram o fusca do meu pai na época e ele sempre achou que eram as pessoas que estavam 'mocozadas' por lá) e fedia demais.

DEPOIS de algum tempo do acidente, o cômodo foi demolido e começaram a construir o CCGO (Centro de Convenções de Goiânia). A terra referente a área foi completamente removida pra fazer o estacionamento de 4 andares pra baixo, então a região se tornou.... Ahem.... Segura (nesse aspecto), mas quem conhece Goiânia e lembra do que houve, ainda sente um 'quê' de medo e receio.

Eu tenho lembranças de ver o cômodo (nessa época, eu ia com meu pai para a OSEGO de bicicleta com ele, pra gente aproveitar e sair rodando Goiânia, que não tinha um trânsito tão CHATO quanto é hoje!), de perguntar pra ele o que era e ele sempre me falar "não entre lá. Você só vai encontrar muita dor de cabeça..."
 
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