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Retrogamer
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Em 1991 a Capcom encontrou o mapa da mina: lançou para arcades o incrível "Street Fighter II: The World Warrior" que trazia uma jogabilidade requintada e revolucionária. Rapidamente virou febre nos arcades e popularizou o gênero de games de luta, influenciando toda a indústria de videogame.
O então poderoso Super Nintendo recebeu uma conversão surpreendente que causou furor e cativou uma legião de fãs. Eram incríveis 16mb de pancadaria, sons, músicas e imagens de alta qualidade muito similares ao original do arcade. A exclusividade para o console da Nintendo elevou consideravelmente suas vendas, além de fazer nascer a suspeita de que seu concorrente Mega Drive não seria capaz de rodar o jogo, afinal, não havia nada sequer semelhante para comparar.
Hoje converter Street Fighter II para Mega parece coisa fácil, mas quando o jogo só existia no Snes, quem não pensou que o Mega jamais rodaria algo parecido?
Enquanto preparava os próximos passos da franquia, a Capcom lançou revisões nos arcades, implementando velocidade, novos golpes e perfumarias para tornar o jogo mais atraente, com os "Street Fighter II: Champion Edition" e "Street Fighter II Turbo: Hyper Fighting". Street Fighter era o assunto do momento e, enfim, foi anunciada a bombástica notícia de que o Mega Drive receberia o jogo. Paralelamente a Capcom preparava o "Street Fighter II Turbo: Hyper Fighting" para Super Nintendo, que utilizaria 20mb.
Hoje parece fato óbvio que o Mega tinha todas as condições de rodar Street Fighter II, mas em 1993 ele ainda precisava provar isso. Como já havia convertido o "Street Fighter II: The World Warrior" para um console caseiro semelhante em performance, o Snes, a Capcom já conhecia o caminho das pedras, de reduzir resolução, remover detalhes, cortar quadros de animação e coisa e tal. A Capcom preparou o "Street Fighter II Special Champion Edition" que vinha num cartucho com 24mb, para alegria dos fãs do Mega.
Portar o arcade para os consoles caseiros significava redesenhar todas as sprites para compensar a enorme perda de resolução. Hoje se sabe que o Snes não trabalhava na mesma resolução que o Mega Drive. O ideal seria que a Capcom redesenhasse cada item do jogo adequando-o às características de seu hardware para obter o máximo dele.
No exemplo abaixo vemos como em MK2 e Samurai Shodown cada objeto foi digitalizado/desenhado de forma distinta de um console para outro. Importante lembrar que estes jogos são mero exemplo ilustrativo, haja vista que saíram muito depois de "Street Fighter II Special Champion Edition".
Mas, ao contrário disso, a Capcom preferiu evitar a fadiga e aproveitou os desenhos que já havia reduzido para a versão "Street Fighter II: The World Warrior" do Snes. Durante quase todo o jogo são as mesmas ilustrações com os mesmos pixels que foram utilizados no Snes. E, o que surgiu de novo, como a comemoração de Ken, também é mera reprodução da figura utilizada na versão Turbo do Snes (que estava sendo produzida simultaneamente). Pouca coisa foi redesenhada para o Mega Drive.
Desta forma, de cara, boa parte do visual no Mega ficou fadado às limitações de resolução do Snes, com o agravante das próprias limitações de cores do 16bits da Sega. Afinal, sem aproveitar das vantagens do console, acabam se destacando nos comparativos os defeitos do Mega Drive, sobretudo sua fraqueza de exibir poucas cores. Os cenários receberam simplificações (com raras exceções, como um casal na tela do Guile ou a lua no cenário do Ryu, eliminados no Snes), e é justo afirmar que a versão Mega é menos bonita. Apesar dos pesares, o Mega precisava receber uma versão de Street Fighter e, visualmente, a Capcom conseguiu resultado satisfatório, pois a qualidade gráfica é muito similar à obtida no Snes, que já era considerada ótima pelo público.
Ao menos, ao começar o jogo, a abertura dos fliperamas foi mantida no Mega Drive. No "Street Fighter II Turbo: Hyper Fighting" para Super Nintendo a abertura toda foi sumariamente eliminada. O "Street Fighter II Special Champion Edition" para Mega Drive traz um modo de jogo exclusivo, o “Group Battle”, que permitia montar equipes com seis lutadores em seqüências de lutas, além de permitir desabilitar movimentos especiais dos lutadores. O jogo possui duas versões do Street FIghter II: Champion (baseada no arcade Champion Edition) e o Hyper (baseado no Turbo Hyper Fighting, com possibilidade de selecionar a velocidade entre 1 a 10 estrelas e onde alguns lutadores possuem novos golpes).
Como trabalhava com certa folga, não precisando processar todos os pixels de sua resolução nativa, a conhecida velocidade do processador do Mega Drive pôde fazer a diferença na jogabilidade. No 16bits da Sega a movimentação ficou mais suave e estável, com ótima resposta aos comandos e sem lentidões nas batalhas, que ocorriam constantemente no Snes. Aquela travadinha no Snes, no momento da vitória para contagem dos pontos, não existe no Mega. Por exemplo, a bandeirinha tremulando no cenário do Ken chega a parar para o console da Nintendo processar a pontuação.
