texto do meu irmão:
O Chevrolet Camaro é um carro desejado por nove entre dez entusiastas de automóveis, particularmente, tive a sorte de ter a oportunidade de guiar esse ícone por uma meia centena de quilômetros e posso garantir que foi uma inesquecível experiência.
Relativamente barato para os padrões de automóveis esportivos importados à venda no Brasil, e com a garantia local do fabricante, rapidamente o Camaro tomou conta do cenário das baladas mais caras do Brasil, e chegou a ser tema de uma enfadonha musiqueta do chamado sertanejo universitário. A mistura entre jovens de cabeça vazia e automóveis de alto desempenho geralmente não encontra resultado positivo.
Com isso, o automóvel também chegou a mãos, digamos, erradas, e começou a ser usado como mero objeto de ostentação sob o controle dos pés dessa gente não tão habilidosa no ato de dirigir um automóvel dessa estirpe. A mídia, ao mesmo tempo, colabora negativamente adicionando uma fama demoníaca ao modelo, como se qualquer pessoa ao volante de um Camaro fosse um completo irresponsável.
O último episódio “Camaronesco” aconteceu na Paraíba, onde um Chevrolet Camaro, supostamente acima dos 200 km/h atingiu um Fiat Elba em uma rodovia federal daquele estado, a BR-230, próxima da cidade de Campina Grande. A Manchete do jornal G1 já destaca: Carro de luxo.
E parte do que eu considero problema começa na preocupação em ressaltar o valor do automóvel, ou sua condição de automóvel de luxo ou esportivo. Também há uma insistência em ressaltar o fato de que, quase sempre, nos acidentes em que está inserido o Chevrolet Camaro, o motorista sofrer apenas escoriações leves e os demais se ferirem gravemente, quando não morrem.
Sinceramente, nada mais natural: O Camaro vendido no Brasil é o segundo modelo mais caro da linha, perdendo apenas para o exclusivo ZL1. Portanto, é equipado com o icônico motor Chevrolet bloco pequeno de oito cilindros em “V”, gerando pouco mais de 400 cavalos de potência máxima. Acelerando de zero a 100 km/h em poucos segundos, chegar aos 200 km/h é uma tarefa simples para esse automóvel.
Esses números de desempenho exigem um nível de segurança compatível, por esse motivo, o Camaro possui diversas bolsas de ar, freios com sistema antibloqueio, controle de tração e ainda uma carroceria preparada para fortes impactos. Tudo que se espera, e também se paga, por um automóvel da categoria.
Triste notar que os motoristas brasileiros talvez não estejam preparados para dirigir um automóvel desse porte, pois as autoescolas, e todo o trâmite para alguém se tornar habilitado à dirigir, tenham a eficiência de enxugar gelo no verão. Ninguém deixa o exame de avaliação da CNH realmente preparado para o ato de dirigir, menos ainda para domar uma fera.
Enquanto continuarmos a desviar o foco do problema, avaliando o motorista em velocidades de 40 km/h e estipular velocidades máximas irrisórias em rodovias, nas cidades com instalação semáforos e quebra molas, em um completo exercício de idiotização do motorista brasileiro, vamos continuar acompanhando notícias de acidentes que poderiam ser evitados se houvesse melhor preparação do motorista, fiscalização séria das autoridades do trânsito e eficiência na punição de quem comete crimes de trânsito.
O Chevrolet Camaro não mata ninguém, os responsáveis por causar os acidentes devem ser punidos no vigor da Lei, o que nunca acontece para gente com poder aquisitivo para ter na garagem um automóvel que encosta na faixa dos duzentos mil reais.
http://raphaelhagi.wordpress.com/2012/08/20/mais-um-acidente-envolvendo-um-camaro/
Perfeito.