A minha "defesa ideológica" neste tópico é a das grandes economias capitalistas do mundo que tem sistema de saúde pública sem custo adicional: França, Japão, Austrália, Reino Unido, Canadá, Russia etc.
Seu espantalho não tem poder aqui.
Quanta besteira. Para começo de conversa, os países com os mais eficientes modelos de saúde no mundo, usam o modelo
Bismarckiano, ou seja, é fornecido e administrado de forma privada, o governo apenas impõe os planos individuais aos cidadãos e paga pelos mais pobres.
Provavelmente você não tem ideia do que seja isso, já que está claramente palpitando sobre o tema para fazer valer sua ideologia asquerosa, usando dessas mentiras.
Então, senta aí que
papai Cafetão vai te dar uma
aula, para você nunca mais trazer esses
espantalhos socialistas replicados no Brasil 247, e travestidos de boas intenções liberais aqui.
Existem dois modelos principais
vigentes de saúde, na maior parte dos países:
A primeira é orientada na concepção de
Otto von Bismarck, denominada bismarckiana, enquanto a segunda é conhecida como modelo
beveridgiano. A diferença entre essas duas concepções pode ser observada no caráter, na forma de contribuição e no financiamento desses sistemas.
No primeiro modelo, temos uma contribuição individual. Neste modelo, aqueles que não podem contribuir acabam sem o benefício (e a estes resta o apoio da família, da igreja e outros tipos de caridade) ou recorrem a alguns programas governamentais paliativos.
Já o modelo
beveridgiano, por outro lado, não exige contribuição individual anterior para a obtenção do benefício básico, bastando que a pessoa seja um cidadão do país que adote este modelo. Seu financiamento se dá por impostos gerais e incorpora, portanto, mecanismos
redistributivos.
Recentemente, esse
artigo analisou 34 países do ponto de vista de seu desempenho no ranking de consumo de saúde (dados de 2010) e observou que os países que apresentam o sistema "bismarckiano" se saem muito melhor do que os que são organizados pelo modelo de
Beveridge.
"Indeed, if you look at how they rank the various health systems in Western Europe, the supremacy of competing insurance over single-payer systems is pretty clear: (1)
Netherlands; (2)
Germany; (3) Iceland; (4)
France; (5)
Switzerland; (6)
Austria; (7) Denmark; (8)
Luxembourg; (9) Sweden; (10)
Belgium; (11) Norway; (12) Finland; (13) Ireland; (14) Italy; (15) United Kingdom; (16) Greece; (17) Spain; (18) Portugal. In case you were wondering, the ‘Bismarck’ countries are in bold."
E por que isso ocorre?
O sistema bismarckiano ao menos permite concorrência entre os fornecedores de seguros. Consequentemente, os países que adotam esse modelo tendem a ter um desempenho ainda melhor quando o fornecimento de saúde está organizado de forma independente do fornecimento do seguro para o seu financiamento. Ou seja, quando serviços médicos e serviços de planos de saúde não estão arranjados sob a mesma regulamentação.
Isso explica também por que os planos de saúde brasileiros funcionam
bem pior do que os sistemas de seguro para outras eventualidades. Como sinistro de automóveis, por exemplo. Na segunda situação, o paciente procura o profissional de sua escolha e é reembolsado após o acionamento do serviço.
A livre escolha do serviço de saúde permite um funcionamento mais próximo do nosso modelo ideal de livre mercado, arranjo no qual a competitividade é fundamental para garantir a qualidade da prestação do serviço e a redução dos custos.
Já o modelo
beveridgiano, cujo exemplo é o Canadá, além do SUS, não permite que haja escolha entre os seguradores e tende a criar ineficiência, burocracia sem limites e um serviço que geralmente não atende às necessidades do usuário.
No caso do SUS, a situação é
ainda pior que a do Canadá, pois o fornecimento da saúde é
também estatal, com
hospitais do governo e médicos contratados como
funcionários públicos, o que não ocorre no
Canadá.