Complementando a ótima jogabilidade possibilitada no Mega Drive, um grande aliado foi a implantação do controle de 6 botões. Assim, ficava muito mais prático executar combos e seqüências de ataque devastadoras. Aliás, nem pense em jogar Street Fighter com o velho controle de 3 botões. Tiveram a péssima idéia de utilizar o "start" para alternar em três botões para chutes e três botões para soco. Difícil se divertir assim.
Com os desafios de portar gráficos e jogabilidade vencidos, restava à Capcom gerar no Mega Drive sons e vozes de qualidade, coisa difícil de obter no console. É importante frisar que o Super Nintendo era mais amigável, com arquivos bem pequenos o videogame sintetizava músicas com vários instrumentos, num som limpo e agradável. Para produzir boas músicas no Mega Drive, os arquivos precisavam ser maiores, o que era um problema sério, em tempos de cartucho em que cada KB custava dinheiro. O som no Mega Drive divide opiniões. A Capcom conseguiu vozes simultâneas, que não aconteciam no amado World Warriors do Snes. Foi uma façanha da produtora, já que vozes não eram o forte do Mega Drive. Por outro lado, as vozes no 16bits da Sega ficaram roucas. Boa parte da má primeira impressão que se pode ter com o jogo vem dessa baixa qualidade sonora. Parece que todo mundo está gripado. As músicas parecem mais simples que a versão Snes, mas há quem prefira a trilha sonora do Mega Drive, por ser mais fiel ao original do arcade.
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Abaixo, algumas comparações entre o original arcade e a conversão no Mega Drive. As figuras do arcade foram redimensionadas para ficar na proporção da tela, mas no processo não houve alteração dos pixels existentes.
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Enfim, a Capcom atingiu o objetivo de trazer ao console da Sega uma versão de seu popular jogo de luta. Comparações surgiram, graças à rivalidade, cada lado apontando virtudes e esquecendo defeitos de sua versão favorita.
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Fontes:
http://www.mobygames.com/game/snes/street-fighter-ii/reviews/reviewerId,26574/
http://www.mobygames.com/game/genesis/street-fighter-ii-special-champion-edition
http://www.mobygames.com/game/snes/street-fighter-ii-turbo-hyper-fighting/screenshots
http://gamehall.uol.com.br/v10/street-fighter-2-special-champion-edition/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Street_Fighter#Street_Fighter_II
http://pt.wikipedia.org/wiki/Street_Fighter_II
O então poderoso Super Nintendo recebeu uma conversão surpreendente que causou furor e cativou uma legião de fãs. Eram incríveis 16mb de pancadaria, sons, músicas e imagens de alta qualidade muito similares ao original do arcade. A exclusividade para o console da Nintendo elevou consideravelmente suas vendas, além de fazer nascer a suspeita de que seu concorrente Mega Drive não seria capaz de rodar o jogo, afinal, não havia nada sequer semelhante para comparar.
Hoje converter Street Fighter II para Mega parece coisa fácil, mas quando o jogo só existia no Snes, quem não pensou que o Mega jamais rodaria algo parecido?
Enquanto preparava os próximos passos da franquia, a Capcom lançou revisões nos arcades, implementando velocidade, novos golpes e perfumarias para tornar o jogo mais atraente, com os "Street Fighter II: Champion Edition" e "Street Fighter II Turbo: Hyper Fighting". Street Fighter era o assunto do momento e, enfim, foi anunciada a bombástica notícia de que o Mega Drive receberia o jogo. Paralelamente a Capcom preparava o "Street Fighter II Turbo: Hyper Fighting" para Super Nintendo, que utilizaria 20mb.
Hoje parece fato óbvio que o Mega tinha todas as condições de rodar Street Fighter II, mas em 1993 ele ainda precisava provar isso. Como já havia convertido o "Street Fighter II: The World Warrior" para um console caseiro semelhante em performance, o Snes, a Capcom já conhecia o caminho das pedras, de reduzir resolução, remover detalhes, cortar quadros de animação e coisa e tal. A Capcom preparou o "Street Fighter II Special Champion Edition" que vinha num cartucho com 24mb, para alegria dos fãs do Mega.
Portar o arcade para os consoles caseiros significava redesenhar todas as sprites para compensar a enorme perda de resolução. Hoje se sabe que o Snes não trabalhava na mesma resolução que o Mega Drive. O ideal seria que a Capcom redesenhasse cada item do jogo adequando-o às características de seu hardware para obter o máximo dele.
No exemplo abaixo vemos como em MK2 e Samurai Shodown cada objeto foi digitalizado/desenhado de forma distinta de um console para outro. Importante lembrar que estes jogos são mero exemplo ilustrativo, haja vista que saíram muito depois de "Street Fighter II Special Champion Edition".
