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Uma questão que muito me preocupa e não vejo solução é a questão de como lidaremos com a automação e desenvolvimento cada vez maior da inteligência artificial.
Não vejo nenhuma ocupação atual, estando imune a isto. Afinal não tem nada que, com a evolução da tecnologia uma máquina possa fazer mais e melhor que a gente.
Só que ao mesmo tempo isto leva a um paradoxo de uma crise sistêmica como nunca antes vista. A prevalência das máquinas deixaria cada vez mais gente sem emprego e sem ter como arcar com os produtos e serviços realizados de forma automata.
Alguém mais se preocupa com isto ou tem uma opinião formada sobre o assunto?
Cada robô desemprega 3 nos EUA, mas humanos terão vagas, indica estudo
Pau Barrena - 5.abr.2017/AFP
Robô multitarefas trabalha na montadora Gestamp Automocion na região de Barcelona
ANA ESTELA DE SOUSA PINTO
DE SÃO PAULO
Cada novo robô industrial por 1.000 trabalhadores instalado nos Estados Unidos desempregou três pessoas, segundo estudo recém-divulgado por Daron Acemoglu, professor do MIT (Massachusetts Institute of Technology), e Pascual Restrepo, da Universidade de Boston.
"Há muita especulação sobre o que pode acontecer quando os robôs chegarem. Decidimos ir além e investigar o que já está de fato ocorrendo", escrevem os dois na apresentação do trabalho.
De fato, as estimativas variam muito: de 9% dos empregos em risco nos próximos 20 anos nos países desenvolvidos, nos cálculos de Arnoud Arntz, da Universidade de Amsterdã, a 57%, na previsão do Banco Mundial, ambos sobre os países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, que reúne os países mais ricos do mundo).
Para medir o impacto real, Acemoglu e Restrepo estudaram regiões industrializadas dos EUA após a implantação de robôs classificados como "máquinas multitarefas reprogramáveis e controladas automaticamente".
Há hoje em operação nos EUA quase 1,8 robô por 1.000 trabalhadores -em 2010, era 1,4 e na virada do século, 0,7. A indústria que mais os usa é a automotiva (39%), seguida por eletrônicos (19%).
para mais e para menos
O trabalho de Acemoglu e Restrepo exclui outras tecnologias que podem substituir o trabalho humano (software ou máquinas mais simples) e decompõe o impacto dos robôs em duas vertentes: uma negativa, que ocorre diretamente sobre os trabalhadores, e outra positiva, com o aumento de produtividade da economia como um todo.
Nas regiões do país mais expostas às máquinas multitarefas -o centro-oeste americano e parte da Nova Inglaterra-, os economistas observaram redução significativa do emprego e do salário.
De 1990 a 2007, quando a taxa de robôs por 1.000 habitantes triplicou (de 0,4 para 1,2), cada nova máquina desempregou 6,2 trabalhadores (queda de 0,37 pontos percentuais da população ocupada) e os salários caíram 0,73%.
No país como um todo há consequências econômicas positivas, como a redução do custo de produção que pode beneficiar outros setores. Esse ganho, no entanto, depende de quão fácil é substituir os produtos e do mercado de trabalho em cada região.
Em seu estudo, Acemoglu e Restrepo calcularam que a possibilidade de substituição suaviza (pouco) o efeito sobre emprego e salário: a queda no emprego passa de 0,4 para 0,34 e a dos salários, de 0,75 para 0,5.
Considerada a repercussão positiva sobre outros setores, a redução final é de 3 demitidos para cada novo robô e redução de 0,25% no salário.
No total, segundo eles, foram desempregados entre 360 mil e 670 mil americanos desde a introdução das máquinas multitarefas no país, nos anos 1990.
O próximo passo do estudo será aperfeiçoar estimativas de impacto futuro.
Tomando como base o cenário mais agressivo do Boston Consulting Group de que o número de robôs industriais quadruplicaria até 2025, Acemoglu e Restrepo calculam uma perda de até 1,76 ponto percentual na taxa de ocupação e de até 2,6% na remuneração nessa década.
"É um efeito mensurável, mas é preciso notar que, mesmo no mais agressivo dos cenários, estamos falando sobre uma fração pequena do mercado de trabalho sendo afetado", escrevem.
"Nada respalda até o momento a visão de que novas tecnologias tornarão obsoleta a maior parte dos empregos e dos humanos."
Automação vai mudar a carreira de 16 milhões de brasileiros até 2030
FERNANDA PERRIN
DE SÃO PAULO
21/01/2018 02h00
1,6 mil
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A elite política e econômica global está preocupada com o futuro do trabalho.
Além das já conhecidas ameaças geopolíticas e ambientais, as transformações do mercado de trabalho também ganharam lugar de destaque na agenda do Fórum Econômico Mundial, que começa nesta terça-feira (23) em Davos, na Suíça.
