“Nenhum dicionário do mundo seria capaz de traduzir o tom negativo de ‘o que você está fazendo não é o bastante’ quando alguém diz ‘ganbatte’ em uma fábrica”
O relato "Diário de Dekassegui" é da jornalista
@JulianaSayuri11, que passou 3 meses trabalhando em uma fábrica japonesa.
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A experiência, contada em forma de diário, é de fins de 2019, mas retrata condições que marcam o fenômeno dekassegui até hoje. Juliana narra o choque dos primeiros dias de treinamento, a rotina desgastante de operar em uma linha de montagem e as tensas reuniões com a chefia.
“A jornada vai das 8h às 17h (o teiji, horário padrão) e 'às vezes' se estende até as 20h. Logo no primeiro dia, descobri que o 'às vezes' é sempre”, conta Juliana.
“Sucesso é equilíbrio. Se a fábrica produzir só 50 peças perfeitas no dia, nós falimos. Se produzir 700, mas imperfeitas, também falimos. Se falirmos, vocês não recebem salário. Depende de vocês”, discursa o diretor da fábrica, no relato de Juliana.
"No fim do dia, meus ombros pesavam uma tonelada. A lombar travou", conta ela.
“Reclamar é ‘chorar’, nos jargões da fábrica. Pedir ajuda, dizer que está passando mal ou não está conseguindo acompanhar o ritmo, idem”.
“Nem nos melhores livros da minha estante, pensei, poderia ver um retrato tão nu e cru do capital: o shachou (diretor-presidente) lamentou a queda do lucro (o dele) e, mais uma vez, culpou os operários”, narra
@JulianaSayuri11.
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DIÁRIO DE DEKASSEGUI: 12 horas em pé, movimentos mecânicos e cronometrados: a rotina dos imigrantes nas fábricas japonesas12 horas em pé, movimentos mecânicos e cronometrados: a rotina dos imigrantes nas fábricas japonesashttps://tab.uol.com.br/edicao/diario-de-dekassegui-parte-1