Mas, ao contrário disso, a Capcom preferiu evitar a fadiga e aproveitou os desenhos que já havia reduzido para a versão "Street Fighter II: The World Warrior" do Snes. Durante quase todo o jogo são as mesmas ilustrações com os mesmos pixels que foram utilizados no Snes. E, o que surgiu de novo, como a comemoração de Ken, também é mera reprodução da figura utilizada na versão Turbo do Snes (que estava sendo produzida simultaneamente). Pouca coisa foi redesenhada para o Mega Drive.
Desta forma, de cara, boa parte do visual no Mega ficou fadado às limitações de resolução do Snes, com o agravante das próprias limitações de cores do 16bits da Sega. Afinal, sem aproveitar das vantagens do console, acabam se destacando nos comparativos os defeitos do Mega Drive, sobretudo sua fraqueza de exibir poucas cores. Os cenários receberam simplificações (com raras exceções, como um casal na tela do Guile ou a lua no cenário do Ryu, eliminados no Snes), e é justo afirmar que a versão Mega é menos bonita. Apesar dos pesares, o Mega precisava receber uma versão de Street Fighter e, visualmente, a Capcom conseguiu resultado satisfatório, pois a qualidade gráfica é muito similar à obtida no Snes, que já era considerada ótima pelo público.
Ao menos, ao começar o jogo, a abertura dos fliperamas foi mantida no Mega Drive. No "Street Fighter II Turbo: Hyper Fighting" para Super Nintendo a abertura toda foi sumariamente eliminada. O "Street Fighter II Special Champion Edition" para Mega Drive traz um modo de jogo exclusivo, o “Group Battle”, que permitia montar equipes com seis lutadores em seqüências de lutas, além de permitir desabilitar movimentos especiais dos lutadores. O jogo possui duas versões do Street FIghter II: Champion (baseada no arcade Champion Edition) e o Hyper (baseado no Turbo Hyper Fighting, com possibilidade de selecionar a velocidade entre 1 a 10 estrelas e onde alguns lutadores possuem novos golpes).
Como trabalhava com certa folga, não precisando processar todos os pixels de sua resolução nativa, a conhecida velocidade do processador do Mega Drive pôde fazer a diferença na jogabilidade. No 16bits da Sega a movimentação ficou mais suave e estável, com ótima resposta aos comandos e sem lentidões nas batalhas, que ocorriam constantemente no Snes. Aquela travadinha no Snes, no momento da vitória para contagem dos pontos, não existe no Mega. Por exemplo, a bandeirinha tremulando no cenário do Ken chega a parar para o console da Nintendo processar a pontuação.
Complementando a ótima jogabilidade possibilitada no Mega Drive, um grande aliado foi a implantação do controle de 6 botões. Assim, ficava muito mais prático executar combos e seqüências de ataque devastadoras. Aliás, nem pense em jogar Street Fighter com o velho controle de 3 botões. Tiveram a péssima idéia de utilizar o "start" para alternar em três botões para chutes e três botões para soco. Difícil se divertir assim.
Com os desafios de portar gráficos e jogabilidade vencidos, restava à Capcom gerar no Mega Drive sons e vozes de qualidade, coisa difícil de obter no console. É importante frisar que o Super Nintendo era mais amigável, com arquivos bem pequenos o videogame sintetizava músicas com vários instrumentos, num som limpo e agradável. Para produzir boas músicas no Mega Drive, os arquivos precisavam ser maiores, o que era um problema sério, em tempos de cartucho em que cada KB custava dinheiro. O som no Mega Drive divide opiniões. A Capcom conseguiu vozes simultâneas, que não aconteciam no amado World Warriors do Snes. Foi uma façanha da produtora, já que vozes não eram o forte do Mega Drive. Por outro lado, as vozes no 16bits da Sega ficaram roucas. Boa parte da má primeira impressão que se pode ter com o jogo vem dessa baixa qualidade sonora. Parece que todo mundo está gripado. As músicas parecem mais simples que a versão Snes, mas há quem prefira a trilha sonora do Mega Drive, por ser mais fiel ao original do arcade.
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Abaixo, algumas comparações entre o original arcade e a conversão no Mega Drive. As figuras do arcade foram redimensionadas para ficar na proporção da tela, mas no processo não houve alteração dos pixels existentes.
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Enfim, a Capcom atingiu o objetivo de trazer ao console da Sega uma versão de seu popular jogo de luta. Comparações surgiram, graças à rivalidade, cada lado apontando virtudes e esquecendo defeitos de sua versão favorita.
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Fontes:
http://www.mobygames.com/game/snes/street-fighter-ii/reviews/reviewerId,26574/
http://www.mobygames.com/game/genesis/street-fighter-ii-special-champion-edition
http://www.mobygames.com/game/snes/street-fighter-ii-turbo-hyper-fighting/screenshots
http://gamehall.uol.com.br/v10/street-fighter-2-special-champion-edition/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Street_Fighter#Street_Fighter_II
http://pt.wikipedia.org/wiki/Street_Fighter_II
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