Felizmente é melhor ler bobagens do que ser cego, e é o que anda acontecendo neste tópico nesta ultima página.
A bobagem, e das grandes, é a que "dividir igualmente a renda é 'comunistizar' o campeonato".
Ora bem!!! A primeira estupidez saída desta teoria ridícula é a de que cada clube tem um próprio investimento, e se dividir as cotas estaria indo contra investimentos maiores futuros.
put* que pariu, vamos partir do princípio: Premiere League é o campeonato mais assistido, consumido, acompanhado e vendido em todo o planeta. Seu princípio básico desde os anos 1990 foi a de colocar no mercado uma liga competitiva, saudável e interessante de se ver. Deu certo? Pois então, a divisão comunitária das cotas de televisão visam a diminuição da disparidade entre os clubes, algo que não acontece tanto... porque os investimentos individuais crescem cada vez mais. Investimentos porque? Porque a liga é saudável, competitiva e consequentemente bem consumida. Ela tem um espaço no mercado destacado, e tem esse espaço não porque seus dirigentes tiraram uma cartola da bunda, ou porque implementaram "karl marx herp derp" na liga, mas sim porque trabalharam o fortalecimento da competição como um produto no mercado, produto este mais interessante e bem estruturado. Lembrando que os ingleses não tiraram isso de qualquer lugar, os "comunistas" norte americanos já trabalham com divisão igualitária e fortalecimento da liga como produto de mercado desde muito tempo.
"Ah, mas a La Liga é muito bem acompanhado também"... ééééé... +-. O modelo implementado na Espanha é o de valorizar a liga como um produto de mercado baseado no princípio da valorização da rivalidade entre potências. A La Liga vende Real Madrid e Barcelona, e para continuar lucrando tem que fortalecer essas marcas, fazer estes clubes potências mundiais gigantes, e com eles os outros clubes consegue relativamente andar. O problema deste modelo? É que a liga segue sem competitividade, mesmo com investimentos pesados em alguns clubes, como o Sevilla que possui forte investimento regional, ou o Atlético de Madrid que acabou crescendo por conta da potência de seu rival. Ou seja, a La Liga é um exemplo de produto vendido no mercado, calcado não na competitividade ou em clubes saudáveis e numa liga que atraia seu público, mas sim nas super potências que possui dentro dela. Problemas com isso são a de decadência de clubes tradicionais por causa de falência, estádios pouco cheios, maioria dos jogos que preenchem os horários de televisão são pouco atrativos... o que resulta basicamente em uma liga enfraquecida, um produto pouco saudável e perda de espaço no mercado para ligas com jogos mais interessantes, como a Bundesliga (que mesmo sem competitividade tem mais investimentos nos clubes menores) ou para novas potências (PSG, por exemplo). Ou seja, a La Liga depende do sucesso continental de seus clubes, e sem isso a liga enfraquece. A Premiere League, por outro lado, é um produto mais estável, e por este motivo mais rendável.
Poderíamos analisar outras ligas, mas eu queria pensar na brasileira:
Beleza, sabendo que existem mais de um modelo que possibilitam vender no mercado outros tipos de produtos, o que poderíamos fazer no Brasil? Pois então, o Brasil não é um país com super potências esportivas. Podem chorar o que for flamenguistas, corinthianos, santistas (eu?), vascaínos ou o que for, mas os clubes brasileiros no mercado externo são fracos, pouco conhecidos e pouco interessantes. "Ah mas o Flamengo tem 30 milhões de torcedores"... é? E quantos consomem produtos oficiais, investem e colocam renda no clube? E 30 milhões, em um mundo globalizado é muito? Manchester United deve ter 50 milhões de asiáticos consumindo seus produtos anualmente, enquanto isso os clubes brasileiros não conseguem nem colocar sua marca em jogos de videogame direito. O futebol brasileiro não possui uma liga que vai ser forte NO MERCADO se buscar modelos como a La Liga, porque a estruturação histórica do futebol brasileiro não possibilitou isso, graças aos campeonato regionais e ao tamanho do país. E isso é ruim? Não, pelo contrário, os Estados Unidos e a atual condição do futebol da Europa mostra que a a competitividade é a melhor opção de uma liga para sua venda no mercado. Se discute, nos últimos anos a ideia de uma "liga européia", ou seja, de uma competição de clubes não mata-mata entre os principais clubes da Europa. Casos como o da ideia do "novo mundial inter-clubes" é um exemplo, dos 24 clubes, 12 europeus! Porque se discute isso, se não for para ampliar a competitividade e construir uma liga com mais força pro mercado? Não seria proveitoso para o Bayern de Munchen entrar numa liga competitiva do que se manter na Bundesliga que trás poucas condições de espalhar seu produto ainda mais por mercados como o asiático?
Enfim, a besteira de chamar de "comunistanizar" o campeonato é de falta de percepção de mercado tão grande que faz até os maiores capitalistas se cagarem de tanto rir.