Bom, já que alguns levaram o debate para a ausência total de Estado, acho que é mais uma oportunidade de argumentar a favor dele, mesmo com tantos e tantos defeitos.
Coronavirus não é um mero "azar", é algo que aconteceria cedo ou tarde com a globalização chegando no nível que chegou, e provavelmente acontecerão outras pandemia similares. É uma experiência nova, mas e se a história comprovar que aqueles países que obtiveram melhores resultados econômicos e de saúde, foram justamente aqueles que impuseram uma quarentena pesada de 1 a 2 meses?
Sabendo disso, como estaríamos preparados para um segundo coronavirus, sem que seja justamente através de um plano executado pelo Estado? Se os estudos comprovarem que onde houve interferência correta do Estado, a pandemia causou menos estragos, então se tornaria um fato que o Estado enfrenta melhor uma pandemia do que simplesmente cada um cada um fazendo o que quiser.
Outro exemplo, se a automatização se acelerar ao ponto de mais destruir empregos do que criar, como um país enfrentaria essa situação sem políticas de Estado?
Uma coordenação centralizada é importante para resolver certos problemas que não se auto-resolvem espontaneamente. O tamanho e o papel do Estado, se discute em todo lugar, por toda a história de existência do Estado. Mas a importância de sua existência, é evidenciada em casos como esse do coronavirus, do aquecimento global, e coisas do tipo.
Infelizmente, muitas ideologias incapazes de lidar com esses tipos de problemas, resolvem nega-los. É aí que o corona se torna uma gripezinha, o aquecimento global se torna uma farsa dos ambientalistas, a automatização obrigatoriamente criará mais empregos do que destruirá e tal.
Vamos lá.
A China era um grande Império, modelo asiatico, que enfrentou uma crise tremenda no século XIX, que foi o vício em ópio (tem tópico sobre isso) e vem aqui um ponto interessante a seu argumento, 1 em 4 adultos chineses tava viciado nessa porra e toda a economia do país afundou. Um exemplo de males do liberalismo. Aí veio o governo, proibiu a venda de ópio, houve revoltas, países estrangeiros tomaram controle da China, que se quebrou.
Neste caso, o liberalismo econômico trouxe consequências sociais fudidas ao pais. Veio o século XX e, invasão Japonesa seguido de comunismo.
A China tava na m****. A solução - eles acreditavam - era Estado máximo. Deu ruim porque, já explicado antes, um governo central realista (um ideal nunca existirá no mundo real) comete erros.
Os comunistas tentaram corrigir a China por meio de burocratas mandando quem faria o que, onde e como. Imagina você ter um eletricista numa cidade que tem muitos eletricistas e manda ele (China, comunismo, vc não pede) pra uma plantação de milho. Ele vai produzir pra caramba, né? Aí, pra melhorar, os fazendeiros que viviam lá queriam plantar mandioca e o Partido queria milho, foram mandados pra gulag. E, eles queriam plantar mandioca porque sabiam - gerações de experiências - que milho não dava lá.
Resultado? A grande fome. Milhões - de 10 a 30 milhões - de mortos porque o Estado fez m**** na economia.
No fim, só esse caso mostra que os extremos podem gerar problemas.
Mas, vamos lá. A Grande Fome aconteceu nos anos 60 e teve consequências até hoje (várias pequenas fomes) com a população, então, passando a comer qualquer coisa que se mexesse.
Ou seja, o Estado máximo da China não conseguiu sequer prover segurança alimentar pra sua população, que se vale de mercados ilegais pra obter alimentação.
Então, podemos colocar o Estado chinês como culpado (não intencional) por gerar condições (fome) para o chinês pobre (comunismo não seria todos iguais? Chinês pobre não provaria que não funciona?) que vai atrás de qualquer bicho comivel e pega doenças (todas as recentes, vindas da China) que transmite a outras pessoas.
O governo, ao descobrir a epidemia, tentou impedir as pessoas de saberem dela. Ué? E até prenderam quem alertava a população. Ué? Depois que o próprio erro do governo gerou a crise, obrigaram à base de bala, as pessoas a uma quarentena. Bem estatal. Para evitar problemas econômicos, usaram de sua influência na OMS pra falar que a crise era exagero, deixando chineses ir a esses países e espalharem a doença.
Percebe a série de erros estatais que levaram a essa crise? Veio da China.
Na Itália, país que não é exatamente socialista, políticos comunistas (olha só) fizeram campanhas "não seja preconceituoso, abrace um chinês" e "quanto mais cedo pegarem a doença, mais cedo pegam anticorpos" e, quando deu m****, proibiram testes e estão tendo números altíssimos.
Estado sendo Estado.
"O fato é que o Estado lida melhor com uma epidemia" é uma afirmação que se baseia em só pegar a epidemia no momento que X (depois de todos os erros do Estado que nos trouxeram aonde estamos), aí é complicado.
Se o Estado comunista não tivesse criado as grandes (e pequenas) fomes na China, será que o povo teria se acostumado a comer qualquer coisa que se move? Não sei.as o Estado tava lá. Será que se houvesse liberdade econômica (tipo Japão, Coreia do Sul) haveria essa mesma fome atual para chineses que, já acostumados a comer tudo, iriam apelar pra pangolins?
Será que a haveria um não-Estado pra matar quem alertsse da crise antes?
Haveria um Estado pra dizer "Podem continuar comprando da China, a epidemia tá controlada"? Ou as pessoas teriam mais medo (esse, sim, justificável) de comprar da China por uns tempos?
Estado não lida melhor com pandemias.
Se lida, seria legal você explicar como.