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[Catálogo] Histórias da África

abcdario

Bam-bam-bam
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Não é por isso não. E você está insistindo nessa afirmação sem apresentar nenhum número que a embase (ao menos agora reconhece que houve evolução durante o período de Anarquia).

Os números mostram que houve clara evolução, principalmente devido o país ter saído de uma situação muito mais baixa na qualidade das telecomunicações do que os outros países africanos. E agora estar em melhores condições do que muitos deles.
Dê uma lida nesse relatório: https://www.hoganlovells.com/~/medi..._2012_newsletter_-_somalia_telecoms.pdf?la=en

O fato de ainda serem pobres e carecerem de uma infraestrutura melhor, não tem absolutamente nada a ver com um "governo eficiente". Poupança leva tempo para ser acumulada. E o capitalismo depende de poupança. Só a longo prazo é possível acumular os recursos necessários para finalmente gerar riqueza.
Os anos de estatismo, socialismo e ditadura empobreceram completamente aquele pais e cobraram seu preço.

Sobre o tal "governo eficiente". A Somália já possui um governo instaurado pela ONU desde 2003.

Botswana não tem crescimento apenas por causa da riqueza de diamantes, e sim apesar dela. Devido a liberdade econômica.


E um país que exporta riquezas naturais não é necessariamente ruim, o que importa é o valor agregado. Chile, Nova Zelândia e Austrália são países que enriqueceram basicamente vendendo recursos primários: como Cobre, Ovelhas e Agricultura. E enriqueceram com isso pois a liberdade econômica permitiu com que agregassem valor e eficiência a esses produtos primários.


Como a Nova Zelândia e o Chile transformam vacas, ovelhas, uvas e cobre em automóveis de qualidade
Esta “mágica” só é possível, e funciona perfeitamente, quando há liberdade
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Não existe nenhuma fábrica ou montadora de automóveis na Nova Zelândia. E nem no Chile.
Há muito tempo sua população deixou claro, por meio de suas preferências de consumo, que não queria que o país consumisse recursos escassos — mão-de-obra e matéria-prima — fabricando estes bens de consumo.
Sua população prefere que sua mão-de-obra e seus recursos escassos sejam destinados à produção daqueles bens e serviços em que eles realmente são bons e competentes.
Em termos técnicos, isso se chama divisão do trabalho (cada um se especializa naquilo em que é bom) e vantagem comparativa (faço aquilo em que sou melhor que os outros).
Mas agora vem o fato realmente curioso: mesmo sem ter nenhum fabricante de automóveis em seu território, há 774 carros para cada 1.000 habitantes na Nova Zelândia. Isso significa que sua população é a quarta mais motorizada do mundo (à frente, inclusive, da Itália e muito à frente da Alemanha e da Suíça).
Já no Chile, os números são mais modestos. Há 230 veículos por 1.000 habitantes, o que coloca o país na 65ª posição. Ainda assim, o país está tecnicamente empatado com o Brasil, que está na 62ª posição e possui nada menos que 10 montadoras.
Qual o segredo?
O milagre da transubstanciação
Basicamente, se quiserem ter carros, Nova Zelândia e Chile têm duas opções: ou eles montam fábricas voltadas exclusivamente à produção de automóveis ou eles simplesmente extraem do solo todos os carros que querem, já montados e prontos para uso.
Ambos os países, inteligentemente, optaram pela segunda alternativa.
Eis como um carro é fabricado na Nova Zelândia: primeiro, um pecuarista cria vacas e ovelhas, que são a matéria-prima da qual os carros são feitos. Após alguns meses, as vacas e as ovelhas crescem. Ato contínuo, ele extrai leite das vacas, corta sua carne e tosa o pêlo das ovelhas. O leite se transforma em vários derivados. A vaca se transforma em carne. O pêlo da ovelha se transforma em lã. Esses três produtos são embarcados em navios. Os navios vão para a Ásia, para as Américas e para a Europa. Após alguns meses, os navios reaparecem com Toyotas, Ford Rangers, Mitsubishis, Nissans e Mazdasdentro deles.
Eis como um carro é fabricado no Chile: primeiro, mineiros escavam minas de cobre e agricultores cultivam parreiras. Cobre e uva são as matérias-primas das quais os automóveis são feitos. Após algum tempo, as uvas crescem e o cobre é extraído do solo. O cobre e as uvas são embarcados em navios. Os navios vão para a Ásia, para a América do Norte e para a Europa. Após alguns meses, os navios voltam com Chevrolets, Mazdas, Fords, Kias, Toyotas, Nissans e Hyundais dentro deles.
Assim funciona a mágica produção de carros nestes dois países. Eles exportam produtos e, com o dinheiro dessa exportação, importam automóveis.
Eis a principal pauta de exportação da Nova Zelândia: laticínios, ovos, mel, carne, lã, madeira, frutas, nozes, bebidas e peixes.
Eis a principal pauta de exportações do Chile: cobre, uvas, peixes, polpa de madeira e fertilizantes.
Em troca desses bens simples, os neozelandeses e chilenos recebem carros, caminhões, máquinas, equipamentos, petróleo, aviões, eletroeletrônicos, têxteis, plásticos, produtos químicos, aços e borrachas.
Eu diria que é um ótimo negócio. E extremamente conveniente.
Tecnologia pura
O comércio internacional nada mais é do que uma forma de tecnologia mágica, que converte bens que você produz em bens que você não produz. Se você se especializa na produção de um bem, e adquire uma vantagem comparativa na produção deste bem, você conseguirá obter qualquer outro bem que deseja.
Essa é a mágica da especialização e da divisão do trabalho. Por poderem comprar carros (e praticamente quaisquer outros produtos) baratos do exterior, os chilenos e neozelandeses se concentram naquilo que sabem fazer melhor, e deixam para os outros a árdua tarefa de montar seus veículos. Eles já perceberam que é muito mais negócio simplesmente importar carros baratos do que direcionar recursos escassos para tentar fazê-los por conta própria, algo em que eles não são bons. Eles sabem que isso não seria inteligente. Eles entendem a lei das vantagens comparativas.
Em vez de sofrerem de delírios megalomaníacos, acreditando que devem tentar produzir de tudo, os chilenos e os neozelandeses simplesmente entenderam que há produtos que podem ser mais bem produzidos no exterior. Um destes são os automóveis.
O fato de que há países chamados Japão, Coreia e Estados Unidos, com pessoas e fábricas, é totalmente irrelevante para o bem-estar de neozelandeses e chilenos (e também de irlandeses, suíços e islandeses, cujos países também não possuem montadoras). Em termos práticos, tais locais podem ser vistos como gigantescas máquinas misteriosas que convertem laticínios, lãs, uvas e cobres em uma variedade de produtos que desejam.
Atrapalhando tudo
Agora, imagine que os governos destes dois países resolvessem "estimular a indústria nacional" tributando pesadamente os carros importados com o objetivo de criar uma "grande e forte" indústria automobilística local.
Quais seriam as consequências?
Em primeiro lugar, há o fato óbvio de que, se Chile e Nova Zelândia passarem a tributar pesadamente as importações de automóveis do Japão, da Coréia e dos EUA, estes países iriam retaliar e iriam também tributar pesadamente as importações de produtos chilenos e neozelandeses.
Consequentemente, não apenas toda a população estaria em pior situação (todos os produtos agora estariam bem mais caros), como ainda os próprios exportadores da Nova Zelândia e do Chile seriam prejudicados, pois agora seu mercado consumidor estaria reduzido.
Mas e se não houvesse retaliações? Ainda assim, as vítimas seriam as mesmas.
Para começar, a população da Nova Zelândia e do Chile agora estaria privada de obter carros baratos. Isso seria um ataque direto à sua mais essencial liberdade, que é a liberdade de escolha. Seus salários agora valeriam menos. As pessoas trabalhariam, mas não teriam o direito de usufruir seu salário em sua plenitude, pois o governo agora encareceu artificialmente a aquisição de um bem.
Mas tudo piora. E agora vem a parte principal. Construir indústrias automotivas e fabricar carros exigirá que vários recursos escassos sejam desviados para esses empreendimentos. Mais minério de ferro, mais aço, mais borracha, mais alumínio, mais plásticos, mais maquinários, mais eletricidade etc. serão demandados pelas montadoras. Consequentemente, haverá menos desses recursos disponíveis para o resto da economia, principalmente para os produtores exportadores. Mais aço, alumínio, borrachas, peças e maquinários demandados pela indústria automotiva significam menos desses itens disponíveis para os maquinários dos mineiros, as colheitadeiras dos agricultores, os barcos dos pescadores, e os tratores e caminhões dos madeireiros.
Os preços de todos os recursos subirão, inclusive a eletricidade. Consequentemente, os custos de produção também subirão. Ato contínuo, os próprios exportadores terão de subir seus preços, o que poderá afetar suas vendas. Com menos vendas ao exterior, a própria capacidade de importação do país diminui, o que pode afetar diretamente o padrão de vida de toda a população.
E tudo isso será ainda mais acentuado pelo fato de que, por não terem expertise nessa área e por operarem sob uma reserva de mercado, as indústrias automotivas destes países não terão motivos para serem eficientes. Isso elevará ainda mais o desperdício de recursos escassos, intensificando a alta de custos e dificultando ainda mais a vida dos outros produtores e exportadores.
Qual foi o ganho líquido para a população deste país? Exato, nenhum.
Qualquer política governamental criada para favorecer um setor é uma política que irá inevitavelmente prejudicar vários outros setores. No mercado, nenhuma distorção criada artificialmente passa impune.
No exemplo acima, uma tributação sobre (ou mesmo a proibição de) carros importados representou uma tributação sobre (ou mesmo a proibição de) vários outros produtos exportados. Se o governo decide proteger um setor, inevitavelmente ele prejudicará outro setor.
Conclusão
Decidir se um país deve ou não produzir carros por conta própria — ou qualquer outro produto — é algo que tem de ser determinado exclusivamente pelo sistema de preços livres. Este é o único sistema que pode determinar se um empreendimento é sensato ou não.
Havendo um sistema de preços livres, ele irá selecionar uma alocação de recursos que minimize os custos totais de produção.
Em alguns países — como Nova Zelândia, Irlanda, Suíça, Islândia e Chile —, não é racional direcionar recursos escassos para a produção de automóveis. É mais sensato trazê-los de fora. Em outros países, como EUA, Canadá e Alemanha, produzir dentro e também importar é o arranjo mais sensato, pois a demanda é grande.
Já quando um governo decide dificultar as importações para favorecer uma indústria já estabelecida — como ocorre com a indústria automotiva no Brasil —, ele não apenas transfere renda de toda a população para esta indústria (vide que os preços dos carros no Brasil nunca caem, mesmo em meio a uma brutal recessão e a uma acentuada queda na demanda), como ainda aumenta o custo do cidadão comum adquirir este produto. Toda essa perda de eficiência ocorre sem que haja nenhum ganho.
Como consequência, todo o país está mais pobre, e muito aquém do seu padrão de vida potencial.
Quer ter um padrão de vida alto, com acesso pleno e barato aos melhores produtos do mundo? Defenda o livre comércio.
https://www.mises.org.br/Article.aspx?id=2617
Os nossos pensamentos se coadunam quase que totalmente, mas ainda possuo os meus pontos de discordância é claro, não possuo números para a afirmação e não tenho a sua bagagem teórica, mas vejo a ausência de instituições protetoras e ilibadas como um aspecto sim, não o único é claro, para a baixa expansão do sistema de telecomunicações do país. Como ter segurança jurídica para expandir os seus negócios em um amontado de estados controlados por senhores da guerra???, quanto a parte de acumulação de poupança eu concordo totalmente.
Não acho que o mercado seja este mecanismo sacrossanto não, inclusive os novos estudos de economia comportamental apontam exatamente nesta direção, a mão invisível do mesmo não beneficia a todos sempre como diria Adam Smith, nem sempre as decisões são racionais da maneira que achamos que seja, o homem econômico é uma idealização, inclusive os economistas comportamentais vieram com a sugestão dos nudges, que seriam pequenos empurrões via estado para a tomada de melhor decisão para o sujeito e indivíduo, claro que sem afetar a sua liberdade de escolha particular diretamente, um paternalismo libertário digamos assim, um meio termo entre o liberalismo e o total controle das nossas vidas por um estado.

