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Você tá lendo errado a estatística.
Tem jogo que não vende nem pra 10% da base. Porém, vários jogos são lançados por mês nos dias de hoje. Um vai vender pra 1% da base, outro vai vender pra 5% da base, outro vende pra 10% e somando todos os jogos você tem um número que vai chegar perto desses 25% com a diferença de que foram comprados individualmente. Agora você tem um único valor para todos esses games com o Gamepass, esse valor terá que ser repartido entre a centena de games disponibilizados.
Microsoft tem feito apenas em média 2 lançamentos exclusivos de peso por ano. Pra ela, cobrar 120 dólares de Gamepass por ano dá lucro, porque afinal, faz com que seu consumidor que compraria em média esses 2 games exclusivos por ano paguem pelo serviço e também acabem consumindo outros games exclusivos. Nesse sentido parece que a conta fecha, né? Ainda mais quando muitas pessoas tem o console e sequer se interessa por esses exclusivos (o que é muito comum tanto pra Microsoft quanto pra Sony).
Mas não são apenas esses games exclusivos da Microsoft, novamente, é aquela centena todas e o valor está sendo repartido. Ademais, ela tá deixando de lucrar mais com aquele consumidor mais fiel da marca que compra todos os jogos exclusivos no lançamento. Esse consumidor que antes investia bem mais que 120 dólares por ano, agora vai investir apenas 120.
No longo prazo você terá apenas 10 dólares por mês entrando no sistema Microsoft que terá que pagar o investimento de todos os games produzidos porque as pessoas simplesmente deixaram de pagar por games novos no sistema. Vai então repartir esses 120 dólares para a produção de vários games AAA que são lançados ao longo do ano, a conta não fecha.
Passa a ser desestimulante a produção de games para Xbox quando você tem que concorrer com o Gamepass. Não é a toa que locadoras faliram com serviços como Netflix, porque locadoras tinham dificuldade para concorrerem com um serviço como o Netflix, embora algumas locadoras até tivessem acervos de filmes maiores que os do Netflix. Sim, o acervo de filmes do Netflix não era nem metade do de uma Blockbuster nos EUA. Mas mesmo o Netflix não tendo o melhor acervo do mundo era conveniente o suficiente para roubar vários clientes assíduos de locadoras em tempos antigos.
Só que agora você não tem mais como alugar filmes porque as locadoras são incomuns. E você fica restrito ao catálogo de apenas 4000 filmes do Netflix.
Vai acontecer o mesmo por conta do Gamepass? Eu acho que não. Porque o Gamepass é uma medida de urgência. O serviço foi pensado apenas para ter o refugo primordialmente. Mas num desespero da Microsoft ela decidiu também enfiar os seus exclusivos mesmo no lançamento. Mas penso que a ideia é deixar o Gamepass apenas para jogos não atrativos, pros jogos que já não se vendem mais individualmente. E olha aí, esse é o ponto, Microsoft tava sofrendo pra vender seus próprios exclusivos e também, por conta disso, seus próprios consoles. Então nessa situação desesperadora foi uma solução.
Só em um mês a Nintendo vendeu mais de 10 milhões de unidades de Smash Bros a 60 dólares. Se você pega o número de vendas da Nintendo no ano passado só de seus jogos exclusivos vai dar uma rentabilidade maior que o total de assinantes do Gamepass. E tá entrando na conta os insumos necessários para a produção de vários games. É isso que tá carente na Microsoft, precisa fazer algum jogo aí que venda 10 milhões, um jogo que tenha apelo, que faça as pessoas se sentirem tentadas a comprar um Xbox. Microsoft parece que atuando no comércio e não na indústria, parece que tá atuando no terceiro setor da economia e não nos dois primeiros. Parece um vendedor que tem que oferecer descontos de um produto que já recebeu pronto e não pode modificá-lo. Não tem que melhorar o modo como se vende um produto como um vendedor de uma loja oferecendo as mais variadas modalidades de compra. Tem que modificar o produto em si, porque ela atua nisso, na produção de games.
Discordo que o Game Pass seja uma medida de urgência, o vejo como o início de uma política clara de longo prazo da Microsoft, se adaptando a um mercado em transformação.
E não se trata apenas de 10 dólares por mês entrando nos cofres, o Game Pass só oferece o jogo base, os assinantes vão pagar por DLCs e microtransacoes, sendo que mais gente jogando resulta em mais compradores potenciais dos conteúdos extras.
Fora isso as vendas individuais dos jogos vão continuar sendo importantes pq nem todo mundo está interessado em assinatura, então a MS vai ganhar de vários lados.
Acho uma ótima medida, por enquanto não deve estar rendendo grande coisa pq a Microsoft está na fase de expansão do serviço com descontos agressivos, mas quando ela de fato formar uma base significativa pagando preço cheio, vai ser uma fonte constante de boa receita.