Sabe, Cidade de Deus é um dos melhores filmes brasileiros, IMHO, com um protagonista negro e pobre, nascido numa favela, contando a história de pessoas que poderiam ser suas vizinhas, colegas de escola, de trabalho ou até, em alguns casos, você mesmo.
E o filme é sucesso porque mostrou a realidade. Não tem pobre só bonzinho e rico só malvado. Há pessoas de todas as camadas que fazem boas e más escolhas.
Nunca cheguei quase a assaltar alguém, mas a cada momento do filme, eu - igualmente pardo/negro e pobre - via situações que eu vivi, eu quase vivi ou que poderia ter vivido mas na pele do Buscapé.
Também vi meus amigos de infância no filme. E não vi paródias deles, vi eles de verdade. Tanto os que foram por um caminho quanto os que foram por outro.
Na pegada de Cidade de Deus, lançaram aquele filme do ônibus que terminou em tragédia. Só vi o filme anos depois e me arrependi de não ter ido dar meu ingresso pro filme (porque achei, olha só, que seria a marmelada que tinha antes de Cidade de Deus) mas quando vi o filme, novamente um filme real, com pessoas reais.
O protagonista, negro e pobre, sofreu pra caramba, mas tbm teve mil e uma chances de mudar, de ser dono de seu destino. E foram suas más escolhas, as más escolhas de todos, que o levaram aonde terminou sua vida.
De novo, o filme não caiu na simplificação de ricos / brancos mais e negros /pobres bons. E indico esse filme.
Aí, vem Tropa de Elite I, outro filme fantástico, com pessoas, seres humanos, que cometem erros e acertos. Não a toa, um dos filmes mais famosos (junto com Cidade de Deus) lá fora.
Nessa hora, eu entendi que o cinema nacional tava mudando, que tinha filme que valia a pena ver.
E fui todo feliz ver Carandiru, um filme baseado no livro de um médico que, até então, eu respeitava.
Que festival de retorno às raízes. Nenhum dos assassinos, estupradores, sequestradores, torturadores ou o que fosse que estava lá era responsável por sua prisão. A culpa sempre era dos outros, da sociedade e, nos poucos casos que a culpa era deles mesmos (como o estuprador, que ninguém contou uma estória emocionante), a história era contador de forma tão legal que você simpatizava com a vítima da sociedade que te espancaria, mataria ou feriria sem pensar duas vezes.
Um lixo.
Um lixo mais defendidos l pela turma de sempre eu Cidade de Deus e Tropa de Elite (esse, devidamente corrigido no segundo filme, não que políticos não sejam bandidos ou ligados ao tráfico e milícias, mas que tirar o foco do que o público queria, não gerou o mesmo impacto ou a chance de criar um bom cinema nacional.