''O conceito de nudge é elaborado pelos autores dentro de um “paternalismo libertário”, considerado como ponto intermediário entre o total liberalismo (entendido como nenhuma intervenção do Estado na vida privada das pessoas) e o paternalismo coercitivo (entendido como o Estado tomando todas as decisões em nome das pessoas). Nesse conceito, é desejável manter a possibilidade de escolha, mas seria também desejável que o Estado incentivasse as escolhas consideradas socialmente corretas ou saudáveis. Em outras palavras, Thaler e Sunstein acreditam que o Estado pode e deve induzir o cidadão a optar pelo que se afigura como a melhor decisão, sem, todavia, obrigá-lo a isso. É preciso, defendem eles, sempre deixar uma porta de saída, para que situações particulares possam receber soluções particulares. Evidentemente, essa discussão é complexa e transcende os objetivos deste texto.
“Previsivelmente irracional: como as situações do dia-a-dia influenciam as nossas decisões” (14), de Dan Ariely, é outra publicação de impacto na divulgação da economia comportamental e mostra, a partir da apresentação de uma série de experimentos, o quanto a nossa “irracionalidade” nas decisões é previsível. A previsibilidade se relaciona com o fato de que certos erros de decisão que cometemos são sistemáticos, e não aleatórios. Ou seja: cometemos frequentemente os mesmos “erros”. Ariely argumenta que, sabendo como os repetimos vez após vez, poderemos começar a perceber como evitá-los.''
https://scielosp.org/article/rpsp/2019.v43/e18/
 

Cafetão Chinês

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Os nossos pensamentos se coadunam quase que totalmente, mas ainda possuo os meus pontos de discordância é claro, não possuo números para a afirmação e não tenho a sua bagagem teórica, mas vejo a ausência de instituições protetoras e ilibadas como um aspecto sim, não o único é claro, para a baixa expansão do sistema de telecomunicações do país. Como ter segurança jurídica para expandir os seus negócios em um amontado de estados controlados por senhores da guerra???, quanto a parte de acumulação de poupança eu concordo totalmente.
Sem dúvida que é necessário garantir a justiça, segurança e propriedade privada. Eu não discordei disso.
Apenas discordo que o governo seja, principalmente na sua forma intervencionista, um bom protetor a propriedade privada.

Veja que no caso em específico, as telecomunicações da Somália expandiram mais do que outros países que tenham governos, durante o período anárquico. Como se explica isso?
E veja também que hoje existe um governo na Somália. Eles já não são anarquia desde 2003. Ou seja, aqui seu argumento nesse caso em específico, já cai totalmente por terra.

Porém não discordo que o capitalismo funciona muito melhor quando a propriedade privada é plenamente garantia. Como em países como Suíça e Nova Zelândia.
Não acho que o mercado seja este mecanismo sacrossanto não, inclusive os novos estudos de economia comportamental apontam exatamente neste direção, a mão invisível do mesmo não beneficia a todos sempre como diria Adam Smith, nem sempre as decisões são racionais da maneira que achamos que seja, o homem econômico é uma idealização, inclusive os economistas comportamentais vieram com a sugestão de nudges, que seriam pequenos empurrões via estado para a tomada de melhor decisão para o sujeito e indivíduo, claro que sem afetar a sua liberdade de escolha particular diretamente, um paternalismo libertário digamos assim, um meio termo entre o liberalismo e o total controle das nossas vidas por um estado.
Eu não disse que o mercado é "sacrossanto". O mercado é amoral (não imoral, nem moral). É apenas um mecanismo de trocas voluntárias com incentivos corretos para a alocação racional dos recursos. E é necessário que exista punição para aqueles que violam a propriedade privada.
Porém, pela própria natureza ineficiente do estado, defendo que isso seja feito através do livre-mercado, através de instituições de justiça e segurança privadas (Anarcocapitalismo).
O estado também é amoral, e não tem bons incentivos para a proteção da propriedade privada.

E por fim, fico triste que você tenha passado do argumento em favor da existência de um governo mínimo que protege a propriedade privada, para um mecanismo de "Nudge". Isso é puramente controle do mercado.
Ninguém disse que as decisões no mercado são sempre racionais, mas tampouco um burocrata do governo poderá saber quais são as decisões corretas a serem tomadas.
O mercado funciona num mecanismo de lucros e prejuízos, das quais as decisões irracionais são punidas pela exclusão da preferência dos consumidores.

Eu até posso aceitar um argumento seu em prol de uma minarquia que proteja a propriedade privada. Respeito essa posição.
O non sequitur é você querer a partir daí, justificar intervencionismo do estado na economia.

A “economia comportamental” fez contribuições interessantes, mas é contraditória
Ela imita exatamente aquilo que mais critica
2779.png


