Curioso que não fala qual o curso em que o indivíduo se formou.
Me permite trazer política ao tópico?
Não consegui encontrar, mas lembro de uma reportagem (à sério) dos distantes anos 2015/2016 de uma americana que entrou numa dívida enorme, impagável, para se formar em Estudo de Gênero e agora, ninguém a contratava e ela trabalhava de fritar hambúrguer numa empresa estilo McDonald's.
A culpa, claro, do governo e da sociedade machista opressora e dos bancos capitalistas.
Temos um problema sério no Brasil. Os anos PT tiveram como uma de suas vitrines o aumento no número de formandos no ensino superior.
"Oras, quanto mais pessoas com ensino superior, melhor, não é?"
Não necessariamente. Citei o caso (real) da americana porque se encaixa como uma luva na questão brasileira.
A gente passou a formar muito mais gente. Mas não houve melhoria de qualidade, houve?
Então, estamos formando engenheiros, hoje no Brasil, com a mesma qualidade e capacidade que formávamos técnicos em 1990.
Eu sou formado em curso técnico. Acabei indo fazer História, porque em 2000/2001 vivíamos o terror da desindustrialização.
Acabei não gostando de dar aulas (não por dar aulas, mas pelo ambiente e salário) e voltei pra indústria. Comecei a fazer engenharia. As matérias do primeiro ano eram as mesmas matérias do segundo ano de meu ensino técnico.
Eu, com 30 anos, casado e trabalhando, praticamente só relembrava matérias que matavam a cabeça de jovens solteiros que viviam com os pais e podiam estudar o dia todo.
Ou seja, o segundo grau não formava pré-universitarios em 2010 com a mesma qualidade que formava em 1990!
E de lá pra cá, não parece que melhorou.
Basicamente, como antes o estudante estudava 8 anos no primeiro grau, mais 3 no segundo, ensinava-se X conteúdo (e já se reclamava que era menos conteúdo que nos anos 80!) porque dali ele iria ao mercado de trabalho e a mudança da educação fez o aluno estudar 9 anos no primeiro grau (ou seja lá qual for o nome que tem hoje) mais 3 anos no segundo, preparando ele para a faculdade, não para a vida adulta e mercado de trabalho. Aí, mais 4/5 anos de ensino superior... E só aí se preparava ele para o mercado de trabalho.
Pior, dependendo da faculdade/universidade, ainda criavam ojeriza do jovem ao mercado de trabalho, o fazendo achar que estava prestando um favor ao se oferecer para trabalhar na empresa.
O mercado ficou inundado de formando com menor capacidade, com a mentalidade que ele fazia um favor pra empresa.
Aí, não, obrigado. Melhor pegar um universitário (de baixa qualidade) e oferecer uma vaga a ele de segundo grau ou mesmo primeiro grau, porque essa é a capacidade real que ele vale.
O aumento do número de estudantes, com menor capacidade, só piorou a situação.
Mesmo que você tenha uma ótima faculdade, pelo número de formandos batendo cabeça, não vão te dar o emprego que acha que merece, até porque você achar e você merecer não são a mesma coisa e menos ainda, te darão o salário que espera, já que a.oferta de mão de obra diminui o valor da mesma.
Mais ainda. Ainda trabalho numa grande indústria. Já começou - timidamente - um movimento para pegar gente mais velha mas que você pode confiar que gente recém formada com a mentalidade de "Sou formado, mereço ganhar bem só por isso".
Sério, estamos falando de jovem que começa a trabalhar, sabendo que pelas regras da empresa, ele só pode trocar se função com 1 ano de experiência.
Aí ele entra, não ganha o que acha que merece. Mas não produz quanto ganha (é a galera que sempre chega atrasada e a culpa é do trânsito, do ônibus, do horário mas nunca decide sair 15 minutos mais cedo de casa e se você só aconselhar eles a saírem mais cedo de casa, pode entrar no compliance por assédio!!!) e, depois de seis meses vai embora. Ou fica fazendo corpo mole porque não recebe quanto merece.
Enfim, se não arrumarem a educação, não vamos mudar esse cenário. E não tem muita gente propondo nenhuma melhoria pra educação.