Só no Brasil, 15,7 milhões de trabalhadores serão afetados pela automação até 2030, segundo estimativa da consultoria McKinsey.
Uma amostra recente foi o corte de 60 mil cargos públicos anunciado pelo governo Michel Temer este mês, boa parte em razão da obsolescência, como no caso de datilógrafos e digitadores.
No mundo, no período entre 2015 e 2020, o Fórum Econômico Mundial prevê a perda de 7,1 milhões de empregos, principalmente aqueles relacionados a funções administrativas e industriais.
A avaliação de especialistas da área é que o mercado de trabalho passa por uma grande reestruturação, semelhante à revolução industrial. A diferença é que agora tudo acontece muito mais rápido: desde 2010, o número de robôs industriais cresce a uma taxa de 9% ao ano, segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT).
No Brasil, cerca de 11.900 robôs industriais serão comercializados entre 2015 e 2020, segundo a Federação Internacional de Robótica.
A Roboris, que tem entre seus clientes a Embraer, é uma das fornecedoras que atuam no país. Segundo o presidente da empresa, Guilherme Souza, 30, o interesse da indústria brasileira pela automação vem crescendo.
Editoria de Arte/Folhapress
RECURSO ESCASSO Estimativa é de perda de 7 milhões de vagas e abertura de 2 milhões até 2020
"Acredito que os custos falam por si só, são um fator bem convincente. Mas, mais do que os custos, as empresas perceberam que se não aderissem a essa tecnologia, elas não seriam mais competitivas", afirma.
No mundo, entre 400 milhões e 800 milhões serão afetados pela automação até 2030, a depender do ritmo de avanço tecnológico, segundo a McKinsey. Isso equivale a algo entre 11% e 23% da população economicamente ativa global, calculada pela OIT em 3,5 bilhões de pessoas.
Isso não significa que todos perderão o emprego, mas que serão impactados em algum grau, que vai de desemprego a ter um "cobot" (colega de trabalho robô com quem divide as funções).
'DE HUMANOS'
A mudança é positiva na medida em que libera profissionais de tarefas monótonas, que por sua vez podem ser feitas com maior rapidez e eficiência quando automatizadas.
"A boa notícia é que fica claro que os trabalhos para humanos terão que envolver qualidades humanas, como criatividade", afirma José Manuel Salazar-Xirinachs, diretor regional da OIT para a América Latina e Caribe. "Isso soa muito legal, mas a questão é: quantos trabalhos para pessoas criativas serão gerados?", questiona.
O Fórum Econômico Mundial, por exemplo, projeta um aumento na demanda nas áreas de arquitetura, engenharia, computação e matemática, entre outras.
Esse incremento de vagas, contudo, não será suficiente para absorver quem perdeu o trabalho em outros setores, além de exigirem alta qualificação, avalia a organização.
Editoria de Arte/Folhapress
RECURSO ESCASSO Estimativa é de perda de 7 milhões de vagas e abertura de 2 milhões até 2020
DESIGUALDADE
Nesse cenário de extinção grande de trabalhos que exigem pouca qualificação e criação de um número menor que exige muita, a tendência é de aumento da desigualdade, alerta a OIT.
O fim de funções hoje exercidas pela população de baixa e média renda vai gerar desemprego e pressionar para baixo o salário das que restarem, diante da massa de pessoas buscando trabalho.
Mesmo quem tem uma visão mais positiva sobre o futuro, como a McKinsey, sugere a criação de uma renda básica universal (principal bandeira do petista Eduardo Suplicy) como uma opção diante do enxugamento de vagas de menor qualificação.
Um sintoma já perceptível desse processo é a queda ou estagnação da renda fruto de salários e capital em dois terços dos lares das economias avançadas entre 2005 e 2014, maior retrocesso desde os anos 1970, diz a consultoria.
Um caminho para contornar o problema é treinar a força de trabalho para que aqueles de menor qualificação profissional não fiquem para trás, diz o diretor da OIT.
"Os novos empregos que estão sendo criados demandam habilidades matemáticas, analíticas e digitais. Isso significa que é preciso treino vocacional", afirma. Ele cita como exemplo o Senai, cuja proposta é preparar mão de obra técnica para a indústria.
Estudo na Unicef divulgado em dezembro alerta para o risco da tecnologia digital transformar-se em um novo motor de desigualdade. Embora 1 em cada 3 usuários da internet seja uma criança, há ainda 346 milhões de jovens sem acesso ao mundo digital.
"Há uma forte preocupação com os trabalhadores de menor qualificação, em termos do impacto da tecnologia. Essas pessoas não são realmente alfabetizadas digitais, e não terão oportunidade para aprender habilidades específicas. Eles serão deixados para trás e terão uma empregabilidade muito pequena", diz Salazar, da OIT.
A velocidade com que as mudanças ocorrem demanda mudanças também na educação dos mais velhos, diante do prolongamento da vida profissional, na esteira do aumento da longevidade.
