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Avião que pertenceu à Varig é destruído no aeroporto do Galeão
Modelo da aeronave se popularizou nos anos 1930 e 1940 e também foi usado na Segunda Guerra Mundial
Um avião do modelo Douglas DC-3, que já pertenceu à Varig — que chegou a ser a maior companhia aérea do país — e ficou conhecido como “Douglinhas”, foi destroçado nesta sexta-feira (31), em um hangar no RIOgaleão (Aeroporto Internacional Tom Jobim), na Ilha do Governador, Zona Norte do Rio de Janeiro. O modelo da aeronave se popularizou nos anos 1930 e 1940 e também foi utilizado na Segunda Guerra Mundial.
A aeronave, de matrícula PP-VBF, chegou a ficar exposta por cerca de 30 anos no Aterro do Flamengo, na Zona Sul da capital fluminense. Os modelos DC-3 operaram pela Varig em linhas nacionais e internacionais por cerca de 25 anos, tanto no transporte de passageiros quanto no de cargas. A companhia aérea chegou a ter 49 aviões desse tipo. O último voo do DC-3 aconteceu em agosto de 1971.
Parte do motor da aeronave Douglas DC-3, modelo histórico da Varig. O avião era o mesmo que ficou exposto ao longo de dez anos no Aterro do Flamengo Foto: Reprodução / WhatsApp
A Varig foi a primeira companhia aérea do Brasil. Fundada em 1927, a Viação Aérea Rio Grandense teve reconhecimento internacional, tornando-se uma das maiores companhias aéreas entre as décadas de 1960 e 1980. A crise financeira da Varig começou nos anos 2000, quando a companhia começou a vender empresas que pertenciam ao grupo, como a Varig Log.
Em 2005, a Justiça aceitou o pedido de recuperação judicial da Varig, que durou até 2009, ano também do último voo comercial feito pela empresa. A pedido dos administradores da massa falida, a Justiça brasileira decretou a prisão da empresa em 2010.
As imagens do avião “picotado” viralizaram nas redes sociais. Em uma das fotos, é possível ver uma retroescavadeira destruindo a aeronave. João Barone, baterista dos Paralamas do Sucesso, fez um post sobre o caso em sua conta do Twitter e disse:
"Hoje cometeram um crime contra a memória aeronáutica do Brasil: o lendário Douglas DC-3 que estava na entrada do antigo hangar da Varig no galeão foi picotado por um trator, ninguém soube o motivo de tamanho desatino”.
Restos da aeronave Douglas DC-3, que foi foi restaurada pela Varig na década de 1980 Foto: Reprodução / WhatsApp
O baterista é pesquisador sobre a Segunda Guerra Mundial, filho de ex-combatente e se tornou referência no assunto. Barone é autor do livro 1942: O Brasil e sua guerra quase desconhecida. O músico contou que a notícia caiu como uma bomba nos grupos de WhatsApp compostos de entusiastas da aeronáutica e da História.
"Esse avião tinha uma importância sentimental muito grande, quando foi desativado, ficou exposto no aterro do Flamengo. Foi destruído porque ninguém se interessou pelo avião e acharam mais barato destruir do que levar para outro lugar. Mesmo com a aeronave comprometida, a questão é a história agregada à máquina, que teve seu valor. Esses aviões vieram aos montes e mostram o desenvolvimento da aviação no Brasil."
Barone opinou que a destruição do avião significa também a destruição da história do país:
"É uma coisa lamentável e uma pequena mostra de como a gente vê o pouco-caso que dão para a história do país, ninguém está ligando para a memória, que vai se perdendo".
Avião Douglas DC-3, da Varig, no Aterro do Flamengo: pessoas fazem fila para visitar o interior da aeronave (02/10/1971) Foto: Rubens Fonseca / Agência O Globo
Procurada, a assessoria do RIOgaleão, responsável pela administração do aeroporto, disse que a aeronave estava localizada em uma área cedida pela concessionária, portanto, não há gerência da administração no caso.
“A EX Aviation Center, responsável pela massa falida da Varig, conduziu todo o processo de remoção. Mais esclarecimentos devem ser feitos com os responsáveis pela massa falida da empresa”, afirmou a nota. O administrador judicial da Varig é o escritório Nogueira & Bragança Advogados Associados.
A reportagem procurou a empresa EX Aviation Center e o escritório de advocacia, que não responderam até a publicação.
Entidade vinculada a CUT afirma que preservação do DC-3 é saudosismo
Em nota Fentac aponta que custo de manutenção não era justificado tendo em vista passivo trabalhista da extinta empresa aérea
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Destroços do PP-VBF, um dos únicos DC-3 remanecentes da frota da Varig que estava preservado
Após a comoção envolta na destruição do DC-3 da Varig (PP-VBF) que ficava exposto na área industrial do aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, a FENTAC (Federação Nacional dos Trabalhadores em Aviação Civil), entidade ligada a CUT (Central Única dos Trabalhadores), emitiu uma nota afirmando que a preservação do avião não passava de mero saudosismo.