Thaler é o grande expoente da chamada "economia comportamental", que nada mais é do que a aplicação da psicologia a problemas que envolvem escolhas, transações, valorações e precificação.
A maioria dos economistas adeptos da Escola Austríaca de Pensamento Econômico, seguindo os princípios de Ludwig von Mises, faz uma profunda distinção entre a praxeologia — que é a análise lógica da ação humana — e a psicologia, que analisa as motivações comportamentais que precedem e sucedem a ação (veja a distinção aqui). Por exemplo, os austríacos dizem que a ação humana é proposital, o que significa que ela visa a um objetivo, mas não afirmam que ela sempre será racional, pois nem sempre será bem-sucedida em alcançar o objetivo pré-determinado.
Já a economia neoclássica optou pelo caminho inverso, com uma tendência cada vez maior de mesclar psicologia e praxeologia, na esperança de assim criar uma explicação mais rica e mais robusta para o comportamento humano. Afinal, se as pessoas ("agentes econômicos") são modeladas como "maximizadoras de utilidade", e se a utilidade é entendida como um estado psicológico de bem-estar, então por que não introduzir a psicologia na análise econômica?
Thaler, ao vencer o prêmio, observou: "Para ser um bom economista, você tem de ter em mente que as pessoas são humanas" — isto é, os seres humanos reais não são aquelas máquinas super-calculadoras que aparecem nos modelos econômicos neoclássicos. Isso é uma verdade indiscutível. Porém, inserir a psicologia no arcabouço da teoria neoclássica para tentar a aprimorá-la não necessariamente é um aperfeiçoamento.
Sim, entender psicologia é importante para empreendedores e historiadores. Mas a teoria econômica, como entendida por Mises, é um exercício puramente lógico, independente das motivações psicológicas específicas dos indivíduos. Por exemplo, a teoria de Carl Menger sobre valoração e escolha, subsequentemente desenvolvida nos trabalhos de Böhm-Bawerk, Fetter, Wicksteed, Mises e Rothbard, bem como de outros economistas austríacos, é um conceito lógico, e não comportamental. (Veja aqui outros exemplos).
Mas tudo piora.
Revigorando a disciplina, mas de maneira incoerente
A economia neoclássica sempre fez pressuposições estritas e estreitas sobre o que significa ser "racional". Em particular, o agente neoclássico sempre é consistente; ele possui uma ordem de preferência clara em relação a todas as coisas possíveis de serem feitas; ele sempre maximiza seu bem-estar; ele jamais exibe um viés para o consumo presente. E por aí vai.
Mas, em sua defesa, ele não é (como alguns críticos afirmam) um mero egoísta maximizador do lucro. Ele é tão egoísta ou altruísta quanto o resto de nós. Por mais estreita que seja a definição, "racionalidade" não significa egoísmo. Significa, isso sim, que ele é totalmente diferente de qualquer pessoa real que conhecemos. A piada é que ele jamais se preocupa com a desutilidade marginal de se preocupar com a utilidade marginal.
No entanto, o real problema com a economia neoclássica não é aquele que Thaler e os economistas comportamentais pensam ser. O indivíduo neoclássico nunca foi pensado para ser uma imagem de uma pessoa real. Ele é apenas uma marionete — uma construção teórica criada para gerar previsões sobre o mercado ou sobre o comportamento agregado das pessoas. Assim como as pressuposições irrealistas das ciências naturais ("imagine que o carro é uma esfera", "suponha que não haja atrito"), o indivíduo neoclássico funciona como um artifício analítico.
Já o mercado não é uma mera reflexão das capacidades decisórias do indivíduo; ele é um filtro no qual a concorrência e outras restrições institucionais alteram os resultados. Frequentemente o mercado produz resultados que são diferentes das intenções e capacidades dos agentes individuais. Eu diria que, na maioria das vezes, para melhor. Mas sempre diferente.
Sendo assim, a crítica às limitações teóricas do paradigma racional neoclássico, capitaneada por Thaler, foi algo bastante refrescante e útil. No entanto, e este é o paradoxo, a economia comportamental permanece apegada a este conceito estreito de racionalidade, a qual é vista como um padrão normativo e prescritivo de avaliação.
Na economia comportamental, os resultados de mercado são criticados tendo por base este conceito estreito de racionalidade. E é com base neste conceito estreito de racionalidade que os economistas comportamentais recomendam políticas públicas para "corrigir" distorções de mercado.
Exatamente pelo fato de a economia comportamental ver as pessoas como não sendo estreitamente racionais, o comportamento delas deve ser corrigido via políticas públicas. Richard Thaler, por exemplo, argumenta que, dado que as pessoas se comportam "irracionalmente" (isto é, de maneiras que não maximizam sua utilidade, como entendido pela teoria neoclássica), os governos devem intervir — não por meio de proibições ou de imposições de determinados comportamentos, mas sim "cutucando" gentilmente as pessoas, empurrando-as delicadamente para o rumo certo.
Por exemplo, afirma-se que as pessoas são obesas porque elas não levam em "total consideração" os efeitos negativos de seus hábitos alimentares não-saudáveis. E o que seria "total consideração"? Elas deveriam saber todas as futuras consequência nefastas de seus hábitos alimentares e trazer estas consequências futuras para o momento presente. Em termos técnicos, elas deveriam descontar esses efeitos negativos à taxa racional de desconto — a taxa de longo prazo, a taxa que uma pessoa usaria caso fosse super-racional e prudente. No entanto, a maioria das pessoas não é capaz de fazer isso. Segundo a economia comportamental, a maneira como o agente olha para as coisas hoje, no momento de decidir o que comer, é errada. É impetuosa. É "voltada para o presente". Desconsidera "as consequências negativas futuras". Logo, o indivíduo precisa de ajuda. E, na prática, é o governo quem deve intervir para ajudar.
Outros exemplos de intervenções defendidas pelos economistas comportamentais são leis determinando que os supermercados coloquem os alimentos mais saudáveis imediatamente na entrada do recinto, ou ainda que os patrões automaticamente inscrevessem seus empregados em planos previdenciários ou contas-poupança, a menos que eles especificamente optem por sair, e por aí vai.
Thaler chega até mesmo a rotular isso de "paternalismo libertário", fazendo uma distinção em relação às variedades mais pesadas de intervenção estatal.
Com efeito, há uma infinidade de comportamentos "irracionais" que podem exigir correção via intervenção estatal. As pessoas poupam pouco; comem muito; se endividam em excesso; usam o cartão de crédito sem saber; não fazem planos previdenciários; são muito otimistas quanto à própria capacidade de superar imprevisibilidades (e são muito pessimistas quanto à probabilidade delas ocorrerem); fumam muito; não usam energia sustentável; desconhecem os juros embutidos nos financiamentos etc.
Alguns economistas comportamentais defendem abertamente que o comportamento "irracional" dos indivíduos deve ser não apenas "gentilmente direcionado" (foi Thaler quem criou o termo "cutucada"), mas também tributado e regulado na direção daquele que seria o comportamento do indivíduo neoclássico perfeitamente racional.
Fora as implicações políticas deste raciocínio, há uma inacreditável ironia: a economia comportamental faz troça da economia neoclássica — porque os neoclássicos pressupõem indivíduos sempre racionais —, mas, no final, segue estas mesmas pressuposições como sendo o ideal a ser perseguido pelos seres humanos.
Dado que o indivíduo não se comporta racionalmente — como sugere os modelos neoclássicos —, então a solução da economia comportamental é adotar políticas públicas que façam o indivíduo se comportar de maneira um pouco mais semelhante ao indivíduo racional da economia neoclássica — a mesma economia escarnecida pelos economistas comportamentais.
No final, é como se houvesse um indivíduo neoclássico no fundo de todos nós, lutando para se libertar, mas sendo continuamente bombardeado por choques comportamentais. A economia comportamental seria nada menos que fazer com que você se torne o verdadeiro você. E tudo isso apesar de sua resistência.
Outro paradoxo
Um óbvio problema com todo este raciocínio é que os agentes que irão criar e implantar os "cutucões" comportamentais são também eles próprios "irracionais" — afinal, eles são seres humanos como todos os demais agentes humanos. Sendo assim, por que deveríamos esperar que os cutucões melhorassem os resultados sociais?
Outros economistas comportamentais, como Vernon Smith, são abertamente céticos quanto à ideia de que a razão seja a principal faculdade a guiar as ações humanas. Para ele, a principal força-motriz são as emoções. Consequentemente, ao colocar em dúvida a capacidade das pessoas de usar seus cérebros, os economistas comportamentais acabaram criando os fundamentos e justificativas para a introdução de controles governamentais para "proteger os indivíduos de seu comportamento irracional".
E, de novo, o paradoxo se mantém: afinal, se os seres humanos possuem um comportamento irracional e devem ser guiados para se tornarem mais racionais, então quem serão os ultra-racionais agentes incumbidos de guiar racionalmente todos os outros?
Conclusão
No final, a economia comportamental, embora tenha trazido contribuições interessantes, frequentemente empacota idéias simples e já bem conhecidas por economistas práticos, empreendedores e historiadores, e as trata como sendo descobertas novas e excitantes. Um fascinante ensaio do economista Steven Poole, de 2014, mostra que a maioria das descobertas dos economistas comportamentais não se aplica ao mundo real porque, dentre outras coisas, as pessoas se comportam de maneiras específicas dentro de um laboratório, maneira estas que são bem "racionais".
Os economistas seguidores da Escola Austríaca deveriam ficar felizes com o fato de que o prêmio Nobel de Thaler abra as portas para debates sobre idéias básicas, como valoração, escolhas, transações e como nós deveríamos tentar entender o comportamento humano. Isso faz com que seja ainda mais importante relembrar as pessoas de que a praxeologia oferece uma crítica paralela, porém distinta, à microeconomia neoclássica.
 
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abcdario

Bam-bam-bam
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Sem dúvida que é necessário garantir a justiça, segurança e propriedade privada. Eu não discordei disso.
Apenas discordo que o governo seja, principalmente na sua forma intervencionista, um bom protetor a propriedade privada.

Veja que no caso em específico, as telecomunicações da Somália expandiram mais do que outros países que tenham governos, durante o período anárquico. Como se explica isso?
E veja também que hoje existe um governo na Somália. Eles já não são anarquia desde 2003. Ou seja, aqui seu argumento nesse caso em específico, já cai totalmente por terra.

Porém não discordo que o capitalismo funciona muito melhor quando a propriedade privada é plenamente garantia. Como em países como Suíça e Nova Zelândia.

Eu não disse que o mercado é "sacrossanto". O mercado é amoral (não imoral, nem moral). É apenas um mecanismo de trocas voluntárias com incentivos corretos para a alocação racional dos recursos. E é necessário que exista punição para aqueles que violam a propriedade privada.
Porém, pela própria natureza ineficiente do estado, defendo que isso seja feito através do livre-mercado, através de instituições de justiça e segurança privadas (Anarcocapitalismo).
O estado também é amoral, e não tem bons incentivos para a proteção da propriedade privada.

E por fim, fico triste que você tenha passado do argumento em favor da existência de um governo mínimo que protege a propriedade privada, para um mecanismo de "Nudge". Isso é puramente controle do mercado.
Ninguém disse que as decisões no mercado são sempre racionais, mas tampouco um burocrata do governo poderá saber quais são as decisões corretas a serem tomadas.
O mercado funciona num mecanismo de lucros e prejuízos, das quais as decisões irracionais são punidas pela exclusão da preferência dos consumidores.

Eu até posso aceitar um argumento seu em prol de uma minarquia que proteja a propriedade privada. Respeito essa posição.
O non sequitur é você querer a partir daí, justificar intervencionismo do estado na economia.

