Pack Man
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Dizem – e ninguém sabe ao certo se foi assim – que o rapaz, um jovem pastor beduíno, jogou dentro da caverna uma pedra. A ovelha que estava lá dentro não se assustou, não saiu. Mas Muhammed edh-Dhib – Muhammed, o lobo – ouviu o barulho de um vaso se quebrando. Entrou naquela caverna à beira do Mar Morto.Lá encontrou uma penca de jarros, todos entulhados com pergaminhos manuscritos. O rapaz não sabia, mas o texto estava em um dialeto antigo de hebraico. Mais tarde, identificariam, além de hebraico, também havia textos em aramaico e até alguma coisa em grego clássico.
Foi uma das maiores descobertas da história da arqueologia no Oriente Médio.
Em abril de 1948, um amigo do jovem Muhammed, tendo à mão alguns rasgos dos pergaminhos, foi à Jerusalém vender seu achado por uns trocados. Ir até a capital não deve ter sido tarefa fácil ou segura, a Guerra da Independência tinha acabado de virar e ficara óbvio, para os árabes, que não conseguiriam derrotar o nascente Estado judaico.
Ninguém sabe ao certo quem era Muhammed. Depois da venda, muitos o procuraram apenas para descobrir que gente com o nome do profeta e apelido de lobo havia os montes entre os beduínos. Há o temor de que o uso inicial daqueles rolos de couro tenha sido como lenha. Quanto talvez não tenha sido perdido até que um dos garotos decidiu tentar a sorte na rua dos Antiquários.
Ao longo da década seguinte, arqueólogos encontraram rolos em mais 10 cavernas, um total de 800 documentos. Não há quase nada inteiro, a maioria são fragmentos. Datam do século 2aC até o 1dC. Dizem uma enormidade.
A data é muito simbólica porque, descobertos no momento da fundação de Israel, os pergaminhos, papiros e até placa de cobre inscrita falam da época em que os judeus foram expulsos de sua terra. Provavelmente foram guardados naquelas cavernas justamente para que sobrevivessem à destruição – saques, pilhagens, incêndios – que as legiões de romanos traziam. Representavam, coletivamente, os textos sagrados e a memória do povo então sendo expulso.
Não se sabe muito sobre esta época, que também é a época em que andou por aquela terra Jesus. Daí a importância dos pergaminhos.
Não havia uma Torá unificada, o que havia eram os textos sagrados. Não havia um judaísmo – havia vários. Fariseus, saduceus, essênios, zelotes, todos partidos ou seitas ou grupos sociais que defendiam uma visão diferente de qual era o caminho para sua religião. Não era, portanto, um período estranho para um homem erguer a cabeça e dizer que recebera de Deus a missão de apontar o caminho certo. Muitos o faziam.
Nenhum dos documentos cita Jesus Cristo. Mas algumas das descrições de rituais de batismo essênios, que não eram conhecidos até então, muito se parecem com o ritual levado a cabo por João Batista. A própria relação entre os diversos grupos judaicos ficou mais clara a partir da leitura dos documentos. Lá também estão trechos inteiros, os mais antigos conhecidos, de livros que estão na Bíblia cristã.
O tom apocalíptico, que o cristianismo herdou, também está dentre os pergaminhos do Mar Morto. Um dos textos mais bem conservados é o que fala da Guerra dos filhos da luz contra os filhos das trevas, uma profecia ignorada pelo judaísmo contemporâneo, pelo cristianismo e pelo Islã, mas que deve ter mexido com muitos à época. É uma guerra que acontecerá, travada entre demônios, Deus e os homens que ficam do lado de um e do lado do outro.
A idéia de que a civilização como a conheciam estava para acabar era muito forte na virada para o primeiro século da era comum. Jesus falava literalmente quando dizia que o mundo estava para acabar. Não à toa: acabou mesmo, com a invasão romana, com o Segundo Templo posto abaixo e um exílio imposto a tantos. Os pergaminhos são o testamento daquele povo, uma série de documentos ainda estudada para compreender como nasceu a maior religião do mundo.
Foi uma das maiores descobertas da história da arqueologia no Oriente Médio.
Em abril de 1948, um amigo do jovem Muhammed, tendo à mão alguns rasgos dos pergaminhos, foi à Jerusalém vender seu achado por uns trocados. Ir até a capital não deve ter sido tarefa fácil ou segura, a Guerra da Independência tinha acabado de virar e ficara óbvio, para os árabes, que não conseguiriam derrotar o nascente Estado judaico.
Ninguém sabe ao certo quem era Muhammed. Depois da venda, muitos o procuraram apenas para descobrir que gente com o nome do profeta e apelido de lobo havia os montes entre os beduínos. Há o temor de que o uso inicial daqueles rolos de couro tenha sido como lenha. Quanto talvez não tenha sido perdido até que um dos garotos decidiu tentar a sorte na rua dos Antiquários.
Ao longo da década seguinte, arqueólogos encontraram rolos em mais 10 cavernas, um total de 800 documentos. Não há quase nada inteiro, a maioria são fragmentos. Datam do século 2aC até o 1dC. Dizem uma enormidade.
A data é muito simbólica porque, descobertos no momento da fundação de Israel, os pergaminhos, papiros e até placa de cobre inscrita falam da época em que os judeus foram expulsos de sua terra. Provavelmente foram guardados naquelas cavernas justamente para que sobrevivessem à destruição – saques, pilhagens, incêndios – que as legiões de romanos traziam. Representavam, coletivamente, os textos sagrados e a memória do povo então sendo expulso.
Não se sabe muito sobre esta época, que também é a época em que andou por aquela terra Jesus. Daí a importância dos pergaminhos.
Não havia uma Torá unificada, o que havia eram os textos sagrados. Não havia um judaísmo – havia vários. Fariseus, saduceus, essênios, zelotes, todos partidos ou seitas ou grupos sociais que defendiam uma visão diferente de qual era o caminho para sua religião. Não era, portanto, um período estranho para um homem erguer a cabeça e dizer que recebera de Deus a missão de apontar o caminho certo. Muitos o faziam.
Nenhum dos documentos cita Jesus Cristo. Mas algumas das descrições de rituais de batismo essênios, que não eram conhecidos até então, muito se parecem com o ritual levado a cabo por João Batista. A própria relação entre os diversos grupos judaicos ficou mais clara a partir da leitura dos documentos. Lá também estão trechos inteiros, os mais antigos conhecidos, de livros que estão na Bíblia cristã.
O tom apocalíptico, que o cristianismo herdou, também está dentre os pergaminhos do Mar Morto. Um dos textos mais bem conservados é o que fala da Guerra dos filhos da luz contra os filhos das trevas, uma profecia ignorada pelo judaísmo contemporâneo, pelo cristianismo e pelo Islã, mas que deve ter mexido com muitos à época. É uma guerra que acontecerá, travada entre demônios, Deus e os homens que ficam do lado de um e do lado do outro.
A idéia de que a civilização como a conheciam estava para acabar era muito forte na virada para o primeiro século da era comum. Jesus falava literalmente quando dizia que o mundo estava para acabar. Não à toa: acabou mesmo, com a invasão romana, com o Segundo Templo posto abaixo e um exílio imposto a tantos. Os pergaminhos são o testamento daquele povo, uma série de documentos ainda estudada para compreender como nasceu a maior religião do mundo.