O país com a melhor avaliação de sistema de saúde, por vários anos seguidos, é a
Holanda. De um lado, o governo holandês obriga todas as pessoas a comprar um pacote mínimo de saúde de seguradoras particulares. O fato de o serviço ser de aquisição compulsória é um arranjo corporativista que faz a alegria dessas empresas privadas. No entanto, tal arranjo ao menos é melhor do que a estatização completa do serviço. No caso holandês, as seguradoras privadas competem entre si por consumidores por meio da oferta de preços e serviços.
Portanto, desmonto sua falácia de que países citados por você como França, não tem nenhuma contribuição individual.
Agora eu vou demonstrar o porque de, quanto mais uma saúde é socializada, pior ela funciona. (e porque o sistema beveridgiano é menos eficiente e pior do que o bismarckiano)
Antes de responder a isso, quero esclarecer quando digo: "
o estado é ineficiente para prover serviços".
Ignorando as questões
éticas e morais (a saúde e a educação são
bens e não "direitos", e portanto é
imoral você obrigar alguém a pagar por você).
Essa dúvida é comum. Vamos lá:
Os
serviços estatais podem funcionar com alguma qualidade. Isso é fato. Assim como qualquer
serviço público pode funcionar a contento dos cidadãos. É só dar uma volta pela Europa que se constata isso facilmente. Não é esse o ponto. A questão é a
eficiência:
A palavra eficiente tem a ver com o que se
entrega, dado um certo custo. E a
eficiência é útil quando usada de forma
comparativa:
Ser mais eficiente é
entregar mais pelo mesmo custo, ou entregar a mesma coisa por um custo mais baixo.
O fato é que dado um país, os serviços prestados pelo Estado são, na
absoluta maioria dos casos,
menos eficientes que os serviços prestados de forma
privada. Ou menos eficientes do que seriam os serviços prestados de forma privada num mercado livre. Esse também é o principal motivo pelo qual o
socialismo sempre fracassa, e termina em fome generalizada e colapso econômico.
E por quê?
Porque:
a) O serviço público carece das características que
elevem constantemente a eficiência: o olho do dono, a concorrência, a busca pelo lucro. Enfim: todos os dias o empreendedor acorda e pensa: como posso fazer mais com um custo menor?
b) Como o serviço público gere o dinheiro alheio, ele necessita de sistemas de controle maiores, que têm um custo.
c) Num sistema monopolizado pelo estado (ou fornecido pelo Estado a
custo zero), não há
livre formação de preços. Então os preços não
refletem as preferências dos consumidores, o que impede o planejamento eficiente do serviço ofertado. Preços são informação. Se eu pago, estou dizendo:
faça mais disso.
d) Se
custo = zero, a demanda tende para o
infinito. Isso gera a necessidade de um
racionamento. Daí as filas de espera nos hospitais públicos em todo o mundo.
e) Como o dinheiro é alheio, geralmente há mais
corrupção no serviço público. Quanto mais moral for a cultura do país em questão,
menor este efeito. Mas
sempre a corrupção é maior no sistema público...
Vamos pegar como exemplo a
Espanha. A Espanha tem um dos melhores sistemas de saúde do mundo (OECD). Terceiro melhor da Europa.
A saúde pode funcionar bem na Espanha, mas seu custo é com certeza maior do que o sistema
privado equivalente. Esse dinheiro extra tirado da população à força na forma de impostos torna
todos mais pobres. O excesso de governo na Espanha faz com que a economia não
decole. Devem quase 90% do PIB, e o desemprego é da ordem de 24% (50% entre os com menos de 30 anos).
Compare por exemplo o sistema de saúde do Canadá
(todo público), com o da Alemanha
(não é um livre-mercado, mas é todo fornecido e administrado de forma privada, o governo apenas impõe aos cidadãos e paga pelos mais pobres):
Esse estudo do
Fraser Institute, compara a eficiência da saúde entre os dois países.
https://web.archive.org/web/2014080...itute.org/research-news/display.aspx?id=21166
Note que, se eu tenho um orçamento X para a saúde, e o aplico no sistema menos
eficiente, eu estou matando pessoas
desnecessariamente. E isso é muito sério! É por isso que é impossível pedir que saúde educação sejam geridos pelo Estado. São coisas importantes demais para delegar ao sistema menos eficiente.