A “economia comportamental” fez contribuições interessantes, mas é contraditória
Ela imita exatamente aquilo que mais critica
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Thaler é o grande expoente da chamada "economia comportamental", que nada mais é do que a aplicação da psicologia a problemas que envolvem escolhas, transações, valorações e precificação.
A maioria dos economistas adeptos da Escola Austríaca de Pensamento Econômico, seguindo os princípios de Ludwig von Mises, faz uma profunda distinção entre a praxeologia — que é a análise lógica da ação humana — e a psicologia, que analisa as motivações comportamentais que precedem e sucedem a ação (veja a distinção aqui). Por exemplo, os austríacos dizem que a ação humana é proposital, o que significa que ela visa a um objetivo, mas não afirmam que ela sempre será racional, pois nem sempre será bem-sucedida em alcançar o objetivo pré-determinado.
Já a economia neoclássica optou pelo caminho inverso, com uma tendência cada vez maior de mesclar psicologia e praxeologia, na esperança de assim criar uma explicação mais rica e mais robusta para o comportamento humano. Afinal, se as pessoas ("agentes econômicos") são modeladas como "maximizadoras de utilidade", e se a utilidade é entendida como um estado psicológico de bem-estar, então por que não introduzir a psicologia na análise econômica?
Thaler, ao vencer o prêmio, observou: "Para ser um bom economista, você tem de ter em mente que as pessoas são humanas" — isto é, os seres humanos reais não são aquelas máquinas super-calculadoras que aparecem nos modelos econômicos neoclássicos. Isso é uma verdade indiscutível. Porém, inserir a psicologia no arcabouço da teoria neoclássica para tentar a aprimorá-la não necessariamente é um aperfeiçoamento.
Sim, entender psicologia é importante para empreendedores e historiadores. Mas a teoria econômica, como entendida por Mises, é um exercício puramente lógico, independente das motivações psicológicas específicas dos indivíduos. Por exemplo, a teoria de Carl Menger sobre valoração e escolha, subsequentemente desenvolvida nos trabalhos de Böhm-Bawerk, Fetter, Wicksteed, Mises e Rothbard, bem como de outros economistas austríacos, é um conceito lógico, e não comportamental. (Veja aqui outros exemplos).
Mas tudo piora.
Revigorando a disciplina, mas de maneira incoerente
A economia neoclássica sempre fez pressuposições estritas e estreitas sobre o que significa ser "racional". Em particular, o agente neoclássico sempre é consistente; ele possui uma ordem de preferência clara em relação a todas as coisas possíveis de serem feitas; ele sempre maximiza seu bem-estar; ele jamais exibe um viés para o consumo presente. E por aí vai.
Mas, em sua defesa, ele não é (como alguns críticos afirmam) um mero egoísta maximizador do lucro. Ele é tão egoísta ou altruísta quanto o resto de nós. Por mais estreita que seja a definição, "racionalidade" não significa egoísmo. Significa, isso sim, que ele é totalmente diferente de qualquer pessoa real que conhecemos. A piada é que ele jamais se preocupa com a desutilidade marginal de se preocupar com a utilidade marginal.
No entanto, o real problema com a economia neoclássica não é aquele que Thaler e os economistas comportamentais pensam ser. O indivíduo neoclássico nunca foi pensado para ser uma imagem de uma pessoa real. Ele é apenas uma marionete — uma construção teórica criada para gerar previsões sobre o mercado ou sobre o comportamento agregado das pessoas. Assim como as pressuposições irrealistas das ciências naturais ("imagine que o carro é uma esfera", "suponha que não haja atrito"), o indivíduo neoclássico funciona como um artifício analítico.
Já o mercado não é uma mera reflexão das capacidades decisórias do indivíduo; ele é um filtro no qual a concorrência e outras restrições institucionais alteram os resultados. Frequentemente o mercado produz resultados que são diferentes das intenções e capacidades dos agentes individuais. Eu diria que, na maioria das vezes, para melhor. Mas sempre diferente.
Sendo assim, a crítica às limitações teóricas do paradigma racional neoclássico, capitaneada por Thaler, foi algo bastante refrescante e útil. No entanto, e este é o paradoxo, a economia comportamental permanece apegada a este conceito estreito de racionalidade, a qual é vista como um padrão normativo e prescritivo de avaliação.
Na economia comportamental, os resultados de mercado são criticados tendo por base este conceito estreito de racionalidade. E é com base neste conceito estreito de racionalidade que os economistas comportamentais recomendam políticas públicas para "corrigir" distorções de mercado.
Exatamente pelo fato de a economia comportamental ver as pessoas como não sendo estreitamente racionais, o comportamento delas deve ser corrigido via políticas públicas. Richard Thaler, por exemplo, argumenta que, dado que as pessoas se comportam "irracionalmente" (isto é, de maneiras que não maximizam sua utilidade, como entendido pela teoria neoclássica), os governos devem intervir — não por meio de proibições ou de imposições de determinados comportamentos, mas sim "cutucando" gentilmente as pessoas, empurrando-as delicadamente para o rumo certo.
Por exemplo, afirma-se que as pessoas são obesas porque elas não levam em "total consideração" os efeitos negativos de seus hábitos alimentares não-saudáveis. E o que seria "total consideração"? Elas deveriam saber todas as futuras consequência nefastas de seus hábitos alimentares e trazer estas consequências futuras para o momento presente. Em termos técnicos, elas deveriam descontar esses efeitos negativos à taxa racional de desconto — a taxa de longo prazo, a taxa que uma pessoa usaria caso fosse super-racional e prudente. No entanto, a maioria das pessoas não é capaz de fazer isso. Segundo a economia comportamental, a maneira como o agente olha para as coisas hoje, no momento de decidir o que comer, é errada. É impetuosa. É "voltada para o presente". Desconsidera "as consequências negativas futuras". Logo, o indivíduo precisa de ajuda. E, na prática, é o governo quem deve intervir para ajudar.
Outros exemplos de intervenções defendidas pelos economistas comportamentais são leis determinando que os supermercados coloquem os alimentos mais saudáveis imediatamente na entrada do recinto, ou ainda que os patrões automaticamente inscrevessem seus empregados em planos previdenciários ou contas-poupança, a menos que eles especificamente optem por sair, e por aí vai.
Thaler chega até mesmo a rotular isso de "paternalismo libertário", fazendo uma distinção em relação às variedades mais pesadas de intervenção estatal.
Com efeito, há uma infinidade de comportamentos "irracionais" que podem exigir correção via intervenção estatal. As pessoas poupam pouco; comem muito; se endividam em excesso; usam o cartão de crédito sem saber; não fazem planos previdenciários; são muito otimistas quanto à própria capacidade de superar imprevisibilidades (e são muito pessimistas quanto à probabilidade delas ocorrerem); fumam muito; não usam energia sustentável; desconhecem os juros embutidos nos financiamentos etc.
Alguns economistas comportamentais defendem abertamente que o comportamento "irracional" dos indivíduos deve ser não apenas "gentilmente direcionado" (foi Thaler quem criou o termo "cutucada"), mas também tributado e regulado na direção daquele que seria o comportamento do indivíduo neoclássico perfeitamente racional.
Fora as implicações políticas deste raciocínio, há uma inacreditável ironia: a economia comportamental faz troça da economia neoclássica — porque os neoclássicos pressupõem indivíduos sempre racionais —, mas, no final, segue estas mesmas pressuposições como sendo o ideal a ser perseguido pelos seres humanos.
Dado que o indivíduo não se comporta racionalmente — como sugere os modelos neoclássicos —, então a solução da economia comportamental é adotar políticas públicas que façam o indivíduo se comportar de maneira um pouco mais semelhante ao indivíduo racional da economia neoclássica — a mesma economia escarnecida pelos economistas comportamentais.
No final, é como se houvesse um indivíduo neoclássico no fundo de todos nós, lutando para se libertar, mas sendo continuamente bombardeado por choques comportamentais. A economia comportamental seria nada menos que fazer com que você se torne o verdadeiro você. E tudo isso apesar de sua resistência.
Outro paradoxo
Um óbvio problema com todo este raciocínio é que os agentes que irão criar e implantar os "cutucões" comportamentais são também eles próprios "irracionais" — afinal, eles são seres humanos como todos os demais agentes humanos. Sendo assim, por que deveríamos esperar que os cutucões melhorassem os resultados sociais?
Outros economistas comportamentais, como Vernon Smith, são abertamente céticos quanto à ideia de que a razão seja a principal faculdade a guiar as ações humanas. Para ele, a principal força-motriz são as emoções. Consequentemente, ao colocar em dúvida a capacidade das pessoas de usar seus cérebros, os economistas comportamentais acabaram criando os fundamentos e justificativas para a introdução de controles governamentais para "proteger os indivíduos de seu comportamento irracional".
E, de novo, o paradoxo se mantém: afinal, se os seres humanos possuem um comportamento irracional e devem ser guiados para se tornarem mais racionais, então quem serão os ultra-racionais agentes incumbidos de guiar racionalmente todos os outros?
Conclusão
No final, a economia comportamental, embora tenha trazido contribuições interessantes, frequentemente empacota idéias simples e já bem conhecidas por economistas práticos, empreendedores e historiadores, e as trata como sendo descobertas novas e excitantes. Um fascinante ensaio do economista Steven Poole, de 2014, mostra que a maioria das descobertas dos economistas comportamentais não se aplica ao mundo real porque, dentre outras coisas, as pessoas se comportam de maneiras específicas dentro de um laboratório, maneira estas que são bem "racionais".
Os economistas seguidores da Escola Austríaca deveriam ficar felizes com o fato de que o prêmio Nobel de Thaler abra as portas para debates sobre idéias básicas, como valoração, escolhas, transações e como nós deveríamos tentar entender o comportamento humano. Isso faz com que seja ainda mais importante relembrar as pessoas de que a praxeologia oferece uma crítica paralela, porém distinta, à microeconomia neoclássica.
Já li estas críticas no site Mises e as achei muito pertinente, no fim a Economia Comportamental trás o paradoxo de tentar reproduzir este homem racional em partes, mas ainda acho válido que o BUROCRATA se utilize desses dados técnicos na formulação de políticas públicas, você fala da irracionalidade do mesmo, mas creio eu que ela poderá ser mitigada através de uma equipe técnica competente, li uma matéria que tratava da eficiência destas políticas aplicadas a construção de poupanças no Reino Unido, a mesma foi mais eficiente do que as políticas inspiradas no Friedman, e sim, eu sei que você é um grande defensor da punição e proteção a quem viola iniciativa privada, não disse o contrário, só que não consigo visualizar como uma justiça privada e os mecanismos privados poderiam ser mais eficientes na aplicação das punições, sei que ambos são amorais, mas pelo menos o estado em teoria possui a pressão popular por meio de referendos, plebiscitos e votação.
 

