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Brasil: o caso de declínio prematuro da indústria mais grave do mundo

.Druh.

Larva
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Um ponto fora da curva

Muito tem se falado do retrocesso da indústria na economia brasileira, já que a participação relativa do setor no PIB do Brasil praticamente só tem caído desde os anos 1980, atingindo seu ponto mais baixo agora no primeiro trimestre de 2019. Para alguns analistas, este é um processo normal das economias, que à medida que se desenvolvem veem as atividades de serviços ganharem peso na estrutura produtiva.

O IEDI vem alertando que no Brasil este processo está associado fundamentalmente a um conjunto de fatores específicos que muito tem comprometido a competitividade e o avanço da produtividade da nossa indústria. A Carta IEDI de hoje traz evidências da particularidade brasileira no recuo do valor adicionado da manufatura no PIB do país.

O estudo preparado por Paulo Morceiro e Milene Tessarin, da Fipe/USP, a pedido do IEDI, compara o Brasil a outros países e conclui que o país está fora dos padrões internacionais quando o assunto é regresso industrial. Nosso caso é muito mais grave seja em relação ao agregado da economia mundial, seja em relação aos casos de países desenvolvidos ou de outros emergentes. Somos um ponto fora da curva.

O trabalho, que será publicado na íntegra no site do IEDI, fez uma avaliação do desenvolvimento industrial em perspectiva internacional comparando 30 países, que juntos representam cerca de 90% da indústria de transformação mundial, ao longo de 48 anos (de 1970 a 2017). Os resultados não são nada favoráveis.

Há outros países com casos de declínio industrial? Outros casos sim, tão agudos não. Os dados do levantamento de Morceiro e Tessarin mostram que a preços constantes, dos 30 países analisados, apenas 10 (inclusive Brasil) apresentam queda da participação da manufatura no PIB. A maioria, 13 países, registraram industrialização e 7 mantiveram a parcela industrial.

Destes dez países que estão na mesma situação que o Brasil, apenas 3 (Argentina, Filipinas e Rússia) começaram a ver sua indústria perder espaço em suas estruturas produtivas quando ainda apresentavam um nível baixo de renda per capita (inferior a US$ 20 mil em PPC). Na literatura econômica internacional esses casos são chamados de “desindustrialização prematura”. Todos os demais países já tinham enriquecido e desenvolveram segmentos sofisticados do setor de serviços quando isso começou a acontecer.

Se o Brasil está ao lado de Argentina, Filipinas e Rússia neste grupo de declínio industrial prematuro, ele se destaca pela intensidade do recuo relativo da manufatura. As informações reunidas por Morceiro e Tessarin mostram que, entre 1970 e 2017, o Brasil foi responsável pelo 3º maior retrocesso da indústria de transformação no PIB, ficando atrás apenas da Austrália (1º) e do Reino Unido (2º). O que nos diferencia, contudo, é que estes países já tinham obtido uma renda elevada no momento em que começou o declínio e continuaram aumentando sua renda a um ritmo muito superior ao Brasil nos anos que se seguiram.

Em resumo, a indústria brasileira perde participação em nossa economia qualquer que seja a medida utilizada (preços correntes ou constantes), está entre os casos mais agudos do mundo e é líder quando se trata de casos prematuros de declínio industrial. Mas não é só isso; há outros aspectos negativos:

• No Brasil, a manufatura perde participação no PIB em uma velocidade muito acima de outros países. Em apenas 12 anos (1986-1998), nossa indústria perdeu 13,5 p.p. no PIB brasileiro (de 27,1% para 13,8%), enquanto nos EUA demorou 42 anos para perder os mesmos percentuais no PIB (de 26,1% para 12,3%, entre 1966 e 2008). Ou seja, os Estados Unidos, assim como vários outros países desenvolvidos, conseguiram administrar melhor este processo.

• O regresso industrial do Brasil restringiu o enriquecimento do país. Na fase de declínio do peso da manufatura na economia, o PIB per capita do Brasil aumentou apenas +25%, enquanto nos Estados Unidos quase triplicou. Isso porque, diferentemente dos Estados Unidos, as atividades de serviços que mais cresceram no Brasil foram os de baixa sofisticação.

• Entre 1980 e 2017, o crescimento real do valor adicionado manufatureiro (VAM) do Brasil foi de apenas +24%, enquanto no mundo a alta chegou a +204% ou a +135%, se for excluída a China. Ficamos em último lugar entre os 30 países analisados.

• A evolução do VAM per capita brasileiro também foi muito baixo: +28% vis-à-vis 79% para a economia mundial. Novamente ficamos em último lugar.

Fonte e mais infos:

https://www.iedi.org.br/cartas/carta_iedi_n_940.html

https://www.iedi.org.br/artigos/top/estudos_industria/20190802_desind_intern_comp.html
 

$delúbio$

Ei mãe, 500 pontos!
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A indústria brasileira brasileira é vítima dos que querem protegê-la, desde os protecionismos cepalinos, passando pela reserva de mercado automotiva dos militares (76-90) e reserva de mercado de informática dos anos 80, mas principalmente pelo regime tributário e regulamentar insano da Constituição de 88.
O sistema tributário digno de um hospício, incerteza jurídica e regulamentar e outras jabuticabas são muito mais prejudiciais ao desenvolvimento nacional e investimento estrangeiro do que a concorrência com indústrias de outros países.
 
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Baralho

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Muito bom tema, upando o tópico.

Talvez se possa traçar um paralelo entre uma ''desindustrialização'' prematura, em país ainda pobre e que não 'fechou' todas as fases da revolução industrial, de um lado. E de outro lado, esse mesmo país pobre ainda, e que está envelhecendo em um ritmo que nações europeias levaram o dobro/triplo do tempo pra faze-lo.

O Brasil vêm experimentando revoluções de matriz produtiva e demográfica, similares a países que antes, se desenvolveram.

E tiveram esses trânsitos mais demorados, ao passo que no caso brasileiro, o trâmite é acelerado, com direito a depressões econômicas, hiperinflação e dois impeachment no caminho, por exemplo.

E tudo isso, sem antes enriquecer. O futuro (nem tão distante) do Brasil é incerto, de fato, antes fosse uma figura de linguagem.
 
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