A automação não é a único motivo de preocupação. A emergência de novas relações profissionais fora do contrato tradicional é outro fator desestabilizador. Um novo grupo de pessoas cresce à margem dos direitos trabalhistas, classificados ora como "trabalhadores independentes", ora como "invisíveis" ou simplesmente "informais".
FLEXIBILIDADE
Segundo pesquisa feita pelo Fórum Econômico Mundial com diretores das áreas de recursos humanos em empresas de 15 países, 44% deles acreditam que o maior impacto no mercado hoje vem das mudanças no ambiente de trabalho, como home office, e nos arranjos flexíveis, como contratação de pessoas físicas para trabalhar por projeto (a chamada "pejotização ). O percentual é semelhante entre os brasileiros (42%).
Outra forma emergente de trabalho são os relacionados à "gig economy", como plataformas online e aplicativos –programadores freelance e motoristas de Uber entram nessa categoria.
A tendência é de que as empresas reduzam ao máximo o número de empregados fixos dentro do contrato tradicional, terceirizando para consultores o que for possível como forma de redução de custos e ganho de eficiência, segundo o Fórum Econômico Mundial.
Assim, embora a tecnologia gere uma demanda por novas atividades altamente qualificadas, como programação de um aplicativo, a probabilidade é que as empresas terceirizem a função, em vez de contratar diretamente esse profissional.
Gerenciamento de mídias sociais é um exemplo de função repassada a consultores, pagos por tarefa. Essa ausência do reconhecimento de uma relação de emprego faz a OIT classificar esse tipo de trabalho como "invisível".
Ainda não está claro se elas serão regulamentadas ou se cairão no trabalho informal, diz a OIT.
Já nos Estados Unidos e na Europa ganha força a classificação da categoria como "trabalhadores independentes", calculada em 162 milhões de pessoas pela consultoria McKinsey.
A reforma trabalhista feita no Brasil no final de 2017 tentou abarcar em parte essas mudanças, ao regulamentar o home office, por exemplo. Polêmicas, como a situação dos motoristas de Uber, contudo, persistem.
O NOVO E O VELHO
Um desafio extra para o Brasil é que ele precisa começar a lidar com essas questões novas ao mesmo tempo em que ainda não resolveu problemas antigos, como o alto índice de informalidade, que voltou a subir durante a crise e hoje atinge 44,6% dos trabalhadores, segundo o IBGE.
É preciso estender a cobertura da legislação ao "velho" e ao "novo" mercado, Salazar-Xirinachs, diretor regional da OIT para a América Latina e Caribe.
"O objetivo não é proteger o emprego em si, mas sim garantir os direitos trabalhistas clássicos mesmo que haja mais flexibilidade", diz.
Editoria de Arte/Folhapress
RECURSO ESCASSO Estimativa é de perda de 7 milhões de vagas e abertura de 2 milhões até 2020
Para o sociólogo Ruy Braga, professor da USP e autor dos livros "A Rebeldia do Precariado" (2017) e "A Política do Precariado" (2012), as novas formas de trabalho que surgem mascaram o avanço do velho subemprego.
Para ele, a reforma trabalhista, ao formalizar atividades de tempo parcial ou de curta duração, oficializa essa desestruturação do mercado.
"Do ponto de vista microeconômico, é bastante racional que você elimine cargos intermediários. Mas, do ponto de vista social, a coisa se complica, porque você vai ter menos empregos de qualidade e de maior renda. Consequentemente, uma sociedade mais polarizada, o que significa mais desigual e com dificuldades de se integrar", avalia.
Crianças começam a ser preparadas para a era da automação
Kayana Szymczak/New York Times
A pesquisadora Amanda Sullivan com crianças em acampamento organizado pela Universidade Tufts
Do "New York Times"
07/08/2017 02h00
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Amory Kahan, 7, queria saber a que horas viria o lanche. Harvey Borisy, 5, se queixava de um arranhão no cotovelo. E Declan Lewis, 8, não entendia porque o robô de madeira com duas rodas que ele estava programando não fazia o passo de dança prescrito. Ele suspirou: "Um passo para frente, um passo para trás, e aí ele para".
Declan tentou de novo, e o robô desta vez dançou sobre o tapete cinzento. "Ele dançou!", o menino disse, entusiasmado. Amanda Sullivan, uma das coordenadoras do acampamento e pesquisadora de pós-doutorado em tecnologia para a primeira infância, sorriu. "Eles estão resolvendo problemas de programação dos robôs", disse.
As crianças que participaram de um acampamento de verão realizado no mês passado pelo Grupo de Pesquisa e Desenvolvimento de Tecnologia da Universidade Tufts estavam aprendendo coisas típicas da infância: construir coisas com blocos de madeira, esperar por sua vez, perseverar apesar da frustração. E também estavam aprendendo as competências necessárias a vencer na economia automatizada, segundo os pesquisadores.