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O caminho pra uma economia mais saudável, é sempre menos poder em posse de políticos, burocratas e meta-capitalistas (ou amigos do rei), e privilegiar o pequeno empreendimento.

Foi desse modo, que no próprio Brasil, o sul prosperou e a economia nordestina continuou estagnada, salvo raras exceções.

Daí se pode fazer um paralelo, onde no continente africano, os países que se desenvolveram mais foram os do sul, mediante seu modelo econômico, onde países pequenos são mais desenvolvidos, por exemplo, que grandes exportadores de petróleo do norte.
 

abcdario

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https://epocanegocios.globo.com/Eco...o-que-os-economistas-tem-feito-de-errado.html
Agora um exemplo em outra área importante: finanças. Os economistas tendem a pensar que o mercado de ações é eficiente - ou seja, o preço da ação da empresa em um dia é visto como a melhor estimativa possível do valor da ação da empresa naquele momento. "Como poderia ser diferente?", diz a lógica. Se a empresa valesse mais do que o preço implícito das ações, as pessoas comprariam as ações, elevando o preço das ações até que estivesse no nível adequado.
Mas, novamente, o mundo real é mais complicado: quem realmente toma as decisões de investimento? No momento em que você considera as camadas de intermediários financeiros que cuidam do dinheiro em nosso nome, competindo pelo nosso negócio, você vê vários tipos de distorções nesses incentivos. Gerentes de fundos podem querer seguir o pacote de investimentos de outros investidores em vez de seguir seus próprios julgamentos para não parecerem estúpidos. De repente, você tem o potencial de bolhas, "booms" e falências quando todos acumulam as mesmas ações ao mesmo tempo.
 


Stigma

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Valeu, vou conferir o site.

Cara, a África é imensa, tem história pra caramba e a gente sabe tão pouco. Uma vergonha.

Vergonha maior é a gente pensar que antes dos europeus lá era uma imensa selva com tribos da idade da pedra.
É, definitivamente não era uma selva, era uma savana.
 

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O que parece, em princípio, pelo que se mostra nas escolas brasileiras é isso, que existiu civilização em um pedacinho do continente (no Egito) e depois da queda para o Império Romano, acabou, e virou uma selva gigante.

E continuou selva durante um ''pequeno'' hiato de milhares de anos, com assédios não só europeus, mas de reinos asiáticos e árabes (expansão muslin), até os Estados Nacionais Europeus, voltarem pra terminar a limpa no continente.

Desse modo ignora-se, por exemplo, importantes civilizações africanas que prosperaram até caírem diante de invasores mais bem armados, como os reinos Núbio e Etíope, que já dominavam registro escritos e construções mais complexas.
 

Stigma

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O que parece, em princípio, pelo que se mostra nas escolas brasileiras é isso, que existiu civilização em um pedacinho do continente (no Egito) e depois da queda para o Império Romano, acabou, e virou uma selva gigante.

E continuou selva durante um ''pequeno'' hiato de milhares de anos, com assédios não só europeus, mas de reinos asiáticos e árabes (expansão muslin), até os Estados Nacionais Europeus, voltarem pra terminar a limpa no continente.

Desse modo ignora-se, por exemplo, importantes civilizações africanas que prosperaram até caírem diante de invasores mais bem armados, como os reinos Núbio e Etíope, que já dominavam registro escritos e construções mais complexas.
Na história, praticamente qualquer sociedade, personagem e cultura pode ser exaltado, vitorioso, próspero e avançado.
Na realidade, apenas aqueles que verdadeiramente alçaram tal objetivo citados anteriormentes serão lembrados.

É claro, tudo depende do contexto, lugar e linguagem, porém o mais importante é quem conta a história.

O problema da África, é a África.
Na geografia, pode ser dizer que o relevo do mundo fez aquele lugar ser um inferno.
 

Baralho

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O componente geográfico tem sua razão, mas não explicaria todo o motivo de o continente africano ter ficado ''derrotado'' nesse ''ranking''.

Quando foi mencionado a Etiópia e a Núbia (que hoje seria algo como os dois Sudão), é referência a, de fato, terem tido pródigos avanços no seu tempo.

Tendo como, não linhas retas, mas espirais estendidas, as ''linhas históricas'' de continentes e nações tem pontos altos e baixos, e hoje, 2019, o ponto alto africano é o que parece mais distante, o asiático (talvez) adiante, e o europeu o vigente (há uns 700 anos, quase).
 

JmB!

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Bom, nisso, uma matéria de O Globo sobre Yuzuke, o famoso Samurai Negro, misturada com o texto de Um Toque de História:

Yazuke, o samurai negro

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O Japão não é um lugar que seria normalmente associado a presença de escravos oriundos da África. No entanto, no final do século 16, Oda Nobunaga, o mais poderoso senhor da guerra do Japão, tinha um escravo africano que não era apenas uma curiosidade cultural, mas também seu guarda-costas e que alcançou bastante prestígio entre os japoneses daquele tempo.


Em meados do século XVI, a costa do Japão começou a ser frequentada por navios espanhóis e portugueses, que na época já navegaram pelo Oceano Pacífico. Além das sedas e especiarias, esses comerciantes levavam como parte da tripulação missionários católicos, principalmente jesuítas, ansiosos para reunir almas frescas ao Senhor por aquelas terras pagãs.

Havia poucos nobres japoneses que via com curiosidade, até mesmo com bons olhos, esta nova religião e os estrangeiros barbudos. Um desses entusiastas era Oda Nobunaga, o primeiro dos três grandes unificadores do império insular, que em 1580 tinha conseguido colocar metade do país sob o seu controle e mantinha a outra metade em uma rédea curta. Sem exagero ele podia ser considerado o rei do Japão.

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Exército de Nonunaga

Homem de inteligência inquieta e visão avançada, Nobunaga recebeu de forma digna os jesuítas e, embora se converter ao cristianismo não estava nos seus planos, gostava de receber os religiosos em audiência para saber como era o mundo quinhentista além dos limites do arquipélago japonês.

Mas as crônicas contam que um dia a paz que Nobunaga tanto se esforçou trazer para a capital japonesa foi subitamente interrompido pela chegada de um pitoresco convidado.

Em 23 de março de 1581 desembarcou o italiano Alessando Valignano, padre visitador (inspetor) dos jesuítas. Este trazia em sua comitiva um mauro vassalo, tão negro como os etíopes da Guiné. Alguém cujo nome verdadeiro é até hoje desconhecido, mas a quem os japoneses logo batizaram como Yasuke (弥 助). De acordo com a Histoire ecclésiastique Et Des Isles Du Japon royaumes, escrita pelo jesuíta François Solier em 1627, Yasuke era nativo de Moçambique, mas outros relatos afirmam que ele veio do Congo.

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Visitantes portugueses no Japão

As origens desta jovem impressionante ainda estão não totalmente conhecidas. Historiadores japoneses contemporâneos acreditavam que ele tinha sido vendido a Valignano em algum lugar no Congo, no entanto, estudos recentes mostram que ele pode ter sido um membro da etnia Makua de Moçambique, e que seu nome original era Yasufe. Moçambicano ou Congolês não se sabe, bem como se Yasufe , ou Yasuke, foi a primeira pessoa negra a pisar no Japão, uma vez que não era raro encontrar escravos africanos em galeões e caravelas da época. Mas, ao que parece, ele deve ter sido o primeiro negro visto na capital japonesa, Quioto, a então capital do Japão Imperial, sendo substituída por Tóquio em 1868.



O que se sabe, graças a testemunhos dos jesuítas e a documentos japoneses da época, é que Yasuke, ou Iusufe, chegou ao Japão em 1579, ao serviço do missionário napolitano Alessandro Valignano, nomeado Visitante das missões jesuíticas nas Índias, o que, na época, incluía também a costa oriental de África. O Visitante, uma espécie de inspetor, respondia diretamente ao superior geral da Companhia de Jesus.


A presença de Yasuke, um homem negro, com 1,88 metro, um gigante para a época, em particular para os padrões japoneses, atraía imensa gente, por onde quer que a comitiva de Valignano passasse, causando tumultos. Oda Nobunaga, rico e poderoso senhor feudal, ouviu falar dele e quis vê-lo. Não acreditando que um homem pudesse ter cor tão escura, ordenou que lhe dessem banho. Naturalmente, Yasuke saiu do banho ainda mais negro e reluzente do que quando entrara. Nobunaga ficou também muito impressionado com a força de Yasuke, com a sua inteligência e refinamento, convidando-o a viver no seu castelo, em Azuchi. Sabendo-se que Valignano sempre defendeu o estudo do japonês e a adaptação dos missionários e dos funcionários ao seu serviço aos usos e costumes locais, supõe-se que Yasuke falaria japonês com fluência.


1-124.jpg

Yasuke ascendeu rapidamente na corte de Nobunaga, tornando-se o primeiro samurai estrangeiro da história do Japão. Combateu ao lado das forças do seu senhor, até estas serem derrotadas pelo exército do general rebelde Akechi Mitsuhide, em 1582. Nobunaga cometeu seppuku, o cruel suicídio por esventramento dos samurais, e Yasuke juntou-se ao filho de Nobunaga, Odu Nobutada. Distinguiu-se em combate, mas foi finalmente capturado. Akechi Mitsuhide, numa decisão que tanto pode ter tido motivações políticas quanto humanitárias, poupou-lhe a vida e entregou-o aos jesuítas.


