O que há de Novo?
Fórum Outer Space - O maior fórum de games do Brasil

Registre uma conta gratuita hoje para se tornar um membro! Uma vez conectado, você poderá participar neste site adicionando seus próprios tópicos e postagens, além de se conectar com outros membros por meio de sua própria caixa de entrada privada!

  • Anunciando os planos GOLD no Fórum Outer Space
    Visitante, agora você pode ajudar o Fórum Outer Space e receber alguns recursos exclusivos, incluindo navegação sem anúncios e dois temas exclusivos. Veja os detalhes aqui.


Razzee

Bam-bam-bam
Mensagens
1.292
Reações
4.237
Pontos
453
Ficha do jogo:
Data de lançamento original: 1 de outubro de 2009 (JP)
Gênero: RPG
Jogadores: um jogador
Desenvolvedoras: Idea Factory, Nippon Ichi Software, Gust
Publicadoras: Idea Factory (JP), NIS America (WW)
Plataforma: PlayStation 3

Trinity Universe foi lançado originalmente para PlayStation 3 em 1 de outubro de 2009 no Japão, em junho do ano seguinte nas demais regiões, e permanece até hoje um exclusivo da plataforma, além de nunca ter sido disponibilizado em formato digital.

Sendo a culminação do trabalho de três grandes desenvolvedoras, Idea Factory, responsável pela série Hyperdimension Neptunia, Gust de Atelier e Nippon Ichi Software de Disgaea, o título consiste em um crossover composto por personagens originais e outros provindos destas conhecidas franquias, mesclando elementos de RPG e visual novel. A premissa até aqui não soa diferente do que veio a ser Cross Edge, lançado um ano antes, encabeçado pela Idea Factory e seguindo o mesmo conceito de crossover. A diferença vital entre ambos, no entanto, é que Cross Edge foi concebido no formato 2D, com cenários em 3D, e duramente criticado pelos seus gráficos datados e sistema de combate convoluto. Trinity Universe tenta, por outro lado, proporcionar uma experiência de certa forma mais prazerosa e fácil ao jogador comum, descartando a necessidade de religiosamente seguir guias para chegar ao final verdadeiro, além de grind excessivo por XP.



Agora podendo analisar a sua recepção em retrospectiva, mesmo para o período em que fora lançado, o jogo estava atrasado tecnicamente em certos departamentos, como a ausência de interação com NPCs ordinários, nula oportunidade de exploração e outros motivos pelos quais recebeu notas medianas. Independentemente disso, sua existência abriu margem para a produção de Hyperdimension Neptunia (2010), que é essencialmente uma cópia, alterando apenas os personagens e sistema de combate (para pior, julgo). Serviu como stepping stone para o nascimento de Neptune e companhia, que são hoje figuras conhecidas por quaisquer fãs de jogos japoneses de nicho. Enfim, escrevo a análise deste jogo buscando ressaltar seus pontos positivos e, claro, os negativos, e a importância de sua concepção, mesmo doze anos depois de seu lançamento.

Antes de imergirmos na história do jogo, nos é oferecida a opção de escolher que papel queremos assumir no playthrough inicial. De um lado temos o Demon Dog King Kanata e do outro a Valkyria Rizelea, ambos protagonistas originais, vistos apenas neste jogo. Ambas as narrativas ocorrem paralelamente, com sutis diferenças consistindo nos estilos de combate de cada um, e quais personagens originais ou provindos de Disgaea e Atelier os acompanham. Os protagonistas assumem bandeiras opostas e estão em constante conflito no decorrer da trama, mas eventualmente juntam forças para alcançar um objetivo em comum.

1362962-tuscreen1.jpg


A estória toma forma no Netheruniverse, onde dungeons e objetos estão sempre em órbita e surgem de forma aleatória para que possam vir a ser de uso para nossos protagonistas. Trocadilhos e piadas infames dignas de jogos japoneses não faltam, e vale mencionar que o trabalho de localização da NIS America foi muito competente neste quesito. Apesar da estória em si ser rasa e pouco memorável, a nível de um anime genérico, cumpre seu papel no que diz respeito a manter o jogador entretido.

Taxá-lo de uma mesclagem de RPG e visual novel não seria uma descrição digna. O jogo resgata um sistema de combate hack n’ slash muito similar ao de Cross Edge, porém mais simplificado e acessível. Temos uma quantidade estabelecida de tempo e AP (Action Points) para utilizar ataques, assignados a três diferentes botões, podendo desencadear habilidades poderosas que somam o potencial de dois ou mais personagens. É extremamente gratificante.