Avanços tecnológicos tornaram diversas profissões obsoletas nos últimos 10 anos –e os pesquisadores dizem que porções da maioria dos trabalhos serão automatizadas no futuro. Que cara terá o mercado de trabalho quando as crianças de hoje começarem a procurar emprego é algo talvez mais difícil de prever agora do que em qualquer momento da história recente.
Os empregos serão muito diferentes, mas não sabemos quais deles ainda existirão, o que será feito apenas por máquinas e que novas profissões serão criadas.
Kayana Szymczak/New York Times
Henry Sayre, 8, constrói robô em acampamento promovido por universidade
Para se preparar, as crianças precisam começar já na pré-escola, dizem educadores. As competências fundamentais que definem se uma pessoa vai prosperar ou ficar para trás na economia moderna são desenvolvidas cedo, e disparidades nas realizações aparecem já no pré-primário.
Nervosos quanto ao futuro, alguns pais estão pressionando seus filhos para que aprendam a escrever código de software aos dois anos de idade, e os proponentes dessa modalidade de educação dizem que isso é tão importante quanto aprender letras e números.
Mas muitos pesquisadores e educadores dizem que o foco em aprender a codificar é incorreto, e que as competências mais importantes que uma criança tem de aprender se relacionam mais a brincar com outras crianças e nada têm a ver com máquinas: trata-se de capacidades humanas que as máquinas não podem reproduzir com facilidade, como empatia, colaboração e solução de problemas.
"É um erro supor que aprender código de software seja a resposta", disse Ken Goldberg, diretor do departamento de engenharia na Universidade da Califórnia em Berkeley. "Não precisamos que todo mundo seja extremamente capacitado como desenvolvedor de código Python. O que precisamos é compreender em que as máquinas são boas e em que elas não são –isso é algo que todo mundo precisa aprender".
Não é que a tecnologia deva ser evitada: muitos pesquisadores dizem que as crianças deveriam ser expostas a ela. Mas não sabemos do que as máquinas serão capazes dentro de duas décadas, quanto mais que linguagens de programação os engenheiros de software estarão usando. E esses estudiosos dizem que as crianças aprendem melhor brincando e construindo coisas do que sentadas diante de uma tela.
"Não queremos que as crianças pequenas fiquem sentadas diante do computador", disse Marina Umaschi Bers, professora de ciência da computação e desenvolvimento infantil do grupo de pesquisa da Tufts. "Queremos que elas se movimentem e trabalhem juntas".
Bers desenvolveu o robô Kibo que Declan estava usando, e a linguagem de programação ScratchJr, para crianças com menos de sete anos de idade. Mas ela diz que o ponto mais importante é ensinar pensamento computacional. Isso essencialmente envolve dividir os problemas em partes menores e criar planos para resolvê-los –com protótipos, avaliações e revisões–, em todas as áreas da vida.
"Isso é essencial para a programação e essencial para a vida", disse Bers. O currículo que ela desenvolveu, usado em escolas de todos os Estados Unidos e também no exterior, está integrado a todos os aspectos da vida escolar. Por exemplo, as crianças podem programar robôs para que interpretem os papéis de uma história que estão lendo.
Essas ideias surgiram cinco décadas atrás, por obra de Seymour Papert, matemático e teórico da educação. As crianças aprendem melhor não quando um professor ou computador lhes ministra conhecimento, dizia ele, mas quando seguem sua curiosidade e fazem coisas –seja um castelo de areia ou um robô. Como os programadores de computador, as crianças cometem erros e resolvem problemas ao longo do caminho.
Em 2006, Jeannette Wing, cientista da computação na Universidade Colúmbia, revisitou o conceito do pensamento computacional como algo que todos deveriam aprender e usar. "O pensamento computacional é a maneira pela qual pessoas resolvem problemas", ela escreveu, acrescentando exemplos do cotidiano: "Se sua filha vai à escola pela manhã, ela coloca na mochila as coisas de que precisará para o dia. Isso é acesso antecipado e uso de cache".
No acampamento da Tufts, as crianças estavam programando o robô –que não tem tela mas usa blocos coloridos de madeira e um leitor de código de barra– por meio da montagem de uma sequência de blocos que traziam comandos como "virar à direita" ou "girar".
Há uma área de teste, na qual as crianças ganham pontos pelo número de vezes que tentaram alguma coisa sem sucesso. "Não criamos um ambiente artificial em que tudo vá funcionar", disse Bers. "Permitimos que eles se frustrem, porque só aprenderão a administrar a frustração caso a sofram".
Ensinar competências sociais e emocionais está na moda na educação, agora, mas já era parte do ensino de alta qualidade há décadas, e testes aleatórios ao longo do tempo demonstraram o quanto essas competências são importantes para o sucesso adulto, disse Stephanie Jones, que estuda desenvolvimento social e emocional.