Para o estado, ineficiente por natureza, oferecer um bom
serviço, ele terá de
confiscar recursos
a taxas crescentes de seus cidadãos e empresas. Isso gerará efeitos deletérios sobre toda a economia.
No caso
espanhol, é impossível isso ser mais
óbvio: quem está arcando com tudo são os
20% de desempregados (uma das
maiores taxas do mundo), que não encontram emprego porque as empresas e os patrões estão sufocados com a carga tributária necessária para bancar esse oásis.
Não se pode simplesmente ignorar essa realidade e sair dizendo que a saúde espanhola é
ótima, invejável, não gera
efeitos colaterais e deve ser copiada. Os efeitos colaterais estão aí, e são óbvios.
Para a saúde estatal ser "
ótima", muitos têm de bancá-la. O estranho seria, aí sim, ter essa saúde estatal perfeita e, ainda assim, ter um desemprego baixo, uma
economia bombante e ninguém mais estar arcando com um
passivo por causa disso.
Isso é uma boa troca? Se você acha que sim, então pronto.
Se vale a pena ter uma saúde estatal "boa" em troca de 20% de desemprego e uma economia estagnada, então fim do debate.
Não há nada de estranho ou de diferente na situação espanhola. Para o estado fornecer um "bom" serviço, há vários que estão pagando essa conta. E de maneira
dolorosa.
Agora, se a saúde estatal espanhola fosse realmente perfeita e, ao mesmo tempo, toda a economia passasse incólume por isso, sem ninguém estar sendo prejudicado de uma forma ou de outra (como os 20% de
desempregados espanhóis), aí sim haveria algo de errado e surreal. Aí sim a ciência econômica estaria
refutada.
Entenda esse básico: a economia é a ciência da
escassez. Se há uma entidade confiscando recursos para bancar um serviço universal, aqueles de quem esses recursos estão sendo confiscados (empreendedores e capitalistas) serão
afetados. E, ao serem afetados, outras pessoas também serão (trabalhadores que ficarão desempregados).
Caso isso não ocorresse, a escassez estaria
abolida e estaríamos vivendo na abundância
plena. O
Jardim do Éden (que socialistas já acreditam em que estamos agora)
É exatamente isso o que a
ciência econômica explica. Para o estado, ineficiente por natureza, oferecer um bom serviço, ele terá de confiscar recursos a taxas crescentes de seus cidadãos produtivos. Isso gerará efeitos deletérios sobre toda a economia. No caso espanhol é impossível isso ser mais óbvio.
E isso tem consequências ainda piores em países que não se desenvolveram (graças justamente a não terem adotado modelos capitalistas e de livre mercado).
Endividamento crescente, juros altos e economia estagnada serão as inevitáveis consequências.
Aí alguém diz:
"eu sinceramente não ligaria de pagar imposto pra sustentar um serviço público como o espanhol".
Se eu fosse um espanhol com um
bom emprego, com
estabilidade, e ganhando
bem, também iria querer exatamente este arranjo. Estou arrumado na vida e ainda tenho a minha saúde custeada pelos
pobres e desempregados. Isso deve ser
bem gostoso.
(Na economia, tudo é uma questão de escolha).
É difícil não pensar aqui nas disparidades entre Canadá e Estados Unidos - precisamente dois representantes da social-democracia e do liberalismo respectivamente, ambos de primeiro mundo, colados no mesmo continente e divididos apenas por uma fronteira. No Canadá, ainda que (obviamente) de maneira imperfeita, a saúde (pública) funciona - já nos Estados Unidos, ela ocupa a "prestigiosa" mesma posição que a Eslovênia.
Fazendo aqui um exercício mental puramente abstrato, utópico e com pretensões universalistas, o que importa mesmo, momentaneamente abstraído das suas realistas condições empíricas objetivas é, podemos dizer, "viver bem" e realizar-se profissionalmente. Todo o resto é mais ou menos balela. Na verdade, iria até além: o que importa MESMO é descobrir a nossa vocação na vida que "todo o resto nos será adicionado", como nos diria a sabedoria bíblica. É um problema tipicamente estúpido liberal que, na sua obsessão com a sua famigerada "freedom of choice", sejamos constantemente bombardeados com "opções" que não acabam mais.
