@Darth Mario
Sobre se espelhar em outros países
Se objeto da discussão fosse o anarcocapitalismo, ok, não tem como se espelhar em nenhum país porque é um modelo que nunca foi aplicado. Eu só acharia extremamente bizarro acreditar que o Brasil poderia ser "pioneiro" nisso, mas tudo bem.
Mas não é esse o objeto dessa discussão em específico, e sim, a sonegação. E não há nada de novidade na sonegação, muito pelo contrário, pois é perfeitamente possível avaliar o grau de sonegação e a força do aparato de fiscalização estatal nos vários municípios, estados, na esfera federal e nos países ao redor do mundo. Então não estamos partindo do desconhecido, já que existem dados para serem colhidos e avaliados.
Argumentos que envolvem a ética
O problema aqui é que vocês partem da crença de que existe uma espécie de ética universal deduzida através da lógica. É um pacote completo, e quando alguém discorda de um ponto, logo vocês partem para os exemplos extremos como a escravidão como se a pessoa fosse aceitar isso, já que aceita aquela outra coisa que foi objeto da discordância.
Nessa ética de vocês, imposto é roubo, portanto sonega-lo é moral.
Eu discordo disso. Então para vocês, com essa discordância eu compactuo em transgredir a ética, e portanto, também compactuaria com a escravidão e etc. Mas não, eu tenho a minha própria ética, e certamente todos nós temos a mesma opinião no que se refere a questões de direitos humanos tão básicos.
Quase sempre é um erro achar que você está debatendo com alguém que não tem ética. É claro que, por uma questão sim de lógica, a não escravidão tem que fazer parte de qualquer ética. No entanto, é fácil dizer o que é ético e o que não é ético em relação a exemplos extremos, só que existe uma zona cinzenta que é justamente onde a ética das pessoas variam. O que é legítimo. Eu duvido muito que duas pessoas tenham exatamente a mesma ética para tudo, elas provavelmente apenas não adentraram o suficiente na zona cinzenta para encontrarem as discordâncias.
Então a superficialidade e o exemplos extremos, nesse assunto da ética, não dizem nada sobre ninguém. Acaba sendo usado apenas como uma arma difamatória.
Mais impostos ou menos impostos
Eu não defendo "mais impostos", ou que o Estado vai gastar melhor esse dinheiro. Na verdade, eu tenho forte convicção de que não, o Estado vai gastar muito pior o dinheiro do imposto que eventualmente possa ser sonegado e gastado de forma privada.
Calma que eu explico.
No que adianta sabotar uma parte da arrecadação estatal, se o Estado não vai cortar gastos, não vai realizar reformas, não vai modernizar, e certamente os políticos não vão abrir mão de seus esquemas? O resultado é sempre o mesmo aqui no Brasil, ou aumenta-se os impostos para o povo, ou o Estado se endivida e todo mundo sabe quem paga a conta no final.
Então o dinheiro sonegado que ficou com empresários, acaba sendo compensado pelo Estado ao parasitar ainda mais o povo.
Há ainda uma terceira possibilidade, pois se esses empresários não se aliarem aos políticos, estarão sujeitos a uma retaliação do Estado através de multas, confisco, embaraço burocrático e tal.
O problema da lógica de vocês é que ela para na página 1 (o dinheiro fica para o empresário e não vai para o Estado). Porém há todo um livro pela frente, que é onde entram esses meus argumentos.
Ninguém pediu o Estado para construir essa infraestrutura ou serviço.
E por que utilizam de forma pública, então?
Se querem deixar de pagar, deveriam encarar como se fosse privado, e portanto, não utilizar.
Que o sujeito procure algum lugar no mundo que aceite as suas condições.
E isso é uma mentira sua, muitos serviços não são utilizados pela população mas ela ainda é obrigada a pagar.
A justificativa sempre é "você não utiliza mas outras pessoas usam".
Como se houvesse algum contrato com a minha permissão para sustentar outras pessoas, e como se houvesse transparência no processo para eu saber onde, quando e para quem o dinheiro está sendo repassado.
Esse é o modo funcional que as sociedades pelo mundo todo se organizam.
Se querem um novo modo de organização, lutem por isso. Conquistem pessoas, construam movimentos políticos ou revolucionários. Se você acha que é um direito seu poder escolher que o seu dinheiro seja exclusivamente usado apenas para o que você usar, tudo bem, é uma opinião sua.
Para mim, atender todas demandas individuais, que o sujeito tem os seus motivos para se achar no direito, seria uma forma inviável de se organizar como sociedade.
Eu posso achar que é um direito meu não respirar nenhuma fração de poluição, e portanto, classificar como agressão qualquer partícula de poluição que entre em meus pulmões, eu estando numa área pública ou na minha propriedade privada.
Se eu imponho que a sociedade se organize para atender essa minha demanda, não vai existir indústria num raio bem grande da minha residência. E nem automóveis. Ou seja, é inviável se organizar para isso.