No estilo clássico, os encontros com inimigos em dungeons são engatilhados de forma aleatória, sem que os mesmos estejam visíveis ao jogador que explora a dungeon, e o jogo oferece uma forma de ignorar encontros por um tempo limitado. Cada dungeon possui um núcleo que, ao ser destruído, dá início a um tempo-limite para o jogador deixá-la, caso contrário a mesma segue em direção aos confins do universo, com a sua party dentro, que fica à mercê da boa vontade de um disco voador para voltar para casa. Como já dito, o jogo segue um estilo de progressão mais orgânico, requisitando pouco ou nenhum grind por XP por parte do jogador.

1362964-tuscreen3.jpg


No departamento gráfico, podemos citar o que o distingue do título que o precedeu, com personagens e cenários representados em três dimensões. Embora a modelagem 3D de alguns personagens deixe a desejar em alguns aspectos, dando a impressão de que são feitos de cera, a estética é convincente o suficiente. O jogo visivelmente poderia rodar num PlayStation 2, contudo, jogadores de RPG geralmente não colocam esse aspecto num altar.

O que realmente destaca Trinity Universe de outros jogos no estilo visual novel é a aderência ao que a NIS America descreve como “Active Animation Adventure”, um sistema que consiste em representar os personagens em sprites 2D animados em tempo real (utilizando a tecnologia MotionPortrait, cujo propósito original é animar fotos de pessoas). Isso significa que podemos ver os personagens respirando, piscando os olhos, movendo seus membros e alternando expressões sem a brusca transição de um sprite para o outro, característica comum de visual novels. Esta é uma qualidade que a Idea Factory felizmente levou adiante e podemos vislumbrar em outros títulos seus como Hyperdimension Neptunia, que veio à tona logo após este jogo. O estilo da ilustradora Tsunako é sempre exaltado e um colírio para os olhos, por assim dizer.

Os inimigos modelados aqui são originais, o que significa que não os veremos novamente noutro título. Uma característica muito comum de jogos da Compile Heart é a reciclagem de assets, e por isso notamos a presença de um monstro em Hyperdimension Neptunia Victory (relevante à estória!) que já foi visto em Blazing Souls, um jogo que sequer faz parte da mesma franquia. As dungeons, por outro lado, embora originais, não oferecem uma variedade muito ampla.

1362966-tuscreen5.jpg


Em termos sonoros, o jogo é bem quisto. Toda linha de diálogo, caso o jogador tenha optado pelo áudio original em japonês, é dublada, o que é extremamente incomum em jogos que não são puramente visual novels. As músicas, por mais que nota-se um remix aqui e outro ali, são capazes de transmitir a sensação almejada pelo compositor, para aquele determinado momento. Por mais que a música de abertura do jogo seja muito bem feita e viciante, ouvi-la por horas e horas no menu principal pode incomodar a alguns, e por este motivo o jogo oferece suporte a reprodução de arquivo de áudio presente no disco rígido.

A parte técnica do jogo tem algumas ressalvas. Apesar dos gráficos pouco surpreendentes e datados para a plataforma em que se encontra, os tempos de loading em determinados momentos são bem longos, e nota-se uma queda na taxa de quadros por segundo quando a neblina de um Lurker (inimigo extremamente forte presente em cada dungeon) se aproxima.

O jogo não oferece a opção de instalar no disco rígido e um glitch gravíssimo notado por alguns, assim como aquele que os escreve, é a chance do PlayStation 3 travar completamente caso avancemos as páginas da galeria de CGs rápido o suficiente. Simplesmente inaceitável.

Conclusão

Apesar da soma das partes não o tornar num medalhão da plataforma, Trinity Universe trouxe inovações no que tange originalidade, com um sistema de combate simples e divertido, assim como a introdução de um método mais orgânico de portar as sprites de personagens dentro do estilo visual novel. O jogo é capaz de arrancar várias risadas de fãs das franquias Disgaea (quem não gosta de Prinnies?) e Atelier, e é uma das poucas oportunidades que tivemos de ver a imaginária interação de personagens de diferentes séries que gostamos. Um grande problema que se faz presente em Cross Edge e até mesmo em Hyperdimension Neptunia, que veio depois, é a falta de interação com NPCs comuns, que não são os nossos personagens jogáveis. Isso deixa a impressão de que os personagens vivem numa bolha, e não num universo amplo criado para o jogo. Temos a dona da loja, Macaroon, e só. Trívia: ela é um boss de side-quest em HDN.

Veredito

Uma vez que três grandes companhias estiveram envolvidas no desenvolvimento deste jogo, o resultado final não condiz com o orçamento que penso ter sido destinado a produzi-lo. Por fim, Trinity Universe apresenta certas falhas técnicas e conceituais, mas é extremamente divertido e, no fim das contas, isso é o que realmente importa. Fãs das franquias referenciadas irão se sentir em casa, e demais jogadores que vierem a usufruir do jogo não serão desapontados.

Nota: 7.5/10

Jogo analisado em fevereiro de 2019 com uma cópia física obtida legalmente.
 
Ultima Edição:
Topo Fundo