Por poluição, bicampeão olímpico pode ficar fora de Pequim
O etíope Haile Gebrselassie, bicampeão olímpico dos 10 mil metros, pode ficar fora da maratona dos Jogos de Pequim, por causa da poluição e do calor da capital chinesa. Atual recordista mundial de maratona, Gebrselassie é o principal favorito a vencer a medalha de ouro na prova em Pequim, no último dia da Olimpíada.
Bicampeão olímpico e recordista da maratona, Gebrselassie pode não ir à China
"Nós temos nossas dúvidas. É uma maratona extremamente perigosa", afirmou o agente de Gebrselassie, Jos Hermens, nesta terça-feira, deixando em dúvida a participação do etíope nos Jogos, por motivos de saúde.
Preocupações por causa da poluição em Pequim estão tomando conta da preparação aos Jogos, e a eficácia para diminuir a fumaça e poluição na cidade ainda não foi comprovada. A certeza é que o calor vai predominar durante a realização da Olimpíada, que começa no dia 8 de agosto.
"Ele tem um pequeno problema no pulmão, também. Então, será que vale a pena?", questiona Hermens, referindo-se a alergia de Gebrselassie ao pólen.
A equipe que gerencia a carreira do atleta também pesquisou as maratonas mais quentes dos últimos 20 anos e descobriu que muitos dos primeiros colocados nas provas não conseguiram se recuperar completamente até o final de suas carreiras, o que assusta Gebrselassie, já com 34 anos.
"O que ele diz é: 'Fantástico se eu ganhar, mas se significar o final da minha carreira, então não vou participar'. Ele está convencido de que tem uma chance real de vencer ainda a maratona na Olimpíada de Londres, em 2012", acrescentou Hermens.
O que mais Hermens teme é um surto de calor, que pode deixar seqüelas na vida de um atleta. A prova dos 10 mil metros causa menos danos do que a maratona, e o etíope está mais propenso a se classificar para disputá-la.
Depois de ter ganhado os 10 mil metros em Atlanta, em 1996, e 2000, em Sydney, ele terminou apenas em oitavo lugar na Olimpíada de Atenas (2004), na prova vencida pelo compatriota Kenenisa Bekele.
Desde a vitória sem sapatos do lendário Abebe Bikila na Olimpíada de Roma, em 1960, e, quatro anos mais tarde, em Tóquio (dessa vez com sapatos), a maratona tem uma aura especial na Etiópia.
"Claro que é um sonho para ele, como etíope, tornar-se um campeão da maratona olímpica depois de Bikila, mas ele ainda pode correr em Londres", analisou o empresário de Gebrselassie.
Além das medalhas olímpicas, Gebrselassie tem quarto títulos mundiais nos 10 mil metros e alguns recordes acumulados. Em setembro passado, ele quebrou o recorde mundial da maratona, ao vencer em Berlim, com tempo de 2h04min26s.
A marca não era quebrada desde 2003, quando o queniano Paul Tergat completou a prova, também em Berlim, com o tempo de 2h04min55s. Na última semana, Gebrselassie cravou 2h4min53s, em Dubai, e se colocou como segundo tempo em maratonas.