A história de Yasuke talvez nos pareça hoje ainda mais extraordinária do que aos olhos de quem a testemunhou. Naquela época, no Japão, os africanos eram vistos com curiosidade; contudo, não há sinais de que houvesse preconceito racial. Yasuke foi admirado enquanto um ser exótico, é verdade, mas o reconhecimento que se seguiu resultou das qualidades humanas e de grande guerreiro que logo demonstrou.



Originais: OGlobo
Toque de História
Obs: Mesclei as duas fontes num único texto, se tiver ficado ruim de ler, dêem um toque.

c***lho, então Nioh é baseado em uma história real????

:karrepio

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JmB!

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Não sei, qual a história do jogo?

Um inglês vai parar no japão feudal evitar que um Emo ressuscite Oda Nabunaga. E para não ter seus planos prejudicados, o Emo faz um acordo com um nobre local que também deseja a ressurreição do antigo Shogun e para isso envia uns Samurais que possuem espíritos guerreiros, entre eles o Yazuke.

Mas o que os japas não sabiam era que o Inglês loiro de olho azul podia "absorver" todos os espíritos e destruir geral... assim eles entram em altas confusões numa enorme aventura.

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Goris

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Um inglês vai parar no japão feudal evitar que um Emo ressuscite Oda Nabunaga. E para não ter seus planos prejudicados, o Emo faz um acordo com um nobre local que também deseja a ressurreição do antigo Shogun e para isso envia uns Samurais que possuem espíritos guerreiros, entre eles o Yazuke.

Mas o que os japas não sabiam era que o Inglês loiro de olho azul podia "absorver" todos os espíritos e destruir geral... assim eles entram em altas confusões numa enorme aventura.

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Caramba, legal saber.

valeu!
 

Goris

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Lendo A Era dos Impérios, de Hobsbawn (sim, eu leio livros, só não cito fontes porque meu objetivo não é fazer um trabalho Universitário, mas me divertir) acabei descobrindo os soldados ascari (askari, em inglês) e embora não vá escrever sobre eles (afinal são africanos que atacaram a Etiópia, traidores da pior espécie) achei super legal pesquisar sobre os caras.

Exceto pelas divisões de paraquedistas alemães e pelas tropas japonesas em Burma, é dito que os ingleses não enfrentaram inimigos mais combativos que os ascari. E isso é muita coisa, vindo de um país que enfrentou quase que sozinho a Alemanha Nazista por quase 2 anos e resistiu.

De repente a galera "do bem", que vive criticando minhas postagens pode ter interesse em escrever sobre eles, cheio de fontes e citações, pra eu ver como se faz.
 

Goris

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Off-topic Pois é, ninguém nem liga pros askari, porque africanos empoderados de verdade não vendem narrativa.

Ontopic Caramba, dia 20 de novembro foi dia da consciência negra, ninguém fez postagens falando que Zumbi era o Salvador da Terra ou algo assim?
 

Stigma

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Lendo A Era dos Impérios, de Hobsbawn (sim, eu leio livros, só não cito fontes porque meu objetivo não é fazer um trabalho Universitário, mas me divertir) acabei descobrindo os soldados ascari (askari, em inglês) e embora não vá escrever sobre eles (afinal são africanos que atacaram a Etiópia, traidores da pior espécie) achei super legal pesquisar sobre os caras.
Não sei se é correto afirmar que os Askari foram traidores, é importante lembra que a Etiópia não era esse paraíso africano que muitos dizem, alias os askari capturados tiveram suas mãos e pé mutilados pelos Etíopes.

Os Etíopes cometeram diversos crimes de guerra, talvez mais até que os italianos.
 

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Em qualquer caso importa se perguntar, quem estava ''em casa'' e quem estava tentando invadir a ''casa de quem''...

De todo modo, a resistência da Etiópia como um dos 2 únicos paises africanos (o outro foi a Libéria, ex-protetorado norte-americano) a não cair sob o jugo de Berlim, é notável.
 

Stigma

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Em qualquer caso importa se perguntar, quem estava ''em casa'' e quem estava tentando invadir a ''casa de quem''...

De todo modo, a resistência da Etiópia como um dos 2 únicos paises africanos (o outro foi a Libéria, ex-protetorado norte-americano) a não cair sob o jugo de Berlim, é notável.
Na construção da Etiópia, muitas tribos e cidades foram invadidas, aniqulidadas ou conquistadas.
(Assim foi o processo de diversas grandes nações, como a China e a Europa.)
Os descendentes dessas tribos poderiam ser talvez fossem os próprios askari.
É claro, isso é só uma hipótese.

Mas, é claro que ninguém chama os vitoriosos de invasores, são chamados de conquistadores.
 

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Pois é, não existe história de heróis, realmente, na formação dos países. Longe disso, na verdade.
 

Goris

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Etiópia é uma país com uma história muito foooda!
Sim.
É sério, o Imperador Selassie parece ter sido um cara muito foda. Foi um dos articuladores da Liga das Nações e da ONU, um dos maiores oradores do século passado e, como não matou milhões de pessoas e foi morto por comunistas, melhor deixar ele e tudo que ele fez de lado.

Já sobre a Etiópia ter tido guerras no passado, todos os reinos antigos tiveram. E muitas vezes, você sempre vai pensar "Eles conquistaram e destruíram outros povos" mas tbm nunca se saberá quem foi o provocador.
 

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Dois dados interessantes.
Esse tal imperador etíope é considerado o messias na ''religião'' rastafari - que era seguida pelos pioneiros do reggae no Caribe.

Outro é que a Etiópia foi o único país majoritariamente cristão do norte africano durante muito tempo - mesmo após a tomada de países vizinhos pelo expansão islâmica, o país seguiu a religião proto-cristã copta, e além desta, em menor grau, seguiu também uma vertente do judaísmo.
 

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Pequeno 'up' mas útil, divulgando esse estudo sobre voto e orientação política entre os afro-brasileiros, ao longo da história recente do país.

Focando, sobretudo, o Brasil pós-república, do fim do séc. XIX até os dias de hoje.

"O fim da emigração estrangeira, nos anos 30, e a constituição de uma reserva de mercado para o trabalhador brasileiro, possibilitaram a incorporação de uma enorme massa racialmente mulata ou negra, que migrou para São Paulo e para os estados do sul e do sudeste brasileiro, oriunda de várias partes do país, principalmente de Minas Gerais, do interior de São Paulo, do Rio de Janeiro e dos estados do nordeste, as regiões mais populosas.

Ou seja, até então, os anos 30, o Brasil tinha reconhecidamente uma questão racial, cujos fundamentos eram biológicos e demográficos. Assim, enquanto perdurou a importação de escravos africanos ou enquanto o volume de migração européia foi diminuto, éramos vistos por nossas elites
como uma nação sem povo e sem uma cultura nacional (Skidmore, 1976).

Desse modo, a Revolução de 30 e a Segunda República tiveram o bom senso de desarmar a ''bomba étnica'' que se formava em conformidade com os temores da escritora (final do séc. XIX) Nina Rodrigues.

O ideário da democracia racial, enquanto “solução” da questão negra, não significou, todavia, um esforço em combater as desigualdades de renda e de oportunidades sociais entre negros e brancos, e só parcialmente, no plano da cultura e da ideologia, representou um freio à discriminação e ao preconceito.

Em termos jurídicos, por exemplo, apenas uma lei, em 1952, a Lei Afonso Arinos reconheceu a existência de preconceito racial no país, punindo-o como contravenção legal, ainda que a sua prática continuasse disseminada e sem coibição.

Todavia, há de se reconhecer que, em termos ideológicos, as crenças na democracia racial e na origem mestiça do povo brasileiro serviram para solidificar
a posição formal de igualdade dos negros e mulatos na sociedade brasileira.

Mas nem mesmo foi a democracia racial suficiente para calar o protesto social dos negros, como entenderemos a seguir. Antes, porém, algumas
palavras devem ser ditas sobre as tensões por que passa a “democracia racial” nos últimos quinze anos.

Se as migrações internas e a criação de uma sólida cultura nacional, de bases mestiças e populares, de origens principalmente nordestinas, baianas, cariocas e mineiras, foram capazes de desarmar a bomba étnica que se formava em São Paulo antes dos anos 30, elas não evitaram, porém, a emergência ou continuidade de novos problemas, tais como o preconceito étnico e regional.

E também as crescentes desigualdades raciais. Do mesmo modo, a crença na democracia racial fora tecida por sobre a lenda da excepcionalidade brasileira, que
deixava de ser plausível à medida que outras sociedades pós-coloniais, como Estados Unidos e Canadá, superavam a segregação racial (décadas de 50 e 60) através de soluções como o convívio multirracial e multicultural, numa situação de convivência democrática mais igualitária em termos de oportunidades de vida.

Mais ainda. O conceito da democracia racial acabara por associar-se em demasia ao sentimento de nacionalidade (nacionalismo brasileiro), à ideologia oficial do regime militar e à expansão econômica dos anos 50, 60 e 70. O esgotamento do modelo econômico de substituição de importações e a débâcle do autoritarismo, que conduziram à grave crise dos anos 80, erodiram assim as bases mesmas do sentimento de nacionalidade e de seus mitos.

À crise econômica e à crise de governabilidade corresponderam sentimentos de desmoralização e desagregação nacionais.
O Brasil começou a experimentar fenômenos até então desconhecidos ou já devidamente apagados da memória nacional, todos à contra-mão de seus mitos fundadores:
a) Reivindicação de etnicidades indígenas por parte de populações de
há muito integradas à vida nacional como caboclas;
b) Imigração de grandes contingentes de brasileiros para o exterior, principalmente para os Estados Unidos, à procura de uma nova vida; c) o surgimento de movimentos separatistas no sul do país, assim como de atentados racistas contra negros e nordestinos, em
São Paulo;
d) A busca de dupla nacionalidade (um segundo passaporte) por
parte da classe média branca de origem européia recente.

