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A Apple ronda o Brasil

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A Apple ronda o Brasil | 27.03.2008 | 20h12
Representante da empresa esteve no Brasil no início do ano para sondar a produção local do iPhone e de iPods

PublicidadePor Camila Fusco
EXAME O Brasil nunca foi um mercado estratégico para os produtos da Apple. Alta carga tributária, mercado ilegal de PCs beirando 45% das vendas e as estonteantes taxas de contrabando de MP3 players — estima-se que 90% dos iPods vendidos no país sejam importados ilegalmente — nunca permitiram que o país aparecesse no radar de Steve Jobs. A própria Apple nunca se empenhou para isso e parecia não se importar de estar entre poucos e privilegiados brasileiros. Tanto é que mantém até hoje menos de dez funcionários contratados no escritório local, representante de modesto 0,1% do faturamento mundial – ou cerca de 24 milhões de dólares dos quase 24 bilhões de dólares conquistados globalmente em 2007. Mas a condição de lanterna na lista de prioridades da Apple está próxima de mudar para o Brasil. O potencial do mercado brasileiro de absorção de celulares de alta tecnologia despertou o interesse da empresa, que sondou o governo federal para conseguir incentivos fiscais e eventualmente produzir por aqui um de seus produtos mais cobiçados: o iPhone.

A primeira aproximação aconteceu em dezembro, quando a empresa enviou sua gerente-sênior de assuntos governamentais para a América Latina, Susan Cronin, diretamente a Brasília. Ela se reuniu com representantes da Presidência da República, da Casa Civil, e dos ministérios da Fazenda e das Comunicações, na tentativa de obter vantagens fiscais semelhantes às de que desfrutam os fabricantes de computadores. “A Apple sondou incentivos de importação para trazer o iPhone mais barato ao país e chegou até a oferecer como contrapartida o investimento de 5% do faturamento em pesquisa e desenvolvimento, como fazem as empresas beneficiadas pela Lei de Informática. Mas o governo não deu sinal positivo porque não teria como justificar a concessão para uma empresa que não produz aqui”, revelou um dos participantes da negociação, que pediu para não ser identificado. Cronin não conseguiu nenhum avanço significativo na primeira visita, mas prometeu voltar.

Essa negativa inicial do governo brasileiro não significa que a Apple tenha desistido, muito pelo contrário. Por trás da estratégia que busca colocar o Brasil na rota estratégica mundial da empresa está Carlos DeVries, nomeado gerente geral da empresa na América Latina em março do ano passado. O executivo — escolhido pela experiência na Palm, onde coordenou o fortalecimento das operações regionais — está empenhado em fazer com que a Apple deixe o perfil discreto de atuação na região e encontre no Brasil uma de suas principais oportunidades. Para montar seu time de ataque ao varejo, DeVries trouxe outros dois executivos da ex-empresa: Alexandre Szapiro, hoje gerente geral da Apple no Brasil e Rodrigo Tozzi, para a gerência de marketing. Szapiro já havia estruturado a Palm para produzir equipamentos por aqui (a manufatura era terceirizada com a Celéstica), e seu principal objetivo seria replicar o trabalho também na Apple.

Segundo executivos ligados aos profissionais, DeVries vendeu pessoalmente na matriz, em Cupertino, a idéia de que a Apple deveria adotar a fabricação terceirizada no Brasil. Mas a falta de escala para os produtos da marca e os altos investimentos necessários para a produção local fizeram o conselho titubear quanto à aprovação do plano. A estratégia, então, foi dividir a estratégia de entrada no Brasil em duas partes: primeiro, a Apple tenta ganhar participação no mercado brasileiro com o lançamento do iPhone em parceria com uma operadora, como tem feito em todo o mundo. Caso o volume fosse alto o suficiente — as estimativas são de 80 000 aparelhos por mês, ou quase 1 milhão de unidades em um ano —, começariam os planos concretos para a fabricação no país. Informações preliminares sobre a produção local a Apple já tem. Também em dezembro, seus executivos locais visitaram a Flextronics, em Sorocaba, e sondaram a Celéstica.

O ponto essencial dessa estratégia, claro, é lançar o iPhone no Brasil. A Apple só vende os aparelhos em parcerias exclusivas com operadoras. O nome da Vivo, do grupo Telefonica, é o mais mencionado nos bastidores das empresas de telecomunicações. A especulação — e por enquanto não se trata de nada mais que isso — tem algum sentido quando se sabe que a a O2, parceira britânica da Apple, também pertence à Telefônica. Outro possível fator que pode despertar o interesse da Apple é o tamanho do mercado brasileiro, o sexto maior do mundo, segundo a União Internacional das Telecomunicações. O mais recente lançamento do iPhone aconteceu na Áustria, no dia 13 de março. Em abril, devem começar as vendas na Irlanda. Combinadas, as populações dos dois países é de pouco mais de 12 milhões de pessoas — apenas um décimo do mercado brasileiro de telefones móveis.

Mas o iPhone é um aparelho sofisticado, que só alcançaria o topo da pirâmide dos consumidores. Uma venda de 1 milhão de unidades em um ano significaria abocanhar metade do mercado do país para aparelhos de alta tecnologia: em 2007, foram vendidos 2,2 milhões de smartphones no país. Calcula-se que um iPhone importado chegue custando cerca de 1 000 reais, sem contar aí um obrigatório plano de dados e um compromisso de fidelidade com a operadora de um ano, no mínimo. Caso o volume inicial se confirme e a Apple decida produzir o aparelho por aqui, com incentivos fiscais, o preço poderia cair dramaticamente, pois a cascata de impostos sobre esse tipo de importado chega a 67% dos valores cobrados no varejo.

A estruturação de uma fábrica local agrada muito aos integrantes do governo, sobretudo em virtude da possibilidade de geração de empregos e transferência de tecnologia. “Seria muito importante para o país uma parceria com uma empresa local de manufatura, já que o acordo significaria investimentos significativos também em pesquisa em desenvolvimento”, diz o deputado Julio Semeghini (PSDB-SP). Até hoje a Apple já vendeu 3,7 milhões de iPhones no mundo. A empresa foi procurada por EXAME, mas não quis se pronunciar. Caso a estratégia prevista pelas operadoras de telefonia celular dê certo, a Apple não terá porque se decepcionar e poderá ainda mais engordar esses números. E o Brasil, poderá, enfim, deixar a condição de patinho feio.


http://portalexame.abril.uol.com.br/tecnologia/m0155639.html
 
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