"Se você cria e educa crianças para que sejam flexíveis, resolvam problemas e se comuniquem bem, elas poderão se adaptar a um mundo novo", disse Jones.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
Não vejo nenhuma ocupação atual, estando imune a isto. Afinal não tem nada que, com a evolução da tecnologia uma máquina possa fazer mais e melhor que a gente.
Só que ao mesmo tempo isto leva a um paradoxo de uma crise sistêmica como nunca antes vista. A prevalência das máquinas deixaria cada vez mais gente sem emprego e sem ter como arcar com os produtos e serviços realizados de forma automata.
Alguém mais se preocupa com isto ou tem uma opinião formada sobre o assunto?
Cada robô desemprega 3 nos EUA, mas humanos terão vagas, indica estudo
Pau Barrena - 5.abr.2017/AFP
Robô multitarefas trabalha na montadora Gestamp Automocion na região de Barcelona
ANA ESTELA DE SOUSA PINTO
DE SÃO PAULO
Cada novo robô industrial por 1.000 trabalhadores instalado nos Estados Unidos desempregou três pessoas, segundo estudo recém-divulgado por Daron Acemoglu, professor do MIT (Massachusetts Institute of Technology), e Pascual Restrepo, da Universidade de Boston.
"Há muita especulação sobre o que pode acontecer quando os robôs chegarem. Decidimos ir além e investigar o que já está de fato ocorrendo", escrevem os dois na apresentação do trabalho.
De fato, as estimativas variam muito: de 9% dos empregos em risco nos próximos 20 anos nos países desenvolvidos, nos cálculos de Arnoud Arntz, da Universidade de Amsterdã, a 57%, na previsão do Banco Mundial, ambos sobre os países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, que reúne os países mais ricos do mundo).
Para medir o impacto real, Acemoglu e Restrepo estudaram regiões industrializadas dos EUA após a implantação de robôs classificados como "máquinas multitarefas reprogramáveis e controladas automaticamente".
Há hoje em operação nos EUA quase 1,8 robô por 1.000 trabalhadores -em 2010, era 1,4 e na virada do século, 0,7. A indústria que mais os usa é a automotiva (39%), seguida por eletrônicos (19%).
para mais e para menos
O trabalho de Acemoglu e Restrepo exclui outras tecnologias que podem substituir o trabalho humano (software ou máquinas mais simples) e decompõe o impacto dos robôs em duas vertentes: uma negativa, que ocorre diretamente sobre os trabalhadores, e outra positiva, com o aumento de produtividade da economia como um todo.
Nas regiões do país mais expostas às máquinas multitarefas -o centro-oeste americano e parte da Nova Inglaterra-, os economistas observaram redução significativa do emprego e do salário.
De 1990 a 2007, quando a taxa de robôs por 1.000 habitantes triplicou (de 0,4 para 1,2), cada nova máquina desempregou 6,2 trabalhadores (queda de 0,37 pontos percentuais da população ocupada) e os salários caíram 0,73%.
No país como um todo há consequências econômicas positivas, como a redução do custo de produção que pode beneficiar outros setores. Esse ganho, no entanto, depende de quão fácil é substituir os produtos e do mercado de trabalho em cada região.
Em seu estudo, Acemoglu e Restrepo calcularam que a possibilidade de substituição suaviza (pouco) o efeito sobre emprego e salário: a queda no emprego passa de 0,4 para 0,34 e a dos salários, de 0,75 para 0,5.
Considerada a repercussão positiva sobre outros setores, a redução final é de 3 demitidos para cada novo robô e redução de 0,25% no salário.
No total, segundo eles, foram desempregados entre 360 mil e 670 mil americanos desde a introdução das máquinas multitarefas no país, nos anos 1990.
O próximo passo do estudo será aperfeiçoar estimativas de impacto futuro.
Tomando como base o cenário mais agressivo do Boston Consulting Group de que o número de robôs industriais quadruplicaria até 2025, Acemoglu e Restrepo calculam uma perda de até 1,76 ponto percentual na taxa de ocupação e de até 2,6% na remuneração nessa década.
"É um efeito mensurável, mas é preciso notar que, mesmo no mais agressivo dos cenários, estamos falando sobre uma fração pequena do mercado de trabalho sendo afetado", escrevem.
"Nada respalda até o momento a visão de que novas tecnologias tornarão obsoleta a maior parte dos empregos e dos humanos."
Automação vai mudar a carreira de 16 milhões de brasileiros até 2030
FERNANDA PERRIN
DE SÃO PAULO
21/01/2018 02h00
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A elite política e econômica global está preocupada com o futuro do trabalho.
Além das já conhecidas ameaças geopolíticas e ambientais, as transformações do mercado de trabalho também ganharam lugar de destaque na agenda do Fórum Econômico Mundial, que começa nesta terça-feira (23) em Davos, na Suíça.
Só no Brasil, 15,7 milhões de trabalhadores serão afetados pela automação até 2030, segundo estimativa da consultoria McKinsey.
