@Hitmanbadass aqui vou tentar falar sobre uma perspectiva austríaca, e talvez um pouco histórica também sem ser historicista, do porque trabalhadores "se fodem" no sentido de trabalhar muito e ganhar pouco.
Parte 1 - Leis de mercado:
Primeiramente, é bom sabermos que, a questão de "se foder" não é universal. A felicidade absoluta, completa realização pessoal, é algo inalcançável, sempre, seja financeiramente, profissionalmente, afetivamente, etc, mas em algum ponto de sua vida, você terá algo que não está satisfatório, e quando fica satisfatório, você percebe que poderia talvez ser ainda melhor.
Esse desejo humano por melhorar, por sempre desejar ter mais conforto ou "felicidade", é tratado na praxeologia.
Bem, partindo de axiomas naturais, nosso corpo e mente, são nossas propriedade. São BENS que possuímos.
Da mesma forma, tudo que podemos produzir com nosso corpo e mente, ou seja, nosso TRABALHO, é um BEM como qualquer outro.
Como BEM, nosso trabalho também precisa se curvar a leis econômicas (o que é escravidão, senão o confisco do seu trabalho pelo uso da força).
Portanto, se você tem uma empresa que precisa de contador, ela vai valorizar muito o primeiro contador, se ainda precisa, vai valorizar o segundo, mas talvez no terceiro ou quarto ela passe a contratar estagiários, ou deixar pessoas por pouco tempo (3 meses por exemplo) e depois põe outro, deixando apenas o melhor como fixo para ensinar aos outros, etc.
O mercado (as pessoas) tambem enxerga isso, se voce tem um programador Java, ele é valorizado, se tem 1000, são valorizados, quando voce parte pros 100.000 pode já começar a valer menos e os salários baixam. Isso ocorre demais na area de TI, onde eh necessário muito conhecimento, porem nem sempre salario de acordo. É a falsa meritocracia, o valor do seu trabalho não é quanto voce se esforça, mas o quanto as pessoas valorizam seu trabalho. Por isso temos "Neymars" da vida ganhando fortunas
Bem, além disso, leis como escassez e oferta e procuram também agem quando nos referimos a trabalho.
Portando, uma grande oferta de profissionais, para um demanda baixa, gera salários menores. Mesmo que sejam profissionais super qualificados. Podemos ver isso no Brasil, com a "crise" no mercado de direito e engenharia. Onde surgiram muitas faculdades, muita gente se formou, mas o mercado não comporta essas pessoas, fazendo com que muitos "se virem" em outras funções ou mesmo fiquem desempregados (eu particularmente conheço advogado com OAB levando cachorro para passear).
De forma contrária, como seria lógico pensar, talentos escassos são mais valorizados, portanto, pessoas como (novamente) Neymar, ganham muito dinheiro. Pois as pessoas o percebem como "unico", ele possui um BEM (sua aptidão para o futebol) que ninguem mais tem. Outros profissionais de diversas profissões podem ser mais ou menso valorizados, de acordo com oferta x demanda e percepção de valor.
Depende também de, quem paga, perceber que essa pessoa, esse BEM de trabalho, vale para ele mais do que ele paga (opa, mais-valia kk). Se o Neymar rende X, quem paga para ele, percebe que ele gera um valor para sua empresa, maior do que X, que é o lucro. Se não fosse assim, não pagaria.
Parte 2 - Das barreias e distorções econômicas.
Então, porque, existem tantos trabalhos que pagam tão pouco?
É tudo uma questão de proporção. Lembrando, que alguns países tem nivel de vida bem melhor que o Brasil.
Se, uma empresa valoriza de acordo com a utilidade marginal e escassez, quantos mais profissionais ela precisa, mais ela terá a percepção de que valem mais. Quanto mais vagas, menos pessoas aceitando "qualquer coisa". Quanto mais empresas, mais ramos diferentes para as pessoas se especializarem, mais vagas, mais trabalho, etc.
Num livre mercado, mais pessoas podem empreender pois não existe nada que as impeça. Porem não temos livre mercado, temos centenas de leis e regulações, que tornam mais dificil, demorado e burocratico.
Lembra que o capitalista precisa acumular o capital, e esperar o retorno em 2-5 ou mais anos?
A burocracia e regulamentação excessiva, aumenta o capital necessário, reduz o que ele tem disponível, e portando exige que ele consiga retorno e menos tempo. Some-se a isso nos motivos normais de não conseguir levar a empresa a sempre, e você tem um país praticamente sem novas empresas.
No brasil em media novas empresas quebram antes e completarem 5 anos, por motivos diversos, seja por baixo conhecimento tecnico, não fazer boa analise de seu mercado, e, na parte de planejamento previo, não conseguir calcular direito o tempo de retorno de lucro.
Isso é uma BARREIRA, um desincentivo a que as pessoas empreendam.
Aqui tem um analise do SEBRAE sobre motivos comuns de fechamentos de empresas, eles não levam muito em conta a questão econômica e sim comercial e gestão.
Entre os motivos do documento citado, esta a falta de inovação e aperfeiçoamento de métodos, produtos, inovar, e capacitação de funcionários.
Novamente caímos aqui na questão econômica, surgem outras barreias econômicas, como taxas altas de importação para "proteger o produto nacional", que impedem a aquisição de novas tecnologias e equipamentos mais modernos. É caro "treinar" ou "dar cursos" porque, bem, tudo é caro com tanto imposto e regulamentação. Então, as barreiras tornam problemas que seriam comuns, muito maiores.
Como resolver?
Reduzir o maximo o numero de barreiras, de "coisas" que dificultam o empreendimento, de forma a existirem mais empresas, mais diversificadas, dando mais vagas e dessa forma mudando a proporção e a percepção das pessoas que empregam (utilidade).
Basicamente todos os países que tem bom nivel de vida, tem menos e menores barreiras economicas.