Sim, por isso frisei que não é o caso a menos que ele realmente tenha interesse. Eu falo assim mas quero dar aula em escola pública, então tipo, dentro da minha área, eu mesmo serei um funcionário público. Só que esse caso, tanto quanto o seu, é mais uma questão de "bom, eu tenho a profissão X e tem concurso na minha área com um bom trabalho". É ruim quando a pessoa já começa a pensar em salário e principalmente presta concurso pela "estabilidade". Essa expressão "estabilidade" é um câncer. Trocando em miúdos, é algo do tipo "não quero trabalhar com porra nenhuma na minha vida, então vou agarrar esse concurso porque lá eu posso ser um m**** e ainda assim não serei despedido."
Isso é o que deixa o povo que curte o trabalho fuu da vida.
Meu problema é que as duas carreiras com as quais eu mais me identifico só são públicas. A primeira é auditoria de tributos; a segunda é oficial de chancelaria. São coisas aparentemente distoantes, mas ambas trabalham com o mesmo núcleo de conhecimento e demandam quase os mesmos ramos de estudos. Basicamente, ambas ficam meio caminho entre direito e contabilidade.
Eu sonhava em ser auditora. Já passei em dois concursos municipais e fiquei bem colocada. Aguardo só a nomeação. Ai me dizem, ah mas a auditoria privada dá mais grana. Fato, mas velho eu não me identifico com a auditoria privada. Eu me identifico com: quanto a empresa ai pagar de tributo para o Estado.
Quanto à estabilidade, concordo e ao mesmo tempo discordo.
Olha só, há uma avaliação de desempenho a ser realizada constantemente, salvo engano no ano de 2010 mais de 2500 servidores públicos do executivo federal foram demitidos a bem do serviço público porque quiseram ser "merdas" e rodaram.
Eu me digo é pouco, deveria ser 25000. Mas paro e penso: talvez o gestor público esteja amarrado. Exemplo: há 85 vagas. O concurso é feito, a depender do concurso apenas uma parte das vagas é preenchida. Já se entra com déficit. Ai os servidores se aposentam, novas vagas são abertas. Mas não se pode fazer novo concurso sem autorização. Ai é nova via crucis e vai se aguentando enquanto dá com os servidores que têm. Assim há sobrecarga de trabalho, atrasos, deficiências e a própria natureza do trabalho é lenta, infelizmente a burocracia é muitas vezes uma imposição legal, fruto da nossa história administrativa pública. É errado? é. Tem falhas? tem, mas como corrigir isso? acabar com a estabilidade?
talvez não. É um dos diferenciais que prende muitos servidores, mas que não é desculpa pois se fosse não haveria tanta concorrência em concursos como petrobrás e BB que são celetistas. A questão da remuneração está sendo achatada literalmente desde 2002... longa história.
Qual é a solução? Eu não sei mas tem gente pesquisando o assunto. O que sei é que tem havido um plano de alteração nos concursos, cuja intenção é fazer com que o candidato seja selecionado pelas suas aptidões e tb pelos seus conhecimentos. São estudos da FGV, que já faz a coleta dos mais capacitados intelectual e vocacionalmente desde a faculdade. Por enquanto é só um estudo com propostas e se implementado vai impactar muito esse mundo de concursos.
O estudo aborda o pré e o pós admissional, tipo uma empresa (a própria Receita Federal agora está pedindo que os aprovados preencham uma espécie de currículo e enviem entre a documentação, com a indicação de quais empregos o aprovado já passou, se é que passou por algum. Acho que com o tempo irão fazer disso uma constante e mesmo um requisito). Isso vai evitar malas sem alça e sem gosto pelo serviço adentrem os nossos órgãos.
Sabe lucky o que mais me deixa triste com a situação do Brasil? é que comumente difunde-se a ideia que no setor público as boas ideias sempre fracassam. Muita gente com potencial entra lá desse jeito e se acomoda tempos depois. eu acredito na entidade Estado. Desculpe a wall.