Uma amostra recente foi o corte de 60 mil cargos públicos anunciado pelo governo Michel Temer este mês, boa parte em razão da obsolescência, como no caso de datilógrafos e digitadores.
No mundo, no período entre 2015 e 2020, o Fórum Econômico Mundial prevê a perda de 7,1 milhões de empregos, principalmente aqueles relacionados a funções administrativas e industriais.
A avaliação de especialistas da área é que o mercado de trabalho passa por uma grande reestruturação, semelhante à revolução industrial. A diferença é que agora tudo acontece muito mais rápido: desde 2010, o número de robôs industriais cresce a uma taxa de 9% ao ano, segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT).
No Brasil, cerca de 11.900 robôs industriais serão comercializados entre 2015 e 2020, segundo a Federação Internacional de Robótica.
A Roboris, que tem entre seus clientes a Embraer, é uma das fornecedoras que atuam no país. Segundo o presidente da empresa, Guilherme Souza, 30, o interesse da indústria brasileira pela automação vem crescendo.
Editoria de Arte/Folhapress
RECURSO ESCASSO Estimativa é de perda de 7 milhões de vagas e abertura de 2 milhões até 2020
"Acredito que os custos falam por si só, são um fator bem convincente. Mas, mais do que os custos, as empresas perceberam que se não aderissem a essa tecnologia, elas não seriam mais competitivas", afirma.
No mundo, entre 400 milhões e 800 milhões serão afetados pela automação até 2030, a depender do ritmo de avanço tecnológico, segundo a McKinsey. Isso equivale a algo entre 11% e 23% da população economicamente ativa global, calculada pela OIT em 3,5 bilhões de pessoas.
Isso não significa que todos perderão o emprego, mas que serão impactados em algum grau, que vai de desemprego a ter um "cobot" (colega de trabalho robô com quem divide as funções).
'DE HUMANOS'
A mudança é positiva na medida em que libera profissionais de tarefas monótonas, que por sua vez podem ser feitas com maior rapidez e eficiência quando automatizadas.
"A boa notícia é que fica claro que os trabalhos para humanos terão que envolver qualidades humanas, como criatividade", afirma José Manuel Salazar-Xirinachs, diretor regional da OIT para a América Latina e Caribe. "Isso soa muito legal, mas a questão é: quantos trabalhos para pessoas criativas serão gerados?", questiona.
O Fórum Econômico Mundial, por exemplo, projeta um aumento na demanda nas áreas de arquitetura, engenharia, computação e matemática, entre outras.
Esse incremento de vagas, contudo, não será suficiente para absorver quem perdeu o trabalho em outros setores, além de exigirem alta qualificação, avalia a organização.
Editoria de Arte/Folhapress
RECURSO ESCASSO Estimativa é de perda de 7 milhões de vagas e abertura de 2 milhões até 2020
DESIGUALDADE
Nesse cenário de extinção grande de trabalhos que exigem pouca qualificação e criação de um número menor que exige muita, a tendência é de aumento da desigualdade, alerta a OIT.
O fim de funções hoje exercidas pela população de baixa e média renda vai gerar desemprego e pressionar para baixo o salário das que restarem, diante da massa de pessoas buscando trabalho.
Mesmo quem tem uma visão mais positiva sobre o futuro, como a McKinsey, sugere a criação de uma renda básica universal (principal bandeira do petista Eduardo Suplicy) como uma opção diante do enxugamento de vagas de menor qualificação.
Um sintoma já perceptível desse processo é a queda ou estagnação da renda fruto de salários e capital em dois terços dos lares das economias avançadas entre 2005 e 2014, maior retrocesso desde os anos 1970, diz a consultoria.
Um caminho para contornar o problema é treinar a força de trabalho para que aqueles de menor qualificação profissional não fiquem para trás, diz o diretor da OIT.
"Os novos empregos que estão sendo criados demandam habilidades matemáticas, analíticas e digitais. Isso significa que é preciso treino vocacional", afirma. Ele cita como exemplo o Senai, cuja proposta é preparar mão de obra técnica para a indústria.
Estudo na Unicef divulgado em dezembro alerta para o risco da tecnologia digital transformar-se em um novo motor de desigualdade. Embora 1 em cada 3 usuários da internet seja uma criança, há ainda 346 milhões de jovens sem acesso ao mundo digital.
"Há uma forte preocupação com os trabalhadores de menor qualificação, em termos do impacto da tecnologia. Essas pessoas não são realmente alfabetizadas digitais, e não terão oportunidade para aprender habilidades específicas. Eles serão deixados para trás e terão uma empregabilidade muito pequena", diz Salazar, da OIT.
A velocidade com que as mudanças ocorrem demanda mudanças também na educação dos mais velhos, diante do prolongamento da vida profissional, na esteira do aumento da longevidade.