Mas, sinceramente, quanto menos estupidez eu tiver que escolher e com a qual tiver de me preocupar, mais liberdade eu sinto para me dedicar àquilo que verdadeiramente importa - às minhas paixões de ofício, etc. Por mim, novamente falando de uma fictícia posição abstrata utópica ideal, o Estado deveria nos "alienar" do máximo de atribuições possíveis. Se a suprema atribuição do Estado está em (racional e legalmente) organizar a vida humana em sociedade, então que ele o faça aqui também. Eu quero apenas poder contar com médicos e um tratamento rápido e adequado quando eu estiver doente.
No Canadá, ainda que com os seus próprios problemas, isto ainda funciona. De maneira alguma eu gostaria da "freedom of choice" aqui. Abdicaria dela num piscar de olhos. O modelo (ainda que utópico) de sociedade deveria ser aquela que nos garante segurança, saúde, emprego e transporte público de qualidade. Eu abdicaria totalmente de um salário elevado se a mim fosse garantido que eu poderia ter o posto de trabalho que eu sempre desejei.
A prioridade da maioria das pessoas é estupidamente invertida - querem apenas segurança (o que é compreensível) e mediocridade (o que, numa perspectiva um pouco mais "existencialista", onde plenamente assumimos o peso do chamado de nossa própria liberdade, não é). O Estado deveria nos garantir "apenas" um garantido (e seletivo) espaço de alienação racional-legal para que pudéssemos dedicar as nossas vidas o máximo possível à perseguição dos nossos ideais, e não dos seus impostores arremedos renegados e renegociados.
Quem porventura achar que países social-democratas (como a Noruega) são todos necessariamente pouco competitivos no mercado internacional, está profundamente enganado - os países escandinavos, que não são mais tão social-democratas como já foram um dia, mas ainda são melhores do que a maioria, estão sempre entre os mais competitivos do planeta. Até um tempo atrás, a Noruega disputava até o topo da tabela. Sim, não somos nem a Noruega e nem a Europa, mas ainda precisamos, sim, continuar a pensar e a ousar cautelosamente.
Duas
falácias absurdas aí. Tenha mais cuidado ao trazer essas mentiras replicadas no
Carta Capital. Aqui elas serão facilmente
desmontadas.
Primeiro que o sistema de
saúde americano, passa longe, muito longe de ser um sistema de mercado ou "liberal". Os planos são extremamente regulamentados e existem regras que impedem a concorrência de planos entre estados.
Outra, a mais de meio século, desde a criação da "great society" com Lindon Johnson e a ampliação do estado de bem-estar social americano, existem programas governamentais como
Medicaid e
Medicare para a saúde. Esses são programas que consomem mais de 10% do PIB dos EUA. É um mito dizer que a saúde dos EUA não é socializada. Esse artigo do Mercado Popular desmente essa mito.
http://mercadopopular.org/2015/07/mentiram-para-voce-sobre-o-sistema-de-saude-dos-estados-unidos/
Segundo que a saúde do Canadá passa longe de ser
eficiente, sequer boa.
O
Fraser Institute também tem um estudo comparando a eficiência da saúde canadense com a de países no modelo Bismarck. Coincidentemente, os países que se saem pior na análise são justamente os dois com os sistemas de saúde mais estatizados (
Canadá e Inglaterra):
https://www.fraserinstitute.org/studies/how-canadian-health-care-differs-from-other-systems
https://www.fraserinstitute.org/sites/default/files/how-canadian-health-care-differs-prerelease.pdf
O sistema de saúde do Canadá, é "tão bom" que milhares saem de lá e vão para os EUA todo ano para receber tratamento:
http://dailycaller.com/2014/01/16/r...ds-fled-socialized-canadian-medicine-in-2013/
https://www.fraserinstitute.org/studies/waiting-your-turn-wait-times-for-health-care-in-canada-2017
E divirta-se com esse vídeo. Com o Nobel
Paul Krugman passando vergonha ao perguntar para os canadenses, sobre a "qualidade" da saúde canadense:
Mais um artigo sobre a eficiência da saúde alemã:
https://www.fraserinstitute.org/blo...ivate-sector-to-deliver-universal-health-care