Terminei a terceira. E ficou o gosto de quero mais.
Por mim podiam fazer mais 5 temporadas nesse estilo que eu assistiria tranquilamente. A série é despretensiosa e com mensagens bem simples, e isso é ótimo!
Reclamar das inconsistências e falhas de roteiro: pessoal está esquecendo de como eram os filmes de Sessão da Tarde dos anos 80 e 90 (cheios de furos e absurdos). A série parece querer emular essa característica da época propositalmente. Ao colocar a diversão e narrativas sempre em primeiro plano e não se preocupando com inconsistências de roteiro.
Tem zero lacração, e ainda dá umas zoadas na geração atual (na primeira temporada o campeão de karatê mauricinho vai fazer um discurso politicamente correto e o público fica com aquela cara de WTF. E o apresentador embaraçado logo corta ele, sensacional!).
O elenco é cheio de diversidade, e tudo colocado de maneira natural. E mostra pra essa turma moderninha que pra ter um elenco com diversidade não é necessário cair em maniqueísmos (todo branco/homem/hétero = ruim). Os personagens tem defeitos e virtudes, são humanos. E exatamente por isso são tão interessantes.
Aliás uma coisa bem legal em Cobra Kai é ter um elenco extremamente inflado e mesmo assim dar uma relevância para todos os personagens. Praticamente nenhum ali é descartável e todos tem o seu espaço. É muito difícil conseguir fazer isso, e eles conseguem magistralmente.
*Pra quem considera os filmes mais realistas: Kreese melhorou absurdamente como vilão em relação ao primeiro filme. Era um vilãozinho bastante genérico e ganhou profundidade na série (o mesmo para o Johnny).
Acho que a série acertou bastante na imparcialidade. A série não condena e nem defende SJW ou conservadorismo, na verdade zoa os dois lados sem defender bandeira. Não se leva tão a sério, nem aponta se um é certo ou errado. Mesma coisa com os personagens, já que todos possuem suas motivações próprias e perspectivas, não existe uma forma "certa" de fazer as coisas, como vimos no dilema do Johnny com a questão de piedade e compaixão.
E você nota que a série é bem feita quando ninguém se ofende. Claro, pode ter meia duzia de incomodados que mal fazem barulho, mas o seriado abraça todo mundo muito bem. Tem diversidade de forma natural, tem LGBT, tem tudo e ninguém que assiste se incomoda com isso. Tem mulheres fortes, com destaque, ás vezes elas até batem nos caras, mas da forma como foi feito ninguém diz que é "lacração". As mulheres têm personalidade e desenvolvimento, nunca sendo limitadas a ser um par romântico qualquer. Acho que o melhor exemplo que a Amanda que é linda, inteligente, decidida, até meio autoritária, mas o seriado nunca faz o Daniel parecer um capacho perto dela, mesmo ele sendo mais "solto", enquanto ela é controladora. Eles se completam bem e isso poderia ter dando muito errado se não equilibrassem, sendo ela uma personagem nova e o Daniel sendo literalmente o protagonista da franquia de filmes.
Admito que é surpreendente um seriado ter três temporadas, fazer piada com coisas sensíveis (com imigrantes, por exemplo) hoje em dia e não ser odiado nem pelos conservadores, nem pelos SJW.