Ou seja, o Brasil, para os brasileiros, pela primeira vez no pós-2guerra, já não era nem o melhor, nem o único, ao menos em termos de organização social. A grande expansão da educação formal e do mercado de trabalho, nas décadas anteriores, desaguava agora num enorme sentimento de frustração.

Como tal sentimento manifestou-se entre a população negra? Comecemos pelo voto.

Focalizando especificamente São Paulo, entre 1888 e 1988, George Andrews (1991) apresenta uma interpretação síntese de quais têm sido as tendências políticas dos negros brasileiros. Seu argumento é que, no passado, a simpatia política do povo negro sempre esteve com a monarquia, pois era sabido que o Imperador sempre fora muito mais propenso à abolição da escravidão que os fazendeiros.

Do mesmo modo, a Primeira República, que se segue à abolição, por ser uma república de fazendeiros, no plano do poder, e ter adotado uma política cultural de europeização dos costumes, nunca fora bem bem-quista pelos negros Apenas o Estado Novo de Vargas, com sua política de proteção ao trabalhador brasileiro e de tutela de seus sindicatos (e, posteriormente, o trabalhismo de Getúlio, Jango e Brizola), reconquistou as simpatias das massas negras na mesma escala conseguida pela casa imperial.

O historiador inglês, G. Andrews, reproduz em sua síntese o consenso de boa parte da literatura disponível sobre o tema. A primeira tentativa de explicar o comportamento político diferenciado dos negros no Brasil moderno foi de Gilberto Freyre. As duas frases reproduzidas abaixo sintetizam muito bem a sua opinião sobre a preferência dos negros pelos políticos populistas, principalmente pelo trabalhismo."

Link do estudo: http://www.scielo.br/pdf/ts/v13n2/v13n2a07.pdf

Vale parar alguns minutos pra ler, vale como conhecimento e reflexão, são só 22 páginas.
 

Goris

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Pequeno 'up' mas útil, divulgando esse estudo sobre voto e orientação política entre os afro-brasileiros, ao longo da história recente do país.

Focando, sobretudo, o Brasil pós-república, do fim do séc. XIX até os dias de hoje.

"O fim da emigração estrangeira, nos anos 30, e a constituição de uma reserva de mercado para o trabalhador brasileiro, possibilitaram a incorporação de uma enorme massa racialmente mulata ou negra, que migrou para São Paulo e para os estados do sul e do sudeste brasileiro, oriunda de várias partes do país, principalmente de Minas Gerais, do interior de São Paulo, do Rio de Janeiro e dos estados do nordeste, as regiões mais populosas.

Ou seja, até então, os anos 30, o Brasil tinha reconhecidamente uma questão racial, cujos fundamentos eram biológicos e demográficos. Assim, enquanto perdurou a importação de escravos africanos ou enquanto o volume de migração européia foi diminuto, éramos vistos por nossas elites
como uma nação sem povo e sem uma cultura nacional (Skidmore, 1976).

Desse modo, a Revolução de 30 e a Segunda República tiveram o bom senso de desarmar a ''bomba étnica'' que se formava em conformidade com os temores da escritora (final do séc. XIX) Nina Rodrigues.

O ideário da democracia racial, enquanto “solução” da questão negra, não significou, todavia, um esforço em combater as desigualdades de renda e de oportunidades sociais entre negros e brancos, e só parcialmente, no plano da cultura e da ideologia, representou um freio à discriminação e ao preconceito.

Em termos jurídicos, por exemplo, apenas uma lei, em 1952, a Lei Afonso Arinos reconheceu a existência de preconceito racial no país, punindo-o como contravenção legal, ainda que a sua prática continuasse disseminada e sem coibição.

Todavia, há de se reconhecer que, em termos ideológicos, as crenças na democracia racial e na origem mestiça do povo brasileiro serviram para solidificar
a posição formal de igualdade dos negros e mulatos na sociedade brasileira.

Mas nem mesmo foi a democracia racial suficiente para calar o protesto social dos negros, como entenderemos a seguir. Antes, porém, algumas
palavras devem ser ditas sobre as tensões por que passa a “democracia racial” nos últimos quinze anos.

Se as migrações internas e a criação de uma sólida cultura nacional, de bases mestiças e populares, de origens principalmente nordestinas, baianas, cariocas e mineiras, foram capazes de desarmar a bomba étnica que se formava em São Paulo antes dos anos 30, elas não evitaram, porém, a emergência ou continuidade de novos problemas, tais como o preconceito étnico e regional.

E também as crescentes desigualdades raciais. Do mesmo modo, a crença na democracia racial fora tecida por sobre a lenda da excepcionalidade brasileira, que
deixava de ser plausível à medida que outras sociedades pós-coloniais, como Estados Unidos e Canadá, superavam a segregação racial (décadas de 50 e 60) através de soluções como o convívio multirracial e multicultural, numa situação de convivência democrática mais igualitária em termos de oportunidades de vida.

Mais ainda. O conceito da democracia racial acabara por associar-se em demasia ao sentimento de nacionalidade (nacionalismo brasileiro), à ideologia oficial do regime militar e à expansão econômica dos anos 50, 60 e 70. O esgotamento do modelo econômico de substituição de importações e a débâcle do autoritarismo, que conduziram à grave crise dos anos 80, erodiram assim as bases mesmas do sentimento de nacionalidade e de seus mitos.

À crise econômica e à crise de governabilidade corresponderam sentimentos de desmoralização e desagregação nacionais.
O Brasil começou a experimentar fenômenos até então desconhecidos ou já devidamente apagados da memória nacional, todos à contra-mão de seus mitos fundadores:
a) Reivindicação de etnicidades indígenas por parte de populações de
há muito integradas à vida nacional como caboclas;
b) Imigração de grandes contingentes de brasileiros para o exterior, principalmente para os Estados Unidos, à procura de uma nova vida; c) o surgimento de movimentos separatistas no sul do país, assim como de atentados racistas contra negros e nordestinos, em
São Paulo;
d) A busca de dupla nacionalidade (um segundo passaporte) por
parte da classe média branca de origem européia recente.

Ou seja, o Brasil, para os brasileiros, pela primeira vez no pós-2guerra, já não era nem o melhor, nem o único, ao menos em termos de organização social. A grande expansão da educação formal e do mercado de trabalho, nas décadas anteriores, desaguava agora num enorme sentimento de frustração.

Como tal sentimento manifestou-se entre a população negra? Comecemos pelo voto.

Focalizando especificamente São Paulo, entre 1888 e 1988, George Andrews (1991) apresenta uma interpretação síntese de quais têm sido as tendências políticas dos negros brasileiros. Seu argumento é que, no passado, a simpatia política do povo negro sempre esteve com a monarquia, pois era sabido que o Imperador sempre fora muito mais propenso à abolição da escravidão que os fazendeiros.

Do mesmo modo, a Primeira República, que se segue à abolição, por ser uma república de fazendeiros, no plano do poder, e ter adotado uma política cultural de europeização dos costumes, nunca fora bem bem-quista pelos negros Apenas o Estado Novo de Vargas, com sua política de proteção ao trabalhador brasileiro e de tutela de seus sindicatos (e, posteriormente, o trabalhismo de Getúlio, Jango e Brizola), reconquistou as simpatias das massas negras na mesma escala conseguida pela casa imperial.

O historiador inglês, G. Andrews, reproduz em sua síntese o consenso de boa parte da literatura disponível sobre o tema. A primeira tentativa de explicar o comportamento político diferenciado dos negros no Brasil moderno foi de Gilberto Freyre. As duas frases reproduzidas abaixo sintetizam muito bem a sua opinião sobre a preferência dos negros pelos políticos populistas, principalmente pelo trabalhismo."

Link do estudo: http://www.scielo.br/pdf/ts/v13n2/v13n2a07.pdf

Vale parar alguns minutos pra ler, vale como conhecimento e reflexão, são só 22 páginas.
Acabei de almoçar, sábado é dia que da pra cochilar, mas assim que voltar vou conferir, parece interessante, Baralho.
 

Goris

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Andei salvando em txt alguns textos, alguém ainda tem interesse no tópico ou melhor esquecer?
 

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Andei salvando em txt alguns textos, alguém ainda tem interesse no tópico ou melhor esquecer?
Alguém podia falar sobre o afrocentrismo no Brasil. Da super valorização excessiva da cultura afro no Brasil. Que algumas comidas que nem são de origem africanas falam que os africanos que trouxeram. Da mania de falar que tudo que no Brasil é africano que trouxe. Do porque o PT africanizou o Brasil ao lançar o slogan que o Brasil é o país mais "negro" do mundo. Supondo que a maioria dos brasileiros fossem mulatos, não entendo onde isso torna o Brasil o país mais negro do "mundo". É como dizer que o Brasil é igual a Jamaica, ou o Haiti. Até em países africanos falam que tal país 40 mil são negros e 10 mil mulatos. Só no Brasil essa palhaçada. Cabo Verde na internet fala que a maioria é mulata. Mistura de negro com branco. Só no Brasil mesmo essa palhaçada de país negro.
 

Goris

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André Rebouças

230px-Rodolfo_Bernardelli_-_Retrato_de_Andr%C3%A9_Rebou%C3%A7as.jpg
André Rebouças
(Cachoeira, 13 de janeiro de 1838 — Funchal, 9 de maio de 1898) foi um engenheiro, inventor,[1] [2] abolicionista e monarquista brasileiro. Foi exilado junto com a família imperial no período da proclamação da república em 15 de novembro de 1889. Ele passou seus últimos seis anos trabalhando pelo desenvolvimento de alguns países africanos.