A Fentac afirma que a prioridade do poder público e da massa falida é o pagamento das dívidas trabalhistas da extinta Varig, que acumulam mais de R$ 500 milhões desde a falência da companhia, ocorrida em agosto de 2010. Além disso, a massa falida deve outros R$ 4 bilhões ao fundo de pensão AERUS, que reúne trabalhadores das extintas Varig, Vasp e Transbrasil.
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“Com isso, o custo de manter uma aeronave antiga e corroída, pagando valores altíssimos, por mero saudosismo é violentar os próprios trabalhadores da VARIG que ainda aguardam para receber integralmente suas verbas trabalhistas”, afirma trecho da nota emitida pela Fentac.
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A entidade ainda afirma que não havia justificativa para manter a aeronave do Galeão, visto que existe outro avião, o PP-ANU, em Porto Alegre, em exposição pública. “É bom lembrar que há uma aeronave da Varig, idêntica, no aeroporto de Porto Alegre. A aeronave do Sul está restaurada e aberta para visitações”, informa a Fentac.
A destruição do avião de 76 anos, considerado um dos maiores símbolos da aviação, gerou extrema comoção nos meios aeronáuticos. A AERO Magazine ainda apura os reais motivos do desmonte do avião, assim como a forma como foi conduzido o processo.
Abaixo a nota da Fentac na íntegra:
Nota sobre: A destruição do avião da VARIG no hangar do Galeão
A VARIG deve mais de 500 milhões em verbas trabalhistas, mais de 4 bilhões ao Fundo de Pensão, manter uma aeronave antiga e corroida, pagando valores altíssimos, é mero saudosismo
Circula na imprensa imagens da destruição de um antigo avião DC-3 da Varig e inúmeras críticas à atitude dos gestores da Massa Falida e à decisão do Poder Judiciário autorizando a destruição.
O avião DC-3 da VARIG, que apresentava corrosão em 100% de seu revestimento externo, foi destruído por autorização judicial após pedido da massa falida da VARIG, que se viu em uma encruzilhada imposta pela administradora do aeroporto Galeão, onde o avião estava estacionado.
Com a cobrança do espaço que tal avião estava utilizando, a massa falida buscou solucionar o problema com o menor custo, inclusive o ofertando para o Museu Aeroespacial (MUSAL). Após a recusa, o alto custo para manter tal avião parado levou a massa falida a requerer autorização do Poder Judiciário para destruir a aeronave.
É bom lembrar que há uma aeronave da VARIG, idêntica, no Aeroporto de Porto Alegre. A aeronave do Sul está restaurada e aberta para visitações, conforme se pode verificar pelo site www.varigexperience.com.br.
No entanto, o que deve ser destacado nesse momento de saudosismo é que o maior patrimônio da VARIG não era seus aviões. Eram seus funcionários, sua tripulação, seus mecânicos e seus aeroviários. Essas pessoas é que criaram e desenvolveram esse apreço pela imagem da empresa Varig.
Apesar de mais de 2 mil óbitos, mais de 10 mil trabalhadores da Varig ainda estão vivos e, necessário lembrar, não receberam suas verbas rescisórias quando do encerramento das atividades da Empresa.
Esse “patrimônio” da VARIG está sendo destruído diariamente a cada falecimento.
Dessa forma, em um cenário de falência da empresa, por mais importante e representativa que possa ser, a preocupação da massa falida deve ser pagar os trabalhadores em primeiro lugar.
A VARIG deve mais de 500 milhões de reais em verbas trabalhistas não pagas ao seu principal “patrimônio”. A VARIG deve mais de 4 bilhões de reais para o Fundo de Pensão que a empresa participava (AERUS), o qual deveria garantir uma aposentadoria para seus trabalhadores.
Com isso, o custo de manter uma aeronave antiga e corroída, pagando valores altíssimos, por mero saudosismo é violentar os próprios trabalhadores da VARIG que ainda aguardam para receber integralmente suas verbas trabalhistas.
Portanto, a destruição do DC-3 da Varig, corroído e sem qualquer capacidade de utilização, não é um atentado à nossa história. Como já dito, existe um similar em Porto Alegre aberto para visitações. Porém, quem deseja mesmo reviver os tempos da “Varig” procure um funcionário da época. Ele contará sobre a dedicação dos trabalhadores para erguer uma empresa referência mundial e respeitada no mundo inteiro.
Por essa razão, o entendimento da Massa Falida e a decisão do Poder Judiciário estão corretos, pois buscaram extinguir os custos gerados pela manutenção do avião. O que se deve buscar nesse cenário de falência é a restauração, dentro do possível, da dignidade dos trabalhadores, mediante o pagamento das verbas rescisórias ainda devidas e de valores para o Fundo de Pensão. Após tal restauração pessoal, se poderá pensar na necessidade de restaurar outras aeronaves da VARIG.