A automação não é a único motivo de preocupação. A emergência de novas relações profissionais fora do contrato tradicional é outro fator desestabilizador. Um novo grupo de pessoas cresce à margem dos direitos trabalhistas, classificados ora como "trabalhadores independentes", ora como "invisíveis" ou simplesmente "informais".
FLEXIBILIDADE
Segundo pesquisa feita pelo Fórum Econômico Mundial com diretores das áreas de recursos humanos em empresas de 15 países, 44% deles acreditam que o maior impacto no mercado hoje vem das mudanças no ambiente de trabalho, como home office, e nos arranjos flexíveis, como contratação de pessoas físicas para trabalhar por projeto (a chamada "pejotização ). O percentual é semelhante entre os brasileiros (42%).
Outra forma emergente de trabalho são os relacionados à "gig economy", como plataformas online e aplicativos –programadores freelance e motoristas de Uber entram nessa categoria.
A tendência é de que as empresas reduzam ao máximo o número de empregados fixos dentro do contrato tradicional, terceirizando para consultores o que for possível como forma de redução de custos e ganho de eficiência, segundo o Fórum Econômico Mundial.
Assim, embora a tecnologia gere uma demanda por novas atividades altamente qualificadas, como programação de um aplicativo, a probabilidade é que as empresas terceirizem a função, em vez de contratar diretamente esse profissional.
Gerenciamento de mídias sociais é um exemplo de função repassada a consultores, pagos por tarefa. Essa ausência do reconhecimento de uma relação de emprego faz a OIT classificar esse tipo de trabalho como "invisível".
Ainda não está claro se elas serão regulamentadas ou se cairão no trabalho informal, diz a OIT.
Já nos Estados Unidos e na Europa ganha força a classificação da categoria como "trabalhadores independentes", calculada em 162 milhões de pessoas pela consultoria McKinsey.
A reforma trabalhista feita no Brasil no final de 2017 tentou abarcar em parte essas mudanças, ao regulamentar o home office, por exemplo. Polêmicas, como a situação dos motoristas de Uber, contudo, persistem.
O NOVO E O VELHO
Um desafio extra para o Brasil é que ele precisa começar a lidar com essas questões novas ao mesmo tempo em que ainda não resolveu problemas antigos, como o alto índice de informalidade, que voltou a subir durante a crise e hoje atinge 44,6% dos trabalhadores, segundo o IBGE.
É preciso estender a cobertura da legislação ao "velho" e ao "novo" mercado, Salazar-Xirinachs, diretor regional da OIT para a América Latina e Caribe.
"O objetivo não é proteger o emprego em si, mas sim garantir os direitos trabalhistas clássicos mesmo que haja mais flexibilidade", diz.
Editoria de Arte/Folhapress
RECURSO ESCASSO Estimativa é de perda de 7 milhões de vagas e abertura de 2 milhões até 2020
Para o sociólogo Ruy Braga, professor da USP e autor dos livros "A Rebeldia do Precariado" (2017) e "A Política do Precariado" (2012), as novas formas de trabalho que surgem mascaram o avanço do velho subemprego.
Para ele, a reforma trabalhista, ao formalizar atividades de tempo parcial ou de curta duração, oficializa essa desestruturação do mercado.
"Do ponto de vista microeconômico, é bastante racional que você elimine cargos intermediários. Mas, do ponto de vista social, a coisa se complica, porque você vai ter menos empregos de qualidade e de maior renda. Consequentemente, uma sociedade mais polarizada, o que significa mais desigual e com dificuldades de se integrar", avalia.
Crianças começam a ser preparadas para a era da automação
Kayana Szymczak/New York Times
A pesquisadora Amanda Sullivan com crianças em acampamento organizado pela Universidade Tufts
Do "New York Times"
07/08/2017 02h00
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Amory Kahan, 7, queria saber a que horas viria o lanche. Harvey Borisy, 5, se queixava de um arranhão no cotovelo. E Declan Lewis, 8, não entendia porque o robô de madeira com duas rodas que ele estava programando não fazia o passo de dança prescrito. Ele suspirou: "Um passo para frente, um passo para trás, e aí ele para".
Declan tentou de novo, e o robô desta vez dançou sobre o tapete cinzento. "Ele dançou!", o menino disse, entusiasmado. Amanda Sullivan, uma das coordenadoras do acampamento e pesquisadora de pós-doutorado em tecnologia para a primeira infância, sorriu. "Eles estão resolvendo problemas de programação dos robôs", disse.
As crianças que participaram de um acampamento de verão realizado no mês passado pelo Grupo de Pesquisa e Desenvolvimento de Tecnologia da Universidade Tufts estavam aprendendo coisas típicas da infância: construir coisas com blocos de madeira, esperar por sua vez, perseverar apesar da frustração. E também estavam aprendendo as competências necessárias a vencer na economia automatizada, segundo os pesquisadores.