Biografia
André Rebouças era filho de Antônio Pereira Rebouças (1798-1880) e de Carolina Pinto Rebouças. Seu pai, filho de uma escrava [nascida livre] e de um alfaiate português, era advogado autodidata, deputado e conselheiro de Pedro II.

Dois dos seus seis irmãos, Antônio Pereira Rebouças Filho e José Rebouças, também eram engenheiros. André ganhou fama no Rio de Janeiro, então Capital do Império, ao solucionar o problema de abastecimento de água, trazendo-a de mananciais fora da cidade.

Servindo como engenheiro militar na guerra do Paraguai, André Rebouças desenvolveu um torpedo, utilizado com sucesso.

Em 1871, André e seu irmão Antônio, também engenheiro, apresentaram ao Imperador D. Pedro II o projeto da estrada de ferro ligando a cidade de Curitiba ao litoral do Paraná, na cidade de Antonina. Quando da execução do projeto, o trajeto foi alterado para o porto de Paranaguá. Até hoje, essa obra ferroviária se destaca pela ousadia de sua concepção.

Ao lado de Machado de Assis, Cruz e Souza, José do Patrocínio, André Rebouças foi um dos representantes da pequena classe média negra em ascensão no Segundo Reinado e uma das vozes mais importantes em prol do abolicionismo no Brasil. Ajudou a criar a Sociedade Brasileira Contra a Escravidão, ao lado de Joaquim Nabuco, José do Patrocínio e outros. Participou também da Confederação Abolicionista e redigiu os estatutos da Associação Central Emancipadora.

Participou da Sociedade Central de Imigração, juntamente com o Visconde de Taunay.

Incentivou a carreira de Carlos Gomes, autor da ópera O Guarani.

Entre setembro de 1882 e fevereiro de 1883, Rebouças permaneceu na Europa, retornando ao Brasil para dar continuidade à campanha pela abolição da escravatura. Ao participar do último baile do império, na Ilha Fiscal, em 09 de novembro de 1889, quase às vésperas da proclamação da república viu recusado por uma dama o seu convite para dançar.

Observando o ocorrido, o Imperador D. Pedro II imediatamente solicita à Princesa Isabel para ser seu par. Com a abolição, veio também a queda do império, e, assim, em 1889, André Rebouças embarca, juntamente com a família imperial, com destino à Europa. Por dois anos, ele permanece exilado em Lisboa, como correspondente do The Times de Londres. Posteriormente, transfere-se para Cannes, onde permanece até a morte de D. Pedro II, em 1891.

Em 1892, Rebouças aceita um emprego em Luanda, onde permaneceu por 15 meses. A partir de meados de 1893, vai residir em Funchal, na Ilha da Madeira, até sua morte no dia 9 de maio de 1898.

200px-Andre_rebou%C3%A7as_00.JPG

Dias atrás minha esposa, sulista, comentou que os famosos Rebouça eram negros e me surpreendi. Engenheiros famosos, com obras que tem seus nomes mais de século depois e nunca havia lido sobre sua negritude. Apesar de não ser uma história da África, é interessante demais pra se perder esse fato.

Fonte: Wikipedia

Uma história ainda mais completa em Educação UOL, que vale muito a pena ser lido.
 

Quilava

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André Rebouças

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André Rebouças
(Cachoeira, 13 de janeiro de 1838 — Funchal, 9 de maio de 1898) foi um engenheiro, inventor,[1] [2] abolicionista e monarquista brasileiro. Foi exilado junto com a família imperial no período da proclamação da república em 15 de novembro de 1889. Ele passou seus últimos seis anos trabalhando pelo desenvolvimento de alguns países africanos.

Biografia
André Rebouças era filho de Antônio Pereira Rebouças (1798-1880) e de Carolina Pinto Rebouças. Seu pai, filho de uma escrava [nascida livre] e de um alfaiate português, era advogado autodidata, deputado e conselheiro de Pedro II.

Dois dos seus seis irmãos, Antônio Pereira Rebouças Filho e José Rebouças, também eram engenheiros. André ganhou fama no Rio de Janeiro, então Capital do Império, ao solucionar o problema de abastecimento de água, trazendo-a de mananciais fora da cidade.

Servindo como engenheiro militar na guerra do Paraguai, André Rebouças desenvolveu um torpedo, utilizado com sucesso.

Em 1871, André e seu irmão Antônio, também engenheiro, apresentaram ao Imperador D. Pedro II o projeto da estrada de ferro ligando a cidade de Curitiba ao litoral do Paraná, na cidade de Antonina. Quando da execução do projeto, o trajeto foi alterado para o porto de Paranaguá. Até hoje, essa obra ferroviária se destaca pela ousadia de sua concepção.

Ao lado de Machado de Assis, Cruz e Souza, José do Patrocínio, André Rebouças foi um dos representantes da pequena classe média negra em ascensão no Segundo Reinado e uma das vozes mais importantes em prol do abolicionismo no Brasil. Ajudou a criar a Sociedade Brasileira Contra a Escravidão, ao lado de Joaquim Nabuco, José do Patrocínio e outros. Participou também da Confederação Abolicionista e redigiu os estatutos da Associação Central Emancipadora.

Participou da Sociedade Central de Imigração, juntamente com o Visconde de Taunay.

Incentivou a carreira de Carlos Gomes, autor da ópera O Guarani.

Entre setembro de 1882 e fevereiro de 1883, Rebouças permaneceu na Europa, retornando ao Brasil para dar continuidade à campanha pela abolição da escravatura. Ao participar do último baile do império, na Ilha Fiscal, em 09 de novembro de 1889, quase às vésperas da proclamação da república viu recusado por uma dama o seu convite para dançar.

Observando o ocorrido, o Imperador D. Pedro II imediatamente solicita à Princesa Isabel para ser seu par. Com a abolição, veio também a queda do império, e, assim, em 1889, André Rebouças embarca, juntamente com a família imperial, com destino à Europa. Por dois anos, ele permanece exilado em Lisboa, como correspondente do The Times de Londres. Posteriormente, transfere-se para Cannes, onde permanece até a morte de D. Pedro II, em 1891.

Em 1892, Rebouças aceita um emprego em Luanda, onde permaneceu por 15 meses. A partir de meados de 1893, vai residir em Funchal, na Ilha da Madeira, até sua morte no dia 9 de maio de 1898.

200px-Andre_rebou%C3%A7as_00.JPG

Dias atrás minha esposa, sulista, comentou que os famosos Rebouça eram negros e me surpreendi. Engenheiros famosos, com obras que tem seus nomes mais de século depois e nunca havia lido sobre sua negritude. Apesar de não ser uma história da África, é interessante demais pra se perder esse fato.

Fonte: Wikipedia

Uma história ainda mais completa em Educação UOL, que vale muito a pena ser lido.

Muito bacana. Aqui no Rio tem o Túnel Rebouças, em homenagem aos irmãos. Seria legal ter uma pasta para História e Geografia no fórum.
 

Goris

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Muito bacana. Aqui no Rio tem o Túnel Rebouças, em homenagem aos irmãos. Seria legal ter uma pasta para História e Geografia no fórum.
Infelizmente não ia gerar movimento.
Basta ver a quantidade de tópicos com História no título que sumiram.

Mas tópicos aqui e ali sempre são a salvação.
 

Goris

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Alguém podia falar sobre o afrocentrismo no Brasil. Da super valorização excessiva da cultura afro no Brasil. Que algumas comidas que nem são de origem africanas falam que os africanos que trouxeram.
Da mania de falar que tudo que no Brasil é africano que trouxe. Do porque o PT africanizou o Brasil ao lançar o slogan que o Brasil é o país mais "negro" do mundo.

Supondo que a maioria dos brasileiros fossem mulatos, não entendo onde isso torna o Brasil o país mais negro do "mundo". É como dizer que o Brasil é igual a Jamaica, ou o Haiti. Até em países africanos falam que tal país 40 mil são negros e 10 mil mulatos. Só no Brasil essa palhaçada. Cabo Verde na internet fala que a maioria é mulata. Mistura de negro com branco. Só no Brasil mesmo essa palhaçada de país negro.
Vou procurar ler sobre isso, já tem o famoso termo "O pardo de Schrodinger" sobre o uso de pardos como brancos ou negros de acordo com o interesse político (quando os dados dos pardos são bons, se coloca eles como brancos, pra criar um abismo com os negros, quando os dados são ruins, eles entram como negros) mas vou tentar concatenar o que eu sei com alguns dados e fatos durante a semana.
 

Katsura_chan

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Vou procurar ler sobre isso, já tem o famoso termo "O pardo de Schrodinger" sobre o uso de pardos como brancos ou negros de acordo com o interesse político (quando os dados dos pardos são bons, se coloca eles como brancos, pra criar um abismo com os negros, quando os dados são ruins, eles entram como negros) mas vou tentar concatenar o que eu sei com alguns dados e fatos durante a semana.
Ueh mas você falou que metade da população é negra no ano que criou o tópico ( quando o Brasil também tem caboclos). Só se você mudou de idéia agora. Eu não tenho nada contra o seu tópico só me incomoda um pouco essa questão de "história africana". O porque o Brasil tem que saber história da África. O Brasil é um país de maioria parda. Às vezes parece que ficam impondo negritude no Brasil ( não estou falando de você nem do seu tópico). O Brasil não é um país formado só por negros para querer impor negrice em todo mundo. Obrigar ensino de cultura africana nas escolas por exemplo um projeto deles. Não falo de você só um desabafo. Esse discurso que o Brasil é um país negro + propaganda negrista me irrita. Só um desabafo. O Brasil tem brancos, indígenas, descendentes de sírios, asiáticos. Se é para obrigar que obriguem a ensinar todas as culturas que participaram da formação do Brasil só acho ( nas escolas).
 
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