Avanços tecnológicos tornaram diversas profissões obsoletas nos últimos 10 anos –e os pesquisadores dizem que porções da maioria dos trabalhos serão automatizadas no futuro. Que cara terá o mercado de trabalho quando as crianças de hoje começarem a procurar emprego é algo talvez mais difícil de prever agora do que em qualquer momento da história recente.
Os empregos serão muito diferentes, mas não sabemos quais deles ainda existirão, o que será feito apenas por máquinas e que novas profissões serão criadas.
Kayana Szymczak/New York Times
Henry Sayre, 8, constrói robô em acampamento promovido por universidade
Para se preparar, as crianças precisam começar já na pré-escola, dizem educadores. As competências fundamentais que definem se uma pessoa vai prosperar ou ficar para trás na economia moderna são desenvolvidas cedo, e disparidades nas realizações aparecem já no pré-primário.
Nervosos quanto ao futuro, alguns pais estão pressionando seus filhos para que aprendam a escrever código de software aos dois anos de idade, e os proponentes dessa modalidade de educação dizem que isso é tão importante quanto aprender letras e números.
Mas muitos pesquisadores e educadores dizem que o foco em aprender a codificar é incorreto, e que as competências mais importantes que uma criança tem de aprender se relacionam mais a brincar com outras crianças e nada têm a ver com máquinas: trata-se de capacidades humanas que as máquinas não podem reproduzir com facilidade, como empatia, colaboração e solução de problemas.
"É um erro supor que aprender código de software seja a resposta", disse Ken Goldberg, diretor do departamento de engenharia na Universidade da Califórnia em Berkeley. "Não precisamos que todo mundo seja extremamente capacitado como desenvolvedor de código Python. O que precisamos é compreender em que as máquinas são boas e em que elas não são –isso é algo que todo mundo precisa aprender".
Não é que a tecnologia deva ser evitada: muitos pesquisadores dizem que as crianças deveriam ser expostas a ela. Mas não sabemos do que as máquinas serão capazes dentro de duas décadas, quanto mais que linguagens de programação os engenheiros de software estarão usando. E esses estudiosos dizem que as crianças aprendem melhor brincando e construindo coisas do que sentadas diante de uma tela.
"Não queremos que as crianças pequenas fiquem sentadas diante do computador", disse Marina Umaschi Bers, professora de ciência da computação e desenvolvimento infantil do grupo de pesquisa da Tufts. "Queremos que elas se movimentem e trabalhem juntas".
Bers desenvolveu o robô Kibo que Declan estava usando, e a linguagem de programação ScratchJr, para crianças com menos de sete anos de idade. Mas ela diz que o ponto mais importante é ensinar pensamento computacional. Isso essencialmente envolve dividir os problemas em partes menores e criar planos para resolvê-los –com protótipos, avaliações e revisões–, em todas as áreas da vida.
"Isso é essencial para a programação e essencial para a vida", disse Bers. O currículo que ela desenvolveu, usado em escolas de todos os Estados Unidos e também no exterior, está integrado a todos os aspectos da vida escolar. Por exemplo, as crianças podem programar robôs para que interpretem os papéis de uma história que estão lendo.
Essas ideias surgiram cinco décadas atrás, por obra de Seymour Papert, matemático e teórico da educação. As crianças aprendem melhor não quando um professor ou computador lhes ministra conhecimento, dizia ele, mas quando seguem sua curiosidade e fazem coisas –seja um castelo de areia ou um robô. Como os programadores de computador, as crianças cometem erros e resolvem problemas ao longo do caminho.
Em 2006, Jeannette Wing, cientista da computação na Universidade Colúmbia, revisitou o conceito do pensamento computacional como algo que todos deveriam aprender e usar. "O pensamento computacional é a maneira pela qual pessoas resolvem problemas", ela escreveu, acrescentando exemplos do cotidiano: "Se sua filha vai à escola pela manhã, ela coloca na mochila as coisas de que precisará para o dia. Isso é acesso antecipado e uso de cache".
No acampamento da Tufts, as crianças estavam programando o robô –que não tem tela mas usa blocos coloridos de madeira e um leitor de código de barra– por meio da montagem de uma sequência de blocos que traziam comandos como "virar à direita" ou "girar".
Há uma área de teste, na qual as crianças ganham pontos pelo número de vezes que tentaram alguma coisa sem sucesso. "Não criamos um ambiente artificial em que tudo vá funcionar", disse Bers. "Permitimos que eles se frustrem, porque só aprenderão a administrar a frustração caso a sofram".
Ensinar competências sociais e emocionais está na moda na educação, agora, mas já era parte do ensino de alta qualidade há décadas, e testes aleatórios ao longo do tempo demonstraram o quanto essas competências são importantes para o sucesso adulto, disse Stephanie Jones, que estuda desenvolvimento social e emocional.
"Se você cria e educa crianças para que sejam flexíveis, resolvam problemas e se comuniquem bem, elas poderão se adaptar a um mundo novo", disse Jones.
Tradução de